O impacto do uso de telas nas relações familiares é tema de palestra no Gente em Rede, do Gabarito

Cristiane Guimarães
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Na terça-feira, 11 de junho, o projeto Gente em Rede, do Gabarito Educação, promoveu uma palestra on-line intitulada “O Uso de Telas e o Impacto nas Relações Familiares”. O evento contou com a participação do professor Julio Abdalla, idealizador e mantenedor do Gabarito Educação, e da psicóloga escolar Maria Carolina Rodrigues Tomé. Os educadores discutiram como a tecnologia, especialmente o uso excessivo de telas, está transformando as dinâmicas familiares e afetando o desenvolvimento das crianças.

No início da palestra, Julio Abdalla destacou a rápida evolução tecnológica e como ela influencia a vida cotidiana. “Estamos vivendo um momento em que o WhatsApp está se renovando, e o YouTube recebe 410 horas de vídeo por minuto. O volume de plataformas e a rapidez com que os processos acontecem são enormes”, afirmou. Ele também expressou preocupação com o impacto do uso excessivo de telas na cognição das crianças, cujos efeitos são comparáveis ao hábito de fumar. “O cognitivo produz alterações permanentes no aprendizado dessa criança, e a tela atrapalha isso, tirando momentos mágicos de construção de relações e entendimento do mundo”, explicou Julio.

A psicóloga Maria Carolina Rodrigues Tomé ressaltou, em seguida, a importância de uma infância rica em relações afetivas e brincadeiras. “A infância saudável é um lugar de possibilidades, experimentação e afeto. O brincar resume muitas possibilidades de desenvolvimento físico, cognitivo e da imaginação”, disse. Ela também enfatizou o papel crucial das relações interpessoais no desenvolvimento das crianças e como o uso excessivo de telas enfraquece essas conexões. “Somos construídos nas nossas relações. Quando você reduz isso com o celular, enfraquece a formação do sujeito em todos os aspectos”, alertou.

A questão da saúde mental também foi abordada por Maria Carolina, que destacou o aumento preocupante de transtornos emocionais entre os jovens. “Hoje sabemos que 14% da nossa população jovem está passando por algum tipo de adoecimento mental, muito enviesado pela questão do uso das telas”, afirmou. Ela explicou que as redes sociais, em particular, podem gerar um sentimento de inadequação, especialmente entre adolescentes em fase de desenvolvimento da identidade. “O algoritmo não está ali para gerar bem-estar, mas para gerar uma sensação de inadequação que leva ao consumo. Isso tem um impacto assustador, especialmente em jovens que estão desenvolvendo sua identidade”, pontuou a psicóloga.

Ambos os palestrantes concordaram que é essencial que as famílias regulem o tempo em frente à tela das crianças e propiciem atividades mais construtivas. Julio Abdalla sugeriu que os pais atrasem ao máximo a introdução do uso do celular pelos filhos e sigam o exemplo de países que recomendam a entrega do dispositivo apenas após os 13 anos. “Retardar o uso do celular é crucial para que a criança se fortaleça em outros meios e relações, melhorando a maneira como ela será impactada no futuro próximo”, aconselhou.

Para auxiliar os pais na difícil tarefa de manejar o uso de telas pelas crianças, separamos algumas dicas práticas:

Estabeleça limites claros: defina horários específicos para o uso de dispositivos eletrônicos e certifique-se de que sejam respeitados.

Incentive atividades alternativas: promova brincadeiras ao ar livre, leitura, jogos de tabuleiro e outras atividades que estimulem a criatividade e a interação social.

Seja um exemplo: as crianças tendem a imitar os comportamentos dos pais. Limite, também, seu próprio tempo de tela para mostrar que outras atividades são igualmente importantes.

Monitore o conteúdo: esteja atento ao que seus filhos estão assistindo ou jogando. Prefira conteúdos educativos e apropriados para a idade deles.

Crie momentos de conexão familiar: reserve tempo para atividades em família sem a presença de dispositivos eletrônicos, como refeições, passeios e jogos.

Eduque sobre o uso consciente da tecnologia: ensine seus filhos sobre os benefícios e os perigos do mundo digital, incluindo questões de privacidade e comportamento online seguro.

Adie a introdução do celular: se possível, adie ao máximo a entrega de um celular próprio para a criança. Especialistas recomendam que isso ocorra após os 13 anos.

A palestra “O Uso de Telas e o Impacto nas Relações Familiares”, do Gente em Rede, foi um alerta importante sobre os desafios que a tecnologia impõe à dinâmica familiar e ao desenvolvimento saudável das crianças. O Gabarito Educação continua comprometido em promover debates e ações que contribuam para a construção de um ambiente educativo mais equilibrado e saudável.

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