Mariana Oliveira: talento e dedicação marcam a trajetória de um dos maiores nomes da dança brasileira

Luca Moreira
24 Min Read
Mariana Oliveira
Mariana Oliveira

Com uma carreira sólida e marcada pela dedicação, Mariana Oliveira vem conquistando um lugar de destaque na dança brasileira. Formada pela renomada Escola Bolshoi Brasil, em Santa Catarina, a bailarina e instrutora de dança brilhou como integrante da FitDance, uma das maiores redes de dança do país. Além disso, sua versatilidade a levou para palcos de prestígio, como o ballet da icônica banda Raça Negra e o STAGE Art Center. Mariana também expandiu seu talento para o universo audiovisual, participando do videoclipe “Whind Dance – Cuzcuz” de Whindersson Nunes, em 2021, e integrou o corpo de bailarinas do SBT, consolidando sua carreira na televisão. Com uma trajetória impressionante, a artista segue encantando públicos por onde passa.

Você teve uma formação sólida na Escola Bolshoi Brasil e, desde então, sua trajetória na dança só cresceu. Olhando para essa jornada, o que a dança significa para você hoje?

A dança, para mim, significa tudo. É através dela que eu entendi o que é arte, o que é pertencimento, o que é conexão. Eu danço desde os quatro anos de idade, então não existe uma versão minha que não esteja ligada à dança. Ela me sustentou e ainda me sustenta — financeiramente, psicologicamente e emocionalmente.

A dança me deu oportunidades que talvez nenhuma outra coisa daria: me fez conhecer cada vez mais meu país, viajar para fora, viver experiências que transformaram quem eu sou. Mas mais do que isso, ela me ensina a conviver com pessoas de realidades financeiras muito diferentes da minha, com identidades de gênero diferentes da minha, com visões de mundo que me fazem crescer.

A dança me dá uma estabilidade que nenhum ser humano conseguiu me oferecer. É minha base, meu trabalho, minha cura, minha expressão. Dançar é existir do jeito mais verdadeiro que eu conheço.

Sua carreira transita entre diferentes espaços, desde o ballet do Raça Negra até o STAGE Art Center. Como você equilibra esses diferentes estilos e ambientes de trabalho?

É desafiador ter/estar em diferentes meios, mas esse é exatamente o propósito que eu quero alcançar com o meu trabalho. Eu não quero atuar só por um único viés — eu quero trocar experiências. Compartilhar o que eu vivo e aprender com outras pessoas, sejam profissionais ou amadoras.

A dança, para mim, vai muito além do palco. Ela acontece na sala de aula, nos bastidores, nos ensaios, nas ruas, nos espaços acadêmicos e nos encontros informais. E manter essa jornada dupla — ou melhor, múltipla — é intenso. Durante a semana, eu dou aulas, faço ensaios, crio coreografias para debutantes, noivas, trabalhos especiais… E nos finais de semana, eu estou sempre em cena, fazendo shows.

É uma correria louca, sim. É cansativo. Mas ao mesmo tempo, é extremamente gratificante perceber que estou exatamente onde eu queria estar, fazendo o que eu amo, crescendo como artista e como pessoa a cada nova experiência.

Mariana Oliveira com alunas da Stage
Mariana Oliveira com alunas da Stage

Estar no corpo de bailarinas do SBT deve ter sido uma experiência única. Como foi trabalhar na televisão e quais foram os maiores aprendizados dessa fase?

Trabalhar na televisão foi uma descoberta incrível para mim. Nem imaginava que eu fosse gostar tanto, mas quando comecei a gravar os programas no SBT, percebi o quanto aquilo me preenchia. Foi um período de muito aprendizado e crescimento. Tive a sorte de trabalhar com coreógrafos maravilhosos e viver uma rotina intensa e desafiadora.

De 2013 a 2020, passei sete anos gravando o programa do Raul Gil, participando do “Jogo do Banquinho” e de outros quadros que envolviam o balé. A televisão tem uma energia única. Você tem uma chance só: entrou, gravou, foi para o ar. E é isso. Esse formato exige muita precisão, foco e entrega.

Lembro de dias em que a gente ensaiava de manhã no próprio SBT e à tarde já gravava sete, oito coreografias diferentes. Era uma correria intensa, mas eu amava. Amava gravar, amava o ambiente, amava a equipe — dos câmeras aos figurinistas, maquiadores, bailarinos… é um time enorme, e é bonito ver tanta gente trabalhando junto para um resultado que chega na casa de milhares, talvez milhões de pessoas.

Tenho muito orgulho de ter feito parte da história do SBT, uma das maiores emissoras do país, e especialmente do programa Raul Gil. E foi lá que também vivi outras oportunidades incríveis, como conhecer e trabalhar com o Silvio Santos, o que foi uma grande honra. Além disso, tive o privilégio de ser professora particular de dança da apresentadora Eliana durante dois anos, indo semanalmente à casa dela para nossas aulas.

