Representatividade nas telinhas: Gahbi estrela no elenco de “Elas Por Elas” da Globo

Luca Moreira
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Gahbi

Gahbi é muito mais do que apenas um ator. Com uma carreira de 13 anos que abrange teatro, cinema, televisão, comédia e até mesmo a cena Drag Queen, Gahbi é uma figura emblemática no cenário cultural brasileiro. Nascido em Brasília e agora radicado no Rio de Janeiro, este artista não-binário tem se destacado não apenas por seu talento versátil, mas também por seu ativismo e pela conquista histórica de retificação de gênero em uma ação judicial individual no Distrito Federal.

Antes conhecido como Gabriel Borges, Gahbi fez a transição de gênero e adotou seu novo nome artístico como parte de sua jornada pessoal de autodescoberta. Essa mudança reflete seu compromisso com a representatividade e a diversidade na indústria do entretenimento, e na sociedade em geral. Gahbi é uma das vozes pioneiras na busca por maior visibilidade e aceitação das pessoas não-binárias.

Sua carreira é uma verdadeira tapeçaria de talento, com experiência em diversas áreas. Ele atuou em peças de teatro de grande sucesso, como “CINDERELA”, dirigida por Luisa Thiré, e “O INFERNO”, uma adaptação da obra de Dante Alighieri. Na televisão, fez participações em novelas e seriados, incluindo “Boogie Oogie” e “Os Homens São de Marte E É Pra Lá Que Eu Vou”. Além disso, Gahbi também deixou sua marca no cinema, com participações em filmes como “NÃO SE ESQUEÇA DE FECHAR A JANELA” e “O QUE VOCÊ TEM DE MAIS FORTE?”.

Um dos projetos mais marcantes de Gahbi foi a criação do curta-metragem “DESMONTE COM GABI”, que explora a arte transformista e a cultura drag queen. O filme recebeu prêmios e reconhecimento em festivais e eventos LGBTQIA+ e destaca a importância de dar visibilidade a essas formas de expressão artística.

Atualmente, Gahbi está brilhando na novela “ELAS POR ELAS” da TV Globo, onde interpreta o personagem Polvilho. Esta novela é notável por sua inclusão de uma protagonista trans e por sua representação diversa e inclusiva.

Além disso, Gahbi está envolvido em uma série, um filme e outros projetos futuros que prometem continuar a expandir seu impacto na indústria do entretenimento e a promover a diversidade e a representatividade. Confira a entrevista:

Você fez história ao conseguir a retificação de gênero em uma ação judicial individual no Distrito Federal. Pode nos contar mais sobre essa experiência e como isso impactou sua vida e sua carreira?

Antes de tudo, preciso dizer que essa conquista só foi possível graças ao apoio, incentivo e ação da minha mãe, Vera Adelaide, e da minha amiga e advogada nesse processo, Cíntia Cecilio. Tudo começou com o meu desejo e de minha mãe de mover uma ação judicial para acréscimo dos sobrenomes dela e de minha avó ao meu nome. Sou de 1988 e, embora nascido em Brasília, venho de uma família de raízes interioranas de Goiás e, na época, era vigente uma tradição machista de registrar os filhos só com os sobrenomes da família paterna. No meio dessa movimentação e após muitos processos e transformações pessoais, apareceu em mim a identificação como TRANSGÊNERE NÃO-BINÁRIE. O lugar da não-binariedade surgiu como possibilidade de existir e ser socialmente dentro do que sou e tenho permitido me expressar.

Daí, descobri, através do Instagram que, em alguns lugares pontuais do Brasil, pessoas não-binárias estavam lutando, individual ou coletivamente, e conseguindo alterar o gênero para não-binárie na certidão de nascimento e demais documentos. Foi aí que conheci e dialoguei com a multiartista não-binária Amon Kiyá, que tinha conquistado esse direito no Rio de Janeiro. Como a representatividade é importante! Através desse exemplo, foi despertado em mim o desejo de fazer a minha retificação.

Procurei por alguns advogados antes de encontrar a Cíntia Cecilio, todos homens hetero-cis. A maior parte deles estava interessada somente no acréscimo dos sobrenomes da minha mãe e da minha avó, mas não compreendendo ou descredibilizando o desejo da mudança de gênero. Saí pesquisando e encontrei a Cíntia Cecilio no Instagram, como presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB-DF. Ela me respondeu de prontidão, conversamos, ela me colocou as possíveis implicações previdenciárias e em outros setores. Falamos com minha mãe, que custeou esse processo e me deu todo apoio e afeto. Sabíamos que era uma ação pioneira e que as batalhas não seriam tão simples. Não foram simples mesmo. Ainda há muito preconceito mascarado de burocracia.

