Gui Santana, um dos nomes mais versáteis e carismáticos do humor brasileiro, conquistou seu espaço nos palcos, telas e rádios ao longo de uma trajetória marcada por talento e dedicação. Nascido na pacata Penápolis, interior de São Paulo, desde cedo demonstrava sua veia cômica, arrancando risadas com suas imitações e piadas. Sua jornada teve início na rádio Ativa FM, onde seu humor irreverente e suas imitações ganharam destaque no programa “Ninguém Merece!”. A mudança para São Paulo marcou o início de uma nova fase, com a graduação em Comunicação Social pela FIAM e a estreia na MTV, onde se destacou no programa “Quinta Categoria” e “Comédia MTV”. O sucesso na telinha abriu portas para participações no “Pânico na Band” e, posteriormente, para integrar o elenco de revivals de clássicos como “Os Trapalhões” e “Escolinha do Professor Raimundo”. Em 2020, encarou o desafio de competir no reality show “Made In Japão”, mostrando sua versatilidade em mais um palco. Com uma carreira sólida e repleta de risadas, Gui Santana segue conquistando o coração do público com seu humor único e cativante.

Como foi a sua jornada desde os primeiros passos na rádio Ativa FM até se tornar um dos principais comediantes da televisão brasileira?

Foi uma experiência incrível, não é mesmo? Comecei na Radioativa FM em 2005, foi ali que dei os primeiros passos na minha carreira. O rádio sempre foi uma grande influência na minha vida. Grandes comediantes começaram no rádio, como Mauro Gonçalves dos Acarias, Chico Anísio, Tom Cavalcante, a galera do Café com Bobagem, do Pânico, Shaolin, todos eles sempre foram referências de humor para mim. Eu tinha o sonho de trabalhar na TV, de ser reconhecido como um grande comediante, e tive a oportunidade de entrar em um programa de rádio e fazer parte de um ambiente de zoeira, humor e piadas. Depois disso, não parei. Essa foi minha primeira experiência e, então, fui incentivado pelos radialistas a fazer o curso de rádio e televisão em São Paulo. Comecei a estudar e surgiu a oportunidade de participar do programa 5ª Categoria, no Show de Calouros do Marcos Miani e Cazé Peçanha, na MTV. Foi ali que me lancei como comediante de TV. Foi uma experiência incrível, sabe? Nunca fui pretensioso. Claro, tinha a ambição de seguir carreira, mas tudo que fiz, e continuo fazendo até hoje, foi de forma natural, como se fosse o primeiro dia. Acho que essa é a verdadeira essência. Encaro tudo como se fosse a primeira vez.

Qual foi a experiência mais marcante que você teve durante o período em que trabalhou no programa Quinta Categoria e Comédia MTV da MTV Brasil?

Sem dúvida, uma das experiências mais marcantes durante minha passagem pela MTV, no Comédia MTV e no Quinta Categoria, foi dividir o palco com grandes nomes da comédia como Dani Calabresa, Tata Werneck, Marcela Adnet, Rodrigo Capela, Bento Ribeiro, Paulinho Serra, Rafael Queiroga e Fábio Rabin. Em algumas ocasiões, me pegava participando das cenas, esquetes e quadros, dividindo o palco com esses ícones do stand-up, teatro e humor televisivo. Era surreal pensar que, começando em um programa pequeno de rádio na minha cidade, eu estaria ali, dividindo o mesmo espaço na TV com essas figuras. Além disso, grandes celebridades também participavam dos programas, como NX Zero e até mesmo Selton Mello. Lembro-me do dia em que Selton Mello gravou conosco na MTV. Cheguei cedo ao estúdio e, quando ele também chegou, me viu de costas e disse: ‘Gui Santana, sou seu fã, cara.’ Fiquei atônito. Pensei: ‘Poxa, Selton Mello conhece meu trabalho?’ Foi um momento de reconhecimento incrível. Acredito que tenha sido uma das experiências mais marcantes da minha passagem pela MTV.

Como foi a transição do ambiente radiofônico para a televisão? Quais foram os maiores desafios que você enfrentou nesse processo?

O momento de transição do ambiente radiofônico para a televisão sempre vem repleto de desafios e dificuldades. No rádio, há essa dinâmica instantânea, onde é preciso oferecer algo novo todos os dias, debater assuntos, trocar ideias e interagir com o público de forma rápida. É uma conversa ágil, permeada pelo humor, ironia e sarcasmo, exigindo uma criatividade veloz para manter o ritmo. No rádio, não há recursos visuais ou figurinos; a voz é o principal instrumento, e é necessário usar a criatividade para transmitir o tom desejado. Já na televisão, surgem desafios diferentes, como a atuação, a criação de personagens e a produção de esquetes e paródias visualmente atrativas e convincentes. Na MTV, por exemplo, nem sempre tínhamos muitos recursos à disposição, então precisávamos nos valer muito da criatividade. A transição entre esses dois meios pode ser vista como um grande desafio, que exige habilidades distintas, mas também representa uma oportunidade única de crescimento e aprendizado.

