O cantor e compositor Lubeka está trabalhando em um álbum retratando sua história de aceitação, empoderamento e perdão. Lançado com “Tarde Demais”, faixa entre as 20 mais tocadas em rádios do país, o novo projeto ganhou um segundo capítulo com “Atitude”. A canção de perfil pop agora recebe contornos intimistas com uma versão acústica disponível em vídeo ao vivo e nos serviços de streaming de música.
“‘Atitude’ surgiu da vontade de expressar minha força interior em poder celebrar uma fase da minha vida em que me sinto livre, confiante. E decidi fazer uma versão acústica pois acredito ser uma música forte e que vai ser um dos carros chefes desse meu início de carreira”, conta o artista.
Cantor goiano radicado nos EUA, Lubeka deu o pontapé inicial às gravações em março após dois anos em busca de um produtor que compreendesse sua mensagem. Foi assim que conheceu Jards e voltou ao Brasil para registrar as canções e um documentário onde revelará todo esse processo criativo e de autodescoberta.
O novo álbum vem para somar à trajetória de Lubeka, que vive atualmente nos EUA após uma passagem por Portugal. Seu projeto solo surgiu em 2018, com o artista transformando suas experiências em canções, dialogando com o pop alternativo e o R&B com as experiências de ser um homem negro, latino e membro da comunidade LGBTQ+.
Lançado recentemente, a canção “Atitude” fará parte de seu mais novo álbum que retratará suas experiências de aceitação, empoderamento e perdão. Poderia nos contar um pouco mais sobre a produção do projeto e o que espera de seu lançamento?
Gravamos 7 músicas ao todo que contarei a minha trajetória de aceitação como gay, os meus relacionamentos tóxicos, superação e auto-estima e os dilemas de uma jovem gay. Cada música será representada pelas cores do arco íris, trazendo não só a referência lgbtq+ das suas cores mas o simbolizando sentimentos, e meu lado não só humano mas espiritual. É sobre um processo evolutivo.
Ainda comentando sobre o álbum, ele foi apresentado ao público através da música “Tarde Demais”, que com pouco tempo entrou para a lista das 20 mais tocadas nas rádios do país. A recepção da primeira consentiu com suas expectativas?
Superou, eu não imaginava que tarde demais fosse ter uma aderência tão grande já de início. Quando decidi lançar ela primeiro quis apenas me apresentar como artista e fico muito feliz que é uma música que as rádios abraçaram tão bem e o público também. Ela foi uma música que fiz depois de já ter o projeto fechado, e não achava que fosse ser uma música tão bem aceita. Ainda acredito que ela vai crescer muito.
“Atitude” que foi a segunda faixa apresentada, trouxe à tona uma vontade de expressar uma força interior que existe dentro de você. Qual energia foi essa e como foi poder se abrir através da música?
Então, quando compus Atitude eu queria muito passar mais meu lado alto astral e confiante. Escolhi a cor vermelho pois representa a sensualidade, a paixão mas também o movimento, energia, a ousadia e determinação. Nem sempre fui Assim tão seguro de mim mesmo e com essa música posso representar muito meu atual momento enquanto pessoa. 50% deboche e 50 alto astral.
O início de sua carreira na música está sendo feito com o pé direito. Poderia nos contar um pouco mais sobre como foi sua aproximação com essa arte?
Obrigado. Espero continuar assim! Ahah a musica sempre esteve muito presente pra mim desde pequeno. Mas também a música sempre foi uma forma como eu lidava com meus medos, ansiedade. Crescer sendo gay numa cidade no interior do Brasil num ambiente conservador me privou de poder me expressar. E durante muito tempo a música era uma terapia e ainda é. Por isso decidi transformar minhas histórias em canções e dividi-las através das cores do arco íris. Abracei tudo em mim, as dores, meus medos, minhas paixões e decepções me deixaram muito mais forte.
Radicado nos Estados Unidos, as gravações do projeto foram iniciadas após dois anos de busca por um produtor que pudesse compreender sua mensagem. A busca pelo agenciamento artístico tem se tornado algo desafiador na área? Como foi a sua aproximação com Jards?
