A multiartista Alfamor está de volta, trazendo uma abordagem renovada para seu álbum “ONÇA” lançado há três anos. Sempre inquieta e em constante evolução, a artista une forças com o produtor musical Vini Albernaz para incorporar elementos de dub aos sons ancestrais e futuristas de sua obra, criando uma viagem sonora rica em camadas. Intitulado “ONÇA DUB”, o álbum está programado para ser lançado em 01 de setembro pelo selo yb music.
Com uma carreira que abrange mais de uma década, Paola Alfamor é uma artista multi-disciplinar que se expressa através de diversas formas de arte, incluindo arte visual, fotografia, videomaker e tatuagem ponto a ponto, combinadas com a aplicação terapêutica de cristais.
Sua música é profundamente influenciada por suas incursões em outras formas de expressão artística e aborda temas íntimos à mulher contemporânea. Além de sua carreira solo, Paola também contribuiu para projetos como a banda Kayab em Porto Alegre e o supergrupo Xanaxou no Rio de Janeiro, onde desempenhou papéis como cantora, compositora e percussionista. Sua jornada artística é marcada por uma abordagem diversificada e engajada.
O álbum original “ONÇA”, lançado em 2020, marcou um momento crucial na trajetória de Alfamor, consolidando sua posição como um nome promissor na cena musical, apesar de ser seu álbum de estreia. O álbum contou com colaborações notáveis, como Mateus Aleluia, Mãeana, Bruno Capinan e a dupla argentina Perotá Chingó. O reggae, primamente ligado ao dub, já estava entre suas influências, amalgamando também tons de pop, música latina e rock.
O desejo de apresentar seu projeto em um evento musical em 2022 levou Alfamor a uma conversa casual com Vini Albernaz, que rapidamente se transformou em uma colaboração criativa. Juntos, eles exploraram ruídos, batidas orgânicas, melodias latinas e mellotrons polifônicos, criando uma mistura musical fascinante.
O álbum “ONÇA DUB” já está disponível para pré-save, enquanto o álbum original pode ser apreciado em todas as principais plataformas de música. Essa nova jornada sonora promete ser uma experiência marcante para os ouvintes, revelando a constante evolução artística e a ousadia de Alfamor.
O novo álbum “ONÇA DUB” é uma nova abordagem ao seu álbum original “ONÇA”. O que inspirou essa transformação e a incorporação do dub aos sons do trabalho anterior?
O Dub sempre me inspirou… a possibilidade de novas mixagens, outras camadas, efeitos… isso me interessa muito. Meu disco ONÇA foi feito muito na base de banda, tudo ali gravado por excelentes mãos humanas, pouco atravessamento eletrônico. E eu sempre pensei na possibilidade de subverter isso.
Como foi a colaboração com o produtor musical Vini Albernaz para trazer essa roupagem renovada ao álbum?
Vini foi como um presente divino. Sabe quando você pensa no que quer e simplesmente aparece? Pois foi assim com ele. Conversando sobre como eu imaginava meu som daqui para a frente com uma amiga querida, Liege, ela me comentou que conhecia um cara que podia se encaixar nesse mesmo desejo musical. E quando finalmente encontramos e fizemos acontecer, foi fluido como um rio. Temos um pensamento estético bem parecido e foi e é uma delícia trabalhar com ele.
“ONÇA DUB” traz uma mistura de sons ancestrais e futuristas. Pode nos contar mais sobre a jornada sonora que os ouvintes podem esperar ao ouvir o álbum?
Esse EP incorporou uma força sutil com as diversas camas que ele compõe. Vini foi muito feliz com toda a sua pira ali rs. Eu me sinto dentro de um ambiente musical, é como se passasse um filme, complicado colocar em palavras. Eu espero que cada um mergulhe fundo nessa viagem, não quero criar expectativas, meu desejo é que cada um sinta essa onda!
Como suas experiências em arte visual, fotografia, videomaker e tatuagem ponto a ponto influenciam sua música e abordagem artística?
Influenciam totalmente pois ser artista é como eu me posiciono no mundo. Minha música e principalmente esse primeiro disco, falam sobre mim, minhas vivências, questionamentos, lutas. Uma mulher em movimento, conhecendo diferentes culturas, se autoconhecendo e na missão do seu fazer artístico. Quando crio, seja na plataforma que for, o pensamento sempre é o mesmo: me liberar e transmitir minhas mensagens e todas essas vertentes se atravessam e se instigam de alguma maneira.
