Janu lança disco ’10 Super Sucessos – Vol. 1′ fundamentado nos ritmos latinos e no exagero dramático do brega

Janu (Leandro do Karmo)
Janu (Leandro do Karmo)

Janu, mergulhando nas raízes latinas e abraçando o exagero dramático do gênero brega, lança seu mais recente trabalho, “10 Super Sucessos – Vol. 1”. Este álbum não só celebra os clichês que definem o estilo, mas também redefine o brega como uma expressão rica e emocional da música popular. Com uma fusão brilhante de bachata, bolero, tango e cúmbia, o cantor desafia os padrões convencionais do pop ao explorar o potencial musical e emocional do gênero.

Em “10 Super Sucessos – Vol. 1”, Janu colabora com nomes como Gonzalo Vieira, Llari Gleiss e Vitória Rodrigues, adicionando camadas profundas às faixas como “Me Ignora”, “Eu Ñ Quero Reggae com Vc” e “Brega Bem Vadio”. Para Janu, o álbum representa não apenas uma evolução pessoal desde seu trabalho anterior, “Miolo do Oxente”, mas também uma exploração contínua sobre o que significa ser pop e popular na música contemporânea.

Gravado em múltiplas cidades, incluindo locais no Brasil, Argentina e Alemanha, “10 Super Sucessos – Vol. 1” foi produzido com a colaboração de talentosos músicos como Paulo Franco, Tiago Luz, e Noaldo do Acordeon. Com uma masterização de Júnior Evangelista e um design de capa por Riann, o álbum promete ser uma experiência sonora única que desafia e celebra as tradições da música latino-americana e nordestina.

O que motivou Janu a explorar suas raízes latinas e o exagero dramático da música brega em “10 Super Sucessos – Vol. 1”?

Ah,, foi a pura necessidade de viver e descrever exageradamente cada dor cada lágrima. Comecei pesado, né? haha. As raízes latinas e o exagero do brega são como aquela cachaça boa: ardente e viciante. Viajar pela paixão e drama nas músicas foi um chamado impossível de ignorar. E vamos ser sinceros, quem não ama um bom exagero dramático?

Eu quis unir tudo isso para condensar num som que aproximasse mais o estilo “Brega” da música latina – o que acaba sendo uma redundância, pois há muito da música dos nossos hermanos e da nossa região amazônica no Brega. Porque, no fim das contas, quando amamos ou sofremos, somos todos um pouco brega, não é?

Como Janu define o conceito de brega e como ele busca desmistificar a percepção tradicional do gênero?

Brega é aquela coisa sem vergonha, que não tem medo de ser sincera e dramática até o osso. Enquanto em algum momento da música popular brasileira o sofisticado que pescava da cultura popular parecia cool, o brega já chegou rasgando os corações. E por chegar com tanto tesão logo, no seu início, fora assimilado às casas de diversão – no nordeste chamados de “toca”, “cabaré” ou mesmo “brega”. A galera ficou um tempo bom achando (e ainda tem quem ache)  que brega é coisa de segunda classe, mas eu vejo nele uma força genuína. Meu trabalho é  continuar mostrando que o brega é rico e versátil, e que pode, sim, ser respeitado – ser um estilo real da música popular brasileira. Então, sim, desmistificar essa visão preconceituosa é como tirar uma máscara – e o brega, meu amigo, é verdade nua e crua.

Quais foram as principais influências musicais que moldaram o som deste álbum?

Esse álbum é como uma salada musical, com pastel de pizza e caldo de cana de fim de feira: tem de tudo um pouco e mais um pouco.  Tentando falar em moldes, principalmente das influências latinas, eu sinto que a bachata e o bolero trazem aquele sofrimento gostoso, enquanto o tango dá um toque de classe e drama. A cúmbia entra com sua batida envolvente e dançante. E, claro, tem o piseiro e a moda de viola que lembram minhas raízes nordestinas. Tudo isso misturado por alguém que entre reginaldos e lavoes, curte um strokezinhos, porque a gente também gosta de um som moderninho, sabe?

