Rafael Telles, um talentoso ator e cantor, deu início à sua promissora trajetória em 2014, brilhando em um musical memorável intitulado “Anos 80 – De Filho para Pai”. Desde então, seu percurso artístico tem sido marcado por uma busca incessante por aprimoramento, passando por importantes escolas de teatro como o Teatro Tablado, a Casa de Cultura Laura Alvim e até mesmo o People’s Improv Theater em Nova York.
Um dos pontos culminantes de sua carreira aconteceu em novembro de 2019, quando Rafael protagonizou o emocionante musical “Despertar da Primavera” de Charles Moeller e Claudio Botelho, no então Teatro Net Rio. Nessa ocasião, ele recebeu com orgulho o prêmio de Jovem Talento APTR, uma honraria que lhe foi entregue pelas mãos de ninguém menos que a renomada Fernanda Montenegro.
No ano de 2022, Rafael embarcou brevemente para São Paulo, onde estreou mais um musical brilhante, intitulado “Túnel do Amor”, apresentando as maravilhosas músicas de Celly Campelo. Atualmente, ele está de volta ao Rio de Janeiro, protagonizando o envolvente musical “Síndroma”, onde dá voz a canções magistralmente compostas por Jay Vaquer, enquanto é orientado por Jane Duboc.
Para além de sua notável atuação em musicais, Rafael também se destacou em peças de teatro, como no caso de “O Ateneu”, de Oberdan Júnior e Marcelo Cavalcanti, onde desempenhou papéis essenciais, incluindo o protagonista Barbalho. Ele também fez participações notáveis na novela “Travessia”, no núcleo de Jade Picon, e na série “Filhas de Eva”, dando vida ao personagem Lucas.
Paralelamente ao seu brilho nos palcos e telas, Rafael Telles está investindo na construção de sua carreira como cantor e compositor, já tendo produzido mais de 20 composições autorais. Em um futuro próximo, ele pretende lançar um EP com algumas dessas músicas, que promete vir com uma incrível vibe no estilo de John Mayer.
Como foi o início da sua carreira como ator/cantor? O que o inspirou a entrar no mundo do teatro musical?
Bom tudo começou com um golpe do destino. Uma preparadora de elenco chamada Marília Rodrigues me chamou pra fazer uma pratica de montagem chamada “Anos 80, Um Musical de Filho Pra Pai”. Eu não era ator ainda e um rapaz que faria o personagem “Chico” teria abandonado a peça um mês antes dela estrear. Lili(mariliz) ligou pra minha mãe perguntou se eu teria interesse. Elas se conheciam por já ter trabalhado juntas em um projeto. Imediatamente disse “SIM”. Então foi uma maratona de decorar texto e aprender a cantar as músicas da peça. Na época eu só tocava guitarra, nada mais, então foi um mês de puro esforço e dedicação. Após essa peça comecei meu processo para me profissionalizar, até começar a fazer audições profissionais de teatro musical.
Você mencionou ter estudado teatro em diferentes lugares, incluindo Nova York. Como essas experiências moldaram sua abordagem à atuação?
Eu acredito que qualquer lugar no mundo tem algo a ensinar. No caso de Nova York, eu fiquei um mês estudando improviso e foi uma loucura. Porque improvisar em português já é difícil, imagina em inglês. Ainda mais o inglês americano cheio de gírias, expressões sendo faladas muito rapidamente. Foi uma experiência incrível e extremamente divertida, mesmo tendo sido um grande desafio no começo. A principal lição que tirei disso tudo é a arte de falar “Sim” em cena, isto é, estar apto a aceitar ideias cenicamente falando. Mesmo que se tenha pensando uma ideia “melhor”, é necessário abrir mão pelo bem do todo.
Receber o prêmio de Jovem Talento APTR por sua atuação no musical “Despertar da Primavera” deve ter sido emocionante. Pode nos contar um pouco sobre essa experiência e como se sentiu ao ser premiado por Fernanda Montenegro?
A história toda é muito emocionante e até engraçada. Em resumo, não me contaram que eu estava indicado. Maria Siman me chamou pra falar sobre o prêmio, dizendo que a partir no ano sequente teria uma nova categoria do APTR chamada “Manoela Pinto Guimarães”. Chegado o dia do prêmio, eu estava com meu discurso pronto e quando estava chegando a hora, vi Fernanda Montenegro falando do prêmio. Na hora não entendi nada, até porque se for pra comparar meu discurso com o da Fernanda, era melhor jogar o meu fora.
Quando o discurso estava chegando ao fim, a rainha diz “E o primeiro troféu Manoela Pinto Guimarães deste ano vai para… RAFAEL TELLES” nem discurso eu sabia mais. Fiquei sem palavras, em choque, confuso, mentalmente desregulado. Até hoje guardo essa lembrança com muito carinho e emoção. Foi uma surpresa que posso contar pro resto da vida… e que surpresa.
