Uma das redes sociais mais populares do Brasil, com mais de 134,6 milhões de perfis ativos segundo o DataReportal, o Instagram é o foco do novo livro da especialista em marketing digital Júlia Munhoz. Publicada pela DVS Editora, a obra Desvendando o Instagram traz estratégias práticas para marcas, influenciadores e produtores de conteúdo que desejam transformar seguidores em clientes engajados e construir conexões genuínas na plataforma.
No livro, você destaca a importância de planejar e seguir estratégias para alcançar resultados. Como você enxerga o equilíbrio entre a espontaneidade criativa e o planejamento meticuloso nas redes sociais?
Eu vejo o planejamento e a espontaneidade mais ou menos como dois lados da mesma moeda. O planejamento é essencial para ter consistência, organizar ideias, para conseguir tirar as ideias do papel, para alcançar objetivos. É ele que ajuda a manter o foco, a entrar em ação, a ter clareza, além de mensurar resultados. Porém, é a espontaneidade criativa que dá vida ao conteúdo. É ela que conecta o perfil com a audiência de uma forma mais genuína, mostrando que tem uma pessoa, uma marca real por trás da daquela conta. No livro eu apresento estratégias para você criar um planejamento que não seja rígido, mas que permita uma flexibilidade para momentos de espontânea, por exemplo.
Ter um calendário editorial é muito importante, mas ele precisa ser ajustável para aproveitar tendências, coisas que estão acontecendo naquele momento. Momento para você compartilhar algo que aconteceu naquele dia, algo autêntico, inesperado, sempre no momento certo. E essa mistura entre organização e improviso é o que torna o perfil mais humano.
A prática ajuda a entender o que funciona melhor para o público a adquirir essa sensibilidade, esse equilíbrio. E além disso, eu acredito que a espontaneidade não é algo que precisa ser totalmente não planejado, sabe? Você pode criar espaços e deve, dentro da sua estratégia, para interações naturais, como as lives, os stories do dia a dia, a possibilidade de responder a directs e comentários de uma forma mais criativa. Isso tudo reforça a autenticidade, que é um dos pilares importantes para você conseguir fidelizar seguidores, engajar, criar uma comunidade e se destacar no meio de tantos.
Sua trajetória no empreendedorismo digital é inspiradora. Quais dificuldades você enfrentou no início e como essas experiências moldaram a visão que você compartilha no livro?
Lá atrás, quando eu comecei no Instagram, em 2012 mais ou menos, a rede social era uma ferramenta muito nova. Quem estava ali não tinha experiência com a rede social, não existiam informações, como livros, cursos, mentorias, ou pessoas com experiência, além de dados na plataforma. Tudo era muito novo, então eu tive muita dificuldade com a plataforma em si, para entender os recursos, para entender o que as pessoas queriam ali dentro. Lembro que cheguei a desativar e até desinstalar o aplicativo do celular umas três vezes… até que eu falei “não, vejo nisso daqui uma oportunidade, vou encarar”. Fiquei muito tempo na questão da tentativa e erro, né, testando, errando. Hoje consigo ver que muito do meu tempo foi direcionado para entender aquela dinâmica.
Naquela época, não existiam ferramentas integradas ao aplicativo, tudo era feito manualmente. A frequência de postagens era o que trazia mais resultados, então eu tinha que postar muito. Era ativando despertador e montando legenda, imagem, legenda, imagem, legenda, imagem. Mas tudo isso também me ajudou a olhar de forma mais ampliada para a plataforma. Comecei a desenvolver um olhar estratégico, pensar o que é realmente importante.
É muito importante a gente encontrar um direcionamento, e essa é a proposta do meu livro, Desvendando o Instagram, por isso que eu trago exemplos claros, exemplos práticos, para realmente ajudar as pessoas a evitarem erros comuns, a seguirem com confiança, seguirem um caminho que vai levar ao sucesso, que vai levar a bons resultados.
Você menciona que as redes sociais foram fundamentais para transformar sua vida e seus negócios. Que conselho você daria para quem deseja fazer o mesmo, mas ainda não sabe por onde começar?
Meu principal conselho é comece pequeno, mas comece. É importante identificar uma área que você gosta, que você tem uma paixão, que você tem um conhecimento e usar as redes para compartilhar valor, para impactar os consumidores com conteúdos que agregam, que inspiram, que entretenham as pessoas. Não dá para focar apenas em vender, não dá para olhar para as pessoas apenas como números.