Você mencionou ter sido confundido com Kiabbo por um tempo. Como foi lidar com essa situação e como isso influenciou a sua carreira?

Ah, teve uma vez na MTV, no programa ‘Quinta Categoria’, do qual eu fazia parte, e havia um programa chamado ’15 Minutos’, com Marcelo Adnet e Philip Ricotta, conhecido como o ‘Quiabo’. Ali era um show de imitações, onde o dinheiro era o protagonista. Uma vez, Adnet me convidou para participar. Ele disse: ‘Cara, eu sei que você anda pelos corredores imitando o quiabo. Por que não fazemos um episódio com você?’ Eu aceitei, gravei o ’15 Minutos’ com Adnet imitando o quiabo. Ninguém percebeu nada. Passaram-se uma ou duas semanas, e a produção sugeriu que eu revelasse minha identidade, pois se isso se tornasse comum, o quiabo não teria mais graça no programa. Então, no final, revelei que era eu e o segredo foi revelado. Foi uma brincadeira que fizemos por muito tempo, e as pessoas vinham me perguntar sobre o ‘Quiabo’. Mas não era eu, era apenas uma imitação. Quem fazia o personagem perfeitamente era o Philip. Foi divertido, sempre é bom pregar uma peça e fazer uma pegadinha saudável, algo que você possa relembrar com carinho.

Quais são os principais aspectos que você considera ao criar personagens e imitações para os seus programas de TV?

Olha, eu sempre procuro criar algum traço exagerado nas imitações, sabe? Algo que destaque a personalidade da pessoa. Então, eu busco entender um pouco quem é a pessoa e depois crio uma versão exagerada dela, algo que talvez ela nunca faria, mas que mantenha algum traço marcante. Às vezes, não é tão importante reproduzir perfeitamente o timbre de voz, mas sim criar uma caricatura, complementada pelo figurino. Isso ajuda a compor o personagem. Eu adoro o teatro bufão, que trabalha com personagens disformes, aqueles que têm características exageradas, como um braço maior que o outro ou uma barriga avantajada. São figuras um pouco sinuosas e fora do comum, mas é justamente isso que torna o personagem interessante. Tenho um personagem bufão que é uma versão exagerada do Ratinho, por exemplo, com características surreais e fora do comum, e eu gosto desse aspecto.

Poderia compartilhar conosco alguma experiência marcante que teve durante as gravações do programa “Pânico na Band”?

Gostaria de compartilhar um dos grandes momentos da minha carreira no Pânico na Band. Foi durante o aniversário de 10 anos do programa, já com uma década no ar, que tive a oportunidade de prestar uma homenagem a todos os personagens icônicos criados ao longo dos anos, através do quadro ‘Pânico na Bunda’. Nesse quadro, eu imitava o Emílio e outros integrantes do programa, algo que sempre admirei e foi uma grande realização poder trabalhar com eles. Foi um sucesso absoluto, e durante três meses, tive a chance de satirizar o próprio Pânico de uma forma muito divertida. Sem dúvida, foi um momento marcante na minha trajetória.

Como foi interpretar o personagem Zaca no revival de “Os Trapalhões”? Quais foram os desafios de reviver um clássico da televisão brasileira?

Em 2017, tive a oportunidade de participar da nova versão dos Trapalhões, interpretando o personagem Zacarias, uma referência clara ao icônico Zacarias original. Foi uma experiência maravilhosa, participar de um projeto tão grandioso como Os Trapalhões. Quem diria que o personagem que eu imitava na infância poderia ser revivido anos depois, nesse programa? Foi algo inacreditável para mim estar na Globo, vivendo junto com Dedé Santana e Renato Aragão, homenageando esse clássico da televisão brasileira. Foi como matar a saudade, reviver alguns dos esquetes dos Trapalhões. Fiquei muito contente com o resultado. É claro que enfrentamos desafios, como a comparação com os originais, mas é importante lembrar que se trata de uma releitura, e cada ator tem liberdade para criar sua própria versão do personagem. Além disso, havia a questão da adaptação aos tempos atuais, em que a zoeira era mais solta. A nova versão foi ao ar em um horário mais familiar, aos domingos ao meio-dia, o que trouxe novos desafios, mas foi sem dúvida um dos trabalhos mais grandiosos da minha vida.