Em “Tunel do Amor” você estreou em São Paulo. Como foi a experiência de atuar e cantar nesse musical? Como ele se diferencia dos outros projetos que você participou?
Olha, foi bem intenso. Principalmente por causa da dança. Eu recebi um grande voto de confiança da coreógrafa Vanessa Costa, que super acreditou no meu potencial e me botou pra dançar. Todos no elenco já dançavam muito. Tive que correr atrás ensaiando mais de 2 horas após o ensaio acabar. Eram dias ficando até de madrugada limpando e aprendendo cada passo, cada perna, cada braço coreografado. Eu tenho muita gratidão a Vanessa e ao Marcelo Vasquez que tiveram muita paciência comigo. No início foi angustiante, mas é interessante ressaltar que ao fim do processo de ensaio, eu já me sentia mais desenvolto na área. Por mais que eu continuasse tendo certas dificuldades, eu entendi que a parte de decorar as coreografias era como se fosse um músculo a ser trabalhado. É só uma questão de praticar e continuar praticando. Hoje, no musical Síndroma, por exemplo, apesar de continuar tendo alguma dificuldade na área da dança, me senti muito mais tranquilo e confiante.
Agora em cartaz com o musical “Síndroma”, você canta músicas compostas por Jay Vaquer e é preparado por Jane Duboc. Como é trabalhar com esses profissionais renomados?
Simplesmente único. Eu poderia dizer incrível, maravilhoso etc. Mas o sentimento pode ser descrito pela palavra que me único. Eu já conhecia duas músicas do Jay e sabia quem ele era por já ter dirigido algumas amigas minhas em “Poema”, outro musical de sua autoria. Mas ter trabalhado com ele diretamente, me fez ver o quão fora do normal este ser é. A sensibilidade, a criatividade, a facilidade musical, e o mais importante, o caráter inabalável, fazem de Jay Vaquer um profissional e uma pessoa que inspira só de estar perto. Eu não economizo palavras pra dizer o quão justo e do bem, nosso diretor, diretor musical, produtor, compositor é. Um dos motivos dele ser assim com certeza vem de berço. E nisso entra nosso convívio com Jane Duboc, outro ser de luz que me ajudou HORRORES. Quem conhece minimamente o trabalho do Jay, sabe quanto as músicas são complexas e difíceis. Muito cromatismo, muita interpretação, afinações bizarras e por aí vai. Jane pegou na minha mão e disse “você está indo bem, continue assim, evoluiu muito” nos momentos onde eu estava desesperado. Foi literalmente uma mãe pra mim e certamente pra todos nós. Fora o fato de ser um ícone da música no Brasil.
Com mais de 20 músicas compostas, você mencionou que está prestes a lançar um EP com algumas delas. Pode nos dar um gostinho do que os ouvintes podem esperar desse trabalho?
Eu penso que tudo é um novo desafio. Sempre gostei de ter obstáculos que me estimulassem a crescer profissionalmente e artisticamente. Procuro sempre estar aprendendo alguma coisa nova. Mesmo em 2014 quando estava apenas começando a atuar, já criei um desejo por aprender sobre sonorização e direção musical. Muito estimulado por minha vó Regina Miranda, que também trabalha como diretora e diretora de movimento.
Quais são os seus principais objetivos e ambições para o futuro da sua carreira no teatro, música e atuação?
Meus objetivos por agora são claros, finalizar meu EP, lançar minhas musicas e começar a trabalhar logo no segundo EP. Obviamente, continuarei fazendo audições e testes para musicais e televisão, que são também minhas grandes paixões. Tudo se conversa e se estimula, sempre acreditei nisso.
Por fim, qual conselho você daria para jovens artistas que estão começando a trilhar o caminho do teatro musical e das artes em geral?
Entenda que viver apenas como ator de teatro é algo quase impossível no Brasil. Daniel Herz me falou isso logo de cara e mudou a minha visão sobre tudo. Ao ouvir isso, logo me bateu um senso de urgência em aprender novas competências dentro da própria área teatral. Sendo professor, sonoplasta, iluminador, compositor. Não é preciso ter um plano B fora das artes. Não estou falando pra você se formar advogado, médico, engenheiro. Apenas que sempre tenha na manga uma alternativa para os momentos que não esteja fazendo uma peça como ator. As contas sempre chegam no final mês, não importa o quão talentoso e dedicado seja. Sei que pode doer um pouco ouvir isso, mas sou grato demais a este grande mestre por sempre manter meus pés no chão, especialmente relacionada a essa questão.
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