Noah Matthews Matofsky, o primeiro ator com síndrome de Down a protagonizar uma produção da Disney, falou sobre sua participação no filme “Peter Pan & Wendy”, um marco histórico para a indústria cinematográfica. Em entrevista, Matofsky compartilhou sua empolgação ao conquistar o papel de Slightly e sua surpresa ao descobrir a importância dessa conquista para a representatividade e inclusão. Ele relembrou a experiência de filmar ao lado de estrelas como Jude Law e Ever Anderson, e destacou os desafios enfrentados durante as filmagens, especialmente devido às restrições da pandemia.

O ator ressaltou a importância de promover a diversidade e a inclusão no cinema e contou sobre a cerimônia especial com a comunidade Cree para abençoar a produção. Matofsky também refletiu sobre a recepção positiva do público e seu papel como embaixador da Down Syndrome UK, enfatizando sua missão de inspirar outras pessoas com síndrome de Down a perseguirem seus sonhos. Ele acredita que é hora de grandes estúdios como a Disney refletirem a diversidade da sociedade nas telas e espera que sua participação sirva de exemplo para a inclusão no cinema e na vida real.

O ano de 2023 tornou-se um marco importante tanto para sua carreira de ator quanto para a história de um dos maiores estúdios de cinema do mundo. Você se tornou o primeiro ator com síndrome de Down a participar de uma produção da Disney, neste caso, o live-action “Peter Pan & Wendy”. Quando você aceitou o papel de Slightly, sabia que seria uma posição tão inovadora?

Honestamente, eu não tinha ideia de que o papel seria tão inovador! Tudo o que eu conseguia pensar era ‘Consegui o papel! Isso é surreal! Vou estar em um filme!’ Foi realmente um sonho se tornando realidade. Na verdade, eu não conseguia acreditar. Só quando chegamos para filmar em Vancouver que o produtor me chamou de lado e disse que isso era realmente algo importante. Então eu percebi que poderia ser um modelo para outras pessoas com síndrome de Down. É bom ver alguém como você na tela grande. Já era hora de a Disney e todas as grandes empresas de cinema acompanharem os tempos e representarem todos.

Uma das grandes mudanças nesta nova geração de produções da Disney é a correção de vários estereótipos e conceitos que antes não eram vistos como problemáticos pela sociedade. Como foi trabalhar nesta adaptação do clássico de 1953, especialmente considerando que já tinha uma grande base de fãs?

Bem, nem todo mundo ficou feliz com as mudanças, mas é claro que você não pode ficar preso ao passado. Claro que deve haver meninos perdidos e meninas perdidas, claro que deve haver representação diversa, e devemos ser respeitosos com diferentes culturas. Antes de filmarmos a cena com Tiger Lilly, sua comunidade Cree nos convidou para uma cerimônia especial das Primeiras Nações na terra sagrada de seus ancestrais para abençoar o filme. Foi tão incrível. David Lowery, o diretor, fez um ótimo trabalho ao criar um filme inclusivo moderno.

Noah Matthews Matofsky
Noah Matthews Matofsky

Durante as filmagens, que ocorreram em meados de 2021, você teve a oportunidade de atuar ao lado de outros nomes do cinema, como Alexander Molony, Ever Anderson e o ator Jude Law, que também foi aclamado por várias produções premiadas. Como foi dividir o set com essa equipe?

Bem, eu fiquei bastante impressionado com os outros atores do filme. Alexander Molony e Ever Anderson foram muito divertidos para sair no set. Nós até fomos observar baleias juntos em Newfoundland. Foi muito legal atuar com Jude Law também. Nós filmamos uma cena enorme com ele no navio pirata – foi épico! Yara Shahidi também estava no filme como Sininho, mas só a conheci pela primeira vez na estreia, já que ela estava filmando principalmente com tela verde em Los Angeles.

Na preparação para o seu personagem, você passou por várias atividades, desde aprender a lutar com espadas até decorar várias falas para o filme. Qual foi o momento mais desafiador e qual foi o momento em que você se sentiu mais à vontade durante as gravações? Há alguma curiosidade de bastidores que você possa compartilhar?

Fizemos o filme durante o lockdown, e eu e minha mãe tivemos que ficar em quarentena por 2 semanas no quarto do hotel antes de podermos ir ao set, então todos os meus ensaios de roteiro foram apenas com minha mãe! Estávamos muito nervosos com o primeiro dia no set. Eu nunca tinha estado em um set de filmagem antes, e esse era enorme!!! Foi muito emocionante realmente estar na Terra do Nunca! Minha primeira cena aconteceu de ser a última cena do filme com Mollie Parker e Alan Tudyk – muito legal! Ah, e eu ganhei um trailer com meu nome na porta.

Antes de começarmos a filmar, a equipe nos enviou para a floresta para uma caça ao tesouro para que pudéssemos nos conhecer melhor. O diretor nos fez colares de madeira entalhados como tesouro. Foi muito legal!

Noah Matthews Matofsky
Noah Matthews Matofsky

Descobrimos que, além de ser ator, você também tem um vasto conhecimento enciclopédico sobre filmes. O que o atraiu para o cinema, e quando você decidiu seguir a atuação como profissão?

Eu AMO filmes. Amo filmes em preto e branco, filmes estrangeiros, animação… tudo mesmo. Meu batismo foi em um cinema, então talvez tenha começado ali!

Atualmente, a Disney já existe há 100 anos e produziu dezenas de filmes. Em sua opinião, há um momento certo para promover a inclusão e dar bons exemplos?

O momento é agora! Há tanto talento por aí, vamos ver todos representados na tela grande!

Noah Matthews Matofsky
Noah Matthews Matofsky

Sem dúvida, além dessa oportunidade incrível de ser o primeiro ator com síndrome de Down a participar de uma produção da Disney, esta produção também serve como um ótimo exemplo para todas as pessoas que também têm essa síndrome. Como você espera que sua participação possa encorajar os estúdios a prestarem mais atenção a essas questões, e como tem sido a recepção do público ao seu trabalho?

Tem sido o melhor ano da minha vida desde que o filme foi lançado há 12 meses. Recebi muito apoio de todo o mundo. Agora sou embaixador da Down Syndrome UK e fui convidado para ser o palestrante principal no Congresso da Síndrome de Down na Flórida. Nossa, foi incrível! Quero continuar espalhando a mensagem de que ter um cromossomo extra não deve impedir ninguém. Quero dizer às pessoas para seguirem seus sonhos!

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