Gabriel Almeida fala sobre intensidade do projeto “Salvar Como”

Luca Moreira
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Gabriel Almeida (Foto: Divulgação)

O caderno de aquarelas produzido pelo artista visual Gabriel Almeida em nove meses de isolamento, durante a pandemia, se transformou no livro “SALVAR COMO”. O projeto, contemplado pelo Edital de Artes Visuais da Lei Aldir Blanc, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de Goiás, é uma reprodução fiel, com as mesmas dimensões e sequência de páginas, do material criado pelo artista entre dezembro de 2020 e agosto de 2021, em estado de profundo retiro social.

As quarenta pinturas reproduzidas no livro são representações de imagens encontradas ao acaso pelas redes sociais, algumas extremamente populares, outras desconhecidas. Pintadas em sequência, elas passam a se ressignificar mutuamente.

Nasceu em 1988 no bairro do Itaim Paulista, zona leste da cidade de São Paulo. Graduado em Artes Plásticas pela ECA-USP, cursa Mestrado em Artes Visuais – Processos e Procedimentos Artísticos no IA-UNESP, sob orientação de Sergio Romagnolo. Reside na cidade de Alto Paraíso de Goiás, onde foi contemplado Pela Lei Aldir Blanc 2021 do Estado de Goiás para a finalização e publicação do livro “SALVAR COMO”.

Foi indicado ao prêmio DasArtes 2022 promovido pela Revista DasArtes e em 2019 venceu a medalha de ouro no 16º Salão de Artes Visuais de Ubatuba com a série de pinturas “Iminência Tragicômica”. Realizou as exposições “desconhecido”, “A Razão dos Loucos”, “caderno de artista”, “Interações II”, “Apropriações”, “Ressetar”.

Foi selecionado em 2020 para o 45º Salão de Arte de Ribeirão Preto, no MARP. Participou da exposição de encerramento da temporada 2017-1018 da residência L.O.T.E. “Indisposições da Imagem e do Corpo”, no Instituto de Artes da UNESP. Confira a entrevista!

Em tempos como a pandemia todas as pessoas tiveram suas vidas completamente alteradas. Você usou boa parte do seu tempo para criar. Como a pintura ajudou você a ter uma certa tranquilidade nesse tempo de completo caos?

A pintura sempre esteve presente na minha vida como um lugar de exploração de possibilidades do imaginário, um instrumento de criação. Estudei artes plásticas e acabei fazendo disso um ofício, uma forma de pesquisar o mundo que me cerca. naturalmente, ao passar por um evento como o isolamento social que nos submetemos por conta da COVID-19, tendo a pintura como prática frequente, acabo refletindo um bastante disso no processo de criação. não diria que a pintura é uma atividade que acalma e tranquiliza, mas definitivamente me ajuda a desemaranhar coisas da ordem do insondável, do imaginário profundo.

O livro conta com 40 pinturas reproduzidas, todas elas feitas em um período de isolamento social. Qual sua inspiração para produzir tanto ao ponto de criar o livro mesmo tendo poucos locais para explorar pessoalmente?

Não acredito na inspiração, sei que qualquer criação artística consistente é fruto de um trabalho incessante, uma ideia obstinada, é fruto também de tempo e de espaço. muitas das escolhas vieram justamente pela limitação espacial, tanto física quanto mental: como pensar num futuro, próximo ou distante sem a perspectiva de poder sair de casa e viver de forma segura as coisas simples da vida? A internet acabou ocupando esse espaço vital para o ser  humano, poder explorar, conhecer pessoas, coisas e lugares, se reunir, trabalhar… e isso também nos adoeceu muito, ter que viver experiências simuladas para parecerem normais, reais, foram tempos estranhíssimos.

Gabriel Almeida (Foto: Divulgação)

Com “SALVAR COMO” as reflexões sobre a sociedade e o cotidiano são as temáticas principais da sua obra. Que tipo de público pretende alcançar trazendo esse tema à tona?

Acredito que a boa criação artística não parte de um desejo de atingir público, ela nasce da relação dialética entre observação do mundo e a resposta dada através do que chamamos de arte, e uma vez que se cria a obra de arte, ela está no mundo e passa a interagir com ele também, ela vira mundo, e por sua vez nós a observamos novamente. o primeiro público é o próprio criador. então eu procuro me satisfazer com minhas criações em primeira instância, depois eu mostro pras pessoas. meu público é quem se interessar pela minha arte, seja quem for, independente de idade ou instrução acadêmica.

Quais são as técnicas utilizadas nas pinturas para criar esse mundo fantasioso e ao que não pertence ao mundo que conhecemos?

basicamente eu utilizo a pintura com aquarela sobre o papel. são desenhos de observação feitos a partir de imagens encontradas em redes sociais durante o período de produção do caderno.

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Com Regina Soares e Letícia Cleto

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