Diego Maradona na LaLiga antes do jogo histórico entre FC Barcelona e SSC Napoli

Luca Moreira
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O mundo do futebol sofreu uma grande perda com a notícia do falecimento de Diego Maradona aos 60 anos, em 2020. Na Espanha, houve uma tristeza peculiar, pois muitos dos que atualmente estão no coração do futebol espanhol conheceram o argentino ou tiveram algum contato com ele desde seu tempo na LaLiga.

Foi na LaLiga que Maradona deu seus primeiros passos no futebol europeu, ingressando no Barcelona por um valor recorde mundial de US$ 7,6 milhões, depois de atuar em seu país-natal pelo Argentinos Juniors e o Boca Juniors. Joan Gaspart, que era o vice-presidente do Barcelona na época, revelou mais tarde, em entrevistas, que os dirigentes do Barça presentes na Argentina para trabalhar na contratação tiveram que viajar em um tanque porque as autoridades argentinas temiam por sua segurança.

Premiar Maradona longe de seus fãs leais em Buenos Aires foi difícil, mas valeu a pena. O Barcelona havia adquirido um jogador de elite. Lesões e doenças fizeram com que Maradona não jogasse tantos jogos pelos Blaugrana quanto o clube esperava, mas, quando ele entrou em campo no maior estádio da Europa, foi um espetáculo.

Mesmo no Bernabéu, casa do eterno rival do Barcelona, ​​o Real Madrid, Maradona impressionou. Em uma partida, chegou a ser aplaudido pelos torcedores do time da capital, com lenços brancos acenando respeitosamente no ar após Maradona dar um passo gracioso ao lado da linha do gol para deixar o lateral-direito Juan José de cara com a trave enquanto o Camisa 10 mandou a bola para a rede.

“Lembro-me de nossas primeiras sessões de treinamento com ele, em que o resto do time ficou tão surpreso que pararam e assistiram a ele”, lembrou Lobo Carrasco, um dos membros do time do Barcelona na época, ao falar sobre essa época.

Depois de deixar o Barcelona para embarcar em sua icônica aventura com o Napoli em 1984, Maradona retornou à Espanha em 1992. Dessa vez, ele assinou com o Sevilla FC e se reencontrou com Carlos Bilardo, que havia sido o técnico da Argentina na Copa do Mundo de 1986 no México, com Maradona sendo a estrela do show.

Foi apenas uma temporada, mas aquela campanha de 1992/93 marcou todos os sevilhanos daquela época. Em seu primeiro jogo em casa, no Ramón Sánchez-Pizjuán, Maradona marcou o único gol na vitória por 1 a 0 sobre o Real Zaragoza. Quem mais poderia ter sido?

O jogador não teve seu auge no Sevilla e estava fora do jogo um ano antes de sua chegada, mas sua mera presença causou impacto em todo o clube. Os torcedores chegavam cedo ao estádio apenas para assistir ao famoso aquecimento, enquanto o atacante impressionava os jovens jogadores daquele elenco, atletas como Diego Simeone ou o atual diretor esportivo do Sevilla, Monchi.

“Ele me ajudou de maneira espetacular no Sevilla”, lembrou Simeone. Monchi, por sua vez, sempre conta uma história que resume a generosidade de Maradona: “Eu estava andando com Maradona um dia e ele viu que eu tinha um Rolex, que eu admiti ser falso. Então, depois de um treinamento, ele me disse para esperar e me presenteou com um Cartier para que eu nunca tivesse de usar um relógio falso novamente”, relatou.

Maradona planejava ficar em Sevilha por algum tempo, trazendo vários de seus carros favoritos à cidade. Mas partiu no final da temporada 1992/93, retornando à Argentina.

Não foi apenas nos times do Barcelona e Sevilla que Maradona deixou um impacto na Espanha. Ele também impressionou torcedores em Barcelona e Alicante, cidades onde a Argentina jogou durante a Copa do Mundo de 1982. E, em 1987, Maradona chegou a jogar pelo Granada em um amistoso contra os suecos do Malmö, ao lado de seus irmãos Hugo e Lalo, que haviam acabado de assinar pelo clube, no antigo Estádio de Los Cármenes. Esse jogo permanece até hoje como o único em que os três irmãos atuaram juntos.

Apesar de passar pela Espanha apenas alguns anos de sua lendária carreira, Maradona teve presença memorável, marcando 27 gols em 62 jogos e vencendo a Copa del Rey, a Copa da Liga e a Supercopa da Espanha. Seu legado nunca será esquecido em Barcelona, ​​Sevilha…ou em qualquer lugar.

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