Fernanda Cabral fala sobre álbum “Tatuagem Zen”, lançado no inicio desse mês

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Fernanda Cabral é reconhecida por sua forte presença de palco e por uma composição talhada na poesia, capaz de vibrar estados da alma. Seu novo – e segundo – álbum solo, “Tatuagem Zen”, traz 12 composições sensíveis que evidenciam a poesia, dão espaço a novos arranjos e exaltam as parcerias musicais, como em “Milha Estrela”, com o consagrado letrista Fernando Brant, ou na já lançada “Pássaro”, dueto com Ney Matogrosso, composição de Fernanda com o amigo e maior incentivador, Chico César, e o produtor musical Sacha Amback. “Tatuagem Zen” é lançado 9 anos depois de “Praianos” ( 2011), seu primeiro disco solo.

“Tatuagem Zen” é inventivo e agrega valores afetivos que tornam o disco um raro exemplar da boa música brasileira. Foi produzido por três nomes experientes: Sacha Amback (Rio), Chico Corrêa (Paraíba) e Vincent Huma (Espanha). E conta ainda com a força poética de parceiros diletos e escritores de fino lastro: Lau Siqueira, cujo poema dá nome ao disco, Chico César, Juliano Holanda, Cássia Janeiro, Alberto Salgado, Makely Ka, Elisa Cabral, Leo Minax, Paula Calaes e o poeta espanhol Pablo Guerrero, com quem a cantora compôs “La tierra gira en tu vientre”.  A inclusão da faixa em espanhol evoca o período em que Fernanda viveu em Madri, lapidando e consolidando o seu trabalho musical.

Foto: André Amaro

Entre os músicos que participam do novo álbum estão nomes de excelência do cenário musical da cidade de Brasília, como o pianista Serge Frasunkiewicz, o contrabaixista Oswaldo Amorim e o baterista Misael Barros.

Lançada recentemente, “Até Você Voltar” chegou ao público no último dia 14, trazendo uma pegada de MPB moderna que evoca o otimismo e a união através da força do pensamento. Você acredita que a música chegou em um bom momento, tendo em vista que ela traz a esperança de um mundo melhor?

Acho que sim! Na verdade, passamos por um momento muito atípico, que nos traz uma reflexão sobre o nosso mundo interior, e a relação deste com esse “mundo melhor” que podemos construir. Acredito que a nossa grande revolução seja a do olhar, estética, que também passa pela delicadeza e respeito às diferenças entre todos.

Foto: André Amaro

Ainda sobre sua nova música, qual mensagem você deseja passar ao seu público e qual você acredita ser a força da música como veículo com os fãs? E quais as principais diferenças da versão já gravada por Leo Minax em seus discos anteriores?

Devemos acreditar na vida, como caminho de crescimento! E é claro, Acreditar nessa força! Ter fé no ser humano, fé independente de religião, é uma atitude energética! Tudo passa e o que fica é o que construímos através do amor. Leo gravou essa canção em dois discos, primeiramente com banda e depois, “voz e violão”, duas lindas versões. A nossa tem a força do “ao vivo”, gravamos todos juntos, como se gravavam os discos antigamente. Gosto muito disso!

Gravado no Togni Studio, o clipe levou a direção de André Amaro. Como foi trabalhar nessa parceria?

O clipe foi gravado em Brasília, minha casa, com os incríveis músicos que tocam comigo nos shows: Serge Frasunkiewicz (piano), Oswaldo Amorim (Contrabaixo) e Misael Barros (Bateria), com a produção e sintetizador de Sacha Amback. É um clipe muito orgânico, de estúdio, feito com muita sensibilidade, gravado e dirigido por André Amaro, que também gravou  e dirigiu o vídeo clipe de “Pássaro” no estúdio Vison no Rio de Janeiro e “Tatuagem Zen” em Brasília.