Essas experiências me marcaram profundamente. A televisão me deu muito mais do que visibilidade — me deu conexões, aprendizados e memórias que vou levar para a vida toda.

Você já participou de projetos que vão do ballet clássico ao universo da FitDance e da dança comercial. Como você enxerga a importância dessa versatilidade para um bailarino hoje?

Essa pergunta é super curiosa, porque justamente essa semana estou procurando bailarinas para um trabalho meu — e preciso de artistas com corpo versátil, que transitem bem entre o balé, o jazz, o jazz funk, o contemporâneo… E está muito difícil encontrar.

Hoje em dia, muita gente deixou de fazer aula. O TikTok, de certa forma, revolucionou o cenário da dança, especialmente durante a pandemia, trazendo uma visibilidade que antes a dança não tinha nas redes sociais. Mas, ao mesmo tempo, trouxe também um certo comodismo. Muita gente acha que coreografar, dançar, aprender… é só fazer TikTok. A dança virou algo muito rápido, muito imediato. Mas a formação real, a versatilidade de verdade, exige tempo, dedicação, estudo e pesquisa.

E essa falta de formação tem um impacto direto no meu trabalho como coreógrafa. Muitas vezes, preciso criar dentro do limite dos bailarinos, porque não dá para exigir algo que eles não têm repertório para executar. Isso restringe a criatividade, o estilo, a narrativa.

Fui formada na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, onde tive acesso a uma formação ampla — balé, sapateado, contemporâneo, elementos circenses, teatro, percussão, piano… um verdadeiro leque. E sei o quanto essa bagagem me permite hoje criar com mais liberdade e trabalhar em diferentes contextos.

A versatilidade não é só um diferencial — hoje, ela é uma necessidade. Porque o mercado mudou, a dança se expandiu, e quem quer viver disso precisa estar pronto para ir além de uma tendência de rede social.

Além disso, a versatilidade desenvolve um corpo mais preparado, uma mente mais aberta e uma sensibilidade artística mais rica. Ela não significa ser “bom em tudo”, mas sim estar disposto a aprender, experimentar e se reinventar constantemente.

Mariana Oliveira durante show
Mariana Oliveira durante show

Sua participação no videoclipe Whind Dance – Cuzcuz, de Whindersson Nunes, levou sua arte para o universo digital. Como foi essa experiência e o que mais te atrai na conexão entre dança e audiovisual?

Tive três grandes privilégios nesse projeto que marcaram profundamente minha trajetória. O primeiro foi trabalhar com o coreógrafo Gustavo Santos (Gus – @gustavosantosw), cujo trabalho eu já admirava pela internet, mas nunca tinha tido a oportunidade de vivenciar de perto. E foi exatamente como eu imaginava — ele é incrível, sensível, criativo, e foi um verdadeiro aprendizado estar ao lado dele nesse processo.

O segundo foi conhecer e trabalhar com o artista multitalentoso Whindersson. Ele me impressionou em todos os sentidos. É um artista completo: cria, executa, ouve, sugere, propõe. Tem uma criatividade assustadora e uma visão artística muito ampla. Ele esteve presente em todos os detalhes — elementos coreográficos, figurinos, cenário, até posicionamento de câmeras. Claro, não foi só ele quem pensou em tudo, mas o toque dele está em cada parte do trabalho. Foi um privilégio enorme sentir de perto como ele funciona artisticamente.

E o terceiro encontro foi com o Júnior Marques (@juniomarques), diretor de criação — um profissional excepcional, que conduziu tudo com maestria. O resultado foi impecável, e isso se deve muito à sensibilidade e ao olhar técnico dele.

Esse projeto me fez reafirmar o quanto o audiovisual é essencial para a dança. Ele amplia nosso alcance, conecta a dança a novos públicos, plataformas, linguagens. Não é por acaso que tantos clipes usam dança como força criativa central — a dança tem poder de comunicação, de emoção, de impacto.

Não é à toa que algumas das músicas mais vistas e lembradas mundialmente têm a coreografia como elemento central. Um dos maiores exemplos é “Gangnam Style”, que explodiu na internet por causa da dança marcante — foi a coreografia que viralizou e carregou o clipe. No Brasil, a gente viu isso com “Show das Poderosas”, da Anitta. A força da dança ali foi determinante para transformar a música num sucesso. Coreografia tem esse poder: ela fixa, conecta, viraliza — ela eterniza um momento.

Dançar ao vivo nos palcos do Raça Negra deve ser emocionante. Existe um momento especial em alguma apresentação que te marcou profundamente?

Dançar com o Raça Negra é, sem dúvida, um privilégio. Estamos falando de uma banda com mais de 40 anos de sucesso, que continua arrastando multidões por onde passa. E para mim, essa história vai além do palco — ela toca a minha memória afetiva.

