Rogério Andrade Barbosa: Um legado de literatura e história para crianças e jovens

Rogerio Andrade Barbosa (Luciane Stochero)
Rogerio Andrade Barbosa (Luciane Stochero)

Com uma carreira literária que se estende por 35 anos e mais de 100 livros publicados, o escritor, palestrante e contador de histórias Rogério Andrade Barbosa tem deixado uma marca indelével na literatura infantil e juvenil. Ex-voluntário das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Barbosa é celebrado por suas contribuições em eventos literários e feiras do livro ao redor do mundo, incluindo países como Alemanha, Cuba, Itália, México, Peru, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Etiópia, República Dominicana e Portugal. Sua obra, traduzida para diversas línguas como inglês, espanhol, alemão, sueco e dinamarquês, ressoa com leitores de diferentes culturas e idades.

Rogério também participou de congressos do IBBY (International Board on Books for Young People) em várias cidades globais, como Cartagena (Colômbia, 2000), Basel (Suíça, 2002), Cape Town (África do Sul, 2004), Macau (China, 2006), Copenhagem (Dinamarca, 2008) e Accra (Gana, 2019). Sua presença nesses eventos não só enriquece a discussão literária internacional, mas também inspira novos escritores e educadores com suas histórias e experiências únicas.

Entre as numerosas distinções recebidas por Barbosa, destacam-se os prêmios Altamente Recomendável para Crianças e Jovens pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), The White Ravens na Alemanha (1988 e 2001), a Lista de Honra do IBBY na Suíça (2002), o Troféu Vasco Prado na Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo (2003) e o Prêmio da Academia Brasileira de Letras de Literatura Infanto-Juvenil no Rio de Janeiro (2005). Além disso, ele foi homenageado com o Prêmio ORI 2007 pela Secretaria das Culturas do Rio de Janeiro por seu destaque na valorização da matriz negra na formação cultural do Brasil, e recebeu o Selo Distinção Cátedra Unesco de Leitura pela PUC-Rio. Esses reconhecimentos sublinham a importância de sua obra e seu impacto duradouro na literatura e na educação.

O que o inspirou a se tornar escritor e contador de histórias, especialmente focando na literatura infanto-juvenil?

Antes do escritor vem o leitor, já que lia muito durante a minha infância e juventude. E quem gosta de ler, geralmente gosta de escrever também, nem que seja cartas ou diários como eu fazia. Mas não sonhava em ser escritor. Tudo começou quando regressei da Guiné-Bissau, país africano onde trabalhei como professor durante dois anos.

Quais são as principais influências literárias que moldaram sua escrita, especialmente no contexto da literatura Afro-Brasileira?

Não tenho uma influência literária marcante em minha escrita.

A coleção “Bichos da África” teve um enorme sucesso, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos e traduções em vários idiomas. O que o inspirou a criar essa série?

Quando retornei da Guiné-Bissau, no início dos anos 80, percebi que não havia no mercado livros para crianças sobre os contos tradicionais africanos. Daí, aproveitando a minha experiência na África e em tudo que vi e ouvi por lá, resolvi escrever o meu primeiro livro, no qual um avô conta histórias para as crianças da aldeia.

Como suas experiências como voluntário das Nações Unidas na Guiné-Bissau influenciaram sua escrita e sua visão sobre a literatura infanto-juvenil?

A Guiné-Bissau me deu régua e compasso na minha carreira.

Você participou de eventos literários e Feiras do Livro em diversos países. Como essas experiências internacionais impactaram sua carreira e a divulgação da literatura brasileira no exterior?

Participar de feiras literárias no exterior é sempre gratificante e um sinal de reconhecimento de minha literatura. Já fui o autor brasileiro homenageado na Feira do Livro de Gotemburgo, Suécia, e, agora, em agosto, fui convidado pelo Ministério da Cultura, para participar da Feira Literária de La Paz, Bolivia.

Seu trabalho com programas de incentivo à leitura e a literatura Afro-Brasileira é bastante significativo. Pode falar mais sobre alguns desses programas e seu impacto nas comunidades?

O livro é como um espelho, no qual todas as crianças, não importa o tom de sua pele, se vejam representadas. Em meus livros a presença da cultura africana e afro-brasileira está sempre presente. Portanto, contribuem para uma série de programas.

Outro livro que chama muita atenção é o “Rômulo e Júlia: os caras-pintadas” aborda temas importantes como o movimento estudantil e a ditadura. O que o motivou a escrever sobre esses temas em um livro para jovens?

Já publiquei, em 35 anos de carreira, mais de 100 livros infantis e juvenis. A maioria deles sobre a temática africana e afro-brasileira, mas tenho livros também de “aventuras, de amor, de terror e sobre o folclore brasileiro”. Eu não sou de escrever histórias água com açúcar para o público jovem. Rômulo e Júlia toca em questões delicadas, como tortura, presos políticos movimentos estudantis. Surgiu quando eu presenciei uma grande passeata de jovens cara-pintadas pedindo o impeachment do presidente Collor.

Como você vê o futuro da literatura infanto-juvenil no Brasil e qual o papel da literatura na formação de jovens leitores?

O futuro de nossa literatura infanto-juvenil é promissor, pois somos um dos países que mais publicam livros pro público jovem, além de termos um número expressivo de ótimos autores.

Que conselho você daria para jovens escritores que estão começando agora, especialmente aqueles interessados na literatura infanto-juvenil e na literatura Afro-Brasileira?

Leiam, leiam e leiam bastante, antes de dar os primeiros passos na escrita.

Olhando para trás, em seus 35 anos de carreira, quais foram os momentos mais marcantes e o que você gostaria de compartilhar com seus leitores sobre sua jornada?

Prêmios são importantes, mas o melhor prêmio que um autor pode receber é o reconhecimento de seus leitores, seja por cartas, e-mails, ou sessões de autógrafos. Quando criança eu viajava nas páginas dos livros, e hoje em dia eu corro o mundo graças aos meus livros. E são nessas viagens e encontros literários que ocorrem uma infinidade de momentos marcantes.

Acompanhe Rogério Andrade Barbosa no Instagram

Share this Article