Lançado em 1º de julho, Den of Liars, da premiada autora Jessica S. Olson, já está conquistando o público ao unir fantasia e intriga em um cenário deslumbrante. Ambientado em um mundo onde a magia nasce das mentiras, o livro combina o glamour dos cassinos com o perigo de um torneio em que os jogadores apostam seus segredos mais profundos. A trama acompanha Lola St. James, jovem determinada a sobreviver em meio a traições, ilusões e um triângulo amoroso eletrizante, enquanto luta para desvendar a verdade por trás do passado e dos irmãos que comandam o jogo. Com elogios de autoras como Rebecca Ross e Allison Saft, a obra também se destaca por trazer representatividade para pessoas com deficiência visual, inspirada na própria experiência da escritora.
Em Den of Liars, você nos leva a um mundo onde a magia é tecida a partir de mentiras. Você poderia compartilhar como surgiu a inspiração para criar essa atmosfera única de enganos e apostas perigosas?
A centelha que originou a ideia surgiu quando pensei no jogo Liar’s Dice — sabe, aquele velho jogo de dados dos piratas em Piratas do Caribe. Eu pensei: “E se existisse um livro chamado Liar’s Dice? Sobre o que esse livro seria? Quem é a mentirosa? O que há de tão especial nos dados dela?” Acabei mudando o título para Den of Liars depois de alguns rascunhos, mas aqueles dados foram a semente original de toda a trama. Para mim, a história, embora fantástica, explora as muitas faces da duplicidade que todas nós experimentamos na vida real. Pequenas mentiras que fogem do controle, fingir ser algo que não somos para ser tratada de determinada maneira, descobrir que algo em que acreditávamos de todo o coração não era verdade. Especialmente no mundo em que vivemos hoje, onde as pessoas no poder muitas vezes determinam a versão da “verdade” que aprendemos, acho mais importante do que nunca sermos pensadoras críticas sobre toda informação que recebemos, e espero que este livro desafie as pessoas a examinarem o que tomam como fato com um olhar mais atento.
Lola St. James carrega segredos profundos que a tornam ao mesmo tempo vulnerável e poderosa. Como autora, como você equilibra a fragilidade e a força dessa protagonista diante de desafios tão complexos?
Lola foi uma personagem incrivelmente divertida de escrever porque, por meio dela, pude explorar a dicotomia do fato de que, às vezes, as coisas que nos tornam mais fortes também têm o poder de ser a nossa ruína. Escrever a Lola me deu a oportunidade de mergulhar na complexidade do trauma e em como, apesar das formas como ele pode nos forçar a ser fortes diante da adversidade, ele pode causar estragos invisíveis em nossas mentes por baixo da superfície.
O relacionamento entre Lola, a Ladra e a Mentirosa cria um triângulo amoroso cheio de tensão e desejo. O que motivou você a explorar esse tipo de dinâmica romântica, e como isso se conecta à jornada de autodescoberta da Lola?
Quando comecei a escrever a dinâmica entre Lola, a Ladra e a Mentirosa, eu imaginava que seria o típico triângulo amoroso de YA, no qual uma garota está presa entre dois rapazes. No entanto, à medida que a história se desenvolveu e os personagens tomaram forma, ficou claro que o melhor para essa história era algo que eu ainda não tinha visto: um triângulo amoroso onde a garota está dividida entre o amor platônico e o amor romântico. Achei que era o cenário perfeito para explorar as semelhanças e diferenças entre esses tipos de amor e também discutir como o amor platônico pode ser tão transformador quanto o amor romântico. Eu também adorei poder explorar esses dois tipos de amor junto com a jornada de autodescoberta da Lola porque nenhuma de nós cresce em um vácuo. Muito do que sou hoje é por causa dos relacionamentos que tive com amigos, familiares e amores ao longo dos anos, e achei importante retratar como os relacionamentos da Lola com a Ladra e com a Mentirosa a impulsionam a crescer em certos aspectos e a impedem de se realizar em outros — exatamente como acontece na vida real.
Você descreve o Torneio dos Dados da Mentirosa como uma competição em que as jogadoras apostam seus segredos mais profundos. Você já pensou em que segredo pessoal apostaria se competisse?
Acho que virei autora porque adorei a ideia de criar histórias e personagens muito mais empolgantes do que eu sou. Infelizmente, duvido que a Mentirosa sequer me deixaria entrar no Torneio dos Dados da Mentirosa porque não tenho nenhum segredo emocionante. Talvez por isso desenvolver personagens com segredos tão intensos tenha sido tão divertido para mim!