Lembro nitidamente da minha infância, quando ia brincar na casa da minha prima. Minha tia, completamente apaixonada pelo Raça Negra, colocava o LP para tocar enquanto faxinava a casa. A gente brincava ao som da banda, e aquilo ficou gravado em mim.

Então, quando comecei a subir no palco com o Luís Carlos, principalmente na música “Cheia de Manias”, que é o maior sucesso, era impossível não me emocionar. Todas aquelas lembranças vinham à tona. E ouvir o público cantando em coro, sentindo a força daquela música… é uma experiência única.

Fazer parte, ainda que por um tempo, da história de uma marca tão grandiosa e respeitada como o Raça Negra é uma honra enorme. Levo comigo não só a vivência profissional, mas a amizade que também construí com as outras bailarinas.

Mariana Oliveira em uma de suas primeiras apresentações
Mariana Oliveira em uma de suas primeiras apresentações

Além de brilhar nos palcos, você também atua como instrutora de dança. O que mais te motiva a ensinar e como vê a dança transformando a vida dos alunos?

Meu objetivo ao ensinar dança vai muito além da técnica. Claro, ensino passos, ritmos, estilos — mas o que eu realmente quero é transformar sentimentos, ideias, percepções. Eu quero que as pessoas que entram numa sala de aula comigo saiam diferentes. Mais leves, mais confiantes, mais conectadas consigo mesmas.

Muita gente que faz aula comigo não quer ser profissional da dança — e está tudo bem. Cada um chega com um objetivo: aliviar o estresse, perder a timidez, se reconectar com o corpo, fazer amigos, se desafiar. E eu acredito que a dança acolhe todos esses propósitos. Ela tem essa capacidade de desbloquear, de provocar mudanças internas profundas, mesmo em uma única aula.

Na minha aula, você vai rir, vai se desafiar, vai sentir. E, acima de tudo, vai se permitir. E é isso que eu quero, ser instrumento dessa transformação.

Um dos momentos mais marcantes da minha trajetória como professora foi ouvir o relato de uma aluna que pensava em tirar a própria vida. Ela chegou até mim num momento muito difícil, e decidiu fazer uma aula. E naquele espaço, algo mudou.

Ela se encantou com a aula, com as músicas, com as pessoas, com a energia do ambiente. Começou a voltar, uma vez, depois outra, e a dança foi despertando nela uma nova vontade de viver. Ela começou a se amar mais, a se cuidar, a se permitir sentir alegria novamente.

Dentro de uma sala de aula ou num palco, não importa de onde você veio, importa o quanto você está disposto a sentir, a se mover, a se permitir. Esse depoimento me marcou profundamente, porque reafirma tudo o que eu acredito: a dança vai muito além do movimento. Ela é cura, é encontro, é transformação. Ela salva. É por isso que eu continuo fazendo o que faço com tanto amor. Porque ensinar dança é também acolher histórias, oferecer caminhos e, às vezes, ser um ponto de luz na vida de alguém.

A carreira artística nem sempre é fácil. Houve algum desafio significativo que você enfrentou na dança e que ajudou a moldar quem você é hoje?

Trabalhar com arte no nosso país não é fácil. Já tivemos avanços, sim, mas ainda vivemos numa realidade em que o artista não tem o mesmo reconhecimento que outras profissões. E isso se reflete em tudo: nos cachês baixos, na falta de estrutura, na desvalorização constante. O bailarino inclusive, é muitas vezes julgado, mal compreendido.

Mas, olhando para minha trajetória, o maior desafio que a dança me trouxe não está exatamente dentro da dança. Foi fora dela. Foi a distância.

Eu abdiquei de muitos momentos com a minha família porque escolhi dançar. Mudei de cidade, deixei datas especiais passarem, perdi cafés da tarde, almoços de domingo, conversas antes de dormir. E mesmo com a tecnologia encurtando as distâncias, a presença física faz falta. Faz muita.

Esse é o preço que se paga por escolher viver da arte em um país onde as oportunidades ainda estão muito concentradas — especialmente em São Paulo, que é onde realmente se consegue viver da dança com mais consistência.

É muito louco isso. Poderia listar tantos outros desafios que a dança me impôs. Mas, no fundo, o que mais pesa é o que ela me fez abrir mão fora dos palcos. E, ainda assim, eu sigo. Porque é essa escolha que me completa.

Todo o esforço que eu fiz para dar certo na dança, para correr atrás dos meus sonhos, para provar que sim — é possível viver da arte, pagar as contas, realizar desejos e ser feliz — me transformou. Me tornou uma mulher mais madura, mais segura das minhas escolhas, com um olhar muito mais amplo sobre o mundo.

