Influenciadora digital e empresária Maria Lina revela como superou a dor da perda de um filho, lidou com a pressão das redes sociais e planejou sua carreira, encontrando força no apoio de seus seguidores e em práticas de autocuidado, enquanto promove o bem-estar através de seu negócio, Espaço Miami Nails.

Maria, você teve uma jornada pessoal bastante intensa desde o início de 2021. Como você encontra força para compartilhar momentos tão pessoais com o público?

Eu acho que o que me mantém com uma cabeça boa na internet é o carinho das pessoas que me acompanham. Logicamente, existem negativas entre essas muitas pessoas, mas sinto como se minhas seguidoras tivessem me acolhido como se eu fosse uma criança. Elas me ensinaram, tiveram paciência comigo, com a minha evolução, entenderam minhas fases e permanecem até hoje. As princesas, como eu as chamo, tornaram a internet um lugar mais acolhedor em meio a tantos comentários pesados e tanta exposição. Cuidar da saúde mental também foi fundamental para eu entender que o que as pessoas dizem sobre mim é uma projeção daquilo que elas são, mas muitas vezes não aceitam e apontam em pessoas que elas não conhecem.

A perda de um filho é um evento profundamente transformador. De que maneira essa experiência mudou suas perspectivas sobre vida, carreira e maternidade?

Mudou tudo, literalmente. Me transformou em uma mulher. Antes disso, eu era uma menina. Hoje, as coisas têm outro valor, minha relação com a minha família é muito melhor, e eu sou mais paciente com os processos da vida. Aprendi da forma mais dolorosa que as coisas não são como queremos que elas sejam e que não podemos mudar os planos de Deus. Cada segundo é único e especial; eu acordo agradecendo e durmo agradecendo a Deus pela minha vida e pela vida da minha família. Tudo é breve, vazio e efêmero comparado a coisas tão maiores, como a saúde e a vida de quem amamos.

Maria Lina
Maria Lina

Você tem enfrentado críticas e opiniões indesejadas nas redes sociais, especialmente relacionadas aos seus relacionamentos. Como você lida com esse tipo de exposição e o que aprendeu com esses desafios?

Não lido. Como disse acima, as pessoas projetam, e você pode decidir absorver ou não. Eu não absorvo; acho engraçado. Vira piada no meio dos meus amigos. Como uma pessoa fala com tanta certeza sobre uma situação que ela só ouviu falar? Ela fala com tanta certeza que soa engraçado e vira piada. Assim como qualquer comentário maldoso: ou vira piada ou é ignorado. A pessoa que fez o comentário maldoso lembra por dias daquilo que escreveu; já a gente nem lembra da primeira letra do nome dela. Diferente de alguém que manda uma mensagem bonita, essas eu faço questão de responder, mandar áudio, porque essas marcam.

Em relação às suas redes sociais, como você decide quais conteúdos produzir? Existe algum critério específico que você segue para manter o equilíbrio entre o pessoal e o profissional?

Meu meio de comunicação para influência sempre foi o Instagram, mas senti que não conseguia aprofundar muitos assuntos importantes nessa plataforma. Chamo o Instagram de “rede social fast-food”. As pessoas entram lá e querem informações rápidas e resumidas, que prendam a atenção em segundos, de forma que assuntos mais profundos sejam ignorados. Hoje, uso o YouTube como forma de aprofundar a discussão sobre temas importantes para minha comunidade, como autocuidado, luto, empreendedorismo, beleza, vida etc. Enquanto no Instagram tenho um conteúdo muito específico de dicas de cuidado e beleza acessíveis, sempre usando o bom humor e tornando o cuidado consigo mesmo importante, mas muito leve. No YouTube, eu aprofundo as pautas.

Falando sobre autocuidado, quais são as principais dicas ou práticas que você gostaria de compartilhar com seus seguidores?

A base do meu conteúdo é conectar os seguidores com a vida real. Eu falo sobre autocuidado, desde dicas baratas para as meninas cuidarem dos cabelos até organização da casa, com dicas práticas para manter o lar em ordem. Tudo isso é engatado no discurso de levar uma vida de autocuidado mais tranquila e sem cobranças, mostrando a importância de cuidar de si mesma como se cuida de quem se ama.

