Lucas Saguista, fundador do grupo, contou detalhes ainda não revelados sobre a história desse grupo que reúne milhares de fãs na rede

O Quartel Canvete, um grupo que começou em outubro de 2006 na plataforma Orkut, evoluiu de uma equipe de estranhos apaixonados por “Saint Seiya” para um estúdio renomado na produção de audiodramas de literaturas fantásticas. Inicialmente conhecidos como “canvetes”, um termo que antes tinha uma conotação negativa, hoje eles adotaram com orgulho essa identidade e se destacam como referência em suas produções.

De 2006 até 2017, o Quartel Canvete se dedicou à série “Saint Seiya” e seus spin-offs. Em 2020, o grupo deu um passo significativo ao reativar seu canal no YouTube, com o objetivo de difundir cultura de uma forma mais acessível e interessante. Este movimento culminou na criação do Quartel Canvete Estúdios, que trouxe ao público uma ampla variedade de audiodramas baseados em literaturas fantásticas.

Em 2021, o estúdio firmou uma parceria estratégica com a Hakuren Studios, lançando a versão dublada de “Prelúdio de Pégaso” e estabelecendo acordos com outros estúdios para continuar trazendo dublagens de alta qualidade ao público. Essa colaboração expandiu ainda mais o alcance e a diversidade do conteúdo oferecido pelo Quartel Canvete Estúdios.

Fundado por Lucas Saguista, o projeto agora conta com uma equipe robusta de cerca de 40 membros dedicados. Juntos, eles já acumularam mais de 1,4 milhão de acessos no YouTube e lançaram diversos títulos em formato de audiodrama. A manutenção e expansão do projeto são sustentadas por um modelo de financiamento coletivo, incluindo crowdfunding, rifas e pacotes de membros.

O Quartel Canvete Estúdios continua a ser um farol de inovação e dedicação no mundo dos audiodramas, proporcionando experiências culturais ricas e diversificadas para um público cada vez maior. Com sua base sólida de financiamento comunitário e uma equipe talentosa, o estúdio está bem posicionado para continuar crescendo e encantando ouvintes em todo o mundo.

O Quartel Canvete Estúdios já lançou uma impressionante lista de audiodramas, que inclui: “As Crônicas de Spiderwick”, “Desventuras em Série: Mal Começo”, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, “Alice no País das Maravilhas”, “Shrek!”, “As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, “Percy Jackson”, “Coraline”, entre outros.

Lucas, o Quartel Canvete começou como um grupo de fãs no Orkut em 2006. Você poderia nos contar mais sobre como essa jornada se iniciou e quais foram os principais desafios nos primeiros anos?

Pode-se dizer que a nossa gênese está inserida no período conhecido como Inclusão Digital – onde ainda era comum propagandas como Brturbo e Cortez Online, melhor internet para jogos. A rede social Orkut, naquele período, proporcionou a inserção dos brasileiros dentro dos limites navegáveis da internet, possibilitando não somente a inclusão deles na grande rede, mas também fazendo com que o perfil do público que conhecemos hoje já desses seus primeiros passos.

As pessoas que viriam a ser integradas ao grupo se conheceram entre as comunidades de temáticas específicas; no nosso caso, às de Cavaleiros do Zodíaco: The Lost Canvas. Pode-se dizer que tudo começou neste painel e, dali a convivência nos despertou um senso de identidade e pertencimento mútuo, que acabou culminando na criação do Quartel Canvete.

Os desafios daquele período, porém, estavam nas circunstâncias que a própria internet, que ainda engatinhava em seus primeiros momentos, nos trazia: o conteúdo que buscávamos trabalhar era escasso e os softwares do período ainda se encontravam em fase de testes. Lembro-me que usávamos a versão CS2 do Photoshop (que não tinha mais da metade dos recursos oferecidos atualmente) para trabalhar com os quadrinhos digitais, que no período eram escaneados a partir de fotos de jornais de baixa qualidade, o que não nos possibilitava grandes edições de imagem. Logo, pode-se dizer que a maior dificuldade do período e desafio estava em superar as limitações e a escassez que o próprio tempo oferecia.

Porém, acredito que o diferencial que tanto buscávamos estava na qualidade dos projetos e na busca incansável por aperfeiçoamento, sempre almejando trazer para o público o melhor que tínhamos para oferecer. Para os padrões de um período que ainda ecoa nos dias de hoje, onde a busca por “lançar primeiro” ainda está acima da qualidade, realmente o diferencial que tínhamos a oferecer estava dentro desses valores de qualidade e fidelidade.