Hoje a gente precisa construir uma comunidade, precisa se aproximar do nosso consumidor. E no meu livro eu ensino isso. Oriento como definir um nicho, como criar conteúdo estratégico de valor. Se você quer começar, se você já tá no jogo, mas não está tendo resultado, adquira conhecimento, adquira orientação pra te poupar tempo, pra você concentrar realmente os seus esforços em estratégias que vão trazer mais resultados.
Muitos pequenos negócios usam a plataforma, mas nem sempre conseguem engajamento ou conversões. Que atitudes ou comportamentos você percebe como recorrentes e como seu livro ajuda a corrigir esses deslizes?
Muitos pequenos negócios ainda publicam conteúdo de forma aleatória ou focando exclusivamente em vendas, esquecendo de criar conexão com público ou simplesmente postando para cumprir uma tabela. Outro comportamento comum é a questão da inconsistência, seja na frequência de postagens, de stories ou até mesmo na mensagem transmitida uma inconsistência no posicionamento. Isso faz com que as pessoas percam o interesse ou tenham dificuldade em se identificar, em entender a proposta da marca em se conectar.
Também há uma tendência nas pessoas ignorarem a importância de entender de fato quem é o público-alvo. Negócios que falham em pesquisar, em conhecer profundamente suas audiências acabam produzindo conteúdo fora de contexto, conteúdo genérico, conteúdo que não traz valor e que resulta em baixo engajamento. A gente precisa entender muito bem quem é o nosso público, as dificuldades, as dores, os sonhos. Enfim, entender muito bem quem é o seguidor ideal do nosso Instagram, quem é o consumidor ideal do seu negócio para a gente se comunicar na mesma língua.
Outro ponto bem problemático é a falta de diversidade nos formatos de conteúdo. Tem gente que ainda não explora vídeos, enquetes, lives ou outros recursos do Instagram que incentivam a interação e que geram consequentemente conversões. No livro eu abordo essas questões de forma detalhada, eu ofereço soluções práticas para isso, eu ensino como criar um planejamento estratégico que equilibre engajamento e vendas, também trago exemplos de como transformar os erros em oportunidades, mostrando como pequenas mudanças já podem gerar grandes resultados.
E só para finalizar, é importante ter em mente que quando a conta não está fechando, quando o engajamento não está vindo, quando a conversão não está acontecendo, quando a conta não está crescendo, tudo isso é resultado de alguma falha de estratégia, de alguma falta de estratégia, de algum erro ali no processo. Então é preciso identificar o que está acontecendo, corrigir e os resultados vão mudar.

Com mais de 134 milhões de perfis ativos no Brasil, destacar-se pode ser desafiador. O que você diria que é o segredo para construir relacionamentos verdadeiros com os seguidores?
Eu vejo que um dos segredos para construir um relacionamento verdadeiro está na capacidade que você tem de entregar valor de forma consistente para as pessoas, de forma autêntica. Ser autêntico é mostrar quem você é, é compartilhar suas histórias reais, suas experiências pessoais, insights que você tenha que sejam relevantes para a sua audiência, mostrar seus bastidores, dividir mais sobre o processo. Tudo isso cria uma conexão emocional que é muito mais poderosa do que uma estratégia puramente técnica.
Outra peça-chave é a questão do público estar em busca de um conteúdo que educa, que inspira, que entretenha, que resolve um problema. Quando você se posiciona dentro do Instagram como alguém, como uma marca, como um negócio que realmente se importa em ajudar, em fazer a diferença, os seguidores também percebem isso e também se tornam mais leais, mais engajados e você desenvolve um sentimento de gratidão. Então, entregar valor é uma peça muito importante.
E interagir é indispensável, né? Você tá ali respondendo comentários e directs faz você criar espaços para ouvir a sua audiência, para que o seguidor se sinta valorizado. Que ele se sinta como uma parte de uma comunidade. No livro eu também exploro essas estratégias práticas para você fortalecer esses laços, como contar histórias autênticas, como utilizar interações em tempo real para você criar esse relacionamento, como diversificar os formatos de conteúdo para engajar diferentes tipos de público.
