Vitória Souza estreia na ficção com romance jovem que mistura viagem no tempo, fé cristã e reencontros emocionais

Luca Moreira
6 Min Read
Vitória Souza
Vitória Souza

Com linguagem sensível e elementos de healing fiction, a escritora e influenciadora literária Vitória Souza estreia na ficção com o romance Círculos não são infinitos, publicado pela Editora Mundo Cristão. Na trama, acompanhamos Maeve Lee, uma jovem autora best-seller em crise pessoal e criativa que, ao encontrar um caderno misterioso em um sebo, é transportada para momentos decisivos de sua vida. Entre memórias, traumas e reencontros com a fé, o livro propõe uma jornada de recomeço, voltada especialmente ao público jovem cristão — mas capaz de tocar qualquer leitor em busca de identidade, propósito e cura emocional.

Maeve vive um bloqueio criativo no auge da carreira. Como autora, você já enfrentou momentos parecidos? Como lidou com essa desconexão entre o dom de escrever e as emoções da vida real?

Sim, em vários momentos eu senti minha capacidade de contar histórias sendo drenada, e nesses momentos eu não forço. Simplesmente espero, foco em outras coisas, oro a respeito e quando me sinto pronta, recomeço. A escrita é feita de estações e é preciso respeitar cada uma delas para que o processo continue sendo divertido.

O livro mistura healing fiction com elementos da fé cristã — uma combinação pouco comum no cenário literário nacional. Como surgiu essa ideia e qual foi o maior desafio em equilibrar esses dois universos?

Na verdade, não foi algo pré-estabelecido. Acredito que cada personagem pede pela própria história, o healing fiction foi o tipo de narrativa que a Maeve precisava e os elementos da fé cristã surgiram de forma orgânica, porque estão intrinsecamente ligados à forma como eu enxergo a vida.

A protagonista encontra um caderninho que permite reviver o passado. Se você pudesse revisitar um momento da sua vida com os olhos de hoje, qual seria e por quê?

Acho que principalmente a adolescência, uma época em que eu me cobrava tanto que não lembro de ter aproveitado com mais leveza. Embora seja impossível voltar, eu amo dar conselhos na internet para meninas dessa idade, me sinto uma irmã mais velha.

Maeve está às voltas com o fim de um relacionamento e as dores do crescimento. Que tipo de cura você acredita que essa história pode oferecer aos leitores que também estão lidando com perdas e recomeços?

Acredito que a mensagem vai além do assunto do casamento. Todos nós temos altos e baixos com aquilo que amamos, e o livro fala sobre entender isso e recomeçar quantas vezes forem necessárias quando você acredita que vale a pena.

Vitória Souza
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A jornada espiritual de Maeve é muito íntima e gradual. Como foi pra você traduzir essa busca por Deus em algo tão sensível e ao mesmo tempo acessível ao público jovem?

Essa parte em específico nasceu de uma oração que eu fiz. Embora tenha conhecido a Cristo durante a infância, diferentemente da Maeve, eu percebi pequenos rastros da sua Presença na minha vida, mesmo quando eu não sabia direito quem Ele era. E é assim para todos, independente de quem sejam, então não foi difícil traduzir o sentimento da constância do amor de Deus para a história.

Os temas de solidão, autossabotagem e vulnerabilidade estão presentes no livro com muita naturalidade. Como você trabalha esses sentimentos nos seus personagens sem cair em clichês ou dramatizações excessivas?

Acho que o que deixa os personagens “caricatos” é dar a eles reações de que nós não teríamos. Nem todo mundo explode e fala o que sente, a maioria de nós esconde e sente a dor apenas em sua própria mente, e, ao levar um personagem por esse caminho, é inevitável que ele pareça tão humano quanto nós.

Seu perfil no Instagram (@jesuschuvaelivros) tem um tom leve, acolhedor e divertido. Como essa “voz” que você criou nas redes sociais influenciou o tom narrativo do seu livro?

As trocas com leitores nas redes sociais me encorajam a ser vulnerável na escrita e demais interações, especialmente pelo apoio e pelos testemunhos que recebo. É como saber que você não está sozinho. E, sem dúvidas, isso reflete nos meus livros em um misto de liberdade e responsabilidade.

Na sua opinião, por que os “melhores plot twists da vida” podem estar dentro da gente — como diz uma das mensagens centrais da obra? E como essa verdade transformou a sua própria jornada?

Para mim, se acreditarmos que a beleza da vida está no extraordinário (na viagem que acontece uma vez por ano, na festa de casamento, na conquista de um emprego), seremos infelizes na maior parte do tempo, porque essas coisas são esporádicas. A caminhada com Cristo me ensinou a perseguir a beleza nos dias comuns e eu tento exercitar esse hábito na minha vida diária e também nas histórias que escrevo. Espero ter conseguido.

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