A renomada cantora, compositora e produtora musical, Vivi Rocha, tece uma narrativa musical rica em reflexões sobre os aspectos surpreendentes e imprevisíveis da vida em seu segundo álbum, intitulado “Impermanente”. Após cativar o público com uma série de singles, a artista expande a temática de suas composições, convidando os ouvintes a se aventurarem por uma jornada sonora que aborda temas como a necessidade de redefinir trajetórias, autenticidade, amor, encontros e esperança.

A criação de “Impermanente” resultou de uma colaboração de longa data entre Vivi Rocha e seu amigo e produtor, Habacuque Lima. O processo de produção do álbum foi marcado por uma abordagem compartilhada, com as músicas sendo refinadas por meio de discussões e moldadas em conjunto. Muitas delas foram testadas com o público por meio do Instagram da artista, proporcionando um processo colaborativo enriquecedor.

O álbum apresenta um total de 11 faixas originais, incluindo uma colaboração assinada com Habacuque Lima. As músicas abrangem uma variedade de temas, desde a busca pela identidade pessoal, como evidenciado em “Um recado pra mim”, até a exploração das complexidades do amor, presente em faixas como “Com você” e “Debaixo d’água de olhos abertos”. O disco também contempla canções que refletem sobre os encontros na vida, como “Vagalume” e “Numa esquina”, além de transmitir mensagens de esperança, como em “Amanhã o sol” e “A vida volta a acontecer”.

“Impermanente” traz uma perspectiva reflexiva sobre a inquietude e a efemeridade na jornada artística de Vivi Rocha. A busca pela autenticidade permeia tanto a musicalidade quanto as letras, guiando todo o processo criativo.

Este novo álbum contribui para uma trajetória musical já estabelecida na cena brasileira. Vivi Rocha, sediada em São Paulo, é reconhecida por sua autenticidade e habilidade de se conectar com o público por meio de letras profundas e emocionantes. Após lançar seu primeiro álbum, “Entreatos”, em 2018, e explorar diversas direções musicais, a artista revela novas nuances e texturas com o lançamento de “Impermanente”.

Para concretizar este projeto, Vivi lançou uma campanha de financiamento coletivo recorrente, permitindo que os apoiadores participassem ativamente do processo de criação, desde a seleção das músicas até o acompanhamento da produção e gravação. Agora, com as canções disponíveis para o público, “Impermanente” ecoa a mensagem de que a vida é efêmera, mas a arte é eterna.

“Impermanente” parece explorar temas de autenticidade e a natureza efêmera da vida. Pode nos contar mais sobre a inspiração por trás deste álbum e como esses temas se refletem em suas músicas?

Impermanente é um álbum que foi escrito, em grande parte, ainda em um período de pandemia. A primeira canção é de fevereiro de 2021 e a última, de fevereiro de 2022. Acho que tem um pouco do sentimento de incerteza com relação à vida em muitas canções. Além disso, foi um período em que eu mudei muito e aprendi a viver melhor com as mudanças e incertezas, entendendo que a gente não tem mesmo controle sobre as coisas e que tudo bem. Então, olhando agora eu percebo que tem muito dessa jornada individual de me reencontrar e fazer as mudanças que eu precisava fazer na minha vida, junto com mudanças no mundo que a gente nem sempre entende.

Você mencionou que muitas das faixas deste álbum foram experimentadas com o público em seu Instagram. Como essa interação com seus fãs influenciou o processo criativo?

O fato de eu ter feito lives semanais no meu Instagram por 2 anos foi muito importante para este projeto. Eu não acho que a interação com os seguidores tenha me influenciado diretamente na escrita das canções, mas me fez escolher com mais certeza que entrariam para o álbum. Semana a semana eu via quais canções eram mais pedidas, quais as pessoas mais gostavam. Na hora de fechar as canções do álbum, as favoritas tinham que entrar. Uma das canções, Novos nortes, foi resultado de uma live em que pedi histórias dos seguidores. Sorteei uma das histórias e escrevi essa canção a partir da história que recebi. De certa forma, Novos nortes só existem por causa dessa interação via lives de Instagram.

O álbum apresenta uma colaboração com Habacuque Lima. Como foi trabalhar com ele e como sua parceria contribuiu para o som e a narrativa do álbum?

O Habacuque produziu o álbum e o resultado é o que é graças ao trabalho dele. Além de produtor, o Haba é um amigo meu e o processo todo de fazer esse álbum passou por muitas conversas, trocas e muitas sugestões dele. Eu sinto muito que foi um trabalho totalmente realizado em conjunto. Eu gosto muito de produção musical porque quem produz (se fizer isso de forma sensível, respeitosa e inteligente) tem a capacidade de levar as canções para outros lugares e amplificar a mensagem do compositor. Sinto que o Haba conseguiu isso nesse trabalho. No caso de numa esquina, parceria que entrou para o álbum, ela já estava pronta quando o Haba sugeriu que eu escrevesse um refrão. Eu testei várias coisas, mas gostei mais das frases que ele sugeriu. Assim, veio a parceria.

Uma das faixas se chama “Um recado pra mim”. O que essa música representa para você e como ela se encaixa na história geral de “Impermanente”?

