Discussões de casos clínicos com sessões interativas em Anestesia e Medicina da Dor são destaques da 33ª Jornada Baiana de Anestesiologia

Luca Moreira
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Anestesiologistas de diversas regiões do estado se reúnem em Salvador, na 33ª JORBA – Jornada Baiana de Anestesiologia, nos dias 16, 17 e 18 de setembro, no Gran Hotel Stella Maris. O encontro é promovido pela Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia (SAEB)

A anestesia se consolida cada vez mais como referência em procedimento médico de alta segurança, que promove controle da dor, inconsciência, conforto, equilíbrio das funções vitais, melhoria dos desfechos cirúrgicos e acelera a recuperação pós-operatória, no entanto ainda provoca medo e insegurança nos pacientes. Esse sentimento é uma das principais causas de ansiedade pré-operatória, fazendo com que esses pacientes cheguem a se preocupar mais com o risco da anestesia do que com o próprio resultado do procedimento cirúrgico. A SAEB tem como objetivo esclarecer a comunidade sobre o papel do anestesiologista estando ao lado do paciente, cuidando dele antes, durante e após a cirurgia ou exame, enquanto o cirurgião tem a segurança necessária para conduzir o ato cirúrgico.

A medicina perioperatória é área responsável pelo gerenciamento do plano cirúrgico em todas as etapas do pré, intra e pós-operatório, explica o presidente da SAEB, Dr. Alexandre Pustilnik. “Antes do procedimento cirúrgico, o doente é avaliado de maneira a identificar as necessidades específicas de cada paciente, planejando a anestesia de acordo com cirurgia proposta. Durante a cirurgia, é responsável pelo acolhimento, manutenção das funções vitais do doente e por impedir que ele sinta dor, estresse e os desconfortos, monitorando seus sinais vitais, com hidratação endovenosa, derivados sanguíneos e fatores coagulação quando necessário, mantendo a sua temperatura e cuidando de sua integridade. Ao término do procedimento cirúrgico, a medicina perioperatória se preocupa com o controle da dor, das náuseas e vômitos, do aquecimento, da realimentação; enfim, da recuperação do paciente”, reitera.

Mas para tudo ocorra de forma segura a primeira etapa é fundamental: a avaliação pré-anestésica. “É muito importante para o médico anestesiologista ter conhecimento amplo do paciente antes do procedimento anestésico-cirúrgico, através de uma criteriosa avaliação, que pode ser feita imediatamente antes do início da anestesia, mas o mais recomendado é que seja feita horas ou preferencialmente alguns dias antes da anestesia”, ressalta Dr. Alexandre.

O papel do anestesiologista é elucidar e solucionar as dúvidas do doente, assegurando sua confiança e tornando a anestesia e a cirurgia menos assustadoras, o que implicará na redução dos estresses e das angústias que cercam qualquer intervenção cirúrgica.

Após minuciosa investigação sobre as doenças preexistentes, hábitos pessoais, cirurgias anteriores, possíveis alergias, medicações de que faz uso e a história de doenças familiares, deve ser realizado o exame físico.

Hábitos pessoais – O tabagismo mundialmente disseminado pode causar sérias complicações tanto no intra como no pós-operatório, sendo muitas vezes necessária uma vigorosa fisioterapia respiratória no período pré-operatório para poder otimizar as condições pulmonares.

Parar de fumar 24 horas antes do procedimento cirúrgico diminui os níveis de carboxiemoglobina, ocorrendo melhora da liberação de oxigênio para os tecidos. De 24 horas a oito semanas ocorre acentuado aumento dos movimentos ciliares das células das vias aéreas, o que facilita a eliminação das secreções. Portanto, o ideal é parar o hábito do fumo de seis a oito semanas antes do procedimento anestésico-cirúrgico.

O alcoolismo, hábito comum que acomete todas as classes sociais, é outro fator complicador do período perioperatório, já que o principal órgão comprometido pelo álcool é o fígado, responsável pelo metabolismo dos anestésicos e produção de fatores de coagulação.

Outro questionamento importante é o sobre o uso de drogas ilícitas, ressaltando o risco de aparecimento de reações adversas, principalmente nos sistemas cardiovascular e respiratório, durante o ato anestésico, associadas com a interação dessas drogas com os fármacos usados na anestesia.

Essas e outras situações serão discutidas na JORBA. “Trataremos de temas como anestesia pediátrica, anestesia em cirurgias de alta complexidade a exemplo da cirurgia cardíaca, ECMO e a cirurgia robótica, gestantes em complicações no parto e o tratamento da dor oncológica, dor em pediatria e terapias alternativas no tratamento da dor, dentre outras condições consideradas críticas, que implicam num risco maior. O evento traz um formato totalmente inovador, com discussões de casos clínicos em sessões interativas desses grandes temas da anestesiologia. Os inscritos terão disponível um aplicativo para baixar e participar da dinâmica, promovendo uma maior interatividade”, conta o diretor científico da SAEB, Dr. Diogo Bahia.

Diariamente nos centros cirúrgicos, os anestesiologistas enfrentam tais circunstâncias e todos eles devem garantir o máximo de conforto e segurança ao paciente. “Além das aulas teóricas, serão realizados dois cursos práticos no modelo ‘HandsOn’ na sexta-feira (16/09). Um deles é o CIAPED – Curso de Imersão em Anestesia Pediátrica que tem por objetivo promover atividade teórico-prática, habilitando os participantes para gerenciar crises durante o período perioperatório na anestesia pediátrica. E o curso de imersão teórico-prático de Ultrassom Avançado em Anestesia Regional tem o objetivo de capacitar o participante na utilização do ultrassom nos bloqueios para ombro, tórax, abdome, quadril e joelho com técnicas de ultrassonografia como agente facilitador do procedimento anestésico e do controle da dor pós-operatória”, finaliza Dr. Diogo.

33ª JORBA – JORNADA BAIANA DE ANESTESIOLOGIA
16, 17 E 218 DE SETEMBRO
GRAN HOTEL STELLA MARIS

Entrevistas:
Dr. Alexandre Pustilnik – presidente da SAEB
Dr. Diogo Bahia – diretor científico da SAEB

Informações da programação no site: www.saeb.org.br

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