E, por fim, é aquela história de entender mesmo que um relacionamento verdadeiro vai muito além de números, muito além de métricas, né? Não é sobre quantos seguidores você tem, mas sobre a profundidade de conexão, de engajamento que você cria com eles. A confiança é uma base para qualquer relacionamento e ela se constrói com consistência, com empatia, com transferência. E no livro você aprende isso: como transformar a sua prática de uma forma que você se destaque no meio de tantos perfis ativos para que você seja ouvido, visto e reconhecido.
A busca por números, engajamento e relevância pode ser desgastante. Como você orienta seus leitores a lidar com a pressão de performar e manter a motivação?
A pressão por números é uma realidade nas redes sociais. As pessoas elas se cobram muito além de sempre se compararem com os outros. Isso é muito cruel porque as realidades das pessoas são diferentes, os bastidores são únicos, cada um tem suas próprias dificuldades. É preciso lembrar que métricas não definem quem você é, o impacto que você pode ter. No livro eu reforço muito isso, que o sucesso nas redes sociais vem de uma consistência, de uma autenticidade, dentro de estratégias e não numa busca incessante por curtidas, por seguidores, olhando só para os números.
Então uma das orientações que eu dou é pensar sempre a longo prazo, é pensar o porquê você tá ali nas redes sociais, para você sempre ter em mente a sua motivação, estabelecer metas realistas, metas mensuráveis e, acima de tudo, celebrar sempre as pequenas vitórias: um comentário significativo, um direct de um seguidor, a primeira venda… já são sinais que você está no caminho certo, já são pequenos ganhos que a gente precisa celebrar.
É muito importante também priorizar a saúde mental. A rede social pode ser muito desgastante, então é preciso planejar pausas quando necessário, diversificar os interesses, lembrar que desconectar também faz parte de se reconectar. E no livro, eu apresento estratégias para reduzir a pressão. Para auxiliar o uso de ferramentas de automação, a criação de um calendário editorial, a gestão de expectativas, a leitura das métricas. Tudo isso é para que a rede social se torne um pouco mais leve, mais sustentável, um caminho mais recompensador.
“Desvendando o Instagram” apresenta métodos e exercícios para engajar e fidelizar seguidores. Que tipo de transformação você espera ver nas redes sociais dos seus leitores depois de aplicarem as lições do livro?
Desvendando o Instagram, apresenta métodos e exercícios para engajar e fidelizar seguidores.
Bom, eu realmente espero que os meus leitores tenham uma transformação em relação à sua abordagem na rede social, passando de uma presença muitas vezes desconectada ou não vista ou improvisada para uma estratégia sólida, criativa, eficiente, consistente. Então, ao aplicar o meu método, os exercícios que proponho e se espelharem nos vários exemplos que estão ali dentro, imagino que os perfis vão ganhar mais identidade, clareza e profissionalismo, sempre refletindo os valores, o objetivo de cada pessoa ou negócio, mantendo aquela autenticidade que é tão importante nas redes sociais.
Eu espero que as pessoas consigam criar conexões genuínas com seu público, que realmente converta seguidores em clientes, que cria uma comunidade, que sintam confiança para usar o Instagram como uma ferramenta estratégica, que sintam confiança para colocar tempo, dinheiro e disposição de uma forma que mantém, como eu falei, a essência que torna um único. E que o Instagram não seja visto apenas como um canal de divulgação, de vendas e sim mais um espaço de troca, de inspiração, de crescimento e que as pessoas, claro, sintam a satisfação de ver os frutos do seu esforço, da estratégia, com resultados concretos que vão desde a visibilidade ao reconhecimento, ao crescimento do negócio, ao fortalecimento da marca e que se sintam cada vez mais empoderados, motivados para continuar inovando, construindo relações dentro da rede social, porque o sucesso no Instagram, ele é sobre fazer a diferença na vida do público.
Afinal, para mim, o sucesso no Instagram é sobre fazer a diferença na vida do público. É essa transformação que eu quero ajudar a proporcionar, criando uma corrente do bem. Porque uma vez que eu cresço o meu negócio, eu melhoro a minha vida, a vida da minha família, dos meus funcionários. Uma vez que eu ajudo os meus consumidores com meu produto ou serviço, eu tô ajudando eles a resolver uma dor, um incômodo ou chegar ao prazer. Para mim, empreender é sobre isso, sobre transformar.
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