Para muitos, o Big Brother é um programa de entretenimento, mas para aqueles que estão dentro da casa, é uma jornada de autoconhecimento, amadurecimento e conexão com o mundo exterior. Conversamos com Serginho Orgastic, participante marcante de uma das temporadas mais icônicas do programa, para mergulhar nas profundezas de sua experiência e os impactos que ela teve em sua vida e carreira.
Essa jornada de autodescoberta foi pontuada por momentos memoráveis, desde festas animadas até desafios de resistência que testaram seus limites. Mas a experiência não se limitou apenas às festividades. Serginho compartilhou laços próximos com outros participantes, como Michel, cuja amizade foi crucial para sua jornada.
Expressar sua autenticidade em um ambiente tão exposto como o Big Brother Brasil também foi um desafio para Serginho. Apesar das incertezas, Serginho se esforçou para ser genuíno e mostrar não apenas sua estética única, mas também suas emoções e pensamentos. E o impacto de sua participação não se limitou apenas ao programa. Serginho recebeu mensagens de pessoas cujas vidas foram impactadas positivamente por sua autenticidade e coragem.
Hoje, Serginho mantém uma relação próxima com seus fãs e continua a compartilhar sua jornada, tanto profissional quanto pessoal. Para Serginho, o Big Brother Brasil não foi apenas um programa de televisão, mas uma oportunidade única de crescimento, conexão e impacto. Sua jornada dentro da casa continua a ressoar na vida daqueles que o acompanharam, mostrando que ser autêntico e corajoso pode mudar vidas.
Como foi sua experiência dentro do ‘BBB’? O que mais marcou você durante esse período?
Minha experiência lá dentro, eu considero um todo, sabe? Porque o confinamento me revelou muitas coisas, tanto qualidades quanto defeitos. Não acho que haja um momento específico; foram mais as descobertas. Eu estava lá para me compreender, me entender. Entrei com 20 anos, e não me considerava totalmente um adulto, digamos assim. Sempre tive um espírito muito jovem, morava com meus pais, então nunca tinha ficado tanto tempo longe de casa e dos meus pais. Foi um período de grande amadurecimento para mim, muito marcante. Mas, já que vocês querem saber de um momento específico, uma cena que me marcou foi quando pulei sem roupa na piscina. Foi bem divertido.
Você poderia compartilhar alguns dos momentos mais memoráveis que viveu dentro da casa?
Momentos memoráveis foram as festas em que eu ficava até o final, especialmente quando tocavam Lady Gaga. Naquela época, Lady Gaga estava no começo da carreira, cantando seus sucessos, o que estava muito em alta. Músicas como “Bad Romance” e “Poker Face” tornavam as festas extremamente divertidas e marcantes para mim. Outro aspecto memorável foram minhas conversas icônicas com Michel, que se estendiam pela madrugada, abordando todos os tipos de assunto possíveis. Essas conversas realmente me marcaram. Além disso, minha primeira prova de resistência, na qual fiquei 12 horas, foi um grande desafio. Jamais imaginei que conseguiria ficar tanto tempo pendurado em um rolo, andando em um rolo gigante com água caindo sobre mim. Fiquei surpreso por ter aguentado 12 horas; claro, o vencedor ficou muito mais tempo, mas para mim foi icônico.
Como era a dinâmica de convivência com os outros participantes? Havia alguma amizade especial que se destacou para você?
Eu sempre me dei muito bem com todos lá dentro, principalmente porque não era alvo de votos. Durante meses, ninguém votou em mim; eu era praticamente invisível nesse aspecto. Sempre me esforcei para manter uma boa relação com todos. A única vez que fui votado, 10 dias antes do fim do programa, acabei sendo o nono colocado, com apenas dois votos, o que resultou na minha saída.
Minhas relações eram boas até com pessoas com quem, teoricamente, eu teria mais dificuldades, como o Dourado, por exemplo. Apesar de algumas discordâncias, chegamos a ter momentos de ajuda mútua, como quando ele me deu uma massagem no pé após eu me machucar. Claro, tivemos nossos desentendimentos, alguns até públicos, mas, no geral, me relacionei bem com quase todos.
Entre as pessoas com quem eu tinha uma conexão mais forte estavam o Michel, a Cacau, o Dicesar e a Morango. Michel, em particular, foi quem mais conversou comigo e se tornou um grande amigo. Essas amizades foram fundamentais para a minha experiência no programa, trazendo momentos de conforto e compreensão.

