Após quatro décadas de separação, Rosangela Marto reencontrou o amor da sua vida, superando desafios e traumas para reconstruir a própria felicidade. Em sua autobiografia de estreia, De volta para o meu lugar, Rosangela narra sua jornada de redescoberta, desde um romance juvenil interrompido até a superação de um relacionamento abusivo e a reconquista da autoestima aos 62 anos. A obra é um manifesto de esperança e resiliência, especialmente direcionado a mulheres que buscam se reinventar em meio às adversidades da vida.
Como foi para você reencontrar o grande amor de sua vida após quatro décadas? Quais foram os sentimentos e pensamentos predominantes nesse momento?
Foi uma experiência profundamente surpreendente e emocionante, algo que eu considerava improvável. Esse momento foi uma verdadeira montanha-russa de sentimentos, onde a alegria se misturou com uma pitada de receio. Eu pensei que o tempo e as mudanças pudessem ter alterado o que um dia foi tão intenso. Mas ao contrário, estávamos com mais maturidade para poder viver este amor. No fundo, porém, prevaleceu uma sensação de gratidão e esperança de ser feliz e amada de verdade.
Você menciona em seu livro a experiência de um relacionamento abusivo e como isso afetou sua autoconfiança. O que você aprendeu sobre si mesma durante esse período e como isso influenciou sua decisão de se separar?
Durante o período do relacionamento abusivo, minha autoconfiança foi severamente abalada: eu questionava a minha capacidade de fazer escolhas saudáveis em relacionamentos. Esse desafio expôs uma faceta dolorosa de mim mesma: a dependência emocional, uma busca constante por validação e amor. No entanto, foi também um período de autodescoberta profunda. Aprendi que, apesar da vulnerabilidade, possuo uma força e coragem inesperadas. Esse reconhecimento de minha própria resiliência foi fundamental para minha decisão de sair deste relacionamento extremamente tóxico, pois me impulsionou a buscar um futuro em que eu pudesse cultivar minha autoestima e recuperar a minha essência.
O livro aborda a importância da esperança e da luta pelos sonhos, independentemente da idade. Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou para manter essas esperanças vivas e como conseguiu superá-las?
Manter a esperança e lutar pelos meus sonhos, independentemente da idade, apresentou desafios significativos, especialmente devido ao desdém constante do meu ex-marido em relação às minhas inspirações e criatividade. Era como nadar contra a correnteza, onde cada conquista parecia uma batalha árdua. No entanto, a fé em uma força superior, que acreditava estar sempre me amparando, foi crucial para superar essas dificuldades. Essa crença me forneceu a força e a resiliência necessárias para continuar avançando, mesmo quando as adversidades pareciam insuperáveis. A certeza de que havia um propósito maior me sustentou e ajudou a manter viva a chama da esperança, permitindo-me transformar obstáculos em degraus para realizar meus sonhos.
Você descreve em detalhes o impacto do envelhecimento em sua vida e como isso influenciou sua jornada. Como você faz as pazes com o envelhecimento e o que aprendeu a valorizar nessa fase da vida?
Encarar o envelhecimento foi uma jornada de transformação e aceitação. Em vez de me concentrar nas perdas, escolhi abraçar as vantagens que essa fase da vida me ofereceu, como a riqueza de experiências e o conhecimento acumulado ao longo dos anos. A transição para os cabelos grisalhos, que inicialmente poderia parecer um desafio, revelou-se uma fonte inesperada de autoconfiança e autoestima. Enfrentar críticas e olhares estranhos com elegância e bom humor foi essencial para lidar com as mudanças naturais, como rugas e menopausa. Aprendi a valorizar essa fase da vida como um momento de sabedoria e autoconhecimento, onde a verdadeira beleza reside na aceitação e na serenidade com que vivemos nossas transformações.
A narrativa do seu livro é rica em nostalgia e referências à década de 1970. Como a evocação dessa época ajudou a contar sua história e o que essa nostalgia representa para você hoje?
A evocação da década de 1970 em meu livro desempenhou um papel crucial na narrativa, permitindo-me reviver emoções profundamente enraizadas, quase como se estivessem gravadas em minhas células. Por muito tempo, esses sentimentos foram enterrados, mas ao trazê-los à tona, consegui recontar minha história de maneira sensível e autêntica. A nostalgia que experimentei representa para mim um tesouro precioso, um sentimento de gratidão por ter a chance de reviver e compartilhar essas memórias. Além disso, essa evocação ressoa com muitas mulheres que me acompanham nas redes sociais, permitindo-me tocar suas próprias lembranças e experiências de forma significativa e conectada.
Você fala sobre a importância de ter um espaço pessoal e a busca por um lugar onde pudesse ser apenas você mesma. Como essa busca por identidade e espaço pessoal moldou sua vida e suas decisões?
A busca por um espaço pessoal e a necessidade de ser verdadeiramente eu mesma transformaram minha vida de maneira drástica. Esse processo foi como um retorno à minha essência infantil, repleta de sonhos e determinação para realizá-los sem medo do julgamento alheio. Essa jornada não apenas me proporcionou uma sensação indescritível de realização, mas também permitiu que eu finalmente perseguisse o desejo de me tornar escritora, um sonho que antes parecia inalcançável. Encontrar esse espaço pessoal foi fundamental para abraçar minha identidade e me capacitar a viver plenamente, moldando minhas decisões e minha vida de uma forma que eu nunca havia imaginado possível.
Seu livro também aborda a superação de um relacionamento difícil e a experiência de viver em um país com uma cultura e uma língua diferentes. Como essas experiências contribuíram para sua visão sobre resiliência e adaptação?
Sou profundamente grata pelas experiências de superar um relacionamento difícil e viver em um país com uma cultura e língua diferentes, pois elas revelaram uma força interior que eu não sabia que possuía. Esses desafios me proporcionaram uma perspectiva valiosa sobre resiliência e adaptação. Ao me deparar com uma nova cultura, tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis, respeitar suas tradições e aprender com elas, o que enriqueceu minha vida de maneira imensurável. Essas vivências não apenas ampliaram minha visão sobre o mundo, mas também fortaleceram minha confiança em minha capacidade de enfrentar e superar adversidades. Cada dificuldade superada e cada lição aprendida contribuíram significativamente para meu crescimento pessoal e profissional.
Agora que você está lançando seu primeiro livro, o que espera alcançar com sua história e qual mensagem você gostaria que os leitores, especialmente as mulheres, levassem ao ler “De volta para o meu lugar”?
Com o lançamento de meu primeiro livro, “De volta para o meu lugar”, meu maior desejo é eternizar minha história e compartilhar suas várias mensagens de esperança e transformação. Espero que o livro inspire o renascimento do amor e do romantismo, especialmente para aquelas mulheres que talvez tenham perdido a fé nesse sentimento. Quero encorajar mulheres que enfrentam a dependência emocional a buscar ajuda profissional, rompendo as prisões internas que as impedem de viver plenamente. Meu objetivo é que cada leitora se reconecte com sua essência e descubra que a felicidade não é uma ilusão, mas uma realidade acessível a todas. Minha mensagem é que cada mulher merece experimentar o amor verdadeiro e a realização de seus sonhos, e espero que minha história sirva como um farol para essa jornada de autodescoberta e empoderamento.
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