Entre ser homem ou mulher, eu sou uma falha no CIS-tema. Ser NÃO-BINÁRIE talvez seja meu modo de negar as normas de uma sociedade que me negou tanto, e seja uma nova possibilidade de haver um lugar no mundo pra mim. Isso impacta diretamente minha vida pela nova forma como vou me relacionar com as pessoas e promove mudanças na minha carreira porque acredito que, quanto mais tomamos posse do que somos, mais abrimos caminhos profissionais.

A mudança do seu nome artístico para Gahbi está relacionada à sua identidade não-binária. Como foi a transição de se identificar como Gabriel Borges para adotar o nome artístico Gahbi? Como essa mudança refletiu em sua carreira e na forma como você é percebido na indústria do entretenimento?

Manterei meu nome GABRIEL na certidão, já que cresci ouvindo que é nome de anjo e não há criatura mais não-binária do que os anjos, né? (risos) Além disso, minha mãe que escolheu meu nome. Como sou ator, há um nome artístico que acaba funcionando como nome social, o meu foi GABRIEL BORGES por mais de 13 anos de carreira, mas agora é GAHBI. Gahbi contempla elu, ela e ele. Tudo a ver com quem tenho me tornado.

Teve um momento que fiquei inseguro de mudar meu nome artístico porque já usava o antigo por toda minha carreira, alguns colegas falaram que era ousadia demais. Mas estava renascendo de certa forma e tinha em mim a sede de renovação, transformação, mudança e reconstrução. Esse desejo de mudança surgiu ainda na pandemia, lembrei que a Luisa Thiré (minha amiga, madrinha no teatro carioca e pessoa com quem trabalhei bastante) me chamava de Ga[á]bi, eu curtia essa sonoridade. Passei madrugadas conversando com meu amigo, o ator e cineasta Luca Picorelli, sobre possibilidades de novos nomes. Sondei a opinião de amigas próximas. Aí falei com minha amiga, a atriz Carol Romano, que foi certeira no significado de Gahbi na numerologia, tinha tudo a ver.

Essa mudança acompanhou o florescimento de muitas oportunidades profissionais, então acho que foi boa e próspera. Na indústria do entretenimento, tem uma situação engraçada que se repete, quando perguntam qual meu nome e digo Gahbi, sempre vem depois um “sim, mas Gahbi de quê?” e eu digo “Gahbi de Gahbi mesmo” (risos). Na música, é mais comum artistas de um nome só, tipo a Sandy, Anitta, Ludmilla. No meio das atrizes e atores, agora tá rolando uma onda nova de aparecer nomes únicos.

Gahbi

Você é a primeira pessoa não-binária a conseguir a retificação de gênero em uma ação judicial individual no Distrito Federal. Qual a importância dessa conquista?

Amo e admiro, pessoal e profissionalmente, a Linn da Quebrada. Aprendi com ela a pensar sobre o conceito de fracasso, como “ser o fracasso das expectativas que criaram sobre nós” e que é importante exercitar e entender situações em que você fica desconfortável consigo mesmo em prol dos outros ficarem confortáveis a todo custo. É preciso estar consciente disso para lutar por uma mudança como essa, é mais um lugar dissidente.

Eu sou na força do afeto ou da fúria. É um jeito de (sobre)viver. Cada um terá de mim o que merece. Isso é libertador. Confesso que fiquei feliz com a vitória no processo e acho um dado muito relevante o fato de estar aqui, não como mais uma estatística de morte, como muito, infelizmente, ainda aparecem pessoas trans e travestis, e sim para celebrar uma conquista. Assim como tantas pessoas LGBT+ abriram os caminhos para eu estar aqui vivo, quero que outras pessoas não-binárias possam também viver essa realização.

Vejo essa conquista como uma conquista de todes, todas e todos! Espero que possa abrir caminhos pra que outres não-bináries não precisem recorrer a uma ação na justiça ou aguardar um mutirão anual para ter seu gênero garantido, desejo que isso possa ser feito nos cartórios de todo Brasil e que, tendo sido reconhecida a nossa existência cidadã, possamos lutar por políticas públicas novas e mais inclusivas.

Você participou de várias produções televisivas e cinematográficas. Qual é a diferença entre atuar no teatro, na TV e no cinema, e como você se prepara para cada um desses meios?

