Daniel Del Sarto revisita carreira artística e fala sobre experiência com o entretenimento digital

Luca Moreira
13 Min Read
Daniel Del Sarto (Leonardo Vicário)
Daniel Del Sarto (Leonardo Vicário)

No ar na reprise de Desejos de Mulher pela Globoplay, Daniel Del Sarto segue em alta com a vitória no programa Acerte ou Caia!, da Record, apresentado por Tom Cavalcante. Além de gravar na Argentina, o ator se dedica à música, conduzindo espetáculos como Anos 80 — Uma Experiência Ploc e O Pequeno Príncipe in Concert. Dividindo seu tempo entre os palcos, a televisão e seu canal no YouTube, Del Sarto também marcou presença no cinema com o recente Dublê de Namorado, exibido no Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre, consolidando uma carreira multifacetada.

Os espetáculos que você conduz trazem o público para uma imersão nos anos 80, cheia de memórias musicais e humor. Como foi para você resgatar essa década em forma de arte e qual é a maior satisfação que essa experiência proporciona?

Os espetáculos têm vários níveis de profundidade: Conexão com sonhos, memórias afetivas, sentimentos intensos guardados. E mesmo para quem não viveu isso, sente uma energia diferente.  É muito bom poder entregar e compartilhar isso em peças que são feitas em conjunto com a plateia. É cada vez diferente, mas sempre intenso.

No filme Dublê de Namorado, você interpreta um personagem complexo e bem-humorado, o Jorjão. Como foi dar vida a esse papel e o que mais te divertiu durante as filmagens?

O Jorjão foi sensacional porque foi um trabalho que a gente lutou para fazer porque a pandemia ia e voltava, ia e voltava. Os bloqueios. Então, a gente ia filmar, ficou ensaiando pelo on-line. Aí marcou, aí teve que de novo voltar a ficar em casa. Foi sendo adiada quando finalmente a gente conseguiu. Acho que um ano depois… Foi muito legal. É meio que um Cult Trash. Ficou muito divertido. E foi muito legal porque cinema é uma delícia.

Seu canal no YouTube tem reunido personalidades para conversas descontraídas. O que mais te inspira a criar esses conteúdos e qual foi o bate-papo que mais marcou você até agora?

Sempre quis ter um programa. Adoro o papel de apresentar. No meio de tantos podcasts, queria algo fora da caixa. Então, influenciado pelo Comedians In Cars Gertting Coffe, do Seinfeld, resolvi começar a entrevista no carro e mantendo surpresa para o convidado o nosso destino

Todas entrevistas são muito marcantes e emocionantes porque crio um texto, durante o programa, para o convidado, que sempre se emociona muito. Mas a estreia com Nelson Freitas teve um sabor especial por ser o primeiro e porque nossa energia se soma muito nas semelhanças e sintonias de pensamento.

Daniel Del Sarto (Leonardo Vicário)
Daniel Del Sarto (Leonardo Vicário)

Você já transitou entre TV, teatro, música e cinema, conquistando destaque em todas essas áreas. Qual é o segredo para equilibrar tantas paixões e como cada uma delas contribui para a sua realização pessoal?

Vivo de empreendedorismo a vida toda. Quando a gente é esse super-herói ao avesso, como diz a minha canção, a gente está o tempo inteiro enfrentando quedas, o joelho rala, parece que não vai dar certo, às vezes, falta dinheiro para pagar uma conta ou outra né? E você não encontra exatamente aquilo que você quer fazer, não recebe o convite ou não pega o teste, não ganha o teste do que você fez, então essa resiliência… essa resiliência antifragilidade, que é diferente, é você ir adotando a condição de enquanto você está apanhando, enquanto você está no estresse, enquanto você está no pior, você está evoluindo nesse momento.

Você está conseguindo observar o que está rolando e está evoluindo. Então, acho que, para mim, tudo foi muito o retorno disso. Cada situação difícil, cada situação desafiadora ou apaixonante, que eu vivi e isso me gerou alguma coisa. Tenho dois livros aqui prontos e preciso agir para lançá-los. Tem muita música nova também, tem que fazer isso esse ano. Tem no sentido melhor. De desejo fazer isso. Então, acho que é a paixão de fazer e a resistência. Você faz porque você não tem outra alternativa e eu prometi a mim mesmo, quando eu fiz essa opção artística, que eu não ia abandoná-la enquanto eu não sentisse que eu, de fato, tinha alcançado os pontos que eu queria alcançar.

Como eu ainda não alcancei, estou aqui fazendo feliz e muito feliz e feliz com tanto que eu já alcancei que eu já cumpri e cada vez mais me deliciando com cada etapa, cada passinho. Estava numa reunião, com um violão, me pediram para tocar uma música, e todo mundo na reunião se emociona, se sente profundamente tocado pela canção, compartilha as suas ideias, suas histórias de superação por causa por causa daquela música. E agora eu estou escrevendo um curso em cima dessa música. Então, acho que isso é sucesso. Sucesso todo dia poder estar com a tua filha, poder se alongar numa pergunta sem uma autocrítica.

