CHUENGUE almeja revelar sua identidade artística com o lançamento do single e lyric video intitulado “O Nascimento do Universo”, oferecendo um verdadeiro cartão de visitas ao público. Nesta nova fase de sua trajetória, o artista mergulha em um capítulo inédito, explorando os instantes iniciais de todo relacionamento.

Com uma bagagem musical que inclui sua participação na banda Cafefrio e uma década dedicada à edição audiovisual, CHUENGUE apresenta uma música experimental e amadurecida. Inspirado pela MPB e por sonoridades psicodélicas, ele mergulha no momento crucial que marca o início de uma convivência. A faixa, produzida com maestria, conta com a contribuição de talentosos músicos, incluindo Hugo Noguchi nos baixos, Felipe Duriez na guitarra, Gabriel Barbosa na bateria e Victor Cardoso no violão.

“O Nascimento do Universo” é o primeiro single do aguardado EP solo intitulado “Névoa-Nada”, com lançamento previsto para 2024, disponível em todas as plataformas de música digital.

Como foi a transição de uma década dedicada à edição audiovisual para o universo da música? Como essas experiências anteriores influenciaram seu processo criativo na produção deste single?

Uma loucura! Eu confesso que tinha dito para mim mesmo que não investiria mais em música. Estou há quase 10 anos trabalhando com edição de vídeo, quando a minha banda (Cafefrio) acabou, mais ou menos em 2016, eu não tinha mais interesse em estar na música. A música é algo que amo, mas nunca se sustentou, então eu fui seguindo por outras áreas, que eu gosto e que eu conseguia me manter financeiramente, a edição foi a principal delas. Ao mesmo tempo que me afastei da música, o universo da edição tem muito dela. O ofício exige você sacar de tempo, ritmo, fluidez de uma história, dentre muitas outras coisas.

Nessa área, muitos editores são músicos. Então eu “saí da música”, mas ela continuou ali presente, pairando. O Marcelo Vogelaar, vulgo Tchê, grande amigo, é editor e músico. Conheci o Marcelo em SP, em trabalhos de publicidade.  Ele faz parte da Holger, banda importantíssima na cena independente, e essa amizade e convivência com o Marcelo, vendo-o se dedicar a Holger e o trabalho foda que eles têm, me provocou a retomar essa coisa de lançar um disco. O Tchê foi um dos responsáveis por me fazer voltar a querer fazer música.

Me afastar da música e retomar agora depois de vários anos me trouxe um amadurecimento. Embora ainda tenha muita insegurança, eu sinto que estou tendo uma postura muito mais profissional e de visualizar esse processo como um trabalho mesmo, uma postura que não existia tanto da minha anteriormente. Agora o processo tem hora para começar e terminar, prazos, tento sempre ir até onde eu consigo e buscar o que me agrada sem pensar no que o outro vai achar. Estou fazendo estas canções, inicialmente, para mim mesmo. Esse tempo trabalhando como editor, me trouxe uma disciplina e uma visão que eu não tinha antes, e aplicar isso na música está sendo uma grande descoberta, tudo está caminhando e dando certo.

“O Nascimento do Universo” explora os momentos iniciais de um relacionamento. Poderia compartilhar um pouco mais sobre a inspiração por trás da temática e como esse tema se desenvolve na música?

O nome O Nascimento do Universo veio de um livro infantil, é um livro educativo que explica nomes de planetas, o sistema solar, aquela coisa bem didática com desenhos fofos. Eu vi esse livro e fiquei com esse título na cabeça, daí a ideia foi se desenvolvendo.

A música narra o processo de conhecer alguém, iniciar uma convivência, encontrar este alguém seria algo semelhante ao “instante zero” e a partir daí tudo se desenrola. Muitos perguntam o que significa a introdução da canção, dizem que é difícil entender, mas foi intencional.  A introdução é um trecho da famosa poesia de T.S. Elliot, The Love Song Of J Alfred Prufrock:

“Do I dare Disturb the universe? In a minute there is time. For decisions and revisions which a minute will reverse.”

Este trecho do poema complementa a letra, é um conceito quase de efeito borboleta. A letra faz estes paralelos entre coisas insignificantes e simples do cotidiano de uma convivência a dois,  com coisas  grandiosas sobre o tempo/universo. Pequenas decisões, uma infinidade de caminhos, tudo isso está fluindo junto, se esbarrando, se influenciando, e se pararmos para observar, ficaremos fascinados.

Você mencionou que a faixa é experimental e madura, com influências da MPB e sonoridades psicodélicas. Como foi o processo de criação para fundir esses diferentes estilos musicais de uma forma coesa?

Esta primeira canção e todas as outras eu trouxe compostas, harmonia, melodia e letras. Ao me juntar com o Hugo (baixo/produção musical), nós fomos começando a estruturar a música com base em diversas influências e opiniões de ambos. Eu adoro som de banda de rock, e minha intenção desde o início era fazer um trabalho solo, mas que soasse como uma boa banda tocando. Um exemplo dessa estética, são os três álbuns do Caetano com a Banda Ce, principalmente o Zii e Zie; são discos que são referenciais para mim.

A parte da psicodelia me chama muita atenção, os efeitos de guitarra, efeitos na voz; desde Mutantes e Beatles, a Boogarins e Tame Impala. Nós fomos mapeando esses interesses, estudando porque várias canções desses artistas nos chamavam atenção.