São linguagens diferentes, né? Então, as demandas, maneiras de construir uma personagem, jeito como se encaixa no modo de contar aquela história, tudo isso é bem variável. O teatro foi minha primeira casa e é onde super me sinto em casa, tanto fazendo como assistindo a espetáculos. Mas tô curtindo bastante o set, tá virando uma casa também (risos). A atuação varia nas linguagens e na maneira como sou dirigido, inclusive, adoro ser dirigido. Acho mágica a direção me proporcionar olhares e sensações que ainda não havia descoberto no texto. Arrisco dizer aqui que acredito que quem se forma no teatro tem boa bagagem e ferramentas pra super dinâmica de gravação da TV e do cinema.

Olha, me preparo de maneiras diferentes para cada trabalho, para cada projeto, independente do meio. Quando estava fazendo muitas peças, em temporada, por exemplo, sentia uma necessidade de preparação física maior, mas isso também pode acontecer dependendo do personagem no audiovisual também. Acho que a criação de um papel para ser colocado em cena nasce da palavra, do texto, pois ali já existem muitas camadas que vão humanizar o personagem. Independente da linguagem, eu sou um ator que gosta de ensaiar e que sente necessidade de ensaio, quanto mais, melhor. Só que, às vezes, quando o job no audiovisual é uma participação, por exemplo, há o risco de cair de paraquedas numa história que já está sendo contada, com equipe já integrada. É desafiador. Mesmo que minha participação seja de uma fala em uma cena, se tiver tudo já roteirizado, gosto de estudar a história inteira, ver outros trabalhos dirigidos por aquela direção etc. Essa etapa de estudo também é muito gostosa!

Você estreou na novela “ELAS POR ELAS” da TV Globo. Qual a sensação de atuar em uma novela e como você descreveria seu personagem, Polvilho?

Fazer Elas Por Elas está sendo, para mim, o começo da realização de um sonho. Eu amo novela, sempre fui noveleiro de carteirinha. Desde pequeno, assistia com minha mãe e minha avó. Gosto de ver e ouvir histórias e ser ator é contar histórias. A minha primeira vivência de dramaturgia foi assistindo televisão e tinha esse desejo muito forte em mim de trabalhar nessa linguagem. A novela é uma referência muito forte na cultura brasileira, é patrimônio nacional, traz a expressão e a vida em cena de um mar de telespectadores. Tô empolgado!

Neste ano completo 13 anos de carreira, passei por muitas experiências nas diversas linguagens das artes cênicas e pelos perrengues que existem ao escolher ser artista no Brasil. Fazer esse trabalho, dar vida ao Polvilho na novela Elas Por Elas, tem me trazido uma sensação muito boa. Não é deslumbramento porque sou consciente dos caminhos que percorri, de todo trabalho no set e da doação que é gravar uma novela, mas há um encantamento sim, tenho sentido uma sensação de acolhimento e muito respeito pelo meu trabalho e profissional que sou. Estou feliz e grato!

Agora, como descreveria meu personagem? Vamos lá! Polvilho é o braço direito e o porta-voz do drama que vai tomar conta da vida de Renée (Maria Clara Spinelli), uma das protagonistas da novela Elas Por Elas. Ele trabalha há uns bons anos na padaria Estelar de dona Renée e seu Wagner (César Mello) e, além de funcionário, é um entusiasta dos deliciosos sonhos que a patroa faz. Por ter muitos anos de casa como funcionário da padaria, sente-se um pouco gerente do estabelecimento e, na ausência dos patrões, é quem coloca ordem na padaria e nos outros funcionários. Ele é astuto e observador, presta atenção na movimentação e em tudo o que é dito ali naquela padaria de Niterói. Além do lado profissional, Polvilho tem um carinho e uma empatia muito grande pela família de Renée, sendo um amigo fiel de todos eles.

Até então, a vida de Renée parece um sonho, vivendo um casamento feliz com Wagner e cuidando com todo amor do mundo dos enteados Vic (Bia Santana) e Tony (Richard Abelha). Porém, a hora do revés chega pra ela quando seu marido Wagner desaparece, levando todo dinheiro da família e deixando a esposa e os filhos cheios de dívidas. Nesse contexto, Polvilho confessa que sabia que Wagner estava com problemas financeiros, mas que o patrão o impediu de contar, além de ser testemunha da fuga por ter visto ele saindo com os móveis da casa sem maiores explicações. É Polvilho que dá a notícia pra Renée e os enteados, seguindo firme ao lado deles para tentar reabrir a padaria e ajudar a família abandonada à própria sorte a superar as dificuldades.