A peça é uma obra atemporal que cativa crianças e adultos. Como é interpretar um clássico tão querido e o que o público pode esperar da próxima temporada?

É muito bom falar dos anos oitenta, eu vivi isso, né? Vivi, revivi tanto na minha época quanto depois porque os anos oitenta continuaram ecoando nos noventa. E com muita força, ouso dizer até no começo dos dois mil, mas eu acho que é bom pensar qual vai ser o próximo capítulo tanto do espetáculo dos anos oitenta quantos outros espetáculos, que eu estou envolvido. Tem dois textos de solos, que eu gosto muito, do formato de stand-up, e estou construindo um formato meu. De stand-up, que tem essas coisas que eu faço, a música é o videografismo. Enfim, a gente sempre tem muitos projetos. Mas é muito gostoso fazer o espetáculo.

Eu gosto muito de tocar, eu estou numa fase boa A gente está no ano nove, eu estou no ano pessoal nove também. Falando de numerologia, para quem acredita, esse ano nove é um ano de escolher o que eu, o que que você quer levar daqui para o próximo ciclo de sete anos de dez anos, dependendo de cada um. Então, eu estou nesse lugar olhando para tudo que eu fiz até aqui, o que me dá paixão fazer, ver a minha filha crescendo, estar com a minha mulher, estar com a minha filha, estar em família, viajar e ver o que de fato merece, no melhor sentido da palavra, a minha dedicação porque eu me dedico muito integralmente. A gente sabe que tudo que a gente coloca a nossa energia ainda mais, quem faz como eu que vai com tudo, a gente deixa outras coisas. E você começa a entender que isso é uma escolha. Você não vai ter aquele tempo de volta. Então, eu estou nesse lugar de curtir cada momento e pensar onde é que eu vou colocar a minha energia vibrante.

Sua estreia na televisão como o namorado da Sandy marcou uma geração. Como é olhar para trás e perceber que esse papel continua vivo na memória dos fãs?

Ah isso é maravilhoso acho que é maravilhoso e é legal que conforme o tempo vai passando mais e mais. A gente percebe que de fato é isso. É uma honra ter podido fazer trabalhos a Turma do Didi, Sandy Júnior e você veja por tão pouco tempo. Eu estive no programa Sandy e Júnior por muito pouco tempo e mesmo assim, isso foi extremamente marcante. As pessoas se lembram disso. Encontro várias mulheres que dizem que eu fui crush dela. Aí faz a gente ficar rindo, se divertindo com isso. Então, isso é muito legal porque eu acho que a escolha que eu fiz né? Minha escolha artística de curador do espírito. Tem o livro da Celina Fioravante que tem esse título. E que eu entendi muito por que que eu vim fazer o que eu faço aqui na terra e com toda humildade eu digo que o trabalho da gente, para mim, é igual ao do garçom, é igual ao da confeiteira porque a gente faz coisas para o outro se deliciar, se emocionar.

Nessa entrega, a gente quer de verdade ter esse resultado. Então, se ele vem em forma de reconhecimento, de pedido de autógrafo, de foto, de até mesmo de confundir com alguém, porque são tantos artistas, tantos atores. Pô, você não é um cara lá da Globo, você é o cara da Record, você é o cara do SBT. Eu brinco, é, eu sou o cara de todas as emissoras. Fiquei mais tempo na Globo, mas eu já fiz alguma coisa em todas as emissões, menos na Band. Eu acho que é muito legal, é um orgulho.

Daniel Del Sarto (Leonardo Vicário)
Daniel Del Sarto (Leonardo Vicário)

Com tantos projetos em andamento, como você imagina os próximos passos da sua carreira e quais sonhos ainda deseja realizar?

Meu sonho maior, sonho no sentido de desejo, de missão, que eu sinto que tenho, é colocar as canções autorais mais para o mundo. O Jorge Vercilo, meu amigo, me disse que quando ele ainda estava lutando pelo sucesso, às vezes, parecia um passarinho caído na casa dele e ele sempre cuidava dele, ressuscitava, aí ele falava para o passarinho ‘por favor, leva minha música para o mundo, espalha ela por aí’. Para gente ver a força do desejo. Eu tenho essa vontade e ouso dizer, que algumas canções que tenho, que foram inspirações incríveis e o que elas causam nas pessoas, citando as canções Mãe, Super homem do Avesso, Tenho Sim, me colocam na obrigação de colocá-las mais para fora.

Quando a gente vive numa época, num lugar, onde a música perdeu tanto o sentido,  música para ser bandido, música para beber até cair,  para usar droga, acho que ser tonou mais relevante, na minha percepção de mundo, e do que a gente deve passar para as pessoas, o que a gente deve cantar e escutar,  me colocou mais urgência de jogar essas músicas no mundo, porque quando a música traz uma história, ela faz um bem enorme, muda o astral, a conexão, estimula pensamentos melhores, estimula mais amor, mais compreensão da condição do outro. Tem muita coisa legal que a música pode fazer e a gente está vivendo uma época muito reducionista.

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