Sancler Graffit encontrou na arte uma jornada de superação e transformação. Desde os primeiros rabiscos em folhas de papel sulfite até os holofotes do Museu Metropolitano de Arte de Tóquio, sua trajetória é marcada pela persistência e pela inovação.

Com um começo humilde, Sancler buscou na aerografia uma forma de expressar sua criatividade. Aos poucos, ganhou reconhecimento em sua cidade natal, Mogi Guaçu, e expandiu seus horizontes para o Japão, onde enfrentou desafios linguísticos e culturais, mas manteve sua visão inabalável.

A customização de tênis tornou-se sua nova paixão, abrindo portas para colaborações com celebridades como Anderson Silva, Muggsy Bogues e Rafaella Santos. A pandemia não o deteve; pelo contrário, inspirou-o a reinventar-se e a criar peças exclusivas que conquistaram o mundo.

Seus feitos não param por aí. Sancler foi além das ruas, levando sua arte para galerias de renome e museus de prestígio. Sua participação no evento Zen Art, no Museu Metropolitano de Tóquio, e o reconhecimento do público foram marcos indiscutíveis em sua carreira.

Com projetos futuros empolgantes, Sancler está determinado a continuar sua jornada de sucesso. Colaborações com marcas renomadas e exposições de arte inovadoras estão no horizonte, prometendo inspirar e encantar o público com sua arte em movimento.

Desde os dias de folhas de papel até as galerias de arte internacionais, Sancler prova que a arte é uma linguagem universal, capaz de transformar vidas e transcender fronteiras. Sua história é um testemunho vivo do poder da determinação e da paixão pela criação.

Se você ainda não conhece Sancler, prepare-se para se surpreender. Sua jornada é uma inspiração para todos nós, mostrando que com dedicação e talento, os sonhos podem se tornar realidade.

Sancler, você poderia compartilhar mais sobre como foi seu começo na arte da aerografia e o que o inspirou a se tornar um especialista nessa área?

Meu primeiro contato com o desenho foi através de folhas de papel sulfite que meu pai trazia da fábrica de papel e celulose onde trabalhava. Naquela época, nossa situação financeira era muito precária, e eu não tinha brinquedos. Assim, usava essas folhas para desenhar rostos de pessoas famosas ou históricas que encontrava em livros didáticos; eu tinha apenas dez anos de idade. Quatro anos mais tarde, comecei a praticar aerografia. Embora ainda não dominasse as técnicas, estava determinado a aplicar essa arte em capacetes, bicicletas e discmans.

Em 1998, fiz minha primeira exposição de artes na escola Almerinda Rodrigues em Mogi Guaçu, SP, e no ano seguinte, realizei uma exposição solo na biblioteca Cecilia Meireles em Mauá, SP. Lembro-me de ter pago a passagem de ônibus para um amigo me acompanhar e ajudar a transportar os quadros. Foi uma jornada desafiadora: saímos da rodoviária de Mogi Guaçu e viajamos mais de quatro horas com os quadros em carrinhos de sacoleiros. Alguns vidros dos quadros quebraram e algumas molduras de madeira foram danificadas durante o trajeto. No entanto, apesar das dificuldades, foi gratificante ver meus trabalhos pendurados nas paredes da exposição. Foi nesse momento que senti que poderia alcançar grandes feitos.

Decidi então profissionalizar-me e especializar-me em aerografia automotiva, customizando peças de carros com minha arte e cores. Foi um sucesso na cidade, e até hoje as pessoas se lembram. O que me inspirou a me tornar um especialista em aerografia foi a paixão pela arte e o desejo de me tornar uma referência como artista plástico mundialmente.

Como foi a transição de trabalhar em fábricas no Japão para abrir seu próprio ateliê e se dedicar à aerografia em tempo integral?

Mudar para o Japão foi um desafio considerável por dois motivos principais: o primeiro era o idioma japonês, que eu ainda não dominava; o segundo era atrair o público nativo até meu ateliê e conquistar a aceitação do meu trabalho na cultura local.

Apesar das dúvidas de muitos, mantive minha fé e me dediquei inteiramente ao projeto. Trabalhei arduamente, participando de eventos e encontros de carros customizados quase todos os fins de semana nas cidades próximas. Com perseverança, superei as adversidades, conquistando meu espaço e atraindo clientes japoneses.

Sancler Graffit
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Você mencionou que customizou tênis para diversas personalidades durante a pandemia. Como foi essa experiência e qual foi a reação das pessoas ao receberem suas peças exclusivas?

Durante a pandemia, quando percebi que tudo estava se transformando radicalmente, vi sinais na TV e nas redes sociais indicando que a economia sofreria um grande impacto. Com isso, entendi que as pessoas deixariam de gastar dinheiro com carros customizados ou outros produtos do segmento. Foi então que decidi mudar de direção, optando por trabalhar como caminhoneiro, uma alternativa que pagava bem. Também vendi alguns carros para manter as contas em dia e investi em meu novo plano de negócios: customizar tênis (sneakers) e colaborar com algumas celebridades.

Criei alguns tênis com artes exclusivas para as celebridades, e foi assim que comecei a receber apoio e críticas construtivas. Apesar dos desafios, não desisti e acabei colhendo os frutos do meu esforço.

Participar da Sneakercon em Osaka e lançar sua arte na joalheria Trax em Nova York são marcos impressionantes. O que essas oportunidades significaram para você e como elas impactaram sua carreira?