Como foi assistir o primeiro capítulo da novela junto com todo elenco e equipe na festa de estreia de “ELAS POR ELAS”?

Foi mágico, muito especial! Eu estava com o coração transbordando de felicidade na festa de estreia da novela. Eu me permiti vivenciar intensamente essa sensação porque a vida é muito complicada, misteriosa e desafiadora, são muitos altos e baixos, né? Então, ali, vibrei essa alegria mesmo. Acredito que essa emoção foi geral. Depois de tanto trabalho, a obra nasceu. Trocar as impressões, sensações e desejar sorte e sucesso para os colegas da equipe e do elenco, dançar e conversar é bom demais. Eu aproveitei para conhecer e trocar ideia também com o pessoal do elenco que não havia contracenado ainda.

Gahbi

Sua carreira é diversificada, incluindo atuação, comunicação, drag queen e humor. Como você equilibra essas diferentes facetas artísticas?

Não equilibro (risos). A coisa é bem desequilibrada mesmo, confesso. Claro que ter talento e dedicação para múltiplas habilidades é ótimo e dá vazão à criatividade. Mas acho que o mais importante é debatermos o lugar do artista no Brasil. A maioria de nós, trabalhadores da cultura, não consegue se sustentar apenas com essa atividade, com sua principal habilidade artística. Acabamos precisando cumprir jornadas duplas de trabalho para manter nossas atividades no setor cultural. O que tô querendo te dizer é que ter uma carreira diversificada, na maioria das vezes, é uma questão de sobrevivência mesmo, pra comer, pagar as contas, sabe?

Antes da carreira artística, me formei em Letras. Então, trabalhei por muitos anos como professor de língua portuguesa. A educação no nosso país é outro grande desafio. Quando me mudei pro Rio, passei anos nessa jornada dupla entre a sala de aula e os palcos, as câmeras, produção etc. É exaustivo. Penso que tanto o setor público quanto o privado precisam estimular a diversidade cultural e artística, nosso país é uma potência e tem uma produção de arte fantástica. É preciso que haja uma concorrência mais justa no campo das oportunidades justamente para que haja reconhecimento profissional e retorno financeiro.

Seu envolvimento com a comunidade LGBTQIA+ é evidente. Como a representatividade e a diversidade se refletem em seus projetos artísticos e ativismo?

Mais que “envolvimento”, porque pode soar como um lugar distanciado, eu diria sobre meu pertencimento à comunidade plural LGBT+. A diversidade é um olhar crítico sobre nossa sociedade tão desigual e esse mundo tão preconceituoso e violento. O olhar pela diversidade identifica que somos todos diferentes e isso deveria ser potência e não representar exclusão. Gosto do neologismo ARTIVISMO. Isso porque acredito que meu trabalho como artista é capaz sim de despertar identificação, reconhecimento, assim como incômodo e reflexão.

Em 2021, no contexto da pandemia, criei e produzi o curta-metragem DESMONTE COM GABI, um filme sobre a arte transformista, a arte drag queen, a partir da minha vivência pessoal na montação da minha Drag Queen Gabriela Pimentel. O curta foi feito com uma equipe reduzida, que contava com o trabalho presencial da minha mãe, Vera Adelaide, e com o trabalho remoto de Vinicius Santana, a Drag Mackaylla Maria, e Luca Picorelli. Esse filme tem circulado, ganhado prêmios e aberto muitas portas pra mim. DESMONTE COM GABI já esteve no VII Festival Internacional O Cubo de Cinema em Língua Portuguesa e recebeu o Prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular em 2022, depois recebeu o Prêmio da FUNARJ, foi exibido no 1º Seminário de Saúde da População LGBTQIA+ da OAB/DF e nasceu como uma performance Drag no Cabaré Impacto das Montadas do Centro Cultural da Diversidade de São Paulo. Agora em 2023, participou do 5º Marginal Art Festival, que aconteceu em Portugal (da EURARTS) e do 1º Festival de Cinema LGBTQIA+ do DF, Festival LABAREDA, em Brasília no Espaço Cultural Renato Russo. Me sinto ocupando espaços no audiovisual e é muito significante levar essa narrativa ao público.

