Médica explica estratégica simoes para tratar candidíase de repetição e revela ligação direta com desequilíbrio intestinal

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A candidíase vaginal é uma das infecções mais comuns entre mulheres em idade reprodutiva, atingindo cerca de 75% delas em algum momento da vida. Na maioria dos casos, o problema é tratado com antifúngicos convencionais, mas há uma parcela significativa de mulheres que enfrentam episódios recorrentes. Quando a infecção acontece quatro ou mais vezes por ano, ela passa a ser classificada como candidíase de repetição.

Para compreender melhor as causas desse quadro, conversamos com a Dra. Luciana Lavigne, que atua na área de saúde intestinal e microbiota. Ela explica que a candidíase não deve ser vista como uma condição isolada, mas como um reflexo de um desequilíbrio que começa no intestino. A médica explica que o fungo Cândida faz parte da microbiota natural do corpo humano e está presente em até 70% dos adultos saudáveis, colonizando regiões como boca, trato digestivo e genitais. No entanto, em situações de desequilíbrio da flora intestinal, a Cândida encontra condições para crescer em excesso e causar sintomas em diferentes partes do organismo.

O termo usado em gastroenterologia para esse supercrescimento fúngico no intestino delgado é SIFO, sigla em inglês para Small Intestinal Fungal Overgrowth. Já a expressão síndrome fúngica é mais abrangente, pois descreve não apenas a SIFO intestinal, mas também manifestações em outros locais, como a candidíase vaginal, micoses, dermatite seborreica e até sintomas sistêmicos relacionados à fadiga, alterações de humor e problemas digestivos.

Esse desequilíbrio, conhecido como disbiose, pode ser desencadeado por diversos fatores. O uso repetido de antibióticos, por exemplo, destrói não apenas as bactérias causadoras de infecções, mas também aquelas benéficas que competem com os fungos por espaço e nutrientes. Da mesma forma, medicamentos antiácidos, especialmente os inibidores de bomba de prótons como o omeprazol, reduzem a acidez do estômago e prejudicam a digestão, abrindo caminho para a proliferação descontrolada de fungos. Anti-inflamatórios, corticoides e anticoncepcionais também estão entre os agentes que alteram a microbiota intestinal, baixam a imunidade e favorecem esse crescimento exagerado dos fungos.

Além do uso de medicamentos, hábitos de vida pouco saudáveis contribuem para a síndrome fúngica. Estresse frequente, privação de sono e dietas pobres em fibras e ricas em açúcar enfraquecem a microbiota e o sistema imunológico. Como explica a Dra. Luciana, cerca de 80% da imunidade do corpo está concentrada no intestino. Quando esse equilíbrio é rompido, o organismo se torna mais vulnerável, permitindo que fungos, que são microorganismos oportunistas, como a Cândida, se multipliquem e desencadeiem infecções repetidas.

Os sintomas da síndrome fúngica vão muito além da candidíase vaginal. No trato digestivo, são comuns dor e distensão abdominal, gases, diarreia ou constipação. Na pele, podem aparecer dermatite seborreica, micoses e até queda de cabelo, resultado de deficiências nutricionais provocadas pela má absorção de vitaminas e minerais. Alterações de humor, cansaço constante, necessidade exagerada de doces e episódios de hipoglicemia também são frequentemente relatados. Alguns sinais curiosos podem levantar suspeitas, como sentir fome aumentada após comer maçã. Isso acontece porque o fungo utiliza o carboidrato arabinose, presente na fruta, e libera ácido tartárico no processo, o que pode provocar queda nos níveis de energia e sensação de fome após comer a maçã.

No caso específico da candidíase vaginal, os sintomas mais comuns são coceira intensa, dor durante a relação sexual, ardência ao urinar e corrimento esbranquiçado de aspecto grumoso. A infecção é causada, em 90% dos casos, pela Candida albicans. No entanto, existem cepas mais resistentes, como a Candida glabrata, que apresenta maior dificuldade de tratamento e é responsável por infecções recorrentes mesmo após o uso de antifúngicos como fluconazol e nistatina.

O tratamento convencional costuma se basear no uso de medicamentos antifúngicos, mas essa abordagem tem eficácia limitada nos casos recorrentes. Muitas mulheres relatam que a infecção desaparece temporariamente, mas volta semanas depois. Isso acontece porque, de acordo com a especialista, o problema não está apenas na região genital, e sim no intestino, que funciona como a “casa” do fungo. Enquanto o desequilíbrio intestinal não for corrigido, as manifestações continuarão surgindo.

Nesse cenário, cresce o interesse por alternativas que tratem a causa do problema. Os ajustes alimentares, tratamento do intestino, suplementação correta, fortalecimento da imunidade e até terapias complementares, como o ácido bórico, têm sido estudados e aplicados em casos resistentes. A Dra. Luciana Lavigne propõe um método baseado em três pilares principais: alimentação equilibrada, rotina de cuidados que reduzam fatores de risco e suplementação direcionada para fortalecer o sistema imunológico.

Segundo ela, apenas quando o intestino volta a funcionar em equilíbrio é possível interromper o ciclo de candidíase de repetição. “O grande segredo é entender que 80% do sistema imunológico está no intestino. Se ele está em desequilíbrio, o corpo inteiro sofre. Por isso, tratar a candidíase exige olhar para o organismo como um todo”, afirma.

A candidíase, portanto, não deve ser vista apenas como um incômodo passageiro, mas como um sinal de que algo maior pode estar acontecendo no corpo. Identificar as causas, corrigir a alimentação, fortalecer a microbiota intestinal e adotar hábitos que favoreçam a imunidade podem ser passos decisivos para prevenir não só as infecções de repetição, mas também uma série de outras manifestações relacionadas ao desequilíbrio fúngico.

Para mais informações, a
médica compartilha conteúdos educativos em seu perfil: https://www.instagram.com/dralucianalavigne?igsh=ZGthMHloYWw3bzNj

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