Com uma formação sólida em teatro e uma atuação que combina intensidade contemporânea com preparo clássico, o ator Fionn Laird vem conquistando espaço nas telas. Ele interpreta Nick, um dos protagonistas da série The Institute, nova produção da MGM+/Amazon baseada na obra de Stephen King. Ao lado de nomes como Mary-Louise Parker e Ben Barnes, Laird se destaca como um jovem com dons psíquicos preso em um misterioso centro de estudos, entregando um desempenho que já chama atenção da crítica e do público.
Você tem uma formação teatral sólida, com papéis em clássicos como Macbeth e Ricardo III. Como esse repertório shakespeariano moldou a forma como você encara personagens contemporâneos, como o Nick em The Institute?
Como minha primeira experiência com atuação foi como espectador de atores locais brilhantes em peças de Shakespeare em Calgary, Alberta (eu interpretava personagens relativamente pequenos), sim, muito do meu treinamento fundamental em atuação tem raízes na performance clássica. Mas, quando finalmente comecei a trabalhar em peças mais contemporâneas, tanto no teatro quanto na televisão, percebi que a preparação para um personagem é algo bastante universal. Obviamente, cada artista tem suas próprias preferências durante o trabalho de mesa, mas no fim das contas, há muito pouco em personagens contemporâneos que os separe drasticamente dos personagens do cânone de Shakespeare. No final do dia, tudo se resume a intenção, ação, reação e à emoção que surge naturalmente disso. Há muito mais nuance e trabalho quando se trata de texto clássico, mas o trabalho de personagem em ambos os contextos pode emprestar muito um do outro.
Nick é descrito como um “durão determinado” que se recusa a desistir sem lutar. O quanto desse espírito combativo também existe em você, especialmente na sua trajetória como ator?
[Risos] Com certeza me identifico com o “determinado”, mas não sei quanto ao “durão”. Eu me considero uma pessoa relativamente motivada; não costumo me limitar com base nas minhas próprias expectativas. No entanto, algo com o qual luto, tanto como pessoa quanto como ator, é a vontade de agradar. É bom querer que as pessoas ao seu redor — ou com quem você trabalha — gostem do que você faz. Especialmente nas artes performáticas, isso pode jogar a seu favor. Porém, saber quando alguém, uma empresa ou um grupo de pessoas está exigindo demais de você é uma habilidade importante e necessária. Nick tem isso de sobra. Eu tento ser mais como ele nesse sentido — e acho que todo jovem deveria tentar também.
Estar ao lado de nomes como Mary-Louise Parker e Ben Barnes em uma adaptação de Stephen King é certamente marcante. Qual foi o maior aprendizado que você tirou desse set — pessoal ou profissionalmente?
Foi realmente um sonho. Tendo crescido com o Caspian do Ben e sabendo sobre as transições impecáveis da Mary-Louise entre teatro e televisão, foi bastante intimidador fazer parte de um projeto com os dois. Acho que um dos maiores aprendizados que tirei de ambos é que nunca custa ser gentil, especialmente em um ambiente profissional. Eles — e todos os outros atores veteranos do set — foram incrivelmente generosos e acolhedores. Eles estabeleceram um padrão de profissionalismo e respeito. Isso é algo que espero levar comigo daqui em diante.
A obra de Stephen King costuma explorar medos profundos ligados à psique humana. Como foi mergulhar em um personagem com dons psíquicos em um ambiente tão opressor como o Instituto? Isso afetou sua visão sobre controle e liberdade?
Acho que isso coloca em perspectiva o quão distópica poderia ser a realidade das habilidades psíquicas. Quero dizer… CLARO que haveria organizações obscuras tentando se aproveitar de fenômenos exploráveis, caso essas habilidades fossem reais. Foi um pouco perturbador, conforme as filmagens avançavam, perceber o quão plausíveis são os eventos do livro e da série dentro do contexto ficcional. A escrita do King é incrivelmente pé no chão, apesar dos temas muitas vezes fantásticos. Isso me ajudou a explorar os aspectos mais sombrios e familiares do que as crianças estavam passando. No começo, foi um pouco deprimente. Mas também me fez perceber o seguinte: a esperança é, de fato, o maior inimigo da opressão.
Você fez uma transição notável do teatro para a televisão. Existe alguma diferença essencial no tipo de vulnerabilidade que se exige de um ator nos palcos em comparação com as câmeras?
Sim. A principal diferença é a presença do público ao vivo. Em uma peça teatral, você está compartilhando sua vulnerabilidade com (normalmente) um grande número de pessoas. Na frente das câmeras, essa vulnerabilidade é entre você e seu parceiro de cena. Sim, o diretor, o diretor de fotografia, o operador de câmera e o operador de boom ainda estão ali, mas não são participantes ativos. Tudo se torna muito mais íntimo. Você pode explorar com muito mais profundidade sua vulnerabilidade e quais partes de si mesmo deseja revelar. Mudanças na expressão vocal e corporal se tornam muito mais sutis; momento a momento.
Nick surgiu da adaptação de um universo literário intenso. Como foi o processo de dar corpo e alma a esse personagem? Você teve alguma inspiração específica — ou talvez um momento-chave — que o ajudou a encontrá-lo de verdade?
Acho que encontrei o Nick no momento em que pisei no set pela primeira vez. Ou, pelo menos, tive que encontrá-lo. Era o meu primeiro dia de gravação e também o do Joe Freeman, e a cena era uma conversa casual, então a química entre nós precisava estar lá desde o início. Foi uma questão de necessidade. Depois disso, estar com o elenco e formar aquele grupo foi muito importante para encontrar a alma e a humanidade por trás do Nicky. Eu já tinha uma boa base depois de ler o livro, e os relacionamentos reais ajudaram a construir isso ainda mais.
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