Sim, foi um período em que mergulhei muito dentro de mim. Tinha muitas histórias e memórias que gostaria de cantar. E queria alguém que entendesse minha história como um todo. Para mim precisava ser algo orgânico. Quando conheci o Jards a gente construiu uma amizade por 2 meses antes de iniciar o projeto, e o fato de ele ter dedicado tempo pra me conhecer e ouvir minhas histórias foi decisivo na hora de escolher ele. não tem ninguém melhor no mundo que pudesse traduzir tudo que eu tinha pra dizer de forma tão especial e profissional como ele. Eu posso dizer que tive o melhor produtor.
O processo criativo e de autodescoberta que está por trás das canções do álbum foi mostrado em um documentário onde todos os bastidores foram mostrados. Como funciona o seu processo de composição e em que busca suas inspirações?
Sim, quando lançar o projeto completo pretendo lançar o documentário para as pessoas conhecerem meu lado mais frágil e vulnerável e curiosidades por trás de cada música. Para mim escrever essas músicas foi um processo terapêutico, não é fácil para mim me mostrar vulnerável pois tive que ser muito forte muitas vezes para chegar até aqui. Então minhas músicas são histórias cantadas, cada uma delas tem uma memória afetiva muito importante. E quis começar sendo honesto como um todo. Então tem música pra você dançar, pra mandar indireta pro boy que não te valorizou, música de reflexão, de esperança enfim. Tudo isso dentro de mim.
Em uma declaração a respeito do lançamento de “Atitude”, você chegou a afirma que esse seria o maior projeto de sua vida, assim como seu cartão de visitas. Quais são os últimos passos para seu lançamento integro e como esse momento ficará marcado em sua vida?
Sim, não é só o investimento, mas a dedicação de toda uma equipe que fez tudo isso acontecer. Acredito muito nesse projeto, é muito de verdade, é muito sincero. Pretendo ainda lançar clipes num futuro mais próximo para promover melhor o álbum. Pretendo ir ao Brasil assim que possível para me aproximar mais do público e das mídias para levar essa música o mais longe possível. Creio que no próximo mês teremos mais um lançamento, dessa vez algo mais íntimo e conceitual.
Nas sete canções que irão compor a tracklist do álbum, serão abordados assuntos como relacionamentos tóxicos e suas inseguranças. Por ser tratarem de situação que muitas vezes podem ser vistas como delicadas, houve certo receio ou restrição ao planejar as composições?
Não houve receios na hora de compor, mas aí gravar isso, trazer sentimento na hora de gravar em estúdio foi difícil. Tem um momento muito sensível no documentário em que enfrento de novo medos que achava ter superado, a gente sempre se questiona né? Então ser uma pessoa forte não quer dizer que não me sinta frágil e foi preciso bastante coragem para expor minhas vulnerabilidades.
Segundo o serviço de monitoramento de estatísticas Crowley, a primeira canção “Tarde Demais” foi uma grande explosão e chegou às posições 16 e 19 no ranking do Top 200 Brasil. Como foi receber essa novidade, sendo que “Atitude” já ultrapassou as execuções de sua antecessora?
Eu nunca pensei que isso seria possível, até porque sendo um artista independente os recursos financeiros são muito limitados. E ver isso de forma bastante orgânica, as rádios abraçando e dando sinal de que estou no caminho certo me deixou muito feliz.
Sendo um homem negro latino membro da comunidade LGBTQ+, o seu estilo musical busca estabelecer um diálogo entre o pop alternativo e o R&B. Qual importância de cultivarmos esses estilos musicais no Brasil e qual o seu objetivo em relação ao futuro da ascensão dos ritmos?
Eu acho que cada vez mais a gente encontra beleza e riqueza na nossa diversidade. O Brasil é um país formado pela sua maioria de negros, somos latinos e temos uma comunidade lgbtq+ muito forte. Basta olharmos hoje pro pop brasileiro, ele cresce e se estabelece na sua diversidade. É lindo hoje poder olhar pros charts e pro mainstream e ver que é possível eu também estar lá.
Além do planejamento do álbum, já existem outras coisas sendo pensadas para longo prazo?
Tenho muitos planos e sonhos. Nesse momento apenas desejo ter a oportunidade de poder levar minha mensagem ao máximo de pessoas possíveis e se tudo correr bem após esse momento tão difícil que o mundo enfrenta poder ouvir a galera cantando ao vivo minhas músicas.