O termo “canvetes” inicialmente tinha uma conotação negativa, mas hoje vocês o abraçam com orgulho. Como ocorreu essa transformação na percepção do termo, tanto internamente quanto externamente?

Da mesma forma que o termo gaúcho – antes do lançamento do romance de José de Alencar de mesmo nome, era usado de forma pejorativa para falar dos homens do pampa, normalmente designando-os como vagabundos e foras-da-lei (e filhos de meretrizes); não foi diferente a designação “canvete” para nós, visto que servia não somente para identificar os fãs do mangá de Shiori Teshirogi (Saint Seiya: The Lost Canvas), como também servia para acusar os mesmos de traidores, uma vez que a mentalidade de uma parcela das pessoas acreditava que somente as obras oriundas de Masami Kurumada deviam ser apreciadas e exaltadas. Foi neste período que terminologias como cânone e Spin-off passaram a sofrer processos de prostituição de sentido, para servirem a discursos acalorados e enfadonhos. Brasileiros agindo de forma visceral ainda nos primórdios da internet, nada de novo sob o sol. Apesar do ranço contra nosso grupo, aceitamos com orgulho este apelido taxatório, já que na época éramos os únicos a oferecer a obra traduzida, assim sendo, os mesmos que nos atacavam eram os mesmos que nos acompanhavam semanalmente, conforme os capítulos eram lançados. Irônico pensar nessa relação de amor e ódio e ver como tudo isso é controverso…

Ainda hoje, alguns fragmentos de grupos remanescentes daquele tempo ainda seguem usando este termo (canvete) de forma pejorativa, normalmente com ânsias de incitar discussões, porém, acreditamos que a nossa postura no decorrer de todos esses anos e a forma como trazemos nossos projetos gratuitamente para o público ajudou e muito a dissipar essa visão sobre nós.

Em 2020, vocês reativaram o canal no YouTube e criaram o Quartel Canvete Estúdios. O que motivou essa reativação e quais foram os primeiros passos para estabelecer o estúdio?

Houve um intento em meados de 2014 de começarmos a trabalhar com audiovisual, porém, a ausência de equipamentos de qualidade e a falta de capacitação para operar os softwares de edição de áudio nos fez darmos uma pausa. Após 2017, o grupo revolucionou sua metodologia e forma de encarar nosso portfólio para a internet, e uma série de mudanças começaram a ocorrer. É inegável que o contato do Quartel Canvete com o Canal da Fantasia, dirigido por Dionei Rezende, possibilitou-nos amadurecer neste novo modelo de negócios e buscar qualificarmo-nos para adentrarmos de cabeça no modelo de estúdio que temos hoje. A principal motivação continuaria sendo trazer projetos de qualidade gratuitamente para pessoas com horizontes menores, porém, desta vez percebemos que tínhamos a possibilidade de também alcançar um público ainda menos favorecido – o PCD.

Para entender o interesse do grupo para com este público final, se faz necessário entender a mente por trás da liderança desse projeto. A verdade é que a mãe do diretor teve Poliomielite no período dos anos 60, época que muitas vacinas estavam fora da validade e muitas crianças, mesmo vacinadas, acabaram sendo atingidas pela doença – Dona Rejane acabou ficando dentro das estatísticas. A mentalidade inclusiva do Quartel Canvete se dá justamente por essa semente plantada pelo líder do grupo, despertando nas diversas gerações dos membros esse sentimento de equidade.

E sobre os primeiros passos dados em direção à ativação do estúdio, começamos de forma discreta: Contávamos somente a direção de Lucas Saguista, edição de Paulo Piazza e um elenco de vozes composto inicialmente por Mateus Dias, Helouise Portugal, Yan Scofield e Fanny Ledo. Com esta equipe, demos largada em projetos como Os Guardiões da Infância, de William Joyce; Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Ryordan; e As Crônicas de Spiderwick, de Holly Black e Tony Diterlizzi, sempre dentro do regimento pelo artigo 46 da lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A parceria com a Hakuren Studios em 2021 foi um marco importante para vocês. Como essa colaboração surgiu e qual foi o impacto dela na qualidade e no alcance dos seus audiodramas?

