Cria do Rio de Janeiro e conhecido como VN, Vinícius Rodrigues é inspiração para jovens pretos da periferia. Após se destacar no passinho e participar da série Disney+ Passinho, Ritmo dos Sonhos, ele agora dá um novo passo em sua carreira artística ao integrar o elenco do musical Rio Uphill. O espetáculo, que estreia em 27 de outubro no Teatro Adolpho Bloch, narra o encontro de dois jovens cariocas de realidades opostas, trazendo à tona desafios sociais em meio às reviravoltas da véspera de Ano Novo.
Você começou no time do passinho, destacando-se como dançarino. Como essa trajetória inicial ajudou a construir sua identidade artística e abriu portas na sua carreira?
Comecei nas danças urbanas aos 10 anos de idade. Com 16, conheci o movimento do passinho, e aos 18 comecei a trabalhar em uma companhia de dança contemporânea que aborda esse estilo.
Fazer parte da série Passinho, Ritmo dos Sonhos no Disney+ foi um marco na sua jornada. Como foi a experiência de integrar esse projeto, e qual foi o impacto dele na sua vida profissional?
Foi incrível demais! Essa foi minha primeira série, meu primeiro grande projeto. Vivi um sonho e me sinto muito realizado por conseguir entrar em uma bolha tão fechada como a do cinema.
Agora você estreia nos palcos com o musical Rio Uphill. Como está sendo a transição do universo da dança e da televisão para o teatro musical?
O Rio UpHill não é meu primeiro musical. Estreei nos palcos dançando, mas, como ator, já participei de peças como Cidade Invisível, Resistência: Um Sonho Se Realiza, Musical Favela e do musical internacional The Birds, que estreou na Grécia. Agora, com o Rio UpHill, tenho um carinho especial, porque amo interpretar meu personagem. Além disso, os outros atores também são incríveis.
O musical aborda desigualdades sociais e o encontro de realidades opostas. De que forma essa narrativa ressoa com a sua própria história e visão de mundo?
A peça é muito forte, porque realmente abordamos questões que acontecem dentro da comunidade. As pessoas acham que na favela só existe violência e que favelado não sabe fazer nada. Levar essa realidade para um palco na Zona Sul e mostrar o que realmente é uma comunidade é extremamente emocionante.
Como dançarino e coreógrafo, o que você sente que a dança adiciona à sua atuação no musical? Há uma troca única entre esses talentos durante as apresentações?
Confesso que fiquei muito focado na criação do meu personagem. Ele não tem nenhuma relação com a dança, apesar de gostar de dançar no baile. Como é um musical, há uma necessidade de conexão com dança e canto, mas meu foco principal foi na interpretação. O melhor de tudo foi sair do rótulo de dançarino e não fazer um personagem ligado à dança. Trabalhei profissionalmente com dança por 10 anos, mas meu foco agora é outro: quero ganhar vários prêmios por minha atuação. Ser um dançarino que está se destacando como ator já é incrível, mas eu quero mais! Sou visionário, quero crescer ainda mais!
Você é inspiração para muitos jovens pretos e periféricos que sonham com a arte. Qual conselho você daria para quem deseja transformar desafios em oportunidades, como você fez?
Pode parecer clichê, mas digo sempre: se você tem um sonho, corra atrás, faça ele acontecer e acredite. Se você não acreditar no seu próprio sonho, ninguém fará isso por você. Não será fácil, mas, quando você começar a alcançar seus objetivos, vai perceber que valeu a pena não desistir.
O Rio de Janeiro é cenário recorrente nas suas redes sociais e nos seus projetos. Como a cidade influencia sua criatividade e como você busca representar a essência carioca na sua arte?
Onde quer que eu vá, sempre digo que sou cria da favela da Vila Cruzeiro. Ninguém escolhe nascer lá; você simplesmente cai de paraquedas. Hoje em dia não moro mais lá, mas minha raiz e minha essência nunca se perderão. Levarei isso comigo para o resto da vida.
Estrear em um musical é um grande passo, mas o que mais você deseja conquistar em sua carreira como artista multifacetado? Há outras áreas que você gostaria de explorar?
Como já mencionei, este não é meu primeiro musical, assim como não é meu primeiro trabalho no audiovisual. Mas, para mim, está sendo incrível. Quero meu nome nos holofotes!
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