Indie, rock e experimental se misturam com memórias e saudades no novo trabalho do cantor GUIGA: “Vai Ficar Tudo Bem (Guru Session)”. O single é estreia do novo projeto do produtor musical, baterista, cantor e compositor Guilherme Jarlicht, mais conhecido como GUIGA, e está disponível em todas as plataformas de música digital. A canção traz, em sua essência, o caráter simples e instigador como marcas de sua identidade.
Hoje radicado em Londres onde estuda produção musical, o carioca GUIGA é apaixonado por música desde que se entende como pessoa. Durante a adolescência, começou a desenvolver projetos autorais nessa área, incluindo bandas com amigos. O single de estreia dessa nova fase da sua carreira foi fruto de um reencontro com membros de uma ex-banda na Guru Session, que dá nome ao trabalho.
De onde veio a ideia do single “Vai Ficar Tudo Bem”, seu último projeto?
Então, o single surgiu a partir de uma reunião/jam session entre eu meu irmão Leo e dois amigos de longa data. Nós sempre fomos muito unidos e durante nossa adolescência formamos a nossa primeira banda. Como estávamos há muito tempo sem se ver, resolvemos marcar uma jam session pois eram nessas sessões que fazíamos quando adolescentes que conseguimos nos conectar mais. Eu, como estudante de produção musical, resolvi gravar a jam session para ter de recordação e também trabalhar em cima dela. No dia seguinte, meu irmão Leo veio com ideias para uma música e a partir delas nós criamos a música.
Ainda sobre o single, ele traz uma mistura de gêneros como o indie, o rock e o experimental. Como foi feita essa mistura?
Como dito anteriormente, o single surgiu a partir de uma jam session. Nela nós tocamos de tudo, músicas covers também. Nós, da jam session, desde sempre fomos influenciados por nomes do rock, e da cena independente. Logo, a nossa inspiração veio tanto do nosso encontro como banda e lembrança dos velhos tempos, como também de bandas e sons que curtimos. Alguns exemplos são Oasis, Bloc Party e Jimi Hendrix do cenário internacional e Planet Hemp, Raça, Terno Rei do nacional.
Estudando produção musical em Londres, como foi o começo de sua paixão pela música, e o que o fez escolher a cidade de Londres para desenvolver a sua carreira?
A minha vida na música é graças a minha família, que desde sempre me influenciou a praticar um instrumento. Minha avó foi uma das principais pessoas a não me deixar sair da música. Ela é formada em piano e foi esse o primeiro instrumento que tive contato aos meus 6 ou 7 anos de idade.
Comecei tendo aulas de piano, mas logo meu interesse mudou para a bateria. E desde então não mudei mais a minha escolha. Durante a adolescência, minha avó, de novo, me incentivou a entrar na escola de música Villa Lobos, no centro do Rio de Janeiro, quando tinha 11 ou 12 anos de idade. Infelizmente, não consegui terminar o curso por ser no mesmo horário que minhas aulas na escola. Mas isso não impediu que eu continuasse a praticar bateria e formar minha primeira banda. Formada com os mesmos amigos que participaram da Jam session que originou a single, nós mantivemos a nossa formação dos 13 anos até os 19 anos de idade.
Apesar de ter tido esse caminho na minha vida, eu fiz vestibular para Design de Produto. Não concluí o curso. Logo mais, dei entrada simultaneamente no conservatório de música brasileira do Rio de Janeiro e na faculdade que eu estudo atualmente aqui em Londres. Escolhi Londres pelo seu papel icônico na história da música independente, e de movimentos que marcaram o desenvolvimento de diversos gêneros musicais, como o indie rock e o punk, os quais eu, particularmente, acho incríveis! Poder desenvolver trabalhos musicais onde tanta história aconteceu é um prazer enorme!

O single de estreia dessa nova fase na carreira foi fruto de um reencontro com os membros da ex-banda Guru Session. Como é o seu relacionamento com eles nos dias de hoje?
O single surgiu desse reencontro entre meus amigos de banda de longa data. Daniel, Gabriel e Leo são as melhores pessoas que eu poderia ter como amigos e companheiros de música, são verdadeiros irmãos! – No caso Leo é de fato meu irmão (gêmeo!).
Podemos ficar o tempo que for sem se falar que mesmo assim nossa sincronia musical não se abala. Nos entendemos muito bem e nossa amizade eu garanto que é eterna. Hoje em dia, ainda compartilhamos músicas, ideias e letras. Quem nasce na arte não tem como não se manter nela. Eu diria que somos filhos da arte e é dela que nosso amor vem.
Como foi trabalhar ao lado do seu irmão Leonardo nesse novo projeto?
Eu e Leo sempre estivemos juntos. Ele é meu irmão gêmeo hahaha. Desde sempre aprendemos a compartilhar e isso não foi diferente em trabalhos atuais. Eu, seguindo minha carreira na música e ele, se formando em Design de Produto, sempre compartilhamos nossos projetos sendo ele na área do desenho ou na música. Além disso, sempre tivemos essa paixão pela música e foi depois da jam session que decidimos trabalhar em cima dessas novas ideias e voltar a compartilhar um momento que sempre foi nosso (tocar e criar juntos).
Foi um processo que foi orgânico. Cada hora um de nós fazia um pouco, dividíamos opiniões, nos desentendiamos também por alguns momentos, mas no final encontrávamos o melhor caminho para contrução da música. Como temos um entrosamento que vem do ventre, eu diria que foi muito mais divertido e tranquilo fazer esse single junto dele.
Apesar do título, essa música não foi produzida na época da pandemia. Porém, você acredita que o lançamento veio na hora certa?
Olha, acho difícil falar de um momento certo. Depois do lançamento me perguntei bastante se foi o melhor momento. Acredito que sim, e acredito que o melhor momento é arriscar, a música fala sobre isso. Apesar da letra ser curta, acho que ela pode representar e despertar diversos sentimentos que podem ter sido intensificados durante esse período.
Sendo meu primeiro trabalho em conjunto do meu irmão, acredito que foi um momento especial, de além de mostrar o que eu amo fazer, mas também apresenta e representa o que mais gostamos. Acredito que a saudade, a incerteza e a vontade de mostrar tudo o que sinto foi maior, e fez com que fosse o momento certo, no final das contas. Apesar da música não se tratar diretamente de momentos pandêmicos como o que passamos, sinto que ela pode traduzir um sentimento de uma inquietação interna que eu senti e que, de certa forma, transformar isso em música, me libertou. Acredito que muitos também conseguiram se identificar com a música e isso confirma ainda mais o momento em que foi lançada.