A banda carioca Drenna apresentou no dia 10 de outubro o single “Só o Tempo Irá Dizer”, disponível em todas as plataformas digitais pela Marã Música. A faixa, que também ganhou um videoclipe lançado no mesmo dia, às 20h no YouTube, retrata a rotina da banda na estrada em um registro cru e visceral, refletindo em imagem a intensidade e a tensão que movem sua sonoridade. Com influências de rock alternativo, indie e pós-punk moderno, a canção combina urgência e introspecção, reafirmando a essência autêntica e emocional que transformou a Drenna em um dos nomes mais potentes do rock independente brasileiro.
“Só o Tempo Irá Dizer” nasceu de uma anotação íntima e acabou se tornando uma canção coletiva. Como foi esse processo de transformar algo pessoal em uma experiência compartilhada entre vocês — e agora com o público?
Já é algo natural no nosso processo: muitas músicas nascem de algo que escrevo e depois compartilho com a banda — às vezes no estúdio, às vezes só voz e violão. Quando mostrei Só o Tempo Irá Dizer, a banda entendeu de imediato a proposta e juntos fomos construindo os arranjos, até que a canção ganhou a personalidade dos três. Esse caminho coletivo é o que torna nosso som único. Agora, estamos ansiosos pra ver como essa mensagem vai ressoar e impactar a vida de quem ouvir.
A música fala sobre dor, luta e reflexão, mas também sobre silêncio e escuta. Que momentos pessoais inspiraram essas dualidades tão presentes na faixa?
A música nasceu dos contrastes que a vida sempre impõe. Somos feitos de momentos e atravessamos marés altas e baixas o tempo todo. Essas dualidades fazem parte de todos nós — de mim, da banda, de quem nos ouve — entre gritar e calar, resistir e acolher. Só o Tempo Irá Dizer fala justamente dessa travessia: a busca por sentido no meio das contradições.
A bateria pulsante é quase um personagem na música, simbolizando o tempo. Como surgiu essa escolha sonora e o que ela representa para vocês dentro da narrativa?
Sim, queríamos que a bateria fosse a própria representação do tempo correndo, implacável. Essa ideia surgiu já no processo de composição, ainda no estúdio. Para nós era essencial que a mensagem da música não estivesse apenas na letra, mas também fosse sentida sonoramente, em cada batida.
O clipe mostra a rotina da banda na estrada, de forma crua e sem filtros. O que vocês mais queriam transmitir ao público com esse registro tão real?
A ideia era mostrar quem a gente é de verdade: estrada, risadas, cansaço, entrega. A vida da banda não é feita só de shows — até porque, pra chegar neles, existe todo um corre cheio de momentos simples, intensos e também difíceis. O clipe é esse retrato cru, mas carregado de amor pelo que fazemos.
Vindo do Complexo do Alemão, a Drenna sempre carregou uma energia autêntica e de resistência. De que forma essa origem segue moldando o som e a mensagem da banda hoje?
Somos resultado de tudo o que vivemos, e essa vivência aparece de forma muito clara em tudo o que compomos. Nossa visão de mundo foi — e continua sendo — moldada pela nossa origem, pelo lugar de onde viemos, pelo momento em que estamos e pela forma como enxergamos o futuro. Tudo isso transborda naturalmente nas letras e nos arranjos, dando identidade ao nosso som.
Vocês já conquistaram espaços importantes no rock nacional — Rock in Rio, Porão do Rock, Feira Noise. Olhando para essa trajetória, o que “Só o Tempo Irá Dizer” representa nesse momento da caminhada?
Maturidade. Já passamos por muita coisa… e, com certeza, ainda vamos passar por muito mais. Essa música é um olhar completo: pra dentro, pra fora, para o futuro, e também um alerta de que, se não estivermos atentos, certos movimentos que cerceiam nossa liberdade, eles podem se repetir. Só o Tempo Irá Dizer marca uma nova fase da banda, mais consciente e atenta a tudo que nos cerca.
A canção tem um tom de questionamento e também de esperança. Se o tempo é o grande revelador, o que vocês esperam que ele diga sobre a Drenna daqui a alguns anos?
Espero que ele diga que a Drenna é uma banda que marca pessoas e faz diferença na vida de quem ouve. Que nossa música inspire outras mulheres, outras bandas, e mostre que é possível sonhar alto e conquistar espaços, independentemente de onde viemos.
A banda é reconhecida pela força feminina no rock. Como vocês veem o papel da mulher nesse gênero hoje e o que ainda precisa mudar para que mais artistas tenham o mesmo espaço e visibilidade?
A mulher sempre esteve no rock, mas nem sempre teve o reconhecimento. Hoje vemos mais espaço, mas ainda é desigual. Falta representatividade nos line-ups, falta visibilidade real. Nosso papel é continuar abrindo caminhos, inspirando outras mulheres a acreditarem que o rock também é delas — e lutar pra que isso não seja exceção, mas regra.
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