*Por Alessandro de Freitas Ferreira
Nos últimos anos, tenho observado que o grande desafio das organizações não é apenas crescer, é crescer de forma escalável, sustentável e inteligente. A expansão, quando não vem acompanhada de eficiência operacional, pode transformar oportunidades em gargalos e colocar margens em risco. Escalar um negócio, portanto, não significa apenas vender mais ou investir mais. Significa garantir que cada unidade de crescimento adicione valor real, sem comprometer a estrutura e a saúde financeira da empresa.
Quando lidero discussões sobre crescimento dentro de uma organização, costumo destacar que a primeira pergunta a ser feita não é “quanto podemos crescer?”, mas sim “quanto podemos crescer com rentabilidade?”. Esse raciocínio é o que separa o crescimento sustentável da expansão desordenada. É possível, e necessário, crescer com inteligência, especialmente em um ambiente econômico em que recursos, talentos e tempo são variáveis cada vez mais escassas.
A escalabilidade depende essencialmente de três pilares: processos eficientes, uso estratégico de dados e cultura organizacional adaptável. Sem esses elementos, o crescimento se torna frágil.
O primeiro pilar, processos eficientes, garante que a empresa tenha uma base sólida para suportar a expansão. Um processo bem estruturado é aquele que pode ser replicado, medido e melhorado. A experiência me mostrou que o ganho de escala raramente vem de grandes saltos tecnológicos ou investimentos massivos, mas de ajustes contínuos que eliminam desperdícios e maximizam o retorno de cada recurso empregado.
O segundo pilar é o uso estratégico de dados. É aqui que entra uma das metodologias que mais aplico na prática: o Cost to Serve. Essa ferramenta permite identificar o custo real de atender cada cliente, canal e produto. Ao compreender onde o valor é criado e onde ele se perde, a empresa passa a direcionar seus esforços para as operações e relacionamentos mais rentáveis. Crescer com inteligência, nesse contexto, é saber exatamente onde investir energia — e onde não faz sentido escalar.
O terceiro pilar, e talvez o mais negligenciado, é a cultura organizacional adaptável. A escalabilidade exige que as pessoas compreendam e comprem a ideia do crescimento eficiente. Não adianta redesenhar processos e implantar sistemas de ponta se a cultura interna ainda estiver presa à lógica do volume pelo volume. Uma cultura voltada à eficiência é aquela em que cada colaborador entende seu papel na geração de valor e enxerga os resultados coletivos como reflexo direto de suas decisões diárias.
Ao longo da minha trajetória como CFO, aprendi que crescer com eficiência é um processo contínuo de aprendizado. Significa medir antes de expandir, testar antes de escalar e ajustar antes de replicar. A tecnologia é uma aliada fundamental, mas deve ser aplicada com propósito e alinhamento estratégico. A digitalização só gera retorno quando está conectada à inteligência financeira e à clareza de indicadores de desempenho.
Por fim, acredito que a verdadeira estratégia de crescimento escalável nasce do equilíbrio entre ambição e prudência. Crescer com inteligência é resistir à tentação do imediatismo e construir um modelo que seja lucrativo hoje, mas também resiliente amanhã. As empresas que conseguirem fazer isso estarão um passo à frente não apenas maiores, mas mais fortes, mais sustentáveis e, sobretudo, mais conscientes de que eficiência também é uma forma de inovação.