O Quartel Canvete trouxe por cerca de onze anos as traduções dos mangás digitais de Cavaleiros do Zodíaco e seu universo expandido. Naturalmente, testemunhamos várias tentativas de desenhistas de se lançarem em produções derivadas, como a Guerra dos Mundos, de Marcelo Noronha, a qual chegou a ter 47 capítulos de 19 a 27 páginas (sendo também a maior fanzine nacional do gênero) entre o período de 2009 a 2016; Gold Saint – Ares Chapter, de Dannilo Sant’anna, que teve somente três capítulos e foi descontinuada em meados de 2015; e claro, também vimos o lançamentos dos primeiros capítulos de Prelúdio de Pégaso, lançado no final de 2016 até meados de 2017, pela Hakuren Studios. Desde aquele período já acompanhava de perto o grupo peruano, porém, sem muita expectativa, visto que boa parte dos trabalhos não oficiais desenvolvidos sobre Saint Seiya nunca chegaram à maturação.

Foi em 2021, no entanto, percebi que o projeto do Prelúdio de Pégaso, o qual ainda estava anônimo, estava dando seus primeiros sinais de desenvolvimento real. Em agosto daquele ano, fora lançado o quarto trailer do projeto que só teria lançamento oficial em julho de 2023, logo, buscamos trazer uma versão dublada para um projeto desassistido com o intuito de ajudar na divulgação e perpetuação daquele estúdio. A divulgação deu certo: em menos de uma semana, sites estavam falando sobre os teasers e os trailers até então ignorados e alguns grupos de paródia por aí cresceram o olho, buscando também dar a sua versão dublada do material. O que não contávamos era com um público instruído a nos perseguir e denegrir a partir dali (risos).

Enquanto esses grupos atuavam de forma não declarada, nós procuramos a partir daquele período de agosto de 2021 a contribuir financeiramente no patreon da Hakuren Studios, e fomos ter com David Ayala, diretor do estúdio, para alinharmos nossa parceria que contaria com a nossa versão dublada para português brasileiro oficialmente. Nosso grupo não só trabalhou durante quase três anos de forma discreta e respeitando uma NDA – contrato de sigilo, como também investimentos no estúdio deles ao contratá-los para fazerem o teaser da produção original do grupo do QC: O Homem do Rodo.

Então, pode-se dizer que essa colaboração surgiu da nossa iniciativa em ajudar o estúdio que não contava com colaboradores (financiadores) na plataforma do Patreon, assim como dar espaço em ampla divulgação para que os mesmos se tornassem mais conhecidos e tivessem mais pessoas contribuindo financeiramente: não só com cobranças exaustivas e curtidas que não ajudam a sustentar um projeto de tal magnitude. Dessa forma, afirmo que a Hakuren Studios teve muito mais a ganhar com o Quartel Canvete, enquanto incentivador e apoiador direto, do que o inverso. Isto ficou muito evidente após o lançamento do primeiro episódio animado: Nós já estávamos sendo importunados amplamente por canais como Linhagem Geek e Heróis e Mais, que divulgavam inverdades acerca da produção da versão dublada, a qual não tínhamos autorização para falarmos além do que nos era permitido, e para piorar o sucesso dos acessos na própria Hakuren começou a fazer com que a equipe deles achasse interessante trocar o financiamento feito pelo grupo por likes (financiamento esse que já tinha chegado perto da marca dos 10 mil reais). Resultado: Após muitos inconvenientes com grupos de dublagens e seus apoiadores, somado a omissão do próprio estúdio da Hakuren, preferimos acabar com a parceria em outubro daquele ano, entregando somente a versão dublada e a versão em inglês. O impacto do projeto do Prelúdio de Pégaso para nós não foi mais importante do que a série de filmes produzida pelo diretor norte-americano Vincente Di Santi, da trilogia: Never Hike in The Snow, Never Hike Alone e Never Hike Alone 2, o qual temos contato e interação próxima até hoje; e a animadora Zeddyzi, da webcomic e animação Ramshackle, cujo teaser dublado nos proporcionou um notório reconhecimento entre estúdios.

Dessa forma, por se tratar de públicos diferentes e com interesses diferentes, a produção da dublagem do Prelúdio de Pégaso não impactou também na produção e no alcance dos audiodramas.

Com mais de 1,4 milhão de acessos no YouTube, qual você considera ser o segredo do sucesso do Quartel Canvete Estúdios em engajar um público tão vasto e diversificado?

O segredo para a perpetuação desse projeto que visa não só trazer acessibilidade a todos os públicos, mas também transformar e enriquecer o portfólio profissional dos nossos membros está na organização em que trazemos isto tudo à realidade. Por muitos anos, o grupo do QC contou com somente um mantenedor financeiro, e graças aos esforços deste que muitos projetos tiveram uma subida na qualidade. Com o passar dos anos, mais mantenedores vestiram a camisa e proporcionaram através de suas contribuições financeiras e esforços a possibilidade de investirmos ainda mais em sonhos.