Sua personalidade animada e seu estilo emo se destacaram durante o programa. Como foi para você expressar sua autenticidade em um ambiente como o ‘BBB’?
Foi uma experiência desafiadora, pois eu não tinha certeza de como seria recebido pelo público e pelos outros participantes. Sendo um gay assumido e com um visual excêntrico, estava acostumado a viver em uma bolha, frequentando lugares onde me sentia aceito e compreendido apenas pela comunidade emo, da qual eu era uma figura bastante conhecida.
Participar do Big Brother Brasil, um programa de alcance nacional e com um público diversificado, significava sair completamente da minha zona de conforto e me expor a julgamentos e opiniões de um espectro muito mais amplo de pessoas. Havia a preocupação constante sobre como minha imagem e personalidade seriam interpretadas pelo Brasil, se seriam capazes de enxergar além do meu visual e entender quem eu realmente era.
Apesar dessas incertezas, me esforcei para ser o mais autêntico possível, mostrando não apenas minha estética única, mas também minhas emoções, pensamentos e essência como ser humano. Esse processo de abertura foi gradual, mas no fim, senti que consegui estabelecer uma boa conexão tanto com os colegas de confinamento quanto com o público. Fui bem recebido e acolhido, o que considero uma vitória pessoal até hoje.
Durante sua participação, você criou laços próximos com alguns participantes, como Michel. Como era essa amizade e como ela impactou sua jornada no programa?
O Michel teve um papel crucial na minha experiência dentro da casa. Ele me acolheu de maneira incrível, e há uma frase do Biel que nunca esqueci: “Quem não quer ter o Michel como melhor amigo?” E ele realmente se tornou meu melhor amigo lá dentro. Após o Big Brother, naturalmente, cada um seguiu seu caminho, com suas próprias vidas. Chegamos a considerar a ideia de morar juntos após o programa, algo que até o Bial mencionou durante a eliminação do Michel, sobre como eu lidaria sem ele. Essa amizade foi muito significativa para mim, especialmente por me sentir acolhido por alguém hétero, já que, naquela época, a maioria dos meus amigos era gay. Ter o Michel, que me recebia tão bem, gostava de mim e me respeitava (e a reciprocidade era verdadeira), foi incrível. Ele ocupa um lugar especial no meu coração, mesmo que hoje não tenhamos mais contato. Acredito que ele não viva mais no Brasil e tenha seguido em frente com sua vida, possivelmente casado ou namorando. Mas, dentro da casa, Michel foi uma pessoa muito importante para mim, oferecendo companhia e apoio. A única vez que chorei no programa foi quando ele saiu; nem mesmo quando fui indicado ao paredão eu chorei, mas a saída dele me deixou em lágrimas.
Os momentos descontraídos e engraçados dentro da casa sempre cativaram os telespectadores. Você poderia compartilhar um desses momentos que mais gostou?
Acredito que os momentos que mais cativavam os telespectadores eram quando eu começava a falar abertamente sobre diversos assuntos. Como alguém de mente muito aberta, não hesitava em tocar em temas como sexo, vida, sexualidade, desejos e intimidades. Essas conversas, frequentemente mais calorosas e íntimas, se davam enquanto pegávamos Smirnoff ICE na dispensa. Imagino que o público apreciasse esses diálogos, pois sempre fui alguém que gostava de discutir todo tipo de assunto de maneira descontraída, natural e saudável.
Eu costumava reunir as pessoas em rodas de conversa para falar sobre tudo e qualquer coisa, o que criava momentos bastante relaxados e divertidos. Como mencionei anteriormente, as festas e todas as atividades coletivas também faziam parte desses momentos marcantes. No fim das contas, tudo contribuía para a experiência completa, que eu acho que era o que as pessoas gostavam de assistir.
Sempre fui muito falante, nunca fui de ficar quieto. Estava constantemente engajado em conversas, interagindo e trazendo novos tópicos para discussão. Esse dinamismo em abordar variados assuntos, acredito, era um dos pontos que mantinha o interesse dos espectadores.

Sua parceria com Dicesar Ferreira também foi bastante comentada. Como foi essa relação e como vocês se apoiavam dentro da casa?