Sua carreira é notavelmente multifacetada. Como você equilibra essas diferentes expressões artísticas e como elas se complementam?
É difícil equilibrar. Principalmente quando não se tem um fluxo seguro. Porque é muito trabalho para fazer cada uma delas girar. Mas elas se complementam por esse mesmo motivo da falta de fluxo financeiro quando eu tenho que dar conta de tudo. Então componho as músicas, gravo o disco, faço as artes… Tem um lugar legal disso e tem esse outro que é a dura realidade de ainda não poder somar com outros artistas do modo como desejaria.
A sua música aborda temas íntimos à mulher contemporânea. Como você vê o papel da sua música em dar voz a essas questões?
Olha eu não quero me colocar em lugar nenhum. Faço minhas músicas muito despretensiosamente no intuito de me liberar e me relembrar algumas coisas. Mas a arte tem esse papel de espelhamento, né? Eu me vejo em muitas mulheres quando as vejo, as leio, as escuto. Então eu me sinto honrada se minha arte puder tocar nesse lugar também. Eu acredito que a arte cura, ela me cura todo dia.
Você esteve envolvida em projetos como a banda Kayab e o supergrupo Xanaxou. Como essas experiências coletivas moldaram sua jornada artística individual?
Cada um à sua forma. O projeto Kayab me formou no sentido da trança entre arte e espiritualidade. Ali eu descobri um propósito em mim, tudo que faço tem esse laço. Também ali exploramos a multiarte, fazíamos eventos que cruzavam inúmeros tipos de arte, foi minha escola.
Já no Xanaxou eu me encontrei na potência de compartilhar arte com outras mulheres, falando sobre isso, vivendo os prazeres e as dores juntas. Foi ali que eu me abri para o mundo da composição, quando a mana Clara Consentino pegou uma poesia minha e transformou num belo punk rock. Foi ali que abriu essa chave para mim, escrever melodicamente, uma onda!
No álbum original “ONÇA”, você colaborou com nomes tarimbados. O que a inspirou a trabalhar com esses artistas e como isso impactou sua evolução musical?
É impactante mesmo quando penso sinto que sou afortunada! Cada um ali me inspira muito! Com todas foi construída uma ponte de afeto através das minhas outras artes, principalmente com a fotografia. Quando me vi disposta no sentido de ter coragem de fazer música, tive a audácia de chamar essas pérolas para somar comigo! Eu só estou começando, tenho muito a aprender e com certeza esses nomes tão no meu top inspirations. Me sinto muito honrada em poder evoluir através dessas experiências e trocas!
Você mencionou que o reggae, o pop, a música latina e o rock são influências em sua música. Como você funde esses estilos de maneira única para criar sua própria sonoridade?
Mmm, acho que nem tem uma fórmula. Eu sou influenciada por muita coisa porque eu viajei muito e fui atrás disso, me interessa muito essa pesquisa e mesmo não viajando faço ela de onde estiver. A gente é muito abençoado em ter acesso à pesquisa. Aprender expande o pensamento, nossa visão sobre o mundo… Eu acredito nisso e me deixo atravessar por aquilo que toca meu coração e é do que me toca que eu tento tocar. E tanto no Onça original com o produtor Saulo Duarte como no Onça Dub com Vini Albernaz rola uma sinergia total de ideias e influências onde tudo fluiu muito bem e organicamente fomos criando nossa sonoridade.
A colaboração com Vini Albernaz resultou em uma mistura intrigante de ruídos, beats orgânicos, melodias latinas e mellotrons polifônicos. Como esse processo criativo se desdobrou durante a criação do álbum?
Como eu falei na questão anterior, a sinergia foi total. A gente trocou muita ideia sobre som e nossa energia bateu, foi basicamente isso. Ai tudo fluiu como um rio (eu já disso isso né?). Vini ia me entregando e eu só me surpreendia mais! Pitácos minúsculos e um fechamento muito confortável para o que a gente queria. Uma delícia trabalhar com ele! (repito!) s2
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