Como as colaborações com Gonzalo Vieira, Llari Gleiss e Vitória Rodrigues contribuíram para a profundidade das faixas “Me Ignora”, “Eu Ñ Quero Reggae com Vc” e “Brega Bem Vadio”?

Essas colaborações foram como adicionar pimenta no acarajé – sou alagoano, com descendência baiana, então, vale o trocadilho . O Argentino Gonzalo Vieira trouxe uma melodia que faz qualquer coração despedaçar, enquanto Llari Gleiss, com sua voz poderosa, fez “Eu Ñ Quero Reggae com Vc” virar uma verdadeira novelatown mexicana em forma de música. Vitória Rodrigues chegou e toda sua energia e deram um toque de malandragem a “Brega Bem Vadio” – que é única música que é uma parceria do disco. Cada um desses artistas acrescentou uma camada de profundidade e emoção que elevou as músicas a outro patamar. As músicas também se relacionam com que canta, pois:

Llari Gleis canta “Eu ñ quero reggae com vc”, uma música que escrevi alguns anos atrás a pedido dela para um projeto. A canção fluiu de forma natural e rápida. Llari chegou a gravar uma versão que mescla reggae com lambada francesa e até começou a filmar um clipe, mas o projeto ficou inacabado e o lançamento foi adiado – inclusive estamos aproveitando o clipe e gravando mais para essa música de agora. No meu álbum, essa música ressurgiu em uma nova versão que se encaixou perfeitamente no conceito geral.

Gonzalo Viera é um cantor de Buenos Aires, Argentina, que conheci durante uma viagem. Fui a Buenos Aires  e encontrei amigas alagoanas, Fernanda Simões, LoreB e Lia, que estavam lá na mesma época, por coincidência. Durante uma noite no El Boliche de Roberto, Gonzalo cantou de forma impressionante, sem microfone, acompanhado por dois talentosos violonistas. A atmosfera e a música tradicional argentina me inspiraram profundamente, especialmente ao ver elementos do brega nos dedilhados dos violões. Essa experiência me levou a compor “Me Ignora”, que finalizei em Alagoas. Entrei em contato com Gonzalo pelo Instagram e ele gravou a voz em um estúdio na Argentina, completando esta hermosa colaboracion.

Vitória Rodrigues é uma artista multifacetada – atriz, poeta, cantora e compositora. Esta é a única parceria do álbum, que, em sua maioria, é bastante pessoal. Eu e Vitória já tínhamos colaborado em shows em Alagoas e no Rio de Janeiro. Apesar de poucas conversas específicas sobre a música em si, durante a produção do álbum, um dia comecei a cantarolar essa canção e percebi como ela se encaixava perfeitamente no contexto. Trabalhei na música, com a maior parte da letra escrita por Vitória, e gravei tudo em uma noite. A colaboração fluiu de forma espontânea, refletindo a sinergia entre nós.

Janu (Leandro do Karmo)
Janu (Leandro do Karmo)

Pode nos falar mais sobre a fusão de diferentes estilos musicais presentes no álbum, como bachata, bolero, tango, cúmbia e elementos da música norte-nordeste?

No álbum “10 Super Sucessos,” a fusão de diferentes estilos musicais é uma das características mais marcantes e excitantes. A ideia era realmente misturar as influências que sempre me tocaram com as raízes da música nordestina.  A sensualidade e a cadência da música latina que sempre me fascinaram. No álbum, ela aparece mesclada com elementos de forró e arrocha. A mistura resulta em uma sonoridade que mantém o romantismo e a melodia, mas com aquele toque arrochado e dançante típico do Nordeste. É como se a paixão caribenha encontrasse a energia do nosso forró. Vejo no  bolero o brega raiz cantado pelo popular cantor Zezo Potiguar, por exemplo, ritmo conhecido por suas baladas cheias de emoção e drama, algo que se encaixa perfeitamente com a estética do brega – já está no brega.  O tango, com sua intensidade e sofisticação, foi um desafio fascinante de integrar. Eu queria trazer essa paixão e complexidade para o nosso som nordestino – e indo em locais onde essa música flui de uma forma linda ajudou muito.  Em 23 em fiz uma viagem pela américa latina e em locais que moldaram muito o sentir  a musicalidade da coisa.