A mensagem que deixo para qualquer um que queira começar uma trajetória inspirada numa realização entre amigos é esta: que não meçam esforços para transformarem seus sonhos em algo concreto, que não desanimem com os primeiros resultados medianos e que persistam ante as adversidades (que serão muitas), porque somente histórias que têm em seu âmago a marca da dificuldade e da superação que valem a pena serem contadas e vividas.

O financiamento coletivo tem sido crucial para a manutenção e expansão do projeto. Como vocês estruturaram esse modelo de financiamento e como ele tem evoluído ao longo do tempo?

Gostaria que estivesse mais evoluído (risos). A grande verdade é que deixamos nas descrições de todos os projetos opções de doações diversas, porém, até hoje, não recebemos ajuda ou reconhecimento nesse sentido por parte do público. Seja na extinta plataforma do Padrim ou até mesmo no Patreon: não recebemos ajuda ou incentivo por parte do público para seguirmos investindo neste trabalho. Muito pelo contrário, alguns pensam que somos um estúdio que trabalha alimentado pelo movimento da maré e pelo sopro do vento (risos). O que mantém financeiramente o QC é a contribuição fixa dos mantenedores, que são membros do próprio grupo, ou seja, são os próprios membros que fazem esforços contínuos para que este sonho não morra.

Ainda assim, seria legal sonhar com algum patrocinador agora que temos o nosso canal monetizado. Infelizmente, até o momento, isto também é uma realidade distante, portanto, a evolução que tivemos foi na conscientização dos próprios membros no decorrer dos anos – por assim dizer.

Com uma equipe de cerca de 40 membros, como é o processo de produção de um audiodrama no Quartel Canvete Estúdios, desde a escolha da obra até o lançamento?

Na realidade, nossa equipe está hoje na marca dos 60 a 70 membros. Ainda não tivemos condições de apresentar a todos os participantes, mas são muitos, e a grande parte não está dentro do elenco de dublagem: mas separados em outros setores, como tradução, edição de áudio, animação, música e arte. A escolha dos projetos tem muito a ver com a mensagem a ser passada através das histórias para o público que nos acompanha, fazendo com que valores sejam transmitidos a partir de uma produção sensível e articulada. Normalmente, os títulos são escolhidos pelo diretor do projeto, o qual define não somente o editor responsável pela produção como também cuida da escalação do elenco de voz, e, por vezes, dos músicos responsáveis pela produção musical a ser criada, quando necessário. Existem livros infantis, como os de Roahl Dahl, cujas histórias possuem músicas em seu corpo, logo, também buscamos fazer a adaptação das músicas para o público ter uma experiência mais enriquecedora. Contamos com cantores e cantoras muito talentosos na equipe, como Márcio Oliveira, Andy Fonseca, André Motta, Rafael Hernandes, Lauro Azambuja, Luiz Liberty,  Ana Nunes, Melânia Fiaux, Giulia Pires e Elizabete Bertino. O grupo também conta com um produtor musical responsável pela organização dessa equipe, assim como a mixagem e instrumentalização dos projetos: Thelfos. Muitas vezes, a produção de algumas músicas de obras literárias passa por transformações poéticas, a fim de ganharem volume e constância para a obra, como é o caso das músicas “Pelos Cantos da Casa” e “Madrugada de Horror” inseridas no audiodrama de Coraline.

Pode-se dizer que a parte mais importante de todo esse processo está na revisão técnica, cuja gerência está nas mãos de Rafael Hernandes Lorente e sua equipe responsável, a qual busca revisar detalhadamente toda a produção do audiodrama antes do lançamento. Aqui, neste processo, avalia-se a qualidade técnica do projeto como um todo. Somente após todas as revisões e alterações necessárias que o projeto, enfim, passa para sua etapa final: a de lançamento e divulgação.

Vocês já adaptaram uma série impressionante de obras literárias para audiodramas. Qual foi a mais desafiadora de produzir e por quê?

Sem dúvidas, o audiodrama de Coraline. Coraline teve uma primeira narração feita por Ana Azzolini, a qual foi substituída por Shirley Priscila, que, por não conseguir uma melhor qualidade de áudio precisou ser substituída (risos), por fim, por Lucas Saguista. Além disso, o projeto contou com a primeira direção de Lucas Saguista, o qual precisou concentrar sua atenção no projeto de Alice no País das Maravilhas e As Crônicas de Nárnia, passando a direção para Gustavo Sandri e codireção de Márcio Oliveira, onde ambos entraram em conflito com a editora de áudio e efeitos na época: Thaís Nicolau; por fim, todos acabaram sendo substituídos pela direção de Lucas Saguista, e uma segunda equipe de edição dividida entre Andy Fonseca e André Motta.