Um recado para mim é uma canção que me leva para um lugar muito nostálgico. Ela conta a história de como eu entrei para a música. A história é toda ambientada na casa da minha avó no Rio de Janeiro e a produção toda ficou muito leve e divertida. Acho que ela acaba representando o momento em que a impermanência primeiro aparece na minha vida, a primeira mudança de rumo significativa que aconteceu (a partir dali seriam muitas).

A busca pela autenticidade é um guia importante para este álbum. Pode compartilhar como você traduz essa autenticidade em suas escolhas musicais e líricas?

Eu já transitei por vários universos (o mundo da ópera e do canto lírico, a música brasileira, o jazz) e procuro ouvir de tudo porque adoro novidades! No decorrer da minha trajetória como compositora, eu busco sempre incorporar coisas novas que ouvi, mas me mantenho fiel àquilo que eu quero dizer. As canções dificilmente saem se aquilo não reverbera em mim de alguma maneira. Como alguém que sempre buscou seu lugar no mundo e nunca encontrou um lugar específico, eu brinco que eu construo o meu lugar e ele pode, inclusive, mudar. Acho que as minhas canções refletem isso. Neste álbum, eu junto minha vivência coral (com os muitos arranjos vocais) e incluo uns vocais líricos no fundo de uma ou outra canção. Isso representa muito a minha trajetória como cantora. Gosto de adaptar o jeito de cantar à mensagem de cada canção e explorar o que a voz é capaz de comunicar. Minha voz não vai ser sempre a mesma. E nisso, acho que o Habacuque também foi muito feliz na produção, conseguindo misturar linguagens e criar atmosferas diferentes para cada canção. A mensagem toda (vocal, musical, da produção) são a impermanência e a autenticidade.

As letras de suas músicas frequentemente exploram emoções profundas. Você acha que a música é uma forma eficaz de expressar sentimentos e se conectar com o público?

Eu tenho certeza! Talvez o aspecto principal da música para mim seja a conexão emocional, a expressão de estados de espírito e até a possibilidade de se mudar de humor com ela. A música me acompanha em todos os momentos, alegres, tristes, de celebração, de introspecção. Tem sempre alguma música que combina com o momento. E acho que, numa sociedade que dá tanta importância ao que é funcional, ouvir música, ir a um show ou a uma festa acaba sendo um momento de permissão para lidar com sentimentos. Para mim, é algo extremamente necessário.

Qual é a faixa do álbum que mais a emocionou ou que você acredita ter uma mensagem particularmente poderosa que deseja compartilhar?

Uma pergunta muito difícil! Talvez a que mais me emocione seja Novos nortes. Como eu falei, foi uma canção inspirada na história de uma seguidora. No entanto, ela reverbera muito em mim. É como se fosse a minha história também. Eu já me mudei muito de casa e o refrão diz muito sobre a minha própria vida: “onde se esconde o segredo que transforma o medo em norte? De quando em quando é possível transmutar um lar em sorte?”. Além disso, o arranjo da música me fez chorar muito a primeira vez que eu ouvi. Mandamos a faixa para o Danilo Andrade fazer os arranjos de cordas e não consegui deixar de chorar quando ouvi pela primeira vez. Sempre me emociono cantando em shows. Além dela, tenho carinho especial por Impermanente, porque tem muito a ver comigo. E acho que fácil demais tem uma mensagem que tem que ser ouvida.

Como você descreveria a jornada que este álbum proporciona aos ouvintes? Quais emoções ou reflexões você espera que eles experimentem ao ouvir “Impermanente”?

Eu gosto de deixar as pessoas livres para sentirem e entenderem o que quiserem. Acho que essa é a beleza da arte. Uma vez que um trabalho sai, ele não é mais meu. Eu espero que as pessoas possam viajar para onde quiserem, mas que possam se sentir esperançosas e com vontade de serem elas mesmas.

Além da música, você também é professora de canto. Como a sua experiência na docência influencia sua abordagem criativa à música?

Eu aprendo muito ensinando. Muito mais sobre as pessoas e como acessar nelas os caminhos para aprender. Também acabo conhecendo mais músicas por conta dos alunos e me permito aprender e ouvir outros jeitos de cantar e fazer música sem preconceitos. Acho que a diversidade ensina muito.

Finalmente, o financiamento coletivo desempenhou um papel fundamental na realização deste projeto. Como foi a experiência de envolver os apoiadores no processo criativo e na produção deste álbum?

Foi maravilhoso! Ter pessoas por perto acompanhando cada passo foi importantíssimo para que o álbum saísse como saiu. Ouvir as opiniões das pessoas e saber as canções favoritas foi muito interessante e muito diferente do processo do meu primeiro trabalho. Quando gravei Entreatos (meu primeiro disco) eu não sabia se alguém ia gostar das canções. Era lançar para depois descobrir se aquilo que eu queria tanto falar reverberava em alguém. No caso de Impermanente, eu já tinha uma pequena amostra, já sabia que tinha algumas mensagens fortes ali. É muito bom saber que tem gente que já espera pela sua música.

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