Foto: Marcio Scavone

Uma das frases da música, acaba por trazer o anúncio de seu novo disco “Tatuagem Zen”. O que você busca entregar com esse novo EP (Disco) e quais são as suas expectativas?

“Tatuagem Zen” é uma parceria com o grande poeta gaúcho-paraibano Lau Siqueira, com a produção do espanhol Vicent Huma, guitarrista do Jorge Drexler e produtor de muitos artistas internacionais. Escrevo letra e música há 20 anos, mas nesse disco me coloco no lugar de melodista, a serviço de grandes poetas como Cássia Janeiro, Pablo Guerrero e Paula Calaes, além do Lau Siqueira, e de grandes letristas como, por exemplo, Chico César, Fernando Brant, entre outros. É um disco que fala muito da natureza e de sua força como lugar de potencia no que tange ao imaginário, ao invisível; e a delicadeza – tudo aquilo o que a poesia nos traz como caminho! Acredito que a força da poesia, tem a ver com a força da delicadeza como caminho transformador! Busco com esse disco, simplesmente estar mais próxima do público, através dessas canções, que trazem muito do que sou. Essa é a minha expectativa!

A sua primeira música “Pássaro” marcou o começo de sua nova caminhada musical no Brasil. Como foi a criação desse projeto e como foi contar com a participação de Ney Matogrosso?

Primeiramente mágico, como a energia do “Pássaro Ney”! Tudo começou por uma foto que fiz de uma águia na cidade de Catolé do Rocha, onde nasceu Chico César. A partir daí, Chico me manou a letra dessa canção, e a mesma foi finalizada no Rio com o meu produtor Sacha Amback, diretor musical de Ney Matogrosso. Digo que foi um pássaro que nos uniu, ou seja, essa força do invisível, permeada pela canção! Nosso encontro se deu no estúdio já gravando e colocando esse filho no mundo. A conexão foi muito especial, e ali Ney me fez o convite para fazer parte do seu selo discográfico, a Matogrosso Produções Artística. Admiro profundamente o ser e o artista Ney Matogrosso, há muitos anos. Sou um artista do palco, e vejo nele uma grande referência e inspiração. Além de tudo, ele é uma pessoa extremamente delicada, “atento aos sinais”, intuitivo e amoroso, e assim foi comigo. Sinto-me muito privilegiada e feliz por esse encontro que surgiu pelo meu produtor e parceiro Sacha Amback, grande artista pelo qual tenho enorme admiração! A vida é assim, vamos nos juntando a pessoas com sensibilidades a fins, é claro! E eu só posso agradecer!

Foto: Marcio Scavone

Você é principalmente reconhecida pela sua forte presença nos palcos, trazendo em suas composições um detalhamento que é ligado na poesia. Poderia nos contar um pouco mais sobre seu processo de composição e suas fontes de inspiração? 

Sou formanda em Teatro pela UNB e tenho especialização em interpretação teatral e cinematográfica na Espanha, e trabalhei durante uma década como atriz do emblemático Teatro Tribueñe de Madrid. Sim, sou do palco e aprendo muito sobre mim com o teatro. E quando canto, sempre penso que também é cena. A poesia pra mim é uma grande inspiração para compor ou para criar uma obra. Acredito que existe um voo especial que acontece através dela, no processo criativo. E este último trabalho tem 4 grandes poetas como inspiração. Meu processo de composição é muito variado, as vezes vem uma sequência harmônica no violão – que é o instrumento que utilizo pra compor principalmente, as vezes também o piano; que chama uma melodia, e logo depois, vem a letra. Outras vezes é uma melodia clara, definida, que vem com força, que pede uma letra e depois a harmonização. Gosto também de me colocar como a melodista, e criar a harmonia para letras ou poesias de outros, que é basicamente o processo desse disco. Realmente gosto de estar em diferentes lados, como aprendi do teatro, criar a trilha para uma peça, dirigir ou interpretar. Gosto muito dessa liberdade criativa!

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