Clarissa relata encontro com seu eu do passado através da música

Luca Moreira
12 Min Read

A cantora e compositora Clarissa, lançou na última sexta-feira de setembro, 24/09, o single “nosso canto” em todas as plataformas digitais. A música nasceu como um retrato familiar, trazendo outras perspectivas e narrativas para as composições que sempre foram importantes para a Clarissa mostrar sua versatilidade.

Esse é o segundo single da cantora, chegando 3 meses após o lançamento do EP “Clarissa”, com 5 faixas que atingiram mais de 1 milhão de plays nas plataformas digitais em 7 semanas. E em seu último single lançado após o EP, “nada contra (ciúmes)”, entrou no viral 50 do Spotify e atualmente está no charts do Spotify e Apple Music. Confira a entrevista!

Lançado no último dia 24, o single “Nosso Canto” chegou realçando experiências muito pessoais suas, em relação às perspectivas familiares e situações que foram importantes em sua vida. Como foi a história do nascimento desse projeto?

A história do nascimento desse projeto, na verdade, eu já tinha feito algumas coisas, parava para escrever já um tempo sobre as minhas irmãs, sobre esse tipo de processo de você crescer acompanhada de alguém que tem uma história tão parecida com a sua, e foi criada pelas mesmas pessoas, no mesmo ambiente. Eu acho isso uma experiência quase que antropológica, e muito mágica, porque, eu me dou muito bem com as minhas irmãs. Eu sinto que elas são parte de mim. Contudo, no processo dessa música, eu fui percebendo que, além disso, também era muito sobre mim, sobre eu acompanhando a minha própria trajetória, e sendo a minha maior companhia, a minha maior força, e é quem eu tenho no final do dia e é quem eu posso contar. Por isso até a capa é uma foto minha pequena, porque é um processo de cura. Penso que quando nós damos a mão para nós mesmos, é aquela coisa de conforto e aceitação da gente com nós mesmos. Então basicamente isso mesmo, a música nasceu bem rapidinho, geralmente faço as minhas músicas em cinco ou dez minutos, e essa não diferiu, porém, o processo todo se deu dessa forma: eu já fiz algumas coisas em relação à isso, eu escrevo poemas, histórias, coisas assim. Esses tipos de coisas me ajudam a fazer as músicas eventualmente.

Foto: Kenny Hsu | Make: Luiza Goulart

Mais cedo neste ano, nós recebemos o lançamento do seu EP “Clarissa”, que em apenas sete semanas alcançou a incrível marca de 1 milhão de ouvintes. As expectativas para o novo single têm sido as mesmas?

Eu tenho boas expectativas para o próximo single, até porque ele vai um pouco do “Nada contra” em termos de gênero, porém, eu gostaria de poder explorar mais coisas. Eu tenho um pouco de medo de ter sempre que seguir essa lógica do “Nada Contra” para fazer algum sucesso ou enfim. Eu não acredito que seja dessa forma, por acaso essa música está parecida, na mesma pegada no caso, então eu tenho boas expectativas por ela, porque é uma coisa que foi muito bem aceita, foi um trabalho bem aceito, então acredito que esse também será. Ele está muito divertido, está muito sincero, e penso que ele é quase um descarrego assim meu. Eu gosto muito da letra, acho muito divertida, tem um tom um pouco pesado, e é importante para mim.

Neste exato momento, dia 30 de setembro, a “Nada contra (ciúmes)”, que foi o seu último lançamento, antes de “Nosso Canto”, está na segunda posição do “Viral 50 Brazil” no Spotify, considerado um dos maiores streamings do Brasil. Como você recebeu essa notícia e o que significa ter chegado a essa posição?

Cara, eu ainda não processei essa informação (risos). Tem sido tudo muito louco, mais no final do dia, eu penso que a parte que mais me deixa feliz não é estar em primeiro lugar em uma coisa ou participar de uma playlist, apesar de serem coisas incríveis e que fazem eu me sentir bem sucedida no que eu tenho feito mais para mim a parte mais legal e mais importante é ver que as pessoas estão me escutando e estou alcançando pessoas, e elas acabam ouvindo “Na contra”, e vão procurar minhas outras músicas também, ainda ser escutada por pessoas que eu admiro muito e que eu nem imaginava que fossem me escutar um dia. Então, isso tudo, foi uma porta que se abriu e foi muito importante para mim. Eu no processei, eu acho, porém, tem sido só felicidades por causa disso. Penso que meu maior sonho é falar e ser escutada, e isso têm acontecido, então, eu estou muito feliz e muito grato, e espero que coisas assim aconteçam sempre na minha carreira.

