A jovem atriz Beatriz Linhales está se destacando no meio artístico com diversos projetos em andamento. Beatriz integra o elenco da série “Pedaço de Mim”, a primeira série melodramática brasileira da Netflix, com previsão de estreia para 2024. A série é dirigida por Maurício Farias e conta com Juliana Paes e Vladimir Brichta nos papéis principais.

No teatro, Beatriz assume o papel principal na nova montagem da peça “Pluft, o Fantasminha”, de Maria Clara Machado, que estreia no teatro O Tablado no dia 22 de junho. Sob a direção de Cacá Mourthé, a peça marca o retorno das temporadas das obras de Maria Clara após a pandemia.

Além disso, Beatriz é protagonista do longa “Todo Mundo Ainda Tem Problemas Sexuais”, ao lado de Gabriel Portela, com lançamento previsto para 2024. Ela também participou do filme “A Miss”, onde interpreta a versão jovem de Ieda, papel dividido com Helga Nemetik, ainda sem data de estreia definida.

Já no streaming, Beatriz pode ser vista em “Álbum em Família”, disponível em várias plataformas como Canal Brasil e Google Play Filmes. O filme, dirigido por Daniel Belmonte, foi todo rodado remotamente durante a pandemia e conta com nomes de peso como Renata Sorrah e Lázaro Ramos.

Beatriz também participou de diversos curtas-metragens, incluindo “Cojones, Marina” e “Esquecemos Como Amar”, ambos selecionados para vários festivais de cinema. No teatro, ela esteve em cartaz com “O Cálice” em 2022, e participou da série educativa “Palavra Alada” exibida na TV Escola em 2021.

Com uma carreira iniciada precocemente, Beatriz tem se dedicado ao estudo e aprimoramento de suas habilidades, cursando Atuação Cênica na UNIRIO e participando de diversas atividades extracurriculares, como canto coral e dança. Sua formação inclui aulas de teatro no Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira e no Teatro O Tablado, além de participações em festivais internacionais de música coral.

Beatriz, você está no elenco da série “Pedaço de Mim”, da Netflix, ao lado de nomes consagrados como Juliana Paes e Vladimir Brichta. Como foi trabalhar com atores tão experientes e o que você aprendeu com eles?

Acho que o mais legal de projetos desse porte é justamente ter a oportunidade de beber um pouco da fonte desses artistas que já passaram por tudo que eu estou passando agora, enquanto “novata”. A nossa profissão é um estudo infinito, mas tem certas inteligências cênicas que só o tempo de estrada te dá, sabe? E ver essas pessoas com essas bagagens trabalharem, vai dando casca para o meu trabalho, também. Na série, eu fiz parte do núcleo jovem que conta também com Ágatha Marinho, José Beltrão, Vicente Valle e Pedro Manoel Nabuco, e a gente ficava babando juntos nos trabalhos dos “veteranos” que estavam ali com a gente! Sempre comentávamos o quão louco era estarmos vivendo aquilo juntos e admirando muito nossos colegas de trabalho.

Na peça “Pluft, o Fantasminha”, você interpreta o papel título. Como foi a preparação para dar vida a um personagem tão icônico no teatro infantil brasileiro?

A preparação para o Pluft teve vários meios diferentes! É um papel com uma responsabilidade enorme porque, enquanto estudante d’O Tablado, com os anos, a gente vai absorvendo a importância da obra da Maria Clara e isso, claro, passa pela Cacá também. O Pluft é um dos, se não, o personagem mais bonito que eu já interpretei. Eu amo teatro pra crianças, ainda mais quando a peça não duvida da capacidade de interpretação das crianças que vão assistir. E é isso! Pluft é uma peça pra crianças curiosas e sensíveis, que te lembra que a coragem não é a falta do medo, mas sim ter medo, e encarar mesmo assim. E eu estou num processo de coragem com esse personagem! Para me preparar, eu busquei referências muito diversas porque ele é um menino, criança, fantasma e que ainda passa por uma trajetória do herói baseada nas próprias sensações e superações, ou seja, muita coisa! Na minha pesquisa tem Teatro de Máscara, desenho animado, jogo do palhaço, crianças de várias idades, a ideia do medo enquanto instinto etc. Acho que vai ficar bonito!