Ambientar parte da história em um cassino glamouroso, cheio de vestidos deslumbrantes, dá um charme especial ao livro. Que tipo de pesquisa ou inspiração visual você usou para construir esse cenário fascinante?
Sempre fui fã de filmes como Cassino Royale, 21 e Onze Homens e um Segredo. Cassinos são cenários tão divertidos, brilhantes, exagerados, então quando tive a ideia de ambientar um livro de fantasia em um, soube que tinha encontrado ouro. Para a pesquisa, revi vários dos meus filmes favoritos de cassino com um olhar voltado para como aumentar a emoção com magia. Também pesquisei bastante sobre como os cassinos são projetados para manter as pessoas envolvidas e voltando sempre. Aprendi a jogar pôquer, passei muitas noites virando cartas com meu marido para praticar e estudei design de jogos enquanto desenvolvia o meu próprio jogo em Den of Liars. No geral, foi um conceito muito divertido de escrever, e a fase de pesquisa foi realmente um prazer!
No livro, você também aborda questões como estrabismo e ambliopia. O que a levou a trazer essa representação para a história e qual a importância pessoal desse aspecto para você?
Eu nasci com ambliopia estrábica e, ao longo dos anos escrevendo meus livros, cogitei a ideia de ter uma personagem com a mesma deficiência, mas só quando comecei a desenvolver a Lola senti que finalmente tinha encontrado a personagem certa para explorar isso. Desde o início da minha carreira, sou muito apaixonada pela ideia de ter uma personagem com olho preguiçoso porque, em toda minha vida, só vi personagens com esse traço sendo retratados como vilões perturbados, perseguidores assustadores ou alívio cômico. Eu queria mostrar que pessoas com olho preguiçoso são tão capazes de lançar magia quanto qualquer outra personagem sem deficiência, e também queria muito ter uma jovem como um interesse romântico envolvente para alguém tão astuto e bonito quanto a Mentirosa — não apesar do olho preguiçoso, mas com isso como parte do todo. Se eu tivesse podido ler sobre uma garota como a Lola nos livros que li na adolescência, isso teria feito uma enorme diferença em como eu via a mim mesma, minhas habilidades e meu lugar no mundo, e espero que incluir a deficiência visual da Lola em Den of Liars ajude adolescentes hoje e no futuro com deficiências semelhantes a se enxergarem como heroínas de suas próprias histórias.
Sabemos que você se baseou em sua própria experiência para dar vida à Lola e ao mundo dela. Qual foi o momento mais desafiador (ou empolgante) ao transformar essa experiência pessoal em ficção?
Acho que, para mim, a parte mais dolorosa da história foi quando a Lola percebe que uma pessoa que ela amava e em quem confiava a vida estava enganando-a porque isso se baseou em uma experiência que vivi na minha própria vida. Traições assim são extremamente dolorosas, e escrever isso através da perspectiva da Lola trouxe à tona todos aqueles sentimentos de novo. Mas acho que o momento mais poderoso da jornada da Lola é quando ela finalmente aprende a confiar em si mesma — algo que todas nós temos que aprender do jeito mais difícil.
Com tanto mistério, traição e reviravoltas, Den of Liars é descrito como um mix de Caraval e The Inheritance Games. Como você vê a relação entre seu livro e essas outras histórias que também brincam com segredos e jogos perigosos?
Eu adoro livros com jogos perigosos e de alto risco como Caraval e The Inheritance Games! Eu certamente tiro o chapéu para Garber e Barnes por terem aberto caminho na indústria para esse tipo de história. Caraval nos apresentou ao conceito de um jogo mágico, e The Inheritance Games desenvolveu dinâmicas bagunçadas e complicadas entre os jogadores. Gosto de pensar em Den of Liars como uma ponte entre esses dois, onde o objetivo de cada rodada do jogo mágico é construir as teias de engano que desenvolvem essas dinâmicas complicadas e confusas. Achei que usar o conceito de um jogo assim seria o palco perfeito para explorar os segredos que cada uma das três personagens principais guarda das outras e, à medida que os riscos aumentam, suas mentiras se aprofundam. Tudo pareceu o caminho ideal para chegar às grandes revelações no final, quando todos os segredos vêm à tona e suas rivalidades atingem o auge!
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