Estar com Dicesar foi incrível, pois ter um amigo gay dentro da casa foi muito bom. Dicesar já era uma personalidade conhecida; ele era uma drag queen muito famosa. Eu, por outro lado, não conhecia Dicesar pessoalmente antes do programa. Logo no primeiro dia, ele me fez uma pergunta que me marcou bastante. Ele perguntou, “Você gosta de drag queen?” Ao que eu respondi que adorava. Então, citei algumas das minhas favoritas, incluindo a Dimmy Kieer. Foi aí que ele se apresentou, dizendo, “Prazer, sou a Dimmy Kieer.” Eu fiquei chocado e surpreso, exclamando, “O quê? É você?” Foi um momento muito especial.
Dicesar foi um grande parceiro e muito divertido. Sempre nos demos bem, nunca tivemos brigas e sempre nos apoiamos. Ele também sabia como me dar broncas construtivas, do tipo “Serginho, não faz isso não, você está bagunçando”, ou então me incentivava a arrumar a cama ou a lavar roupa, coisas que eu não sabia fazer. Ele foi uma parte muito importante da minha experiência lá. Dicesar é realmente um ícone.
Como foi para você lidar com a pressão do jogo e com as eliminações dos amigos que fez durante o programa?
É incrivelmente difícil lidar com a eliminação. Para quem está do lado de fora, pode ser difícil compreender, mas lá dentro é um mundo à parte. Nada do que acontece aqui fora tem relevância lá dentro. Moramos juntos, enfrentamos provas para conseguirmos comida, para alcançarmos nossos objetivos no jogo. É uma parceria muito intensa, e quando alguém é eliminado, parece que alguém morreu. No momento da saída do paredão, todos choram, como se fosse uma despedida definitiva, porque sabemos que não voltaremos mais para aquele mundo. É uma experiência extremamente forte, estar lá dentro é algo único. Desejo essa experiência para todo mundo, pois é incrível. Posso passar horas explicando, mas nunca será possível entender completamente se não vivenciou. Ver os amigos deixando aquele mundo que criamos juntos é muito complicado. A saída do Michel foi a que mais me afetou.
Agora que já passou algum tempo desde sua participação, como você avalia o impacto que o ‘BBB’ teve em sua vida e carreira?
O Big Brother foi fundamental para mim, especialmente na parte financeira. Vindo de uma família com recursos, o programa me proporcionou independência financeira. Há 14 anos, construí meu próprio caminho, e isso é algo muito gratificante. Mas não se resume a isso. Recebo mensagens até hoje de pessoas cujas vidas foram impactadas pela minha participação. Muitos pais, centenas ao longo dos anos, vieram até mim para dizer que começaram a aceitar seus filhos pelo exemplo que dei, mostrando que, independentemente da aparência ou orientação sexual, todos somos iguais. Muitos gays também relataram que se aceitaram e se compreenderam melhor por causa do que viram em mim. Recebo essas mensagens até hoje, de avós, mães e até mesmo dos próprios gays que se assumiram para suas famílias por minha causa. Não fiz nada extraordinário, apenas fui eu mesmo, mas isso teve um impacto incrível. Isso pode soar clichê, mas mesmo não ganhando o Big Brother, ganhei as pessoas. Sei que mudei uma geração de alguma forma, e isso me deixa extremamente feliz. Além disso, na parte financeira, conquistei minha independência e pude compartilhar minha experiência com as pessoas. Amo o Big Brother, e faria tudo de novo, sem arrependimentos.

Por fim, como tem sido sua relação com os fãs e o público após o programa? O que mais tem recebido de feedback?
Fico impressionado até hoje por não conseguir passar despercebido, sempre sendo reconhecido, parado na rua para tirar fotos ou receber elogios. Isso é incrível e não alimenta meu ego, mas sim me deixa feliz. O contato com o público ainda é muito grande, não consigo passar despercebido em nenhum lugar. Estou sempre tirando fotos com muitas pessoas, seja em uma balada com 20 ou 30 fotos, ou em uma padaria com 5. Isso demonstra que as pessoas gostam de mim e me sinto querido, o que é muito gratificante. O público me acompanha até hoje, através das novas gerações e dos novos momentos, seja no Instagram ou em outras plataformas. Isso se reflete na evolução do meu trabalho e das minhas conquistas, inclusive na parte empresarial, como o hotel fazenda que possuo. Trabalho com minha imagem e com grandes marcas, e as pessoas acompanham minha evolução tanto profissional quanto pessoal. O feedback é sempre incrível, com pessoas elogiando novos projetos e participações em publicidades, como recentemente na Netflix. É muito gratificante manter esse contato próximo com o público em tudo o que faço.
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