Não só “O Nascimento”, mas todas as outras composições que estarão no EP tem esse núcleo da bossa, do samba, enfim, da canção popular brasileira. Em algumas canções eu toco flauta transversal também. As músicas foram originalmente criadas como violão e voz, meu jeito de cantar é bem introspectivo, algo que remete muito à bossa nova. A missão era juntar estes conceitos, ter peso, ter sensibilidade, a banda não poderia engolir os vocais, esse era o desafio e o Hugo, com Gabriel Barbosa (bateria) e Felipe Duriez (Guitarra). Complementando o instrumental nos acompanharam também, Victor Cardoso (violão) e o Riva (Bateria). Todos eles se entregaram ao processo, eu não poderia imaginar nada melhor.

Poderia nos contar mais sobre a dinâmica da colaboração com os músicos que participaram da produção da música? Como foi trabalhar com eles e como cada um contribuiu para a sonoridade final?

Hugo e eu nos encontramos muito, presencialmente; os demais, estavam quase todo o tempo remotos. A partir das linhas de baixo gravadas, nós mandávamos a música para o Duriez e para o Barbosa. Após o baixo gravado, acrescentamos a bateria, e em seguida a guitarra. A última coisa era a voz e a flauta. Esse foi o processo de todas as músicas. Sobre “O Nascimento”, Noguchi, Barboza e Duriez foram incríveis nas suas linhas, na dedicação e nas sugestões para as canções. Sem eles este trabalho não existiria.

“O Nascimento do Universo” é o primeiro single do seu EP solo “Névoa-Nada”. O que os ouvintes podem esperar deste EP em termos de estilo musical e temáticas abordadas?

É um disco bem eclético em termos de sonoridade, mas está dentro do espectro do rock alternativo. As temáticas são sentimentais, sobre relacionamentos, mas com uma abordagem quase que fantástica, contando histórias que misturam temas cotidianos com um universo de fantasia.

Você tem uma trajetória que incluiu participação na banda Cafefrio. De que forma essa experiência anterior influenciou suas escolhas musicais e a direção artística que está apresentando agora em sua carreira solo?

Cafefrio era um projeto incrível. Eu e alguns amigos nos juntamos para realizar o sonho de ter uma banda, e fazer um som que acreditávamos muito. Tocamos muito Rio a fora, festivais, bares, casas de show, pelas ruas… Era tudo muito espontâneo, muito rápido. Na banda as decisões eram sempre coletivas e no meu atual projeto, mesmo tendo outras pessoas essenciais, a palavra final é minha, isso pesa bastante. A vivência de banda foi maravilhosa, autêntica. Tenho muito respeito por essa fase e graças a essa fase anterior hoje tenho claro muitos dos caminhos que não devo ou não seguir.

Em termos líricos e poéticos, como você abordou a complexidade dos primeiros momentos de um relacionamento na música? Há alguma mensagem específica que você deseja transmitir aos ouvintes por meio dessas letras?

A música brasileira é cheia de letras icônicas, é feita de uma poesia rica, que merece um capítulo separado das harmonias e teoria musical. Cartola, Chico, Milton, Joao Bosco, Tom Ze, e muitos outros, a lista é infindável. Quando eu escrevo uma letra, penso muito em fazer algo que surpreenda, que o ouvinte ouça e pense: que ideia foda. Eu não sei se consegui chegar a este lugar, mas geralmente é esse meu objetivo. As minhas letras em geral falam de relacionamentos, partidas, revezes comuns aos amantes. A princípio a temática parece comum, mas a abordagem está buscando um outro ponto de vista, uma nova forma. É assim que vejo estas canções.

CHUENGUE

A música já está disponível em todas as plataformas de música digital. Como tem sido a recepção dos ouvintes até agora? Existe alguma reação ou feedback que o tenha surpreendido?

No Spotify a canção tem quase 20K de plays. Eu sou um artista independente, que faz parte de um selo e distribuidora pequenos, a Nikita e o Fogo no Paiol. Não tenho contatos nos meios musicais ou quaisquer outros meios de arte. Eu considero isso um feito. Os números falam por si, a recepção tem sido ótima, tivemos algumas matérias em veículos menores, saímos em playlists e páginas. Um feito.

Além da música, você também lançou um lyric video para “O Nascimento do Universo”. Qual foi a inspiração por trás da estética visual desse vídeo e como ele complementa a mensagem da música?

As artes e a estética são feitas pelo gênio e amigo, Pedro Ryan. O Pedro é surreal! Ele conseguiu traduzir a música para uma ilustração perfeita! A estética do lyric vídeo não poderia ser outra, a ilustração do Pedro, que irá fazer toda a parte gráfica dos próximos singles e do álbum. Vamos transformar essas artes em adesivos, camisas e posters em breve.

Considerando sua jornada na música até agora, como você vê seu crescimento artístico e quais são suas expectativas e planos para o futuro, especialmente em relação ao lançamento do EP “Névoa-Nada”?

Expectativas são as de pôr o bloco na rua. Estamos focados em terminar de gravar para poder lançar o EP, quem sabe, tocar pelo Brasil. Vamos lançar clipes, live sessions e se o público pedir, teremos shows, com certeza. A estrada é longa e estamos indo com um passinho de cada vez, tendo a certeza de que já está valendo a pena.

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