A mensagem mais importante que eu prego, na minha opinião, é que cuidar de si mesma não é apenas passar um creme no rosto. O autocuidado está em dormir num quarto organizado, saber sair de relações que te adoecem, não se culpar por ser mãe e sentir vontade de ficar sozinha para ter um momento só para você. É entender que jamais permitiria que alguém magoasse e maltratasse alguém que você ama, mas permite isso consigo mesma. Você precisa cuidar de si como cuida de quem você ama, porque só assim conseguirá entregar o seu melhor no trabalho, para os filhos, na rotina, para o marido, se estiver abastecida de potência e cuidado com o seu templo: você mesma.

Maria Lina
Maria Lina

Você é proprietária do Espaço Miami Nails. Como surgiu a ideia de empreender nesse ramo e qual a filosofia por trás do seu negócio?

Quando entrei na internet, como sempre na vida, meus pés estavam no chão. Em nenhum momento perdi a visão do chão e sabia que, da mesma forma que entrei muito rápido, poderia não ter consistência no meio de pessoas que estão há anos na luta para construir uma carreira nas redes sociais. E isso é plenamente normal e esperado quando você entra após uma polêmica, como eu. Todo mundo fala de você por um tempo, o bonde passa, mas você tem que saber trabalhar aquele momento e não surfar na onda só por surfar. Eu resolvi planejar meu futuro.

Já falo sobre cuidado, já amo me cuidar, já amo cuidar de outras mulheres. E para quem quer iniciar a vida no empreendedorismo, a primeira dica sobre “o que abrir” é entender com o que você se identifica. É mais fácil vender aquilo que você já conhece. Eu abri o Miami com o conceito de uma esmalteria tropical, brasileira, caribenha, de verão. Muitas praias e lugares foram usados como referência em todos os detalhes. O nome é Miami, você entra e recebe um coco verde geladinho no bambu, uma referência às praias do Brasil. Temos um tapete de sisal de 7 metros onde as mesas ficam; a cliente faz a unha pisando na palha do tapete. Temos drinks, vinho, muito verde e muita madeira. Usamos somente material premium da NAILS21. Ou seja, nossa chamada “seu oásis no meio da cidade de pedra” faz sentido, porque você entra e o cheiro tropical te leva para fora de São Paulo. A ideia era sair do convencional das esmalterias rosas, com sofás brancos, dourado, mármore e brilho. Na porta, uma palmeira te mostra que você chegou no Oásis. Acho que conseguimos seguir o conceito inicial.

No mundo digital, a linha entre a vida pública e privada é frequentemente turva. Como você estabelece limites para proteger sua privacidade e bem-estar?

Eu sempre uso a seguinte filosofia: se eu não quero que opinem, eu não exponho. Se você expõe algo e vive uma vida pública, você entrega acesso. Acesso às opiniões, aos comentários, ao reporte dessa situação a inúmeras páginas, se elas quiserem. Uma vez postado, é eternizado. Há assuntos sobre os quais eu reflito muito antes de expor e como expor; outros são mais diários e eu já acostumei e o público também. Mas, especificamente, assuntos que possam ser mal interpretados, que envolvem outras pessoas e coisas assim, esses são muito bem pensados. E as opiniões fazem parte da vida pública, lembrando sempre que é muito importante esse debate para você ser de fato um formador de opinião e não ser sempre omisso e indiferente.

A exposição na mídia pode ser uma faca de dois gumes. Em sua experiência, de que maneira essa exposição ajudou ou prejudicou durante os momentos mais difíceis de sua vida?

Me ajudou na parte profissional. Eu aprendi uma profissão nova, pude ajudar minha família, realizei sonhos de pessoas que amo. Não reclamo de forma nenhuma de nada que a exposição me trouxe. Seria ingratidão demais. Eu vim de uma vida simples e tive oportunidades muito legais por conta da exposição. Lógico que é assustador ver sua vida pessoal ser comentada de forma tão intensa por todos; você vai ao shopping, na farmácia, e sabe que muitas daquelas pessoas sabem das situações mais extremas da sua intimidade. Mas, no meu caso, sempre lidei muito bem. Existe a parte negativa? Sim. Sempre entendi que tudo na vida tem o ônus e o bônus. É infantilidade e burrice querer só a parte boa de algo. Então, eu não reclamo, aprendo a lidar. Você não pode impedir o mundo de ser mau, mas pode impedir que o mundo te machuque. E é isso que eu fiz. Adiante, olhando sempre para frente, me fortalecendo, agradecendo a Deus por tudo. E se eu cair, limpo meu joelho e continuo. Minha vida sempre foi assim.

