Megic Eric Desperta a Nova Geração da MPB com seu Álbum Solo “Vida Comum (Realismo Fantástico)”

Megic Eric (Elisa Maciel)

Megic Eric, um talentoso artista da nova geração da MPB, está lançando seu aguardado primeiro álbum solo, intitulado “Vida Comum (Realismo Fantástico)”. Essa obra musical, composta por 10 faixas, explora um amplo espectro de emoções e experiências que ecoam na vida de todos nós.

Durante o período de gravação, que se estendeu de dezembro de 2019 a janeiro de 2023, Megic Eric utilizou uma variedade de espaços, incluindo um estúdio caseiro que ele montou, bem como o estúdio de Caetano Veloso, onde colaborou com o técnico de som Lucas Nunes (Bala Desejo). Além disso, trabalhou em estúdios renomados, como Iglu, 304, GÁ e Carolina. O álbum também conta com faixas co-produzidas em parceria com o músico Guilherme Lirio, que já trabalhou com notáveis artistas como Bem Gil e Ana Frango Elétrico.

Quando se trata do gênero musical do álbum, Eric descreve sua música como MPB Baixo-Astral-Tropical. Essa expressão musical se inspira nas clássicas canções de rock brasileiras das décadas de 60 e 70, incorporando nuances da música folk americana e uma sonoridade contemporânea influenciada por artistas populares da música atual. O álbum será lançado sob o novo selo musical Rizz 4 Music, com distribuição pela Ingrooves.

“Vida Comum (Realismo Fantástico)” é um trabalho que oferece tanto músicas tradicionais quanto experimentais. A faixa de abertura, “Vida Comum,” lançada em maio, homenageia a avó do cantor e aborda temas universais, como o amor familiar. Em seguida, “vish / de areia” apresenta uma abordagem mais experimental, baseada em duas músicas de sua antiga banda, Baltazar. “Teu Calor,” lançada em setembro, destaca-se por seu solo de saxofone de Milton Guedes e pelos vocais compartilhados com Luluca, além da contribuição de diversos músicos talentosos.

“Ao Meio” é uma dedicatória a Pedro Mib, amigo e mentor musical de Eric, e “Um Dia Qualquer,” a faixa final do álbum, encapsula a mensagem de manter a esperança e a resiliência mesmo nos momentos mais desafiadores da vida cotidiana. “Vida Comum (Realismo Fantástico)” é uma exploração profunda de emoções, narrativas e um olhar para a vida através da lente única de Megic Eric. Com sua sonoridade diversificada e letras cativantes, esse álbum promete ser uma experiência musical emocionante para os ouvintes.

“Vida Comum (Realismo Fantástico)” abrange diversos gêneros musicais, como MPB, Pop Rock e Indie. Pode nos contar mais sobre a inspiração por trás dessa diversidade sonora?

Acho que tenho um gosto musical bem eclético. Desde criança, em casa, já recebia referências diversas, com meu pai ouvindo cassettes de rock anos 70, e minha mãe sendo mais ouvinte de CDs de mpb, bossa e soul. Com o passar dos anos meus gostos foram se expandindo e hoje mais do que me reconhecer em apenas um gênero, sou um amante de explorar novas referências. Tenho muita MPB e Pop Rock na minha matriz, mas também gosto de muitas coisas de RnB, Hyperpop, Samba, Jazz contemporâneo…

E acho que sou assim com as inspirações como um todo, para além da música. Me inspiro para cantar e compor a partir de fontes muito diversas, diferentes cenários da vida. Posso me inspirar com algo denso como a relação com a morte de um familiar ou uma experiência amorosa profunda, mas também encontro magia e inspiração em pequenas cenas corriqueiras do dia a dia, como numa simples viagem de metrô.

Como foi a experiência de gravar em diferentes locais, incluindo um estúdio caseiro e o estúdio de Caetano Veloso? Isso influenciou a sonoridade do álbum?

De fato o álbum foi gravado em muitos lugares diferentes, e acho que isso acabou dando um traço de identidade estética para ele. Além do estúdio do Caetano, também houve gravações em pelo menos 3 outros estúdios aqui no Rio, um coro aqui, flautas ali, guitarras em outro lugar… E rolaram em diversas casas também, não só na minha.

