Raphael Sander abre bastidores de carreira, evolução internacional e reality shows

Luca Moreira
13 Min Read
Raphael Sander (Foto: Reprodução/Instagram)

Estreando com o pé direito na televisão brasileira, o ator Raphael Sander ganhou destaque após interpretar o personagem Leo na novela “Verdades Secretas” do autor Walcyr Carrasco. Com bastante identificação com o papel e o talento que demonstrou durante a produção, logo, o artista viu sua carreira subir tanto na dramaturgia como modelo, onde posou para grandes nomes como a Dolce & Gabbana e algumas publicações como Vogue, Vanity Fair e I-D.

Tendo morado em vários países diferentes como Inglaterra e em outros lugares do continente europeu, asiático e na América, Sander também atuou em outros projetos, como foi a série bíblica “Jesus” da Record TV, interpretando o Anjo Gabriel.

Além da atuação e da modelagem, o artista também tem uma terceira paixão, os realitys shows, onde já participou do quadro “Saltibum” no Caldeirão do Huck, Dancing Brasil, e mais recente Ilha Record 2. Confira a entrevista!

A Ilha Record 2 estreou em julho. Como surgiu o convite para participar do reality? Você passou por algum treinamento para se preparar para os desafios?

O convite veio através da produtora do programa. A preparação que fiz foi muito simples. Apenas aquela que o universo dos realities, tão profissionalizado e bem sucedido no Brasil, exige. Conversei com minha assessoria para que eles cuidassem bem do meu público e de minhas redes sociais. Ficamos sem noção do que acontece aqui fora, além de que são meses de reclusão e não seria bacana deixar meus seguidores sem atenção por tanto tempo. Tirei algumas fotos, gravei alguns vídeos, essas coisas que a situação requer. Foi mais um lance de carinho com o público.

Você participou de Verdades Secretas (2015), Totalmente Demais (2016), Apocalipse (2018), Jesus (2018 – 2019) e Gênesis (2021), sendo o mesmo personagem nestes dois últimos. Qual papel mais desafiador da sua carreira?

Entre o Leo de Verdades Secretas e o Anjo Gabriel nas últimas novelas, a distância é enorme. Esse foi o maior desafio!  Entrar em universos tão diferentes e traduzi-los de forma concreta no dia a dia das gravações. Não pode ficar só na teoria, tem que vir para o corpo, para  o olhar, para o gesto. Os estudos científicos recentes mostram como é difícil mudar padrões de comportamento e pensamento. Isto só vem valorizar aqueles atores que de fato, conseguem um alto padrão de versatilidade. Esse êxito ao mudar de um personagem para outro tão diferente é que é o grande desafio. É uma luta dura, que exige muito foco e sacrifício, mas que acho que venci com algum mérito, considerando a resposta do público.

Raphael Sander (Foto: Reprodução/Instagram)

Estar confinado com 13 pessoas gera intrigas por conta das atitudes e pensamentos diferentes. Quais as mudanças no Raphael após a participação do reality?

Na verdade, minha vida a cada dia, está sendo uma busca por um crescimento na relação com as pessoas. Esse trabalho (quando não é da boca para fora) exige uma longa trajetória. Participar de um reality é uma grande prova para avaliar como estou indo nessa tarefa. O stress provocado propositadamente pelas provas e as reações inesperadas (tanto dos participantes como de nós mesmos) podem ensinar muito. Claro, se a pessoa quiser aprender. Assisto o programa todo dia com foco nos meus erros. Reflito sobre alternativas que seriam muito mais adequadas diante das situações que vivi na ilha.  Principalmente as provocações mais pesadas e infantis que poderiam ter encontrado em mim reações muito mais maduras. No momento, não estou em fase de auto piedade, pelo contrário, estou me exigindo melhorar e muito. Para isso, me cerquei de muitos amigos e ando lendo muito sobre inteligência emocional. Por isso, achei a experiência super válida e agradeço muito a emissora e a toda equipe pelo convite. Foi um aprendizado e tanto. Estou muito mais forte hoje.

A respeito sobre seu personagem na novela “Verdades Secretas” de Walcyr Carrasco, é a questão do preconceito de gênero em relação as suas áreas de atuação, como era a vontade do Leo em querer alcançar seus objetivos no mundo da moda. Como foi vivenciar esse tema na novela?

Leo foi o personagem mais complexo que já interpretei em minha carreira. E justo na minha estreia na TV. Foi um presente da vida e uma aventura incrível. Mas estava muito bem assessorado pela preparação da emissora e com um professor particular para aprofundar o estudo do personagem. O ritmo de produção era super sofisticado e lembrava o cinema, o que me deu muito conforto. Tudo regido pela genialidade do Maurinho (Mauro Mendonça Filho) que me deu todo o suporte necessário, além de uma equipe de padrão internacional. Entrei para a TV com o pé direito! O meu foco foi criar o caráter ambíguo do personagem. Precisava estrear na TV com uma boa recepção do público dando  luz e carisma ao personagem. Parece que conquistei esse objetivo, já que ganhei uma cena de destaque no último capítulo. Logo em seguida veio o convite para o Charlie de Totalmente Demais, um cara super trabalhador, organizado, romântico… O retorno que tive da emissora por esse desempenho também  foi super positivo, tanto que no fim da novela, fui convidado a fazer uma oficina de atores dentro da própria Globo com super profissionais como professores.

