Fernando Sampaio relembra trajetória e fala de experiência em reality show da Record

Fernando Sampaio (Guilherme Franco)
Fernando Sampaio (Guilherme Franco)

Fernando Sampaio, ator e produtor multifacetado, começou sua carreira ainda jovem em Salvador e construiu uma trajetória sólida no teatro, televisão e cinema. Com participação recente no reality “A Grande Conquista” e no filme “Vendaval”, Sampaio se destaca por sua versatilidade e presença marcante em superproduções como “José do Egito” e “Vai Na Fé”. Em 2024, ele promete surpreender novamente com o lançamento de “A Entrega” e “Lucas e os Dinos”, reforçando seu papel como um dos grandes nomes da cena artística brasileira.

Como você reflete sobre sua longa jornada desde os palcos da Capital Baiana até os grandes sucessos na televisão e no cinema? Quais momentos mais marcaram sua carreira até agora?

Ah, minha Bahia, que me deu régua e compasso, que me encheu de energia e alegria, preparando-me para estar sempre vibrante na vida e na arte. Foi lá que comecei minha jornada, onde o olhar atento de tantos diretores moldou minha trajetória e pavimentou essa longa estrada que venho percorrendo. Desde o início, o teatro foi um grande marco, especialmente com a peça O Grande Barato é Viver, que me ensinou a importância de ir onde o público está, de me conectar com as pessoas em qualquer espaço. Sob a direção de Fernando Guerreiro, ganhei clareza e firmeza para pisar no solo sagrado do palco, algo que carrego comigo até hoje. A peça “Rubem” foi onde nossa conexão se estabeleceu.

Minha primeira novela, Cidadão Brasileiro, foi um divisor de águas na minha carreira. Ela me trouxe um olhar apurado para a arte de fazer televisão, e foi na Record que recebi esse presente e o privilégio de trabalhar ao lado de nomes sagrados da TV, como Cleide Yáconis, Celso Thiré e Benvindo Siqueira, entre tantos outros. Isso marcou profundamente minha caminhada e consolidou minha paixão pela dramaturgia.

E, claro, embarcar em tantas histórias sob a direção do Alexandre Avancini também foi um marco, cada projeto me desafiando e me fazendo crescer como ator. No cinema, a experiência é sempre uma ebulição de sentimentos, uma calmaria que, ao mesmo tempo, rasga a alma. Cada filme é um mergulho profundo que me transforma e me renova, me lembrando do porquê escolhi essa profissão tão intensa e gratificante. Esses momentos são os pilares da minha carreira, e cada um deles contribuiu para o artista que sou hoje.

Você tem uma sólida carreira no teatro, com destaque para a peça “O Grande Barato é Viver”. Como essa experiência no palco influenciou seu trabalho na televisão e no cinema?

Eu amadureci tanto como pessoa quanto como artista fazendo O Grande Barato é Viver. Quando comecei, eu tinha apenas 18 anos, e a peça ficou em cartaz por cinco anos, com apresentações diárias nas escolas públicas de Salvador e da Bahia. A experiência de pisar em diferentes palcos e espaços todos os dias foi um presente constante, um novo contato com pessoas diferentes a cada dia. Quando o projeto chegou ao fim, eu tinha 23 anos, mas já carregava uma bagagem que parecia de 50 anos de carreira. Aproveitei ao máximo tudo que aquele projeto pôde me oferecer e fui buscar outros caminhos da arte, tanto em mim quanto na minha cidade, e encontrei apenas aconchego.

Toda essa vivência no teatro forjou o ator que sou hoje e moldou meu olhar para a arte. Essa experiência me ensinou o valor do respeito e da confiança, algo que levo comigo ao entrar em qualquer set de cinema. O palco, por mais íntimo que se torne com o tempo, sempre sinaliza a responsabilidade de pisar naquele chão com cuidado e reverência. Da mesma forma, quando estou em um estúdio de TV ou em um set de filmagens, trago comigo esse mesmo respeito e entrega total. O teatro me preparou para encarar qualquer desafio na televisão e no cinema, me lembrando sempre da importância de cada passo e de cada momento vivido em cena.

Fernando Sampaio (Guilherme Franco)
Fernando Sampaio (Guilherme Franco)

No reality “A Grande Conquista”, você teve a oportunidade de mostrar uma faceta diferente ao público. Como essa experiência se diferenciou de suas atuações tradicionais e o que você aprendeu com ela?

« A Grande Conquista » foi mais um presente que a Record me deu, uma oportunidade única de me mostrar de cara limpa, sem as camadas de um personagem. Isso foi um desafio gigantesco, porque no meu trabalho como ator, conquisto as pessoas através de personagens que muitas vezes são muito diferentes de mim, com reações e comportamentos que eu nunca teria na vida real. No reality, porém, fui exposto como Fernando, com todas as minhas marcas, medos, angústias e frustrações.

Tenho uma relação de total pavor com a mentira, algo que vem desde a infância, por conta das consequências que as mentiras do meu pai trouxeram para a nossa família. No programa, todas essas cicatrizes foram reabertas, e minhas feridas ficaram expostas. Mesmo que não fosse intencional, muitos participantes acabavam mexendo nessas feridas, e quando percebiam isso, alguns ainda insistiam em abrir mais. Quebrar a quarta parede é sempre desafiador para um artista, mesmo no teatro, onde há uma certa proteção que a magia do palco nos proporciona. Agora, imagine entrar despido de qualquer personagem, todos os dias, na casa de quem te admira pelo filtro das novelas?