Acho que as experiências de gravar em casa ou em um estúdio propriamente dito são diferentes e dão diferentes benefícios. Em casa tem total liberdade, de tempo e espaço, para experimentar bastante. E tem uma coisa rústica do som produzido em casa que é visceral que adoro. Mas o ambiente de estúdio também traz um tesão e uma assertividade muito boa pro processo e, especialmente para faixas em que teve gravação de banda inteira tocando junto, ou alguns instrumentos específicos, só em estúdio para dar conta. Tentei juntar o melhor dos dois mundos na produção do álbum, e acho que chegou num lugar bem único e legal de sonoridade.

O álbum explora a ideia de músicas “comuns” e “fantásticas”. O que os ouvintes podem esperar das faixas consideradas “fantásticas”?

No álbum tento falar de encontrar momentos mágicos no cotidiano da vida, tanto nos dias de sol quanto nos dias de chuva. Durante o processo de gravação de algumas faixas, especialmente por ter a pandemia como plano de fundo, quis experimentar com as músicas, tentar reimaginar elas ainda em construção. Nisso cheguei em 4 faixas que considero as “fantásticas”, que originalmente eram canções “comuns”, com letra, banda, etc – mas que fui experimentando e remixando ao longo do processo até acabar me apaixonando mais pelos formatos alternativos. São faixas mais experimentais e com mais seções instrumentais. Mas no geral, acho que tem momentos fantásticos nas músicas comuns e vice-versa, essa que foi minha maior pira no projeto.

“Vida Comum” faz uma homenagem à avó do cantor e aborda o tema do amor em família. Como a música pode ser uma ferramenta para expressar essas emoções?

Acho que a música é realmente uma ferramenta mágica para ajudar a gente a expressar emoções e se conectar através delas. Tem coisas que se parar pra tentar falar sobre, explicar com palavras numa conversa, fica muito distante de despertar a emoção original. Já a música tem esse poder de pular nosso filtro racional e mexer diretamente com nossas emoções, é muito lindo e forte isso.

Essa música especificamente é muito importante pra mim, tenho muito carinho por ela. Escrevi ela em agosto de 2020 após um dia inteiro visitando meus avós (munido com quilos de máscaras e álcool gel, estávamos num período bem intenso de pandemia). Meu avô estava chegando no fim da vida e já percebíamos isso, e nesse dia em especial conversei muito com minha avó que me contou diversas histórias de sua vida, algumas coisas que eu já sabia mas outras não. Fiquei muito carregado emocionalmente, com a pandemia acontecendo, meu avô em vias de se despedir de nós, essa conversa com minha avó… Cheguei em casa e basicamente vomitei a música de uma vez, comecei a cantarolar no violão e quando vi estava pronta!

“Toda Natureza” reflete sobre a conexão entre os seres humanos e a natureza. Pode compartilhar mais sobre a mensagem dessa música e como ela se relaciona com o álbum?

Toda Natureza fala sobre essa ideia de que tudo está conectado e é uma coisa só: a Vida Comum. Porque vida comum é a vida cotidiana, vida usual, mas é também a vida que vivemos em comum, em comunidade, comungando. Nessa música, vejo tudo misturado, não só as pessoas, mas as janelas, as árvores, nuvens e postes. Penso em como, por exemplo, dentro do nosso corpo estima-se que tem literalmente trilhões de organismos vivos coabitando e, mesmo assim, a gente olha de fora e fala que isso é apenas 1 corpo. Apenas 1 eu. Com a mesma cabeça, se a gente olhar para todo planeta (ou mesmo além dele), dá para entender que é tudo 1 corpo só também. Nós, indivíduos humanos, apenas mais algumas das entidades vivas que, juntas, compõem o corpo maior de tudo que é vivo. Como falo nos últimos versos da música, “somos um só, eu e você”.

“100%” aborda o vício em celular. Como a música pode levantar questões importantes sobre o uso da tecnologia na sociedade atual?

