A população do Estado do Rio de Janeiro deve ficar atenta às concessões programadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres — ANTT e Governo Estadual. Segundo o especialista em infraestrutura e logística, Paulo César Alves Rocha, com mais de 50 anos de experiência, as concessões podem causar problemas de fluidez de tráfego na chegada à capital.
“A recente concessão da BR-116 no trecho Rio-São Paulo, acende o alerta, porque inicia a concessão em Seropédica, deixando 47 Km fora da concessão junto a cidade do Rio de Janeiro, sendo que em São Paulo ela chega à Marginal Tiête. Na BR-040 no trecho Rio-Juiz de Fora, temos que a subida da serra de Petrópolis atual é uma estrada antiga que não comporta os caminhões e ônibus mais modernos”, explica Paulo César Alves Rocha.
O especialista comenta que as obras da nova subida da serra de Petrópolis estão paradas e abandonadas e que na época foi comunicado oficialmente que o Governo Federal custearia a obra. “O contrato de concessão foi rescindido, estando prevista a sua concessão este ano, mas deve se observar se o trecho inicial entre a Avenida Brasil no Rio de Janeiro e o entroncamento com o Arco Metropolitano estará na concessão, pois trata-se de trecho importante que possui trânsito intenso e que pode interferir na mobilidade das viagens a Petrópolis, Teresópolis e adjacências”, aponta o especialista.
Arco Metropolitano
Paulo César Alves Rocha explica que o arco Metropolitano tem seu trecho de Itaguaí até o entroncamento com a BR-040 abandonado, sem manutenção e segurança. “O trecho do Arco Metropolitano entre a BR-116 em Magé até a BR-101 em Manilha está em obras há anos a cargo do DNIT e poderia ser estendido até a RJ-106, possibilitando acesso direto a Maricá, Saquarema e parte de São Gonçalo, além da região oceânica de Niterói. Está programada a sua concessão”, explica.
Para Rocha, uma solução para as vias que chegam ao Rio de Janeiro e não forem contempladas nas concessões, como na Rio- São Paulo, seria a de agregar a concessão do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro os trechos iniciais da Rio-São Paulo e da BR-040.
BR-101 — Niterói e Manilha
O especialista explica que o trecho da BR-101 entre Niterói e Manilha está com obras lentas e deve ser licitada brevemente. “É muito importante que a licitação preveja o alargamento de todo o trecho e não somente de metade dele, uma solução para o trevo de Manilha, igualmente para o da entrada de Itaboraí e uma possível solução do trânsito urbano de Tanguá. O trecho inicial impacta o acesso à Niterói e à Ponte Rio-Niterói e os demais o tráfego com direção à Região dos Lagos”, pondera Paulo César que ao longo dos últimos 50 anos avalia a região.
Ponte Rio-Niterói
Na ponte Rio-Niteroi, segundo o expert, o trânsito pesado poderia ser diminuído com a construção por concessão de uma saída para a região oceânica de Niterói, passando pelo Barreto-Venda da Cruz-Tenente Jardim-Morro do Castro-Baldeador e chegando ao Largo da Batalha, desafogando a Alameda São Boa Ventura também.
“Na concessão da Ponte atual foi prevista uma passagem inferior no acesso Niterói, mas como foi feito apenas em uma pista, existe um gargalo no acesso da BR-101 para Niterói, agravando os engarrafamentos”, explica Paulo César Alves Rocha.
BR-116 e acessos ao RJ
Com relação a acessos de estradas ao Rio de Janeiro, o especialista afirma que vale a pena lembrar que deve ser estudada uma solução. “Importante rodovia que liga ao Nordeste, que vai também ser licitada este ano, no trecho da subida para a cidade de Teresópolis, pois a subida da serra atual já não comporta o tráfego de grandes caminhões e ônibus atualmente utilizados”, pondera.
O especialista sinaliza que este ano também haverá a licitação para o transporte de passageiros por barcas na Baia da Guanabara, sistema importante para a mobilidade urbana da região metropolitana.
“Além da tradicionais linhas como a Praça XV — Praça Arariboia, importante é que na concessão esteja a obrigatoriedade e não possibilidade, das ligações Praça XV-Charitas por tarifa social e não especial (pois possibilitará a implantação real das linhas de BRT para a região oceânica através dos túneis construídos para isto), Praça XV-São Gonçalo (Praia das Pedrinhas ou outro local próximo), Praça XV-Guaxindiba (que daria acesso mais fácil também a Itaboraí) e Praça XV-Gramacho (Duque de Caxias — com terminais construídos em concreto sobre a Baia por motivo de preservação do meio ambiente). Estas novas linhas além de melhorar a mobilidade urbana e dar mais conforto aos seus usuários, traria uma sensível diminuição do tráfego rodoviário, diminuído os constantes engarrafamentos”, finaliza.
*Paulo César Rocha é especialista em infraestrutura, logística e comércio exterior com mais de 50 anos de experiência em infraestrutura, transportes, logística, inovação, políticas públicas de habitação, saneamento e comércio exterior brasileiro. Mestre em Economía y Finanzas Internacionales y Comércio Exterior e pós-graduado em Comércio Internacional pela Universidade de Barcelona. É mestre em Engenharia de Transportes (Planejamento Estratégico, Engenharia e Logística) pela COPPE-UFRJ. Pós-graduado em Engenharia de Transportes pela UFRJ e graduado em Engenharia Industrial Mecânica pela Universidade Federal Fluminense. Tem diversos livros editados nas Edições Aduaneiras.