Você está protagonizando o longa-metragem “Todo Mundo Ainda Tem Problemas Sexuais”. Pode nos contar um pouco sobre seu personagem e como foi trabalhar com a obra de Domingos Oliveira?

O filme conta com quatro histórias independentes e eu protagonizo uma delas: a história de Arthur e Belinha. Esse filme tem um lugar muito especial no meu coração porque eu tinha pouquíssimo contato com audiovisual na época e tinha muitas dúvidas e inseguranças. E de algum modo, fui me tranquilizando ao ver que o Domingos sempre escreveu para o teatro e sempre adaptou de uma linguagem para outra, e vice-versa. Eu pensei “É possível! Dá pra fazer!”. Parte muito importante desse processo foi a presença grudada da Priscilla Rozenbaum, um afeto imenso. A Pri é viúva do Domingos e já fez um monte de filmes dele, dirigido pelo próprio, fez teatro, fez tudo com a obra do Domingos. E ela, assim como a Renata, diretora e braço direito do Domingos, tem a obra dele de forma muito própria na cabeça e no coração. Então, o estudo de personagem, a construção das cenas, a adaptação dos textos, tudo passou por uma intimidade imensa, quase como se Domingos estivesse ali com a gente. Estou muito animada para ver o filme chegar nas pessoas que sempre viam as produções do Domingos, verem a obra seguindo seu curso de vida, sem nunca ser esquecida, só retraduzida.

Beatriz Linhales (Ruy Duarte)
Beatriz Linhales (Ruy Duarte)

No filme “A Miss”, você interpreta a versão jovem de Ieda. Como foi o processo de construção desse personagem e como foi dividir o papel com Helga Nemetik?

Quando descobri que ia fazer a versão jovem da Helga eu amei porque achei que a gente realmente se parecia! O processo foi muito divertido! Eu tive que aprender a andar de salto para uma cena, o que eu achei que seria um desastre, mas até que fluiu! A Helga é uma pessoa muito carinhosa, mesmo, e eu amei ter dividido personagem com ela que é uma atriz que eu já admiro há tempos.

Você já pode ser vista em “Álbum em Família”, disponível em várias plataformas de streaming. Como foi a experiência de rodar um filme remotamente durante a pandemia da COVID-19?

Foi uma loucura maravilhosa! O Álbum foi, não apenas meu primeiro longa e primeiro trabalho no audiovisual, como também, meu primeiro trabalho profissional, primeiro termo de autorização de imagem! Me lembro até hoje de assinar e colocar em um saquinho plástico que pudesse ser esterilizado e enviado de volta pra Raccord. As filmagens foram todas à distância, então, o figurino era meu, o laço que usei na cabeça era uma espécie de origami que fizemos com papel que tinha em casa, enfim, uma experiência completa. Eu recebi a lapela na minha casa e numa vídeo-chamada me ensinaram a ligar, colocar, etc. Enfim, foi muito divertido. E a minha cena, especificamente, era muito doida de ser feita à distância porque no texto original é uma cena romântica, tem beijo e tudo. E a prática foi que eu estava de um lado do computador e a Dhara Lopes de outro, num date que não pretendia esconder o quão era bizarro! Até hoje a gente lembra disso e ri juntas.

Participar de festivais internacionais de música com o coro SVAC foi uma grande conquista. Como essa experiência musical influenciou sua carreira como atriz?