O humor é uma parte significativa do conteúdo que você oferece. Como você usa o humor para conectar-se com seu público e lidar com os altos e baixos da vida?

Você pode falar a mesma coisa de no mínimo 15 formas diferentes. A coisa mais séria do mundo, se você coloca um pouco de humor, além de ficar mais leve, fica mais “absorvível”. Se eu disser que você precisa hidratar seu cabelo porque mora em cidade de praia e ele sofre as mesmas ações do sol que sua pele, você vai entender o recado. Agora, se eu disser isso tudo e, no fim, falar que seu cabelo está quase colocando uma mochila nas costas e pegando um ônibus para Curitiba para tentar a vida longe de você porque não te aguenta mais, você vai lembrar de mim.

A intenção é essa: fazer as mulheres entenderem que não existe ditadura para falar de beleza. Você não pode obrigar ninguém a se cuidar, e certa vez Caio Carneiro escreveu: “o exemplo não é a melhor forma de ensinar, é a única”. Então eu precisava que aquela Maria de 2020 estivesse viva em mim, sem dinheiro, sem muitas opções para se cuidar, mas que dava seu jeito porque amava estar bonita e bem cuidada. Eu via e replicava. Ninguém me obrigava ou dizia que eu “precisava”. Elas me veem fazendo graça, brincando com elas, mas sempre me cuidando. Nas entrelinhas, vou implementando isso no dia a dia delas, de forma leve e acessível. Nada de ditaduras. Vida real e absoluta. Dias bons e dias não tão bons. Dias em que me alimento bem e dias em que meu café da manhã é uma pizza no micro-ondas. Nada de afastá-las. Minha função é tornar qualquer assunto relacionado a cuidado, desde alimentação até saúde mental, mais digerível e gostoso de assistir.

Olhando para o futuro, quais são seus planos ou projetos que mais a entusiasmam tanto na sua carreira quanto na sua vida pessoal?

Eu tenho um amor incondicional por comunicação. Trabalhava em concessionária e passava o dia explicando, tirando dúvidas e compartilhando o que sabia. Me sinto feliz passando mensagens adiante. Apesar de ter apenas 25 anos, minha trajetória é bonita e significativa. Quero comunicar isso às mães que precisam de mim. Saí de situações difíceis e acredito que todas podem conseguir. Muitas precisam de uma luz no fim de um túnel escuro, e eu quero ser essa luz para algumas delas. Pretendo amplificar essa maneira leve de comunicar para abordar um tema muito delicado que foi o meu luto gestacional. Eu sei que sou um milagre; muitos não se recuperam do que eu passei em apenas 3 meses: a perda do meu filho, a separação, a perda do meu gatinho, tudo isso enquanto estava exposta.

Certamente não existe uma receita para isso, mas existem um colo e palavras de conforto para essas mães que estão comigo. Estou me preparando para conseguir externalizar isso e ser a primeira influenciadora a tornar um assunto tão difícil, leve—na medida do possível—e levar esperança a tantas mães que não sabem a quem recorrer porque parece que o mundo não nos entende.

Vou manter a comunicação sobre autocuidado de forma leve e bem-humorada em todos os meus projetos. Continuarei traduzindo o autocuidado para a língua das mulheres brasileiras. Tenho uma marca de produtos de cabelo, a Kiltt, e pretendo lançar uma linha de skin care com produtos de qualidade e preços acessíveis. Quero que as meninas tenham acesso ao seu primeiro cronograma de skin care com apenas produtos essenciais, para que não precisem gastar muito e possam dar o primeiro passo nesse mundo de possibilidades do autocuidado, que abrange desde a pele e o cabelo até como cuidar das suas relações.

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