Nada vem fácil. E se eu não correr atrás, ninguém vai correr por mim. O meu futuro é responsabilidade minha. Eu é que construo cada passo, cada conquista. E a vida, às vezes, testa a gente. Parece que ela pergunta: “Você tem certeza?” E quando isso acontece, é a hora de reafirmar: sim, é isso que eu quero. Mesmo com os sacrifícios, mesmo com os desafios, vale a pena. Porque no fim das contas, eu sou muito mais feliz com a dança. E tudo isso só reforça que escolhi o caminho certo — mesmo que não seja o mais fácil.

Mariana Oliveira durante o 1º ano no Bolshoi
Mariana Oliveira durante o 1º ano no Bolshoi

Com tantas conquistas na bagagem, há algum sonho ou projeto futuro que você ainda deseja realizar na dança?

Além do meu estúdio de dança, que já começou a ganhar forma com muito trabalho e amor, meu objetivo é vê-lo crescer cada vez mais: salas cheias, alunos felizes, professores valorizados e bem remunerados. Um espaço onde a dança pulsa com verdade e acolhimento.

Mas meu sonho vai além. Um dos meus maiores projetos é criar um projeto social de dança, voltado para crianças, adolescentes e adultos que não têm condições de pagar uma aula, uma escola, uma formação. Quero oferecer aulas gratuitas, mas mais do que isso: oferecer oportunidades reais de transformação de vida através da dança.

Esse projeto vai além do aprendizado — ele é um caminho. Um caminho que pode levar esses alunos a trabalharem com dança: em shows, clipes, comerciais, TV, teatro, eventos. Quero mostrar que a dança não é só para quem pode pagar. Ela é para quem sente, para quem sonha, para quem está disposto a se entregar. A arte pode — e deve — ser acessível. E eu quero ser ponte para isso.

Para finalizar, se você pudesse definir sua trajetória na dança em uma única frase, qual seria?

Tenho uma tatuagem que carrego com muito significado. É uma frase antiga, que sempre foi uma resposta para qualquer dúvida que eu tivesse, uma resposta que me impulsionou a agir. E, embora algumas pessoas possam achá-la sombria ou até negativa à primeira vista, ela é justamente o oposto. É um empurrão, um convite à ação.

A frase é de Amyr Klink, um famoso navegador brasileiro, e diz: “Um dia é preciso parar de sonhar e de algum modo partir.” Quando eu a li pela primeira vez, algo dentro de mim despertou. E ela faz todo sentido, porque se você realmente quer algo, não basta só sonhar, é preciso parar de esperar e correr atrás, fazer acontecer. Como na dança: se joga! É isso que a frase me lembra todos os dias — a necessidade de agir, de dar o passo para a transformação, sem medo de se jogar no desconhecido.

Mariana Oliveira se apresentando com o Raça Negra
Mariana Oliveira se apresentando com o Raça Negra

Recentemente, você teve a oportunidade de dirigir o ballet do show do cantor Belo e que de acordo com você foi algo bastante inesperado. Qual foi o momento mais marcante durante esse período e qual é o maior desafio de encarar um projeto desse porte?

Atualmente, sou coreógrafa e diretora artística dos shows do Belo, tanto os shows de estrada quanto o Belo in Concert, que é um projeto paralelo dele. Às vezes, parece até difícil de acreditar que estou à frente do balé de um dos maiores artistas do país. É uma responsabilidade gigantesca, mas também uma satisfação e honra imensas.

Sem dúvida, o momento mais marcante foi o convite para trabalhar com ele. Ali, percebi a confiança que as pessoas envolvidas no projeto depositaram no meu trabalho, o que me motivou a dar o meu melhor em todos os aspectos. Minha resposta a esse convite é, sem dúvida, toda a minha gratidão, empenho, talento e, acima de tudo, responsabilidade com a carreira de um artista tão grandioso.

O maior desafio, sem dúvida, é representar o Belo. Ele é o artista que mais faz shows no país, com uma carreira de 35 anos consolidada, e arrasta multidões por onde passa. O show é uma verdadeira experiência emocional, as pessoas cantam do começo ao fim, e o clima é carregado de sentimento e história. Trabalhar ao lado de alguém com uma trajetória tão sólida é gratificante e ao mesmo tempo desafiador.

Apesar de todo esse legado, Belo se mantém extremamente atual. O figurino, o cenário e até o público têm uma energia muito contemporânea. Não é só o público que o acompanhava nos anos 90; Belo conquista também adolescentes e crianças, que cantam suas músicas com paixão. Isso exige de mim uma constante atualização, não só no desenvolvimento das coreografias, mas também nos desenhos e movimentos que trazem uma nova roupagem para suas apresentações, mantendo a tradição enquanto dialoga com o presente.

Mariana Oliveira após apresentação com debutante e suas amigas
Mariana Oliveira após apresentação com debutante e suas amigas

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