A música do Norte e Nordeste do Brasil é a costura do álbum. Ritmos como o piseiro, a lambada, a guitarrada e o bregafunk são misturados com essas influências latino-americanas, criando uma ponte sonora entre nossas tradições e as de outros países – e essa pequena ambição de aproximar cada vez mais o brasil do “mercosul” – onde temos uma barreira tola criada pela lingua. Mas os costumes são os mesmos. Os memes são parecidíssimos, pô!. Essa mistura não só enriquece a música, mas também celebra a pluralidade cultural que nos define. Cada faixa de “10 Super Sucessos” é uma viagem através desses estilos, que olha para nossas raízes, mas também se abre para o mundo, celebrando a música em toda sua diversidade.

Qual é a mensagem central de “10 Super Sucessos – Vol. 1” e como ela se conecta com a trajetória pessoal e artística de Janu?

A mensagem central de “10 Super Sucessos – Vol. 1” é uma celebração das raízes e da diversidade cultural, ao mesmo tempo em que explora a universalidade das emoções humanas. Este álbum é um reflexo da minha jornada pessoal e artística, uma trajetória marcada pela busca constante de unir o tradicional e o moderno, o regional e o global. Esse álbum é uma síntese dessas influências, mostrando como a música pode transcender fronteiras e criar novas formas de expressão.

“10 Super Sucessos – Vol. 1” é também um álbum muito pessoal. Cada canção carrega uma parte da minha história, seja através das letras, das melodias ou das colaborações com outros artistas. Essas colaborações refletem a importância da comunidade e da troca cultural na minha trajetória. É um convite para que todos se sintam parte dessa jornada, reconhecendo a riqueza da nossa cultura e a beleza das conexões que fazemos ao longo do caminho.

Em suma, “10 Super Sucessos – Vol. 1” é um marco na minha carreira, simbolizando tanto uma reflexão sobre o que me trouxe até aqui quanto uma celebração das muitas influências que moldaram minha música. É um álbum que fala liricamente de sofrimento, relacionamentos, paixão e amor. Esteticamente, fala de pertencimento e, acima de tudo, da capacidade da música de unir pessoas e culturas.

Como foi o processo de gravação do álbum em diversas cidades, incluindo Arapiraca, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Grötzingen?

Gravar “10 Super Sucessos – Vol. 1” foi uma experiência enriquecedora que me permitiu incorporar uma vasta gama de influências musicais ao álbum. Esse processo foi profundamente marcada pela flexibilidade que a tecnologia moderna proporciona e pelas viagens que aproveitei para produzir.

Trabalhar com arquivos digitais possibilitou a liberdade de gravar em diferentes locais, adaptando cada faixa ao ambiente e às influências presentes em cada momento.. Cada sessão de gravação trouxe novas inspirações e colaborou para que o álbum refletisse uma mistura massa.

“10 Super Sucessos – Vol. 1” é uma culminação dessa jornada. Cada faixa do álbum é uma peça de um mosaico maior, representando não apenas diferentes estilos musicais, mas também as histórias e emoções que esses estilos carregam. Gravar este álbum foi um processo de descoberta e celebração, resultando em um trabalho que é ao mesmo tempo pessoal e universal. “10 Super Sucessos – Vol. 1” é uma ode à música popular latina.

Janu (Leandro do Karmo)
Janu (Leandro do Karmo)

Quem foram os principais músicos e colaboradores envolvidos na produção do álbum e como eles contribuíram para a sonoridade final?

