Ana Paula Ladeira fala sobre a manipulação e a intolerância religiosa nos dias atuais

Luca Moreira
10 Min Read

Intolerância Religiosa é a falta de respeito com as crenças escolhidas pela pessoa. Ela foi responsável por diversas guerras e pela morte de milhares de pessoas. Durante a história antiga, os primeiros cristãos foram perseguidos pelo Império Romano por considerá-los uma ameaça ao poder. Período depois de o cristianismo ser aceito e alcançar a legalidade, ele também passou a descriminar judeus, pagãos e os muçulmanos. A verdade é que, infelizmente, a intolerância persiste e ainda cresce muito nos anos atuais.

Pensando nisso, decidimos conversar com a educadora, Ana Paula Ladeira, nascida em Itaperuna, Rio de Janeiro. Casou-se em 1994 e tem duas filhas. Trabalha na área de educação, sendo graduada em Pedagogia e Ciências Contábeis. É atuante na Paróquia São José do Avahy, localizada em sua cidade natal, participando de retiros e formações como pregadora. Em 1995, foi agraciada com as aparições de Nossa Senhora Mãe do Infinito Amor – acompanhada e aprovada pela diocese local.

Desde 1996 conduz os encontros mensais no Santuário Mãe do Infinito Amor por meio de orações e pregações. Em 2019, teve a oportunidade de iniciar uma peregrinação ao Santuário de Fátima e recebeu de Nossa Senhora o pedido para escrever essa obra, com relatos de suas experiências místicas como uma forma de ajudar as pessoas no desenvolvimento da espiritualidade e da consciência de que somos todos peregrinos rumo à Casa do Triunfo. Autora do livro “Casa do Triunfo”, pela Literare Books International. Confira a entrevista:

Você possui, entre suas experiências acadêmicas, graduação em pedagogia e ciências contábeis. Como esses dois caminhos se encontraram em sua vida?

Eu sou filha de professora de educação infantil, por isso cresci em meio aos desenhos, livros, arte e afins. Minha vocação, naturalmente, inclinava-se ao magistério e, por conseguinte, fiz o curso de formação para professores e para ampliar minha empregabilidade, cursava no noturno, o Técnico de Contabilidade (extinto, no momento). Houve um concurso entre os alunos deste curso técnico para estágio em instituição financeira estatal e fui aprovada, passando a ter mais contato com este universo de ciências exatas. Escolhi a graduação em Ciências Contábeis porque era o curso, na minha cidade, que mais se aproximava da área em que atuava (Banco estadual). O tempo passa, eu sou acometida por uma doença autoimune e preciso me afastar de situações de intenso estresse. Dessa forma, para mudar os rumos da carreira, início a graduação de Pedagogia e, em seguida, sou aprovada em concurso público para atuar na Educação.

Desde o ano passado, a educação anda passando por diversos problemas relacionados a suspensão e tentativas de retorno das aulas presenciais. Na sua opinião, somente essa questão do ir e vir das estratégias de ensino podem se tornar mais prejudiciais aos alunos do que o próprio foco no ensino totalmente online?

Sem a menor sombra de dúvida, o cenário de incertezas e perdas é muito prejudicial a todos e não exclui crianças, adolescentes, jovens e adultos que estão na condição de aprendentes. É momento de testagem de estratégias, que só encontrarão respostas assertivas com o tempo. O que importa é que todos se unam pela educação, buscando alternativas plausíveis e viáveis, não apenas no campo das metodologias digitais, objetivando a minimização, o quanto possível, das perdas.

No ano de 1995, a senhora foi agraciada com as aparições de Nossa Senhora Mãe do Infinito Amor, sendo aprovada pela diocese local e conduzindo encontros mensais no Santuário Mãe do Infinito Amor por meio de orações e pregações. Poderia nos falar um pouco mais sobre como esse momento marcou sua vida e qual é a representatividade dele para a comunidade religiosa?

Em 1995, a Virgem Mãe de Deus nos visita para dar uma resposta ao clamor de nossa família, em favor de uma prima que estava gravemente acometida por uma depressão infantil. Imediatamente, procuramos um sacerdote, que depois se tornou bispo da Diocese de Campos e tivemos apoio e acompanhamento espiritual para compreendermos o que nos estava acontecendo. Sendo assim, as aparições foram particulares e sigilosas durante um ano e, depois da liberação por parte da igreja local, tornou-se pública, acontecendo dia 24 de cada mês, entre maio e outubro de 1996.
Terminadas as aparições, por gratidão e liberalidade da devota ainda mais fervorosa, que me tornei, continuei a me encontrar com algumas pessoas para que, num ato de piedade e veneração, rezássemos o terço a cada dia 24. Após um período, além do terço, iniciaram-se as celebrações de missas na Fazenda Boa Esperança, local das aparições.
A comunidade se beneficia destes encontros, agora suspensos em virtude da pandemia, através do amadurecimento e da expressão da fé que se manifesta pela vivência preconizada pelos conselhos maternais de Maria, já expressos na Sagrada Escritura – reforçados pelo Seu carinhoso modo de falar aos filhos.

Após uma peregrinação que realizou ao Santuário de Fátima, um pedido da Nossa Senhora a fez escrever o livro “Casa do Triunfo”. Como foi esse capítulo da sua vida e como foi esse pedido?

Apesar de não acontecerem, como outrora, as aparições da Virgem Maria para mim, tornei-me sensível aos seus apelos e presença materna, através de orações particulares e momentos místicos, que se desvelam pela ação poderosa do Espírito Santo.

Toda a peregrinação ao Santuário de Fátima foi preparada com orações e vivência sacramental e o pedido para que o livro fosse escrito veio em momento de oração no início do trajeto da minha cidade interiorana para a capital, Rio de Janeiro, onde embarcaríamos para Lisboa.

Muito se fala sobre tolerância, mas é perceptível o quanto a intolerância religiosa é muito maior do que a tolerância em si. Qual o seu ponto de vista sobre isto?

A intolerância não brota da religiosidade e, sim, do ser humano, que se confunde em seus sentimentos e, por vezes, despreza o fundamento da fé, que é o AMOR. Se amássemos uns aos outros de forma verdadeira, pregada por Jesus, não haveria intolerância alguma, posto que São Paulo, em I Coríntios 13, 1, afirma “ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como o bronze que soa, ou como címbalo que retine.” E ainda complementa que o “amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso, não é arrogante…Tudo desculpa, tudo crê, tudo suporta.”

O meu ponto de vista é ter um olhar de amor, sempre!

Já aconteceu em algum momento da sua vida passar por algo ruim por conta da sua religião?

A prática da minha religião nunca motivou as dificuldades da minha existência, ao contrário, minha fé me manteve de pé diante dos revezes da vida.

Em sua visão, como você explicaria o que é ter fé?

A fé é fruto de uma experiência de amor. Quando se experimenta o amor de Deus nas suas mais diversas expressões amorosas, não se concebe a incredulidade e nem mesmo uma existência sem a proximidade Dele. Não se edifica a fé segundo a lei. A fé é edificada pela vivência dos valores amorosos e protetivos que nos chegam através dos mandamentos de Deus.

O que é preciso, em sua visão, fazer para que possa controlar e extinguir a intolerância religiosa?

Como já revelei em resposta anterior, a intolerância seja religiosa ou qualquer outra, só será superada quando, no coração do homem, o amor for a maior expressão de sua fé e de sua crença. Quem ama sabe suportar!

Acompanhe no Instagram: Ana Paula Ladeira | Mãe do Infinito Amor

Share this Article