O canto coral é muito legal porque só funciona no coletivo e, de preferência, um coletivo grande, que nem no teatro. Quando se é atriz, você precisa jogar nas onze e a música sempre foi uma das áreas de preparação, digamos assim, com que eu mais tive contato. O canto me ajudou e ainda ajuda muito em tudo na profissão, do mais óbvio como ter ferramentas para cantar em cena, até o mais sutil, como ser uma pessoa com muita consciência respiratória, saber usar as diversas formas de colocar a minha voz sem perder potência, etc. Sou muito grata à esta experiência e quero voltar a cantar coral. Sinto falta!

Beatriz Linhales (Ruy Duarte)
Beatriz Linhales (Ruy Duarte)

Além de atuar, você tem uma sólida formação em canto e dança. Como essas habilidades complementam seu trabalho no teatro e no cinema?

Uma pessoa da cena sempre precisa buscar o máximo de propriedade do seu material de trabalho, que é o corpo. Então a dança, o canto, são partes desse estudo que eu acho muito importante. Vou guardando minhas experiências numa malinha que levo comigo para todo trabalho e vou buscando sempre me aprimorar mais.

Você menciona a importância da formação acadêmica em atuação. Como sua experiência na UNIRIO tem contribuído para sua evolução como atriz?

A UNIRIO é para mim a concretização de tudo que eu acredito sobre cultura e educação. Eu amo aquele lugar e faço questão de dizer o quanto é importante lutar pela universidade pública de Artes. É uma responsabilidade de todos nós enquanto cidadãos- cuidar dos nossos centros de estudo, aqueles que abrem portas para todos (lutar, inclusive, para que o acesso seja cada vez mais amplo e democrático). Eu sou suspeita para falar porque sou meio nerd, mas acho que muda tudo quanto um artista tem também base teórica e laboratorial do ofício. Para exercer nossa profissão você não precisa de nenhum diploma, e nem deveria, porque a arte é viva e a academia costuma não ser um lugar acessível ou de fácil permanência. Mas estar na faculdade é maravilhoso! Ter contato com professores que te enriquecem, pesquisas, iniciações científicas, etc é ir colecionando experiências que me fazem uma artista mais preparada. Tenho certeza e sinto isso na pele desde que entrei na faculdade.

Em “Cojones, Marina” e “Esquecemos Como Amar”, você interpretou personagens complexos em curtas-metragens. O que você acha que esses papéis trouxeram de novo para sua carreira?

Curta-metragem é muito bacana porque é como se você precisasse cumprir a trajetória da personagem, que poderia durar uma hora e meia, em alguns poucos minutos. E eu amei gravar todos os que eu fiz, mas “Cojones, Marina” e “Esquecemos Como Amar” foram dois que me colocaram em papéis completamente diferentes e únicos. “Cojones” foi meu primeiro curta, inclusive, e está aí em vida até hoje para felicidade da equipe! Fomos para vários festivais e eu amo poder mostrar a Nina -minha personagem no curta- para todo mundo. Ela é muito divertida e honesta. Foi uma construção muito carinhosa.

Beatriz Linhales (Ruy Duarte)
Beatriz Linhales (Ruy Duarte)

Você tem uma visão clara sobre a importância do ensino público de teatro. Como você acha que a valorização da formação artística pode impactar a indústria cultural no Brasil?

Acho que ainda temos que passar por muitas discussões sobre o que se pensa da arte no país e no mundo. Parece que existem dois pólos: ou é o glamour da profissão, a fama etc. Ou é o apagamento da profissão. Para mim, cuidar da cultura é cuidar de tudo que um povo tem. É cuidar da memória e do futuro de uma sociedade. E acho que quanto mais o nosso entorno concordar com essa ideia, mais o meio artístico vai ser vasto, contemplado em incentivos financeiros que possibilitam montagem de espetáculo, ingressos a preço popular, teatro de graça! Quanto mais formos lutando pela imagem do artista como qualquer outro trabalhador, mais os nossos direitos vão sendo alcançados e mais cultura vai ser produzida por e para o país. E, para mim, o ensino público é uma das formas mais fortes de incentivar isso.

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