A história poderia terminar por aqui, mas infelizmente isso só se você, ó leitor desta matéria, procurar um final feliz. Como o QC só tem finais felizes nos finais de suas obras que não às escritas por Lemony Snicket, a saga de Coraline teve ainda mais uma desventura: a saída de André Motta da edição e a entrada de Gefferson Santos e, por fim, a permanência do próprio no desenvolvimento da mesma de forma solo. (Tchau, Andy). Coraline passou por mudanças de protagonista também: Tendo iniciado com Ana Azzolini, a qual foi substituída por Helouise Portugal, que também foi substituída, por fim, por Manuela Gabarrús, voz atual da Coraline. O elenco de apoio também foi amplamente modificado desde a sua proposta original, tendo somente uma única voz a ser conservada desde a primeira escalação: André Motta na voz do Velho Maluco e do Outro Velho.

O que você acredita que diferencia o Quartel Canvete Estúdios de outros produtores de audiodramas e conteúdos similares?

Sinceramente, é mais comum se ver produções de audiolivros; mas de audiodramas é muito incomum, visto o alto custo da produção. Acaba saindo mais em conta a produção de audiolivros se considerarmos que a produção girará em torno da voz do narrador e do editor de áudio (que, às vezes, é realizado pelo próprio narrador). Essas produções contam com somente uma voz e não tendem a ter uma trilha sonora ou efeitos na extensão da narração, o que já difere (e barateia) e muito em relação a produção de um audiodrama. Num audiodrama, além da voz do narrador, conta-se com um elenco escolhido para os personagens da história, além de trilhas musicais e efeitos para aumentar a imersão do ouvinte. Só por esses adendos uma produção de audiodrama acaba ficando excessivamente custosa.

Uma prova disso é que o Quartel Canvete precisa pagar mensalmente a plataforma da epidemic sound para poder usar das trilhas sonoras e dos efeitos especiais dos projetos, a fim de não incorrer em strikes e processos eventuais de direitos diversos.

Quais são os planos futuros para o Quartel Canvete Estúdios? Existem novas parcerias ou projetos que você possa compartilhar conosco?

Após orçamentos com alguns estúdios iniciantes de animação brasileiros (os quais não demonstram terem noção orçamentária de mercado real – risos), investimos na nossa própria equipe de animação, logo, estamos produzindo a abertura animada do Homem do Rodo com uma música inédita produzida pelo Thelfos em parceria com a nossa banda musical – Os Canivéticos.

Nos audiodramas, vamos trazer pela edição primorosa de Natan Prado “Heap House – As Crônicas de Iremonger”, de Edward Carey, cuja narração é realizada por André Motta e Heloísa Bueno. Ainda nos audiodramas, estamos produzindo o Livro dos Cinco Anéis, de Musashi, audiodrama que está sendo editado por Rogério Batista – mesmo editor do audiodrama d’Os Guardiões da Infância – O Homem da Lua; e também o conto “Sala de Autópsia 4”, de Stephen King, o qual está sendo editado por Rafael Hernandes Lorente, cuja narração em primeira pessoa é de performance de Lucas Saguista.

Na área de produção artística, contamos com a webcomic ‘As Crônicas de Geff’, escrita e ilustrada por Lucas Saguista e também a versão “Shippuuden” desse mesmo título, desenhada por Stélio Victor (Tete). Caetano voltou a fazer o Homem do Rodo – Season 3 à mão, logo, acredito que o projeto dos quadrinhos voltarão a ter mais assiduidade.

E dos projetos em parceria com estúdios vinculados ao QC, teremos a dublagem oficial de Hullaballo, de James Lopez Animation; Poltergeist Pizza, da animadora e artista 3D – Violet!; e o último filme da trilogia de Vincente Di Santi: Never Hike Alone 2. E, para fechar com chave de ouro, Márcio Oliveira encabeçou um projeto musical inspirado nas obras de J.R.R. Tolkien, o qual está em produção há mais de um ano, e conta com a participação primorosa de uma professora do conservatório dramático e musical de Tatuí: Dagma Eid; com a instrumentalização, mixagem e masterização de Filipi Rafalzik; e contando com as vozes de Ana Nunes e Rafael Hernandes Lorente em backing vocals.

Confira algumas das produções feitas pelo Quartel Canvete!

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