Nina Camillo lança ‘Nascente’, seu primeiro EP, e marca nova fase na carreira

Luca Moreira
7 Min Read
Nina Camillo (Amilcar Neto)
Nina Camillo (Amilcar Neto)

A cantora e compositora Nina Camillo apresenta seu EP de estreia, “Nascente”, um trabalho que sintetiza sua trajetória musical e pessoal. Com seis faixas autorais, o projeto transita entre neo soul, jazz e influências da música brasileira, refletindo sua evolução artística. Totalmente envolvida no processo criativo – da composição aos arranjos –, Nina encerra um ciclo de experimentações e amadurecimento com canções que exploram desde a relação com a música até temas como autodescoberta e amor. A identidade visual do EP, assinada por Isabella Pina, reforça a ideia de colagem, simbolizando as diferentes fases que culminaram nesse lançamento.

Seu EP Nascente simboliza o encerramento de um ciclo de experimentações e crescimento. Como foi para você revisitar essas diferentes etapas da sua trajetória enquanto trabalhava neste projeto?

Para mim foi um processo natural e não planejado, comecei a produzir as faixas sem vislumbrar muito para onde eu iria. Foi algo que aconteceu naturalmente como parte dos meus estudos musicais, que começaram formalmente em 2019. Desde lá estou questionando e explorando minha linguagem ao compor, e eventualmente ao produzir. Acabou que entre composição e lançamento, as coisas demoraram e mudaram muito, mas sinto que agora sou outra pessoa. Passar por esse EP me transformou enquanto artista e me fez enxergar como isso (composição) está completamente espalhado por toda a minha vida.

Você menciona inspirações como Hiatus Kaiyote, Erykah Badu e o jazz brasileiro. De que maneira essas referências ajudaram a moldar a sonoridade única de Nascente?

Acho que quando você compõe e tem esse chamado, é natural que algum estilo musical que você escute te influencie, ou até mesmo se mescle com algum outro admirado que também seja contrastante. A própria música brasileira influenciou muito esses artistas internacionais que eu gosto, como o Hiatus, então acho que eu sou só parte desse ‘vai e volta’ da globalização na música. Entre harmonia e sonoridade de estúdio, gravação e mixagem, esses artistas que eu sempre menciono foram essenciais na formação dessa linguagem, ainda que tenha o meu jeitinho.

Nina Camillo
Nina Camillo

Suas composições exploram temas como superação de julgamentos e autodescoberta. Qual dessas faixas mais desafiou você emocionalmente durante a criação e por quê?

Acho que sem dúvidas “Sobre Fugir”. Eu tenho uma tendência muito forte para autossabotagem e essa música tem uma letra que eu acho muito difícil e incômoda de se cantar. Gravei ela umas três vezes diferentes, e ainda hoje, acho que ela me irrita muito ao cantar, porque foi feita de uma forma terapêutica que eu nem sempre abraço no meu dia a dia. Pensando que música é como uma tatuagem e fica existindo por aí, essa é como se fosse um carinho que eu nem sempre gosto de receber (risos). É uma música bem dual nesse sentido para mim, me desafia, e acho que por isso que ela está no final do EP, eu acredito na mensagem dela, ainda que me revirando toda por dentro.

A arte de capa do EP reflete o conceito de colagem, conectando momentos distintos da sua vida. Como essa estética visual se relaciona com a narrativa musical que você quis contar?

É justamente isso né? As faixas foram gravadas em épocas muito diferentes entre si, mesmo os próprios instrumentos dentro de uma única faixa. Se eu fosse achar a voz guia de Flor da Pele, acho que pareceria uma outra pessoa cantando, porque minha voz mudou muito de lá para cá. Esse projeto foi isso, uma experimentação carregada de medos e anseios, a capa é isso, é esse processo.

Nina Camillo (Pedro Maciel)
Nina Camillo (Pedro Maciel)

Algumas músicas foram gravadas durante a pandemia, enquanto outras vieram posteriormente. Como esse contraste de contextos influenciou o processo criativo e as mensagens do EP?

Influenciou bastante ainda que dentro de um mesmo fluxo de experimentação e descoberta. Vem Pro Céu e Flor da Pele vieram logo depois de um super envolvimento com neo soul, já Bem Te Vi é uma ponte com algo mais brasileiro e todas as seguintes já tem essa mistura, ainda que tendendo pra um dos lados. Na hora de gravar Só Dá Você, o Noa (baixista) comentou que a faixa lembrava muito “Curumin” do Djavan, e realmente, deve estar até no mesmo tom, mas eu nunca tinha ouvido ela ainda, depois fiquei bem viciada. Mas existe de fato uma diferença entre as harmonias e a densidade das letras.

Faixas como “Flor da Pele” e “Vem Pro Céu” exploram um amor mais leve e saudável. O que te inspirou a abordar esse lado do amor e como você vê essa representação nas suas músicas?

Chamo essas músicas de “açúcar do chiclete”. São leves, gostosas e inocentes, como eu era na época, nos meus próximos trabalhos tem uma leva de depressão e caos (risos) que vivi depois. Mas acho gostoso, marquei uma fase de início de vida amorosa e isso foi muito bom, afinal, escrevi só como reflexo do que estava vivendo.

Você mencionou que criar Nascente foi um processo de enfrentar medos e crescer com a música. Qual foi a maior lição que esse projeto trouxe para você como artista e pessoa?

Acho que entender que as coisas têm início, meio e fim. Que posso concretizar algo até seu final, mesmo com turbulências no caminho. Isso que estou tentando manter em mente agora, e entender como eu posso fazer isso tudo de forma mais concisa e planejada daqui para a frente, que sou sim capaz.

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