Após mais de 15 anos encantando palcos do Brasil e da Europa com sua fusão única entre canto lírico e MPB, a cantora mineira Nádia Figueiredo retorna à sua cidade natal para apresentar Versatile in Concert, no dia 5 de agosto, no Clube de Jazz do Café com Letras, em Belo Horizonte. Misturando jazz, música brasileira e línguas estrangeiras, o show marca não apenas um reencontro afetivo com o público mineiro, mas também um novo ciclo em sua carreira artística, em que a liberdade musical é o fio condutor.
Você já cantou em palcos grandiosos como os coliseus de Lisboa e do Porto, mas agora retorna para um show solo em Belo Horizonte, sua cidade natal. O que esse momento representa para você, emocionalmente e artisticamente?
Eu sai de BH com vinte e poucos anos para morar em São Paulo a convite da agência de modelos chamada Next Models. Muitos não conheceram a Nádia cantora. Cantei muito quando criança e adolescente e depois tive um hiato musical para trabalhar como modelo, quando decidi estudar canto lírico estava com 31 anos, de lá pra cá nunca parei de estudar e tentar aprimorar a técnica.Mesmo morando no Rio de Janeiro, eu não me considero carioca, eu sou mineira com muito orgulho, o acolhimento que tenho na minha cidade é muito aconchegante. São muitas recordações e também um pouco de melancolia, pois, gostaria que meu pai pudesse estar presente, ele era um grande fã e foi levado na pandemia.
O projeto “Versatile in Concert” reflete sua essência de transitar entre estilos, idiomas e timbres. Em que momento da sua trajetória você percebeu que a versatilidade era mais do que um recurso — e sim uma identidade sua?
Na adolescência eu percebi que era diferente, eu não me encaixava nos padrões, lembro uma das apresentações que fiz no colégio, onde eu vestia um vestido de bolinhas e tocava guitarra com uma banda de rapazes com o cabelo grande, os competidores disputavam o prêmio de melhor composição musical, e o júri era composto por algumas freiras, pois, estudava em um colégio católico. Aquilo não era comum na época. Eu precisava dessa liberdade no palco e na vida, gosto de usar a criatividade e a versatilidade, explorando ritmos, sons e idiomas.

Você une técnica lírica com a leveza da MPB e outras influências contemporâneas. Como foi o processo de encontrar esse equilíbrio entre dois mundos que, para muitos artistas, parecem tão distantes?
Logo depois que comecei a estudar técnica lírica de canto, eu sabia que queria ter um projeto diferente, e eu pensava erroneamente que se eu cantasse árias de ópera, o canto popular seria fácil. Admito que não foi um pensamento humilde, usamos regiões do aparelho vocal bem diferentes, ao vivo é difícil transitar com perfeição entre os dois extremos.
No palco, você estará ao lado de músicos renomados como Evan Megaro, Enéias Xavier e André Limão Queiroz. Como tem sido a construção desse diálogo musical entre vocês e o que o público pode esperar desse encontro?
O público pode esperar uma noite agradabilíssima.

Mesmo com tantas conquistas na bagagem, você menciona que cantar em BH é especial. Como a cidade e sua história pessoal aí ainda influenciam a sua arte e suas escolhas criativas hoje?
Voltar em BH e voltar ao lugar onde tudo começou, tenho boas recordações.
Você também é autora de um livro sobre técnica vocal e fundadora de um selo musical. Em meio a tantas funções, como você encontra tempo e inspiração para continuar criando com liberdade?
Quando gostamos muito de algo, canalizamos nossa energia para aquilo, e com a música é assim.

Seu próximo single vem aí e esse show marca uma transição na sua carreira. Pode nos dar um spoiler do que vem por aí em termos de sonoridade, temática ou proposta artística?
Ainda não posso compartilhar informações sobre o novo single, mas eu espero poder fazer em breve.
Em um mundo que tanto exige definição e rótulos, você opta por uma carreira que celebra a fluidez. Que conselho daria para outros artistas que têm medo de sair das “caixinhas” e seguir um caminho mais autêntico?
Não sei se sou a melhor pessoa para dar conselhos, mas, meu pensamento é: “-Quanto mais o artista for fiel a sua essência maior a probabilidade dele conseguir transmitir emoção ao seu público.”
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