- A faixa inaugura uma nova fase do artista, marcada por uma sonoridade plural e por uma profundidade poética que une filosofia, espiritualidade e música contemporânea
- Com influência de ritmos latino-americanos, afrobeat e da música paraense, “Despertar” combina instrumentos elétricos e acústicos a elementos eletrônicos, criando um equilíbrio entre o ancestral e o contemporâneo
Foto: André Hoff / Produção: Fruuto
O cantor, compositor e produtor Murilo Muraah apresenta nesta quarta-feira (26 de novembro) o single “Despertar”, disponível em todas as plataformas digitais pela Marã Música. A faixa inaugura uma nova fase do artista, marcada por uma sonoridade plural e por uma profundidade poética que une filosofia, espiritualidade e música contemporânea. Em meio a beats pulsantes, timbres orgânicos e arranjos que atravessam fronteiras sonoras, Muraah propõe uma experiência sensorial que convida o ouvinte à reflexão.
Segundo o artista, “a música apresenta o despertar espiritual como uma experiência coletiva, indo além da ideia de um despertar individual, algo que, no atual estado do capitalismo, se tornou um objeto de desejo, amplamente comercializado em uma espécie de supermercado da iluminação”. Em “Despertar”, o nascer do sol surge como metáfora de uma consciência compartilhada e do início de um novo ciclo, uma lembrança de que o caminho é contínuo e de que o verdadeiro despertar está em estar presente. “O despertar não representa um fim em si mesmo, mas um convite a seguir caminhando, a seguir vivendo o momento presente, rompendo com as expectativas e esperanças supra terrenas criadas por sistemas de crença que, ao desprezarem o mundo e a vida, geram opressão e ilusão”, completa Muraah.
Com influência de ritmos latino-americanos, afrobeat e da música paraense, “Despertar” combina instrumentos elétricos e acústicos a elementos eletrônicos, criando um equilíbrio entre o ancestral e o contemporâneo. “Há um sopro guitarrístico que vem da música do Norte do Brasil, e isso traz uma energia vibrante e viva à canção”, conta o artista.
A faixa é a primeira de uma trilogia produzida por Pedro Bienemann, que marca o novo ciclo criativo de Muraah. O artista destaca ainda a participação dos backing vocals livres de Bjanka, que imprimem uma atmosfera experimental e intuitiva: “Os vocais da Bjanka têm influência de Itamar Assumpção e das Orquídeas, e trazem um toque de improviso, como se a música respirasse junto com a gente”.
O resultado é uma composição que se expande a cada audição, revelando nuances e texturas que dialogam com as temáticas do autoconhecimento, da conexão e da consciência coletiva, pilares da obra atual de Murilo Muraah.
Assim como “Farol”, seu lançamento anterior, “Despertar” nasce de uma profunda relação entre música e filosofia. “Assim como a maioria das minhas músicas, compus a letra primeiro, após uma leitura de ‘Assim Falou Zaratustra’, de Nietzsche”, revela o artista. “A melodia e o arranjo inicial surgiram juntos, de forma orgânica, e o riff de guitarra apareceu cedo, os outros elementos foram chegando depois, já durante a gravação.”
A canção reflete também uma mistura de influências que vão de Nietzsche a Spinoza, do pensamento budista às buscas da física teórica por uma ‘Teoria de Tudo’, que unificaria as forças do universo. “A noção de Unicidade aparece de forma muito forte nessa música. Eu vejo o despertar como esse estado de interconexão entre todas as coisas, algo que não é só filosófico, mas humano, prático, presente”, afirma.
Além da densidade conceitual, “Despertar” mantém um pé firme na realidade. Com uma carreira que transita entre o underground e o circuito alternativo, Muraah une a linguagem poética à crítica social e à espiritualidade cotidiana.
O single ganhará também um clipe dirigido por Rodolfo Lacerda, com lançamento previsto para dezembro de 2025. O vídeo combina imagens captadas para visualizers e se divide em três momentos simbólicos: o Animal, o Homem e as Transições. “No primeiro, fui caracterizado como um fauno, coberto por plantas e galhos; no segundo, apareço mergulhado em roupas e objetos de consumo, tentando me libertar deles; e nas transições, uma corda me puxa para o alto, simbolizando momentos de despertar da consciência humana, algo parecido com o papel que o monolito cumpre no filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço, outra grande referência no meu trabalho.”
O resultado, segundo o artista, é um registro visual que amplia o sentido da música, transformando o conceito de “despertar” em algo quase ritualístico: “É sobre olhar para dentro e entender que o essencial pode se revelar além daquilo que nos cerca todos os dias, pode estar na simplicidade, na conexão com o todo e na compreensão do ser humano a partir de um ponto de vista coletivo, em constante mutação.”
Murilo Muraah iniciou sua trajetória musical ainda na infância, mas foi na adolescência, com as primeiras bandas de punk e pop rock, que descobriu o poder transformador da música. Com o passar dos anos, explorou diversas vertentes sonoras, participou de projetos sociais e educacionais e se consolidou como professor, compositor e produtor musical. Após um período dedicado à gestão de estúdios e à formação de novos talentos nas Fábricas de Cultura, o artista retomou seu projeto solo em 2024, trazendo consigo a maturidade de quem viveu a música por dentro e por fora do palco.
Com referências que vão de Mutantes, Jorge Ben e Tim Maia a Red Hot Chili Peppers, Beatles e Chico Science, Muraah cria uma fusão única entre o rock, o funk, a MPB e a experimentação eletrônica. Em seu trabalho, cada lançamento é uma etapa de uma jornada artística e existencial. “Entendo ‘Despertar’ como o meu trabalho mais forte até agora. Espero que ele atinja pessoas que estejam buscando algo autêntico ou que se identifiquem com as ideias da música. Para além dos números, a construção de conexões reais é o grande objetivo”, conclui o artista.
Com “Despertar”, Murilo Muraah reafirma sua essência de inquieto caminhante, oferecendo uma música que é ao mesmo tempo introspectiva e expansiva, um chamado poético à consciência, à liberdade e à unidade.
CONFIRA A LETRA DE “DESPERTAR”:
Nasceu o sol a brilhar
Nem a lua ousou sair do seu lugar
O universo a brincar
Num segundo o mundo ia despertar
Viu, quem tem olhos que vêem
Ouviu o silêncio a cantar
Sorriu com o que viu à sua frente
Um por um, os homens a voar
E agora não há quem não sinta
O som e a luz ao seu redor
São casa, estrada, coisa viva
São eu, você e o que é melhor
São Um
Nem o relógio a correr
Pôs de volta o tempo a comandar
Nem o mistério de ser
Trouxe o medo e a dor de volta pro sonhar
E o sonho não é mais que viver
E agora não há quem não sinta
O som e a luz ao seu redor
São casa, estrada, coisa viva
São eu, você e todos nós
E agora não há quem não sinta
O som e a luz ao seu redor
São casa, estrada, coisa viva
São eu, você e o que é melhor
São Um
São Um
São Um
São Um
São só Um
São Um
São Um
São só Um