Essa experiência me ensinou muito e trouxe para a minha vida uma força ainda maior na minha autenticidade. Aprendi a ser mais generoso comigo mesmo, a valorizar minha verdade e a importância de ser quem realmente sou, sem as máscaras que a atuação muitas vezes exige. Essa vivência foi transformadora e me permitiu crescer não só como artista, mas como ser humano.

Ao longo da sua carreira, você participou de diversas superproduções bíblicas na Record. O que mais te atrai nesses projetos e como foi atuar em histórias tão icônicas?

Participar dessas superproduções bíblicas na Record tem sido sempre um grandioso presente. O que mais me atrai nesses projetos é a oportunidade de falar sobre fé, de mostrar que, por meio da fé, podemos conquistar muito mais do que pedimos ou pensamos. Sempre fui apaixonado por Jesus Cristo, e já conhecia muitas histórias bíblicas antes de atuar nelas. Mas, poder viver esses personagens em cenários como Jerusalém, Babilônia, Egito e até a Terra Prometida, fortaleceu ainda mais a minha fé.

Esses projetos me permitiram aprofundar os princípios que aprendi ao longo da vida e me tornaram ainda mais apaixonado por Deus e por tudo o que Ele representa. Além disso, tive a oportunidade de conhecer países e culturas que, talvez, nunca tivesse a curiosidade de explorar. Cada produção foi uma experiência rica, não só em termos profissionais, mas também espirituais e culturais. Essas histórias icônicas não só moldaram minha carreira, mas também fortaleceram minha conexão com a espiritualidade e com a arte de contar histórias que tocam profundamente as pessoas.

Fernando Sampaio (Guilherme Franco)
Fernando Sampaio (Guilherme Franco)

Em 2024, você interpretará um personagem emblemático representando a depressão no filme “Vendaval”. Como foi o processo de preparação para esse papel e quais desafios você enfrentou ao retratar um tema tão delicado?

Esse filme tem tudo para impactar muitas pessoas, e eu fui profundamente impactado ao me preparar para esse papel. Retratar algo tão abstrato como a depressão, que se apresenta e toca indiretamente aqueles que são acometidos por ela, foi um dos maiores desafios que já enfrentei. Construir personagens como Gahiji, Paulo ou Matias foi um processo diferente, porque eles são pessoas como eu, com emoções e reações que podemos compreender. Mas personificar um sentimento, uma sensação, transformar uma doença em algo tangível, foi muito desafiador.

Mexer em certas gavetas emocionais pode ser arriscado, e eu tive que me distanciar dessa personagem constantemente. A depressão tem uma sedução perigosa, flertar com algo tão abstrato pode te levar para aquele estado. Normalmente, eu gosto de me jogar sem paraquedas nas minhas personagens, mas neste caso, pisei com muito respeito e medo nesse solo charcoso. Foi um processo de construção intenso, que me exigiu cuidado para não ser tragado por essa escuridão, mas também uma experiência de aprendizado e crescimento como artista.

Como foi participar do filme de Lucas Neto, “Lucas e os Dinos”? Como você equilibra esses papéis mais leves com os mais intensos, como o de “Vendaval”?

Participar do filme Lucas e os Dinos foi uma experiência maravilhosa, especialmente porque tenho uma ligação muito forte com as crianças. Comunicar com elas através de um filme estrelado por um ícone como o Lucas Neto foi realmente especial. O processo de interpretar um instrutor de parque, fazer vozes e estar próximo do público foi enriquecedor e leve.

Equilibrar papéis mais leves com os mais intensos, como o de Vendaval, envolve entrar no fluxo do que se apresenta. Aceito o que vem, desapego quando necessário e deixo o processo acontecer. Cada personagem, seja leve ou intenso, tem seu próprio espaço e importância. Mantenho uma abordagem fluida, permitindo que cada papel me ensine algo novo e enriqueça minha experiência como ator.

Com uma carreira tão diversificada, que inclui teatro, cinema e televisão, como você se mantém motivado e em constante evolução como ator?

Não é fácil ser ator em um país onde a arte muitas vezes não é valorizada como deveria e onde aqueles que a promovem não recebem o reconhecimento merecido. No entanto, a diversificação é o que mantém o entusiasmo sempre aceso. A possibilidade de explorar diferentes linguagens e formas de expressão, e navegar pelos labirintos desses mundos variados, é o que me encanta.

Eu evoluo como indivíduo, e meus personagens acompanham essa evolução pessoal. À medida que enfrentamos nossos medos e nos desafiamos, os personagens que interpretamos, muitas vezes com medos semelhantes, nos proporcionam uma compreensão mais profunda desses sentimentos. Cada papel é uma nova oportunidade de crescimento e descoberta, e essa jornada constante é o que torna tudo mágico e maravilhoso.

Com tantas conquistas na carreira, o que ainda falta para você alcançar? Quais são seus próximos sonhos e objetivos na atuação ou em outras áreas da sua vida artística?

O que me mantém vivo e potente são meus sonhos e desejos, que são muitos. Ainda tenho grandes aspirações, como ser protagonista e explorar o papel de vilão, além de buscar uma oportunidade como apresentador, algo que venho cultivando desde adolescente.

Sonho em contracenar com grandes nomes como Glória Pires, que admiro profundamente, e Fernanda Montenegro, um verdadeiro monstro da atuação. Quero explorar todas as formas de arte possíveis, transpirar o suor delicioso de personagens intensos e vibrantes. Meu objetivo é ser um artista completo, capaz de mergulhar em todas as oportunidades que a arte me oferecer, mantendo-me sempre potente e apaixonado pelo que faço.

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