Além de Gonzalo Vieira, Llari Gleiss e Vitória Rodrigues, tive Paulo Franco como braço direito na produção e mixagem. Sua expertise técnica e sensibilidade musical foram cruciais para dar coesão ao projeto. Outros músicos e artistas também trouxeram suas habilidades e influências, como Tiago Luz nos teclados, Noaldo do Acordeon, Fernando Melo nos violões, Rodrigo Cruz na bateria, Ricardo Evangelista nas percussões, Marciel Esley nos trompetes e sax, alguns backing vocals da Vanessa Fernandes (que to fazendo um projeto de Cumbia também). Júnior Evangelista masterizou, gravei vozes com o Joaquim Prado. Enfim, uma galera massa, com cada um adicionando uma camada única à sonoridade final. Foi um verdadeiro trabalho em equipe, onde cada um deixou sua marca.

Como Janu vê a evolução do seu estilo musical desde o álbum anterior, “Miolo do Oxente”?

Desde “Miolo do Oxente,” sinto que minha evolução musical tem sido como a de um bom vinho, ou melhor, de uma boa cachaça apurada – me permiti sofrer mais algumas vezes, rsrs. “10 Super Sucessos – Vol. 1” é um álbum mais encorpado e cheio de nuances, refletindo uma maturidade artística. Ele é mais direto e sincero, com letras que vão direto ao ponto, mantendo o exagero dramático típico do brega.

Enquanto “Miolo do Oxente” explorava minhas raízes de forma mais experimental, misturando diferentes estilos e ritmos nordestinos com uma abordagem moderna, este novo álbum tem uma abordagem mais focada. A evolução se reflete na clareza das composições e na intensidade das performances apresentadas. É uma progressão natural, onde me sinto mais confiante em falar mais sobre o que vivo de forma tão direta e – mais uma vez – exagerada, haha.

Pode nos dar uma visão geral da narrativa e dos temas explorados em cada uma das faixas do álbum?

O álbum “10 Super Sucessos – Vol. 1” é uma rica tapeçaria de histórias e emoções (to breguíssimo nessa entrevista, adorei, deve ter sido o fireball), explorando diferentes aspectos do amor e dos relacionamentos através de uma fusão de estilos. Cada faixa oferece sua perspectiva, conectando-se com as raízes da música popular latina. Encangado abre o álbum com uma intensa declaração de desejo e conexão física, criando uma atmosfera de romance, inspirado em clássicos da música popular brasileira, como Beto Barbosa e Amado Batista. Em seguida, “Coruripe” celebra a liberdade e a ingenuidade do amor jovem, ambientada nas belas praias de Alagoas. “Eu não quero reggae com você” introduz um reggaetown com um toque de latinidade, onde o eu lírico decide se afastar de um relacionamento problemático – qual não é, né.

“Eu quero ser a razão da tua vida”, com participações especiais do Noaldo e do Fernando Melo no violão, mistura moda de viola e bachata para falar sobre o desejo de ser essencial para a pessoa amada, mesmo que na hora errada. “Me Ignora”, com uma colaboração argentina e cantada tambien en español, combina tango, bolero e brega, explorando a frustração e o anseio por atenção em um relacionamento conturbado e safadinho né. Me enforca, gente, qué isso.

“Sou Amante ou sou ex?” e “Jasmin” trazem o brega rock à tona, questionando papeis no relacionamento e refletindo sobre ilusões amorosas – com melodiras inspiradissimas em José Augusto, Reginaldo Rossi e Raul Seixas. Brega Bem Vadio aborda a indiferença  tráfica de uma pessoa que visualiza e não responda. Isso é um crime hoje em dia. Principalmente para Bebes como a gente. “Flor do Deserto” adota um estilo indie para falar sobre a necessidade de mudanças e, claro, tentar no amor.

O álbum fecha com “Aquela Coisa Massa”, uma mistura de piseiro e bolero e um arranjo lindo de cordas do maestro Almir Medeiros, onde o eu lírico reflete e questiona se poderá amar novamente com a mesma intensidade. Claro que sim. Mas naquele dia, doeu, visse?

Em resumo, “10 Super Sucessos – Vol. 1” é um álbum que celebra o exagero dramático e emocional, combinando elementos tradicionais e modernos para criar um som cativante, refletindo a evolução artística de Janu (eu falando na terceira pessoa, o próprio deadpool) e a profundidade das experiências pessoais.

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