Rebeca Cavalcante não é apenas uma atleta de elite; ela personifica a herança lendária do Brazilian Jiu-Jitsu. Desde os primeiros passos aos sete anos na luta livre esportiva em Petrópolis, a trajetória dessa jovem é entrelaçada com o legado das grandes figuras do esporte. A afilhada de Renzo Gracie e Ralph Gracie, bem como prima de notáveis faixas-pretas, Rebeca encontrou seu caminho, desafiando expectativas com coragem e determinação. Sua jornada na luta, que começou quase despercebida, rapidamente a levou aos holofotes da competição adulta, conquistando respeito e reconhecimento aos 13 anos.

O início da sua jornada no mundo da luta livre esportiva infantil aos sete anos foi marcante. Como essas primeiras experiências moldaram a sua paixão pelo esporte ao longo dos anos?

Sempre gostei de luta. Desde muito pequena, assistia na televisão e sabia que meus irmãos praticavam, mas era muito nova para entender as coisas. Mesmo assim, pedi para minha mãe me matricular em uma academia de luta. Ela foi direto para o jiu-jítsu, mas por pura coincidência, estava fechada. Então, tivemos que procurar outra academia e encontramos justamente a mesma modalidade de luta que meus irmãos faziam, que era luta livre esportiva. Em pouco tempo, comecei a competir no esporte, mas perdia mais do que ganhava. Mesmo assim, foi uma boa experiência.

Ser afilhada de Renzo Gracie e Ralph Gracie é uma conexão notável com a história do Brazilian Jiu-Jitsu. Como essa influência familiar impactou sua trajetória no esporte?

Impactaram bastante. Renzo e Ralph são minhas maiores referências dentro e fora do tatame. Sinto-me honrada em ser afilhada deles e espero trazer muito orgulho para ambos. Não sou tão talentosa como eles, mas sou persistente e corajosa como eles. Tenho certeza de que isso me trará bons frutos.

Sua transição para o Brazilian Jiu-Jitsu veio por convite dos seus padrinhos Ralph e Renzo Gracie. O que te motivou a aceitar esse convite e mergulhar no mundo do BJJ?

Era a primeira vez que ambos estavam juntos na minha cidade para um seminário. Ralph me trouxe um quimono, esse foi meu primeiro contato, e desde então me apaixonei por esse esporte incrível. Vi a possibilidade de mudar a minha vida através dele e proporcionar melhores condições para a minha família.

Você tem treinado tanto no Brasil quanto nos Emirados Árabes Unidos. Quais diferenças e semelhanças você encontra no treinamento e na abordagem ao esporte nesses dois lugares?

Nos Emirados, somos tratados como verdadeiras pessoas de destaque na sociedade. A educação e o respeito pelo nosso esporte lá são incomparáveis, e meu padrinho Renzo é o principal responsável por isso, devido à sua relação com os príncipes e monarcas do país. O jiu-jítsu lá é matéria escolar, enquanto no Brasil ainda não conseguimos nem iniciar discussões sobre a implantação do jiu-jítsu nas escolas, sejam elas privados ou públicas.

Iniciar no judô aos 19 anos parece ter sido um passo corajoso. Como a prática dessa terceira modalidade impactou e complementou sua experiência no Jiu-Jitsu?

Até hoje colho bons frutos dessa minha fase no judô. Infelizmente, pratiquei por 1 ano e meio e conquistei alguns campeonatos, mas acredito que o que mais me impactou foi realmente a disciplina, que é sem igual. As quedas do judô são um aliado muito bom para nós do jiu-jítsu, mas ficamos tão focados em conseguir patrocínio e lutar campeonatos que esquecemos de nos desafiar em outras modalidades que possam agregar algo ao nosso jiu-jítsu. Observação: Ganhei minha disputa de terceiro no mundial de 2023 com uma queda de judô.

Rebeca Cavalcante e Renzo Gracie

Assinar com o Al Wasl Dubai foi um marco na sua carreira. Como tem sido representar o clube nos Emirados Árabes Unidos e como isso influenciou sua evolução no esporte?

Hoje em dia, eu represento o Clube Militar do Ministério de Defesa dos Emirados, MOD UAE JIU-JÍTSU. Mas, sem dúvidas, passar pelo Al Wasl foi muito enriquecedor para a minha carreira, e mantenho boas relações com atletas e diretoria.

Você conseguiu ótimas classificações em diversos rankings internacionais e nacionais. Quais aspectos você acredita que foram fundamentais para alcançar essas posições de destaque?

Analisei os melhores campeonatos em termos de pontuação para determinar quais valiam mais a pena investir em passagens e hospedagem para competir. Não foram escolhas aleatórias; houve um planejamento.

Quais são seus objetivos e planos para o futuro no mundo das lutas, considerando as experiências e conquistas que teve até agora?

Buscamos sempre patrocínio como atletas, e não posso reclamar, pois no ano de 2023 fui abençoada com excelentes patrocinadores. Parece que neste ano continuarei representando a Shark Energy Drink e a Lordêlo Logísticas, alcançando o topo dos pódios em várias partes do mundo.

Meu maior objetivo é conquistar o título de campeã mundial no World Pro Abu Dhabi, em novembro deste ano, e alcançar uma boa posição no Campeonato Europeu em Paris, que ocorrerá em janeiro. Pretendo liderar o ranking novamente, mas agora em uma nova faixa. Em relação aos treinos, estou planejando reintroduzir o judô e a luta livre para me tornar uma atleta ainda mais completa.

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