Raphael Sander (Foto: Reprodução/Instagram)

Uma questão em que a Rede Record tem bastante destaque é em relação às novelas bíblicas, incluindo “Apocalipse” e “Jesus”, onde atuou. Participar de produções de época, principalmente quando precisamos passar histórias verossímeis, como são os acontecimentos da bíblia, acaba trazendo um senso de responsabilidade maior para o ator em relação ao saber incorporar seus personagens de maneira fidedigna?

Considero que a interpretação de textos bíblicos é um capítulo à parte no aprendizado de qualquer ator. O desafio é tornar natural o texto, por vezes, escrito com uma linguagem mais complexa do que a da novela contemporânea.  Além de que as cenas em geral estão repletas de sentimentos fortes. Essa alquimia de injetar intensidade máxima em situações de caráter sagrado, sem cair no exagero ou na caricatura, é uma grande habilidade a ser sempre observada com extremo cuidado.  No meu caso, que interpretei um anjo, ou seja, um ser celestial, o desafio era outro , mas não menos trabalhoso. Considero a novela bíblica uma grande escola para qualquer ator. E tenho orgulho de que nosso país produza uma das melhores novelas desse gênero entre as criadas em todo mundo.

Pela sua biografia, é possível ver que antes mesmo de começar a estudar atuação, você já tinha em mãos uma carreira bem sucedida como modelo, posando para campanhas de grifes internacionais como Dolce & Gabbana e editorias de revistas como “Vogue”, “Numéro”, “Vanity Fair”, “I-D”, entre outras. Sente saudades de estar mais focado para esse mercado da moda? Passar pela experiência como modelo, o ajudou posteriormente a viver o Leo em “Verdades Secretas”?

Atualmente estou em uma grande agência que possui essa dupla área de atividade. Tanto um departamento que cuida da minha carreira de ator quanto uma atividade de excelência no mercado publicitário. É raro a semana que não tenho dias inteiros de sessão de fotos e atividades de modelo. Amo as duas profissões. Até me mudei para São Paulo devido à grande demanda da área de publicidade por aqui. Fico na Ponte aérea. E é claro que essa experiência de modelo me deu uma ótima base para o Leo de Verdades Secretas. Embora, nossas personalidades, sonhos e éticas fossem e ainda sejam completamente diferentes.

Raphael Sander (Foto: Reprodução/Instagram)

Além de Ilha Record, você também passou por outros tipos de realitys, como foi o quadro Saltibum do “Caldeirão do Huck” e o “Dancing Brasil”. Como começou essa sua aproximação com esses tipos de programas? Considera-se uma pessoa muito competitiva?

Os realities passaram a ser atrações muito populares no Brasil e, achei bacana me aproximar do público de outros modos além da dramaturgia. “Todo artista tem que ir onde o povo está”  diz o mestre Milton Nascimento. É bacana esse diálogo com um público tão grande. Além disso, esses programas são de diversos formatos mas há sempre  algo em comum entre eles: retirar o participante da sua zona de conforto. Esse é o aspecto que me mais interessa nessas experiências. Saltar de plataformas que exigem técnica profissional, dançar num nível muito acima do que costumamos fazer no dia a dia, enfrentar provas de resistência física que desafiam os limites do meu corpo, tudo isso me instiga e me  motiva, porque me desenvolve e me faz crescer como ator. Porque ser ator é uma profissão tão interessante que qualquer ganho de capacidades novas contribuem para o nosso repertório como artista. O que me fez aceitar esses convites foram esses dois desafios: superar meus limites como pessoa e estar sempre perto da grande público que nos honra com tanto carinho.

No decorrer de suas aventuras e das oportunidades que foram sendo alcançadas em sua vida, você chegou a morar por seis anos na Inglaterra, além de ter viajado por outros lugares do continente europeu e asiático, e logo retornou ao Brasil em 2012. Como foram suas vivências ao redor do mundo e como foi a decisão de retornar ao país?

Acho que morar fora do nosso país, se bem aproveitado, pode ser muito enriquecedor no sentido de autoconhecimento. Eu sou muito curioso. Tentei não olhar para as culturas com que me relacionei com aquela distância de estrangeiro. Tentei quebrar com os clichês que tinha na cabeça à respeito daqueles povos e costumes. Então, além da experiência de me virar sozinho para quase tudo, e de adquirir outros tipos de técnicas super importantes para uma carreira de modelo internacional, eu tive essa oportunidade de conhecer outras formas de viver se manifestando, sempre muito atento aos detalhes. Eu não vivia como um turista, porque estava a trabalho, claro, mas também porque queria ser como uma antena parabólica para receber outros modos de pensar. Mas, é claro que chega um momento que você sente a saudade gritar dentro do peito. Eu amo o Brasil, e queria estar de novo junto dos meus familiares e amigos. Fiquei muito entusiasmado com a ideia de aplicar toda essa vivência nos processos profissionais dentro do meu próprio país.

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Com Andrezza Barros e Regina Soares

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