Na terceira faixa que libera do EP Nítida, Flávia K revisita “O mundo se moveu”, single lançado em setembro de 2020 e inspirado pelo clima introspectivo da pandemia. Na versão ao vivo do EP, a música vem mais séria, deixando o ar esperançoso da original para assumir um tom dark.
Guiada pela harmonia do teclado, único instrumento tocado em Nítida, a voz de Flavia cresce durante a interpretação, ocupando cada espaço em cena e em sintonia com o timbre rasgado das teclas, um diálogo dinâmico da cantora com (o tecladista) Diogo Ville. Confira a entrevista!
Como plano para lançar o seu novo EP, o single “Janelas Imprevisíveis” foi liberado recentemente nas plataformas. Poderia nos contar um pouco mais sobre seu contexto e como chegou à criação dessa música? Essa faixa dá nome a seu disco de estúdio de 2019 e agora você a apresenta com uma pegada mais minimalista. O que te levou a conceder essa nova roupagem à faixa e qual o significado dessa música para você?
Essa é uma das minhas composições que eu mais amo cantar. Eu tive a ideia dessa melodia no ônibus, em uma viagem para Paraty, olhando aquelas paisagens lindas, então quando eu cheguei em casa, finalizei a música com a ajuda do piano. Quis colocar a música no EP Nítida nesse formato minimalista porque esse foi o formato em que compus a música, então isso traz a forma mais “bruta” de quando ela veio para o mundo. A letra é da Anete K, ela escreveu a partir da minha composição da harmonia e melodia.
O novo projeto se trata de um EP ao vivo, cujo as músicas estão sendo liberadas semanalmente para o público. Como foi a gravação do trabalho? Qual sua expectativa para o EP e como você o concebeu?
Eu amo gravar! Todos os vídeos foram gravados no mesmo dia, então foi bem cansativo para a equipe toda porque queríamos extrair o melhor vídeo com a melhor performance, para ser um ao vivo real, sem nenhum tipo de correção. Para isso, tivemos que gravar alguns takes de cada música para chegarmos no melhor resultado como um todo. A ideia do projeto “Nítida” é mostrar a minha voz nua e crua, explorar profundamente todas as performances e trazer uma sensação de conforto e afeto para o ouvinte. É para ser um descanso aos olhos e aos ouvidos, no meio de tanta informação no mundo de hoje.
Na quarta-feira (24/2), você liberou mais uma música, “O mundo se moveu”, single que você lançou no ano passado e que foi inspirado pelo isolamento social. O isolamento ainda não acabou e se tornou mais sério e isso parece estar também na interpretação que você deu agora no ao vivo. Como você interpreta essa música e o tema agora, que se passaram tantos meses mas continuamos confinados?
Cantar essa música hoje se tornou algo mais doloroso pra mim ao ver tudo o que está acontecendo no nosso país por conta da pandemia. Estamos vivendo uma situação que ninguém imaginou viver, estamos passando por muitas dores, muitas perdas, muito medo. Então, hoje eu canto essa música imprimindo essa dor que tem dentro de mim, mas também na esperança de que tudo possa melhorar.
Carregando um vocal mais intenso e visceral nesse novo EP, como você definiria seu estilo musical atualmente e o que vem mudando desde 2019?
É difícil definir meu estilo musical porque tenho diversas influências, mas gosto de dizer que ele transita entre o indie soul, o R&B alternativo, a música brasileira e o jazz. Acredito que o que mudou do meu primeiro álbum pra cá é esse clima mais minimalista e introspectivo, tanto na produção quanto na performance.
O álbum audiovisual como está sendo apresentado nessa nova etapa de sua carreira é uma novidade em sua discografia. Como está sendo a sua entrada nesse novo capítulo?
Tem sido muito legal! A galera está curtindo muito os vídeos do Nítida e isso é muito gratificante.
Como você define sua essência e estilo artístico?
Sou uma artista que tem em sua essência a música brasileira, o jazz, o soul, o blues e o R&B. É o que eu ouço desde a barriga da minha mãe, então não podia ser diferente, hahaha.
O cenário das músicas foi livremente inspirado nas apresentações do Tiny Desk Concert e foi decorado com diversos LPs que a inspiraram durante sua vida. Foi difícil fazer essa seleção?
Usamos os LPs da minha coleção, escolhi os que mais me influenciaram e junto com a Anete K (direção de arte), definimos os que visualmente casariam melhor com o conceito e o cenário.
Quais serão seus próximos passos após o lançamento do álbum? Já pensa em algumas coisas em longo prazo?
Até o final do ano terão singles novos, e em 2022, lançarei mais um álbum de estúdio. Também quero muito poder voltar a fazer shows assim que tudo estiver melhor! Muito obrigada pela entrevista. Achei muito legal!