Escrita tendo como base o seu relacionamento com suas irmãs, e falando da importância que foi crescer na companhia delas, nós sabemos que muitas famílias no mundo, não têm essa mesma sorte de terem uma união assim. Para você, qual é a importância da família em todos os âmbitos da vida de uma pessoa?

Sempre fomos muito nós cinco na minha família. Minhas irmãs e os meus pais assim, a gente sempre foi muito unidos e sempre fomos um time. Eu sinto que somos muito diferentes, inclusive eu e minhas irmãs somos bastante, porém, sinto que calhamos de estarmos juntos nessa vida e aceitamos esse desafio. Acredito que a família seja uma coisa que não necessariamente vamos nos sentir bem, que vamos nos sentir acolhidos, e vamos assumir isso, mais às vezes a gente, na família, nós escolhemos alguém que encontramos, sejam amigos, e às vezes são pessoas que realmente estão na nossa árvore genealógica. Com a minha família foi meio isso, somos pessoas muito diferentes, loucas, e todo mundo se aceita dessa forma e tenta fazer funcionar e acho isso muito bonito. Então, penso que a minha família me fez como que eu sou, toda minha personalidade, então é difícil começar a falar sobre a importância na minha vida e na vida de qualquer pessoa para bem e para mal. Família, seja ela o que for, pode ser alguém que você escolheu para manter na sua vida ou alguém que já nasceu estando perto mais, eu acho que a gente não é ninguém sozinho sabe, e a família está aí para isso, para ver a gente de todas as formas e ângulos, de todas as nossas facetas, sendo elas nas melhores ou piores fases. A minha música é muito sobre isso também, sobre não gostarmos da pessoa que a gente ama, mais que fica tudo bem. Enfim, não dá nem para começar, pois, é extremamente importante e acho muito bonito.

Uma curiosidade que você chegou a comentar, era que durante o seu processo de composição, acabou-se estabelecendo uma relação com seu eu da infância, uma questão de fazer as pazes consigo mesma. Você se considerava brigada com a sua infância?

Eu penso que não me considerava brigada necessariamente, porém, foi difícil olhar para trás por muito tempo porque, acredito que eu tive uma infância boa em termo de família e tudo mais, mais eu simples tive questões comigo mesma, e principalmente com a minha adolescência que foi muito conturbada. Acabou que me aceitar e me perdoar, me conhecer como minha melhor amiga, como uma pessoa que está ali por mim, e acredito que minha melhor aventura foi ter nascido nesse mundo e eu sou a minha maior parceira nesse sentido, então não é que nós tivéssemos brigado, só estávamos meio afastadas, e essa música veio trazendo uma aproximação, e eu nunca me senti tão dentro de mim assim na minha vida quanto agora. As melhores fases da minha vida sempre são as que me sinto dentro de mim, quando me sinto eu por inteiro. Às vezes a gente se afasta isso acontece, mais é bom saber que eu tenho um lugar para retornar, que eu me conheça e que eu posso falar com a Clarissa de anos atrás quando eu quiser também.

Fazendo algumas pesquisas, soubemos que você não é a única artista da sua família. Sua irmã mais velha participou do The Voice Brasil, a mais nova é copywriter, e por aí vai. A inspiração para se lançar no mercado veio possivelmente dessa veia familiar? Quais foram os principais questionamentos que surgiram nos seus primeiros passos?

Sim, a minha irmã mais velha participou do “The Voice Brasil”. Ela foi uma influência enorme para mim, passava horas e horas a vendo tocar piano na minha casa quando eu era criança. Ela tem uma voz muito bonita, muito mais bonita que a minha, além de ser compositora, então vê ela nesse lugar de admiração foi muito importante para minha formação como artista. Ela me ajuda assim de forma, que eu sempre mando minhas músicas para ela, pergunto o que ela acha, ou troca de experiências sobre carreira, até pela experiência dela (termos) burocráticos da coisa, contratuais e tal. Então, sem ela eu não seria nada nesse sentido. Ela me inspira muito, e ela me deu muita força. Sobre os questionamentos, penso que muito medo de me lançar, muito medo de rejeição, de não ser escutada ou mal interpretada, e minha irmã me deixou segura, me fez ter coragem para colocar a cara em tudo isso, e o apoio incondicional dela foi muito importante para mim.

O que podemos esperar de você no futuro?

No futuro, eu acredito que podemos esperar músicas muito sinceras, coisas cada vez mais verdadeiras, mais íntimas talvez, pois penso que estou cada vez tendo mais coragem de me abrir e me colocar no mundo, experimentar coisas novas. Eu gostaria muito de experimentar outros gêneros musicais, outras estéticas, então, estou literalmente só começando. Ainda tenho muito para dizer, muito mesmo, e eu gostaria de explorar formas de dizer essas coisas que tenho.

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