Matilde G inaugura nova era com o álbum “Beautiful Wreckage”, em lançamento internacional em Los Angeles

Luca Moreira
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Matilde G
Matilde G

A cantora italiana radicada em Singapura, Matilde G, dá um salto decisivo em sua carreira com o lançamento de “Beautiful Wreckage”, seu primeiro álbum totalmente voltado ao rock. O trabalho, que será apresentado em um evento especial no dia 25 de outubro, no prestigiado NRG Recording Studios, em Los Angeles, representa uma virada artística e emocional na trajetória da artista. Escrito entre Los Angeles, Estocolmo e Itália, o disco revela uma nova maturidade criativa, com Matilde assumindo pela primeira vez o papel de coprodutora, consolidando-se não apenas como voz marcante, mas também como a mente por trás de sua sonoridade.

“Beautiful Wreckage” soa como uma mistura entre destruição e renascimento. Quando você olha para esse álbum, que parte da sua própria “ruína” se transformou em arte?

Sinceramente, todas. As desilusões, a ansiedade, os momentos em que achei que tinha perdido completamente o controle — tudo isso se tornou cores com as quais finalmente pude pintar. Beautiful Wreckage é eu aprendendo a transformar o caos em algo alto e vivo. Parei de tentar consertar as rachaduras e comecei a preenchê-las com distorção e verdade. Foi daí que veio a mágica.

Você mencionou que o pop parecia “polido demais” para as histórias que queria contar. Em que momento você percebeu que o rock era a única linguagem capaz de expressar o que realmente sentia?

Sempre quis fazer rock — só não tinha coragem até crescer o suficiente para isso. Quanto mais eu tocava ao vivo com bandas, mais eu desejava aquela energia crua, aquele grito que vem do fundo da alma. O pop começou a parecer como colocar purpurina em uma ferida aberta. E agora, em um mundo cheio de filtros, algoritmos e músicas feitas por IA, o rock soa como rebeldia. É real. Sangra. E era disso que eu precisava para dizer a minha verdade.

Cada faixa parece explorar uma emoção extrema — raiva, vulnerabilidade, desejo, autodescoberta. Se tivesse que escolher uma música como espelho do que você é hoje, qual seria e por quê?

“Shut the F* Up”* foi a primeira música de rock de verdade que escrevi, e ainda me define. Não é só sobre mandar as pessoas calarem a boca — é sobre se libertar de todo o barulho. Expectativas, opiniões, regras da indústria, tudo. Fazer um álbum totalmente de rock é arriscado; sei que posso perder alguns fãs. Mas prefiro ser mal compreendida por ser real do que amada por ser falsa. Eu tinha coisa demais para dizer para ficar calada. Então sim, essa música acendeu o pavio.

Em Beautiful Wreckage, você não é apenas a voz, mas também a coprodutora. Como assumir esse controle criativo mudou a forma como você se enxerga como artista?

Mudou tudo. Pela primeira vez, eu estava construindo o mundo inteiro sozinha. Da composição à produção e aos visuais, eu queria que tudo soasse e parecesse conectado e autêntico. Assumir o controle me mostrou que não sou só uma intérprete. Sou uma criadora, uma contadora de histórias, uma diretora de emoções. É assustador e poderoso ao mesmo tempo — e acho que nunca mais vou conseguir voltar atrás.

Os videoclipes filmados na Itália representam um retorno às suas raízes. Que tipo de reconciliação ou redescoberta pessoal aconteceu durante esse processo?

A Itália sempre será meu lar, mesmo eu morando do outro lado do mundo. Gravar lá foi como reconectar-me com o fogo que me fez querer fazer tudo isso desde o início. Tenho uma equipe incrivelmente talentosa na Sicília, liderada pelo meu amigo Daniel Collins, e nós nos desafiamos mutuamente a criar algo cinematográfico, emocional e ousado. A criatividade italiana é incomparável 🙂

Você construiu uma carreira internacional impressionante, com fãs na Ásia, América e Europa. O que mais te surpreende ao ver pessoas de culturas tão diferentes se conectando com a sua música?

Isso me impressiona todas as vezes. A música realmente não se importa com fronteiras ou idiomas — ela é pura emoção. Eu vejo fãs no México gritando letras que escrevi no meu quarto em Singapura, ou mensagens das Filipinas dizendo que minhas músicas os ajudaram em momentos difíceis. Essa conexão é quase sagrada. Ela me lembra que o que eu faço realmente importa para alguém, em algum lugar.

O álbum fala sobre caos, vulnerabilidade e autenticidade — temas que ecoam muito na sua geração. Você enxerga esse “caos bonito” como uma forma de resistência contra a superficialidade que domina a cultura pop atual?

Com certeza. Acho que todas nós estamos cansadas de fingir que tudo é perfeito. Minha geração cresceu online — sabemos o que é falso. Então ser vulnerável, ser bagunçada, ser real — isso é a nossa forma de rebelião. Beautiful Wreckage é o meu jeito de dizer: “tudo bem ser um desastre, desde que seja honesto”. Não existe nada mais forte do que mostrar suas cicatrizes e ainda assim continuar de pé.

Recentemente, você disse: “Chega de fofa. Quero ser real. Não sou uma criadora de conteúdo, sou uma p* artista.” O que significa “ser real” para você hoje — como mulher, como cantora e como ser humano?

Ser real significa não pedir mais permissão. Cansei de me encolher para caber nas caixinhas que as pessoas criam pra mim — “a garota fofa”, “a pop segura”. Eu não sou isso. Sou emocional, impulsiva, apaixonada, imperfeita — e é exatamente isso que me faz artista. Não acordo pensando em algoritmo; acordo pensando em som, sentimentos e conexão. Isso é o que “ser real” significa pra mim.

Matilde, para finalizar, soubemos recentemente que você foi incluída no processo de consideração do Grammy deste ano pelo seu trabalho no single “Ti Voglio”. Quais são suas expectativas para essa possível indicação e como foi receber a notícia de estar cotada para o Grammy?

Foi surreal. Eu literalmente gritei quando descobri. Mas, sinceramente? Não estou colocando pressão nisso. Fazer parte do processo já é um grande passo, e sou muito grata por isso. Sem expectativas por enquanto — só sonhos enormes para o futuro. Isso é apenas o começo de algo muito maior.

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