Assumir o papel de Nerso da Capitinga na Escolinha do Professor Raimundo foi uma grande responsabilidade. Como você se preparou para esse papel?

No ano seguinte, em 2018, tive a oportunidade de reviver o personagem Nerso da Capitinga na nova versão de A Escolinha do Professor Raimundo. É curioso como a vida dá voltas, não é mesmo? Eu assistia à Escolinha quando era criança e era fã do Nerso da Capitinga. Minha família inteira adorava esse personagem. Eu até fazia shows na minha cidade, mas como era criança, não podia ir, já que eram eventos para adultos. Ficava fascinado sempre que via alguém imitando o Nerso ou contando piadas no estilo dele. Pedro Bismarchi, um dos maiores contadores de piadas, criou esse personagem incrível. Curiosamente, na época da MTV, fizemos uma sátira em que o Adnet era o Rolando Lero, a Dani Calabresa era a Catifunda e eu era o Nerso da Capitinga. Anos depois, na nova versão da Escolinha, todos nós realizamos esse sonho e nos tornamos os próprios personagens. Foi surreal, cara. É sempre desafiador enfrentar comparações, pensar se farei bem o papel, se conseguirei contar as piadas do Nerso, já que não tenho experiência em contar piadas. Mas é como dizem, você tem que ter o dom e se dedicar para desempenhar o papel da melhor forma possível.

Você participou do reality show Made In Japão. Como foi essa experiência e o que você aprendeu com ela?

Quando deixei o programa Pânico na Band, a Record me procurou por 3 anos para participar de A Fazenda, mas sempre recusei. Não me via em um reality show, não gosto da ideia de ficar preso em uma casa, interagindo em um ambiente competitivo. No entanto, acabei aceitando o convite para o Made in Japão, inicialmente planejado para ser no Japão e com comediantes. No entanto, o formato mudou, mas decidi participar de qualquer forma, pois conhecia algumas pessoas envolvidas, como a Sabrina Sato. No entanto, a experiência não foi boa para mim. O reality durou 30 dias, e eu não me senti à vontade. Não gosto desse ambiente competitivo e estressante, onde as pessoas brigam constantemente. Não consigo me adaptar a essa energia. É algo que foge do meu controle e não consigo produzir ou criar. Não tive uma boa experiência e percebi que não é algo que gostaria de repetir.

Como você vê o futuro da comédia na televisão brasileira? Quais são os projetos que você ainda deseja realizar na sua carreira?

Eu vejo o futuro da comédia brasileira. É em programas de resenha, em programas onde você possa juntar alguns comediantes, né? É e fazer algo no palco, algo ao vivo é assim como se fosse uma coisa despretensiosa, alguma coisa que que humor seria resolvido ali na frente, ali no palco ou na frente da plateia, mas sem ser produzido é eu acho que a produção hoje em dia na televisão brasileira, a televisão, ela está um pouco assustada com os valores, né? A televisão. Ela precisa de dinheiro. Ela não, ela não quer gasto, ela está de olho no dinheiro.

Então, você juntar um elenco, criar produções para isso, não é criar textos. EE, aí ficar naquela linha tênue Hum, será que a gente vai causar algum desconforto para alguma classe? Será que algumas pessoas não vão gostar dessa piada? Então a televisão ela não quer mais se arriscar com isso o que eu vejo é produções de humor fora da TV. Se alguém quiser produzir comédia, produzir ficção, vai produzir fora. Eu. Eu ainda não vejo ATV aberta ainda nesse aspecto, né? Como no passado, ela produzia bastante humor, fazia, era uma procura muito alta de comediantes, mas hoje em dia ela não quer se comprometer, ela não quer se arriscar. Esse é o grande problema da televisão.

Ela não quer investir um dinheiro no humor, né? O humor ele precisa é ser consumido, voltar a ser consumido como era antes, para aí sim, gerar lucro. Aí a teoria vai querer, mas por enquanto eu não vejo. Não vejo ATV produzindo programas de humor, como produzia antes. Os comediantes estarão nessas resenhas de palco é receber algum convidado brincando em cima, sei lá, é resolvendo como se fosse assim ao vivo e plano que eu para minha carreira. Eu acho que filme, né? Investir no audiovisual, alguma coisa de humor, assim eu tenho vontade de fazer, tenho vontade de criar meu próprio programa na internet, mesmo no streaming, não é carreira de shows. Eu já abri a minha carreira, de shows, minha agenda para esse ano também pretendo fazer alguns shows internacionais. E é isso, gente, muito obrigado, de verdade.

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