Agora, na novela Elas Por Elas, por exemplo, estou feliz de fazer um personagem que é do núcleo da Renée. Ter uma mulher trans como uma protagonista numa novela da Globo é um passo importantíssimo e é revolucionário num Brasil que segue no ranking de país que mais mata pessoas LGBTs no mundo. Achei muito sábio da parte dos autores, Alessandro Marson e Thereza Falcão, de, nesse remake, criar essa família. Quando se pensa em uma família dona de padaria, o imaginário já vai pro mais tradicional, mas ali temos uma família diversa, chefiada por uma mulher trans, que acolhe os enteados como filhos que são, e um homem preto. O Polvilho é funcionário da padaria, mas também é amigo, se sente íntimo e participa da rotina e das reviravoltas dessa família.

Porém, o cuidado que precisamos ter quando falamos de representatividade é o risco de pensar que se um indivíduo está ocupando aquele espaço tão representativo, tudo já está resolvido. Isso é o que o mercado nos faz acreditar. Ainda temos muitos passos a serem dados e muitas histórias diversas a serem contadas na ficção.

Você esteve envolvido em diversos espetáculos teatrais. Pode compartilhar sobre algum papel ou produção que tenha sido particularmente marcante para você e por quê?

Como estou muito falante nessa entrevista (risos), vou tentar ser resumido, escolhendo duas peças de teatro pontuais. Uma delas é o espetáculo O INFERNO, adaptação da obra de Dante Alighieri e direção de Felícia Johansson, que foi uma montagem em Brasília, num formato épico, com elenco grande, que acontecia por estações e o público acompanhava itinerante o protagonista Dante. Eu fiz Lúcifer nesse espetáculo. Além da preparação física, de ter raspado o cabelo e ficar horas pra maquiagem corporal (pra fazer e retirar), foi um personagem desafiador, pelo impacto que tinha cada palavra proferida por ele e por ser uma figura mitológica do imaginário ocidental. Fazia orações sempre antes de começar e depois de terminar os ensaios e cada sessão da peça, era uma limpeza da energia pesada que o personagem exalava no seu inferno gelado.

Outra peça gostosa e desafiadora foi CINDERELA, direção de Luisa Thiré e texto de José Wilker. Era um espetáculo infantil de uma história clássica, mas que o Wilker recontou de forma irreverente. Foi a primeira peça que produzi (junto com os artistas da companhia na qual eu fazia parte na época) no Rio de Janeiro e fizemos várias temporadas, passando por Teresópolis e Angra também. Olha, atuar e produzir o mesmo espetáculo é uma loucura! Eu fazia a Fada Madrinha e era uma fada drag. A criançada amava a “dona fada” e eu tive uma recepção maravilhosa do público. A personagem tinha humor e encantamento.

Gahbi

Você está envolvido em uma variedade de projetos futuros, incluindo uma série, um filme e mais. Pode nos dar uma prévia do que esperar desses projetos e qual deles você está mais animado?

Estou muito feliz com os caminhos profissionais que minha carreira vem tomando, sabe? Venho do teatro, sou apaixonada! Agora, depois de muitas portas fechadas e “nãos”, janelas e buracos de fechaduras estão sendo abertos. Estou adorando esse mergulho no audiovisual. Sou teimoso e persistente profissionalmente, gosto de aprender. Foi muito esforço para chegar até aqui, mas também percebo que, a passos de formiguinha ainda, algumas mudanças estão rolando no mercado audiovisual. Eu, que nunca “era o perfil”, tenho visto a criação de papeis que agora são para mim. Há novos tipos de personagens sendo escritos na dramaturgia, novos tipos de pessoas estão sendo representadas em cena.

Estou animado com todos os projetos. Inclusive, acabei de estrear REBOBINA, no canal do Youtube da Boneca de Pano Filmes com direção da Camila Cohen, compondo o elenco com Wagner Trindade, Giselle Lopez e Josi Larger. Pro ano que vem tem uma série do Globoplay (que achei que estrearia em 2023, mas ainda não saiu) e uma da Warner. Poderia destacar aqui o filme que acabei de gravar*, MÃE FORA DA CAIXA*, com Miá Mello, Danton Mello, Manu Valle e grande elenco, direção de Manuh Fontes, onde farei o Cláudio, um polêmico assessor de celebridades; e destacaria a série RÉUS. Na série fiz um dos personagens principais ao lado de Cláudio Heinrich, Juliana Tavares e Aline Araújo, com direção de Cibele Amaral e estreia prevista para 2024 na Prime Box Brazil.

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*Com Regina Soares

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