Não sei se consigo dar conta de fazer todas minhas reflexões e críticas sobre o uso extremo da tecnologia nos dias de hoje em uma só música, mas em 100% eu tentei! É uma música mais agitada no álbum em que falo sobre isso, vício, velocidade, voracidade, intensidade. No refrão, penso que estou falando diretamente com o meu celular (que de fato está do meu lado me ouvindo quase sempre): “100%, é verdade, o meu tempo é só seu”, “você não vê que mexe a engrenagem e meu coração bate até parar de bater”.

É uma letra bem metafórica, menos literal que outras do álbum, pois acho que foi assim que consegui traduzir melhor o astral da intensidade desenfreada com a qual estamos nos relacionando com essas tecnologias – em especial o celular.

Você mencionou faixas “fantásticas” como “(vish / de areia)” e “(ahahahha…)”. Como essas faixas experimentais se encaixam na narrativa do álbum?

Acho que elas representam justamente os momentos mágicos que nos cruzam em nossas vidas. Entre um dia e outro normal de rotina, sem esperar ou planejar, você conhece uma pessoa por quem vai se apaixonar e mudar sua vida. Ou ainda, num dia qualquer, você sai de casa e tropeça numa raiz de árvore que estava na calçada desde antes de você nascer, mas pela primeira vez você para e pensa sobre ela.

É nesse mesmo ritmo, de quebra do fluxo contínuo da realidade a partir de um acontecimento inesperado, que essas faixas funcionam no álbum.

“Ao Meio” é uma canção dedicada a um amigo. Como a música pode ser uma forma de homenagear e expressar sentimentos em relação a pessoas próximas?

Tem canções que saem espontaneamente expressando sentimentos fora de controle, sem querer. Ao Meio, no caso, foi uma música no meio do caminho, pois comecei a escrever objetivamente pensando em um amigo que estava morando em outro país, em vias de retornar. Ele também é músico e muito querido por mim. Nesse dia, peguei o violão e estava tocando uma música antiga dele e aí, quando vi, comecei a experimentar uns acordes diferentes, mas naquela mesma levada. Gostei do caminho novo e então comecei naturalmente a cantar e pensar a letra que virou Ao Meio. Novamente, acho fascinante esse poder da música de expressar sentimentos de uma forma muito pura. Acho que é a forma de arte que mais profunda e facilmente atinge nossos sentimentos, independentemente do que a cabeça pensa. Nesse caso, estava expressando sentimentos de saudades mas também de alegria pelo retorno previsto de uma pessoa querida.

“Um Dia Qualquer” parece transmitir uma mensagem de esperança. Pode nos contar mais sobre o significado dessa música e sua conexão com o restante do álbum?

É engraçado porque na verdade essa é a música mais antiga que escrevi que entrou no álbum, é de 2016. Curiosamente, a letra dela estava fazendo ainda mais sentido em 2020, quando comecei sua gravação, e acho que se relaciona bem com a temática geral do álbum. Nela falo de como, num dia qualquer, é possível se maravilhar com a vida a partir de pequenas coisas, como uma simples caminhada pela rua – o que soava ainda mais surreal em meio ao cenário pandêmico. E ela fala de manter a cabeça erguida e acreditar na roda da vida, no fim de ciclo que tem de vir para se abrirem novos caminhos em seguida. Frente às incertezas e instabilidades da pandemia, me apoiei bastante nessa canção para encontrar paz e esperança.

Finalmente, o que os ouvintes podem esperar experimentar e sentir ao ouvir “Vida Comum (Realismo Fantástico)”?

Acredito que podem esperar por sentimentos de conforto e serenidade, sustos e risadas, também com uma dose de calor e balanço em algumas faixas e mais de frio e coberta em outros. Brisas quentes, horizontes abertos, telescópios e microscópios. Acho que, na verdade, é um álbum bem diverso.

E espero que, de alguma forma, mesmo que inconsciente, fique a mensagem de que a magia de se estar vivo se dá um dia após o outro, nos momentos comuns. E cada vez mais enxergo que comum não é apenas aquilo que é normal ou simples mas, mais do que isso, é aquilo que se tem em comum com outras pessoas. Vida comum é a vida de tudo. Então no Vida Comum (Realismo Fantástico) tento falar não apenas sobre a minha vida e fantasias, mas sobre histórias e emoções que são, de alguma forma, comuns a todos.

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