Estrela Leminski ecoa a busca pela igualdade de gênero em seu novo single “Mismo”

Luca Moreira
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Estrela Leminski (Filipe Redondo)

Em ‘Mismo’, seu mais recente single, Estrela Leminski entoa um grito poético em favor da urgência pela igualdade de gênero. Este lançamento faz parte de uma série de músicas que a artista tem apresentado neste ano, antecedendo novidades planejadas para o ano de 2024.

A inspiração para esta música remonta a um poema premiado criado por Estrela Leminski durante seu período de estudos na Espanha, durante o mestrado no país ibérico. Originalmente composta por Leo Minax, a música já teve interpretações notáveis por Juliana Cortes e Bruna Lucchesi. Agora, como um single autoral de Estrela, a faixa conta com arranjos e produção musical de Téo Ruiz, que divide os vocais.

Dentro desta série de lançamentos, a artista relançou o álbum “Leminskanções”, originalmente lançado em 2014, em formato de disco duplo. A obra foi disponibilizada nas plataformas de streaming, incluindo canções exclusivas anteriormente presentes apenas na edição física, além de singles extras.

Além do relançamento de “Leminskanções”, Estrela também lançou outros três álbuns de estúdio e diversos singles. Atualmente, ela está em processo de criação de um novo álbum com seu parceiro Téo Ruiz, bem como trabalha em um romance inédito. ‘Mismo’, seu mais recente lançamento, já está disponível em todas as principais plataformas de música.

“Mismo” é uma expressão poética sobre a igualdade de gênero. Como a experiência de compor e interpretar essa música reflete suas próprias perspectivas sobre esse tema?

Essa questão sempre foi forte para mim, porque cresci lendo os textos de minha mãe Alice Ruiz. A própria condução da criação sempre foi voltada para essa igualdade: não havia coisas de menina vou menino na minha infância, e isso é algo que tento reproduzir para os meus filhos. Mas o interessante é que essa canção vai ganhando novas camadas de significado a partir de cada coisa que eu vivo e aprendo. Tenho aprendido sobre o não-binarismo e acredito que a sociedade está mergulhando no questionamento e performance desses papéis de gênero. Neste momento ela ganhou mais uma camada para mim, de questionamentos desses lugares pré-estabelecidos.

Esta faixa tem origens em um poema que você escreveu durante seu período de mestrado na Espanha. Como as experiências culturais desse tempo influenciaram a criação da música?

Na realidade este poema foi feito para o Prêmio Fomento de la Igualdad de Gêneros da Espanha, que era multi artes. A premiação era em créditos para livros. Tive que pensar como construir um poema sem me bater nas sutilezas de significados ou de erros mesmo. Uma coisa é falar uma língua, outra é criar um poema que esteja a contento do lirismo de outro país. Resolvi então construir um poema, que por ser minimalista, nasceu com sonoridade já.   Porque Tem a proximidade sonora de hombree hembra. Que é homem e fêmea. Homem e mulher x Macho e fêmea. E isso mexeu comigo. E aí veio hambre, que é fome em espanhol. Fome como necessidade, desejo, é o que no fim o que nos unifica.

Téo Ruiz colaborou na produção musical e dividiu os vocais em “Mismo”. Como foi trabalhar com ele nesse projeto e como essa parceria contribuiu para a sonoridade da música?

É interessante porque o Téo já está imerso nessa canção desde quando o Leo Minax musicou em 2010. Eu sempre tive vontade de colocar ela no nosso repertório, mas nossa banda sempre foi mais rock. Téo topou esse desafio e contamos muito com a nossa banda, em especial o Ruan De castro, para pensar em transpor para esse formato. Fazíamos ela em alguns shows, mas quando eu decidi que queria lançar o Téo tomou a frente, compôs linhas de sopro e conduziu toda a gravação e produção como se tivesse saído de dentro da minha cabeça.

Você recentemente relançou “Leminskanções”, incluindo faixas exclusivas da edição física. Pode compartilhar um pouco sobre a decisão de relançar este álbum e a importância dessas faixas adicionais?

Por algumas questões burocráticas não tínhamos conseguido colocar as canções nas plataformas na época. Aproveitamos a pandemia para ir desenrolando aos poucos cada uma das canções. Ano que vem vamos vir com novidades de composições do meu pai, então resolvemos lançar já para deixar o ano que vem para coisas novas. É surpresa, ainda não posso contar.

Além de “Leminskanções”, você lançou vários álbuns de estúdio e está trabalhando em um novo disco. Pode nos dar uma prévia do que podemos esperar deste próximo projeto?

Nesse próximo trabalho a ideia é resgatar meu primeiro instrumento, que é a bateria, e mergulhar em um formato enxuto e eletrônico para lançar algumas coisas um pouco mais românticas e eletrônicas junto com o Téo Ruiz. Formato guitarra, bateria e vozes. Pretendo também lançar singles novos.

Como é o seu processo criativo ao compor novas músicas? Existe algo em particular que a inspire e influencie na criação de suas letras e melodias?

Para escrever o que me inspira é ler muito. Mas para criar melodias são muitas coisas que me inspiram, viagens, dirigir e até tomar banho: coisas que me deixem em estado meditativo de certa forma.

Além da música, você está envolvida em outros projetos artísticos, como a escrita de um romance. Como essas diferentes formas de expressão criativa se complementam em sua jornada artística?

Eu brinco que não consigo me decidir jamais entre música e literatura. Na minha vida uma sempre alimenta a criação da outra. Mas também atrapalha o fazer da outra porque cada uma delas tem tempos, demandas e energias muito diferentes. Por isso eu acabo tendo fases mais musicais e outras mais literárias para lidar com o que está me chamando de cada vez. Neste caso é um romance que venho trabalhando há muitos anos, então estou há vésperas de parir a minha primeira prosa.

Em seu percurso musical, houve algum momento ou música que considera especialmente significativo ou transformador em sua carreira?

A Vanguarda Paulista sempre me inspira. Apesar de ter sido o início de tudo, não é algo novo, é para ela que eu sempre volto. Outro ponto chave foi o próprio Leminskanções, porque é meu primeiro trabalho de intérprete. Eu sempre me coloquei como cantadora, mas a partir desse trabalho eu tive vontade de estudar canto, que é o que fiz nos últimos anos. Tenho vontade de regravar tudo que já fiz, com a técnica que tenho hoje.

Ao longo de sua carreira, você experimentou diferentes estilos musicais. Existe algum gênero ou abordagem que você ainda deseja explorar no futuro?

Uma das questões que tenho vontade de mergulhar é justamente na latinidade. Tanto os ritmos quanto a própria língua espanhola me provocam outras soluções musicais, que em breve vou acabar explorando mais.

À medida que olhamos para o futuro, o que os fãs de Estrela Leminski podem esperar nos próximos lançamentos e projetos que você está preparando para 2024?

Acredito que a profusão desse tudo ao mesmo tempo agora.

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