Intrigas familiares, ambição desmedida e um crime sem respostas imediatas são os pilares de “A Morte da Viúva” (Ed. Telha), o mais novo romance policial do jornalista e escritor Carlos Carvalho. Na trama, o Delegado Luciano enfrenta um enigma complexo: a morte de Dona Marieta, uma senhora da classe média-alta carioca, em um apartamento sem sinais de arrombamento ou roubo. Com suspeitas que recaem sobre os próprios familiares da vítima, o livro une suspense e uma reflexão contundente sobre a ganância humana.
Intrigas familiares e crimes misteriosos sempre fascinam o público. No caso de “A Morte da Viúva”, como você construiu a dinâmica entre os membros da família de Dona Marieta para que os leitores se envolvessem com os suspeitos e seus possíveis motivos?
A ideia foi criar um ambiente de intrigas, onde o dinheiro era o ponto central, que movia as ações e decisões de toda a família e que poderia levar qualquer um deles a tomar medidas extremas para preservar sua boa condição de vida. Deixando claro para o leitor que todos eram suspeitos, sem exceções.
O delegado Luciano tem uma visão bastante crítica sobre a natureza humana. Como foi dar vida a esse personagem? Você sente que compartilha dessa visão sobre a capacidade humana de cometer atos extremos por ganância?
Sim, eu compartilho da visão do delegado Luciano. Acho que existem seres humanos capazes dos gestos mais nobres, mas, por outro lado, existem pessoas capazes das maiores atrocidades por ganância. É a dicotomia que cerca a natureza humana e que eu quis colocar em meus livros quando criei o personagem.
A cena do crime é descrita como um apartamento sem sinais de arrombamento e nada roubado. Como você aborda o desafio de criar pistas sutis que prendam a atenção do leitor, sem revelar o desfecho antes da hora?
Acho que esse é o grande desafio de criar uma história policial, você construir uma trama onde você vai apresentando os suspeitos e fornecendo algumas pistas de maneira a criar a expectativa no leitor pelo desfecho. Você não pode revelar todas as pistas de uma vez, mas também não pode omitir informações do leitor. É preciso buscar o equilíbrio entre as informações que você vai fornecendo e o desfecho da obra, que precisa surpreender.
Sua paixão pelos mistérios de Agatha Christie é evidente na sua trajetória. Qual foi a maior lição que você tirou das obras dela e como isso se reflete no modo como você escreve seus romances policiais?
Sou realmente um grande fã de Agatha Christie, pela forma como ela construía uma trama, criando possibilidades e fazendo com que a busca pelo culpado fosse crescendo de intensidade à medida que a história avançava, até o desfecho, invariavelmente surpreendente. Ella era mestre em criar essas narrativas. A maior lição que tirei dos livros dela é criar e manter o suspense, montando uma história enxuta, sem rodeios. Essa é exatamente a forma como procuro trabalhar minhas histórias.
O livro explora o limite da perversidade humana. Existe algum caso real ou experiência pessoal que tenha te inspirado a explorar esse tema tão profundamente em suas obras?
Não, a obra é puramente ficcional. Meu objetivo é criar histórias totalmente ficcionais, mas que poderiam muito bem ter acontecido. São narrativas que poderiam estar na manchete desses programas que relatam a violência urbana diariamente.
Você já escreveu outros romances policiais aclamados por leitores e influenciadores literários. Como “A Morte da Viúva” se diferencia dos seus livros anteriores, tanto na trama quanto na abordagem dos personagens?
Para mim toda história deve ser única e diferenciada, assim como acontece em nossa vida, um dia nunca é igual ao outro. Então, personagens como o delegado Luciano vão enfrentando suas transformações como todos nós enfrentamos em nosso dia a dia. O objetivo sempre é criar uma narrativa densa, suscinta e surpreendente, esse sempre será o meu desafio a cada novo livro, quero sempre surpreender meus leitores com minhas histórias.
Como jornalista e escritor, você tem um olhar atento para a sociedade e seus dilemas. O que você espera que os leitores reflitam ao terminar de ler “A Morte da Viúva”, além de se entreterem com o mistério?
Eu acho que essa é uma das responsabilidades do escritor, convidar o leitor à reflexão sobre os mais variados temas que permeiam a nossa sociedade. O romance policial trata de morte, de assassinato, então a reflexão é sempre sobre o lado perverso do mundo e das pessoas. No caso de “A Morte da Viúva” a maior reflexão que quero deixar é sobre as relações familiares e o limite que cada pessoa coloca em suas ações por poder e dinheiro.
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