Participar da Sneakercon em Osaka foi uma experiência surreal e desafiadora; lá, eu fiz as artes nos tênis ao vivo, e o resultado foi extraordinário. Posteriormente, lançar minhas obras na Traxnyc em Nova York foi praticamente um sonho realizado. Coincidentemente, eles estavam promovendo o lançamento do filme “Uncut Gems” na Netflix, estrelado por Adam Sandler, em janeiro de 2020. O dono da joalheria, com quem fiz amizade por meio de mensagens, me encorajou a enviar todos os três quadros para Nova York, prometendo promovê-los pessoalmente. A emoção foi tanta que mal consegui dormir, claro, de felicidade.

Esses eventos não apenas tiveram um significado excepcional em minha vida pessoal, mas também causaram um grande impacto entre meu público. As publicações sobre minhas conquistas artísticas não apenas impulsionaram minhas vendas, como também abriram portas para exposições em museus, devido à relevância que meus trabalhos adquiriram na época.

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Poderia compartilhar um pouco sobre sua participação na exposição Zen e ter suas pinturas exibidas no Museu Metropolitano de Arte de Tóquio? Como foi essa experiência?

A minha participação no evento Zen Art no Museu Metropolitano de Tóquio foi um desafio monumental, pois eles são extremamente seletivos e detalhistas. Durante cinco anos consecutivos, tentei entrar nesse evento, e sempre recebia como resposta que meus trabalhos não eram adequados para o museu. Mas eu mantive a fé e persisti. Uma mudança significativa aconteceu quando atualizei meu portfólio, incluindo minha colaboração com a joalheria Traxnyc e minha participação na Sneakercon. Parece que isso virou o jogo completamente — de repente, minhas obras foram aceitas!

Finalmente, meus seis quadros não apenas foram expostos, mas também venceram o concurso promovido em parceria entre Grécia e Japão, recebendo a maior votação do público presente no museu. A experiência de ver todos os meus trabalhos exibidos publicamente foi sensacional e, sem dúvida, o ponto alto da minha carreira até agora, vencendo neste evento prestigiado ao lado de grandes nomes da arte.

Você mencionou customizar tênis para celebridades como Anderson Silva, Muggsy Bogues e Rafaella Santos. Existe alguma história interessante por trás dessas colaborações?

Sim, existem algumas histórias marcantes. Por exemplo, me inspirei em Anderson Silva quando ele era campeão mundial de MMA no UFC. A luta contra Chael Sonnen 2 foi particularmente emocionante. Ver Anderson vencer e seus filhos o apoiando no octógono me tocou profundamente, especialmente num momento em que eu pensava em desistir da carreira no boxe. Aquela vitória e sua jornada até lá me fizeram repensar e sentir vergonha de querer desistir.

Quanto ao lendário Muggsy Bogues, ex-jogador da NBA, tive a oportunidade de realizar um sonho de infância. Desde 1998, eu guardo um card de colecionador com sua imagem. Fazer um tênis personalizado para ele, incorporando detalhes que ele aprecia e o logo da abelhinha dos Charlotte Hornets, equipe onde ele jogou por muitos anos, foi um verdadeiro privilégio.

A encomenda para Rafaella Santos também foi especial. Reproduzi as tatuagens que ela tem no corpo e criei um avatar personalizado para ela, o que resultou em um tênis único. Ela postou sobre ele nas redes sociais, mostrando os detalhes e expressando sua satisfação. Para mim, o mais importante é ver a felicidade das pessoas ao receberem uma arte que evoca nostalgia e significado pessoal.

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Como é seu processo criativo ao customizar tênis? Você segue um tema específico ou deixa sua criatividade fluir livremente?

No meu processo de criação, prefiro ficar sozinho para manter o foco. Não sigo um tema fixo; minha inspiração vem de buscar capturar a essência dos gostos pessoais ou das lembranças nostálgicas de cada cliente. Assim, consigo tocar seus corações através da arte.

Quais são os maiores desafios que você enfrenta como artista da aerografia e como os supera?

Um dos maiores desafios que enfrento é o preconceito de alguns curadores de museus, que ainda insistem que a arte feita em aerografia não é uma forma legítima de arte. Eu supero esses obstáculos desafiando essas regras arbitrariamente impostas e provando para mim mesmo até onde posso chegar sem ser detido.

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Em sua opinião, qual é o papel da customização de tênis na cultura atual da moda e do streetwear?

A customização de tênis desempenha um papel crucial na cultura contemporânea da moda, elevando o básico ao extraordinário. No cenário do streetwear, tenho a oportunidade de levar minhas obras, que estão em museus ao redor do mundo, para as ruas por meio da customização de tênis. Dessa forma, transformo calçados comuns em verdadeiras exposições de arte que podem ser apreciadas pelo público cotidiano nas ruas.

Quais são seus planos e objetivos para o futuro em relação à sua arte e à sua carreira como especialista em aerografia?

Este ano, estarei lançando algumas colaborações de tênis e chinelos com minhas artes, com temas que celebram a brasilidade em parceria com as marcas Rainha e Topper Brasil. Meu trabalho visa trazer inovação e rejuvenescimento às marcas, incorporando minhas artes vibrantes e exclusivas em suas coleções.

Um exemplo disso foi a colaboração com a marca Rainha para o Carnaval deste ano, com uma edição limitada inspirada no tema do Frevo, que esgotou em apenas 24 horas, sendo um sucesso absoluto.

Além disso, estou planejando uma exposição de artes no Brasil, combinada com um desfile de moda apresentando peças de roupas customizadas com minhas artes em estilo graffiti aerografadas. Será uma oportunidade única de mostrar minha arte em diferentes formas e contextos.

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