O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o avanço do lipedema e as suas complicações, como limitação de mobilidade e surgimento de quadros depressivos
O mês de junho é marcado pela campanha Junho Roxo, dedicada à conscientização sobre o lipedema, uma doença crônica e progressiva que afeta quase exclusivamente às mulheres. Caracterizado pelo acúmulo anormal de gordura, geralmente nas pernas e braços, o lipedema provoca dor, inchaço, sensibilidade e impacta significativamente a qualidade de vida e a autoestima. Apesar dos avanços no conhecimento sobre a condição, a falta de diagnóstico adequado continua sendo um dos maiores desafios para o seu enfrentamento.
Estimativas apontam que o lipedema atinge entre 10% e 18% das mulheres no mundo. No país, são, no mínimo, 9 milhões de brasileiras. Muitas convivem com o problema sem saber, confundindo os sintomas com obesidade ou linfedema.
“Essa confusão ocorre porque o lipedema não responde a dietas ou exercícios físicos de maneira significativa, uma vez que se trata de uma alteração no tecido adiposo causada por fatores genéticos e hormonais, e não apenas pelo ganho de peso”, aponta a cirurgiã vascular Aline Helena.
Sinais de alerta:
* Acúmulo simétrico de gordura nas pernas e/ou braços;
* Dor e sensibilidade ao toque nas áreas afetadas;
* Tendência ao surgimento de hematomas com facilidade;
* Inchaço que piora ao longo do dia;
* Preservação dos pés e mãos (sem edema).
Outro obstáculo importante é o desconhecimento entre os próprios profissionais de saúde, que contribui para diagnósticos incorretos ou tardios. Como resultado, milhares (ou milhões) de pacientes enfrentam anos (às vezes até décadas) de sofrimento físico e emocional, sem acesso ao tratamento adequado.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o avanço do lipedema e as suas complicações, como a limitação de mobilidade e o surgimento de quadros depressivos.
“Sentir dor nas pernas, notar acúmulo desproporcional de gordura e ouvir que isso é ‘normal’ ou ‘falta de esforço’ não é aceitável. O reconhecimento do lipedema é o primeiro passo para devolver a saúde e a qualidade de vida às mulheres que convivem com essa condição sem saber”, enfatiza a cirurgiã vascular.
Entre os tratamentos disponíveis estão a terapia descongestiva, o uso de meias compressivas, a prática regular de atividades físicas de baixo impacto, além de procedimentos cirúrgicos, como a lipoaspiração especializada. “O ultrassom também pode ajudar medindo a espessura do tecido adiposo, e identificando imagens de nódulos, fibrose e irregularidades da pele, que são características da doença”, explica Aline Helena.
Ao identificar um ou mais sinais de lipedema, é fundamental procurar ajuda especializada, ressaltando que o diagnóstico correto somente pode ser realizado por profissionais capacitados, como cirurgiões vasculares ou médicos com experiência na doença.
Esse acompanhamento é essencial para definir o tratamento mais indicado, prevenir a progressão do quadro e reduzir o impacto físico e emocional que a condição pode causar. Quanto mais precoce o diagnóstico e a intervenção, melhores são as chances de preservar a qualidade de vida e evitar complicações futuras.