Batalhando para conquistar cada vez mais seu lugar no cenário musical, o cantor MP Freire, de São Gonçalo, está ativo desde os 10 anos quando começou a marcar presença e conquistar títulos em competições de canto pela cidade. Aos 12 anos, se apresentou pela primeira vez em um espetáculo musical promovido pela Paróquia Santíssima Trindade, tornando-se música do local posteriormente.
Hoje, já com 23 anos, ele se lança em carreira solo profissionalmente com o single “Última Dança” que foi apresentado ao público em 2019. Confira a entrevista!
Originário de uma família que já teve cantores profissionais, como foi que a música chegou até sua vida a ponto profissional?
Profissionalmente, comecei a atuar em pequenos eventos como casamentos, no âmbito da música sacra.
Nós soubemos que dois anos depois de começar a estudar música, você realizou sua primeira estreia em um espetáculo musical. Como foi a experiência de se apresentar sua arte pela primeira vez em um palco?
Foi muito tempo de preparo e eu não poderia estar mais ansioso para esse dia. Foi uma experiência única e ali eu pude ver que estava realmente fazendo o que amava.
Durante os seus anos como cantor, você já trabalhou com vários estilos de música, desde a música sacra até o MPB em si. Considera a ecleticidade uma característica importante para todos os que buscam se desenvolver no mercado artístico?
Acredito que sim! Não podemos ter nenhum conhecimento como vão. Mesmo que você não goste daquele estilo ou não se identifique com ele, é necessário que o estude, seja para absorver o que é de bom, ou para definir seu próprio estilo. O conhecimento que obtive com a música sacra e a música erudita interferem significativamente na composição de meus arranjos. Claro, no fim, é necessário que você saiba mesclar esses estilos a fim de que essa união seja “respeitosa”, onde os dois estilos, por mais que antagônicos, caminhem juntos para entregar algo verdadeiramente belo no fim.
O ano de 2019 foi considerado muito especial devido ao lançamento de sua primeira música original. Como foi essa primeira experiência e quais foram os pensamentos que passaram pela sua cabeça na época? A expectativa da recepção chega a dar certo nervoso?
Foi algo assustador e entusiasmante ao mesmo tempo. Finalmente estaria tirando do papel algo que já vinha trabalhando há anos. Foi um momento de amadurecimento também, os acertos me motivavam, e os erros ainda mais. O nervosismo era enorme, e como foi um projeto inteiramente independente, acabei sendo o idealizador de tudo, o que foi um problema. Como havia criado tudo, desde o arranjo da música até o roteiro do clipe, me vi na necessidade de me afastar um pouco do projeto, para que os envolvidos pudessem trabalhar com mais maleabilidade diante dos imprevistos. Para isso tive que contar com pessoas de confiança que estão comigo até hoje. No fim, a receptividade do público foi incrível, e a “Última Dança” foi uma estreia de peso na minha carreira.
Nos últimos anos, você se candidatou há vários concursos na cidade de São Gonçalo e Niterói, ganhando o “Voz de Ouro” em 2018 e o convite para o Beco da Garrafas. Acredita que esses concursos possam realmente representar um avanço significativo em um cantor que busque uma carreira independente?
Com toda certeza! Além de serem uma grande oportunidade do artista independente mostrar seu trabalho, também te aproxima de muitos outros artistas talentosos. Em especial no Beco das Garrafas. Você imagina a alegria de um cantor independente de MPB, recém chegado no mercado, cantar no mesmo palco que Elis Regina passou? É surreal, e sempre verei isso como um grande passo na minha carreira.
Quais são as principais dificuldades que um cantor passa para conseguir se lançar no mercado atualmente? Quais foram as suas melhores e piores experiências até hoje?
Sem dúvida é “ser visto”. Competir com as grandes gravadoras é como entrar numa corrida de F1 a pé, mas cada passo dado vale a pena, porque você colhe tudo, seja positivo ou negativo, das suas próprias ações, te fazendo amadurecer, o que é muito bom para que sua carreira seja duradoura. A pior foi logo no lançamento de meu primeiro single, quando minha música, por um erro da distribuidora, caiu no perfil de outro artista em todas as plataformas. A melhor experiência é sempre a mesma! Eu fico extremamente feliz quando vejo as pessoas usando minha canção voluntária e espontaneamente. Já recebi cover’s, já as ouvi em festas de casamento, inclusive, já cantei na valsa dos noivos em casamentos, e tudo isso me deixa realmente muito feliz. Lembro-me de quando a compus, sem perceber o quanto aquela canção tinha potencial. Vê-la tomando seu próprio rumo, nas mãos dos que a apreciam, é uma experiência surpreendente.
Falando um pouco sobre suas inspirações, como costuma funcionar o seu processo criativo na hora de começar a escrever um novo projeto? No total, quantas músicas já foram compostas por você, tirando as que foram lançadas?
Atualmente tenho cerca de 40 canções, incluindo as instrumentais. Meu processo criativo varia um pouco, mas na maioria das vezes nasce de uma narrativa a qual eu ache interessante falar sobre. A partir desta narrativa, eu crio um poema, já levando em conta as métricas e rimas que os versos devem ter. Por fim, eu acrescento a melodia que mais se adeque ao que está sendo falado, para que a mesma seja um contribuinte eficaz para a transmissão da mensagem. Basicamente, busco trazer uma certa independência nas etapas de criação para que a letra se baste sem a melodia, e a melodia se baste sem a letra, a fim de que separadas sejam tão belas, quanto juntas.
Há dois anos, o público recebia de primeira mão o lançamento do single “Última Dança”, que já conquistou mais de 20 mil na soma das plataformas musicais. Poderia nos contar um pouco sobre a história desse lançamento? Quais foram as principais estratégias para lançar esse projeto inteiramente independente?
“Última Dança” foi minha primeira canção. Para aqueles que já acompanhavam minha carreira antes do lançamento, foi um meio de me entender melhor quanto artista. Um fato interessante é que, sendo devoto de Nossa Senhora de Guadalupe e tendo entregue minha carreira a ela, lancei minha primeira canção e minha carreira como compositor no dia 12 de Dezembro. Sem dúvidas a estratégia que mais deu certo, foi trazer o público para todo o processo de criação. Desde a gravação da canção até a gravação do clipe. O público esteve dentro desse projeto desde o início, e no lançamento não foi diferente. Cada compartilhamento conta para um artista independente, e cada um foi importante para que essa canção chegasse a esses números.
O que o define como artista?
Profundidade! Sem sombra de dúvidas, e com o pé no chão, tendo em minha frente sempre as minhas limitações, tenho como principal objetivo o resgate da beleza de nossa música popular brasileira. Assim como tantos outros, não me agrada esteticamente muitos estilos que têm dominado o mercado. Por isso, quero ser uma opção para aqueles que querem ouvir uma canção que dure tanto tempo quanto uma mensagem profunda pode durar na mente e no coração de quem a ouve, e não uma canção que você esquece logo após os “longos” 2 minutos de duração.