Em entrevista exclusiva, Bruno Lima, delegado e deputado federal, fala sobre sua jornada da delegacia para a Câmara dos Deputados, motivado por experiências impactantes com maus-tratos a animais. Lima destaca a importância do diálogo e do respeito mútuo na política atual, enfatiza a necessidade de ações conjuntas entre políticas públicas e responsabilidade individual para a melhoria da sociedade, e explica como o movimento “Cadeia para Maus-Tratos” está moldando a conscientização sobre os direitos dos animais no país.
Delegado Bruno, primeiramente, gostaria de agradecê-lo pela oportunidade de entrevistá-lo. A sua trajetória, principalmente na política, esteve bastante associada ao combate aos maus-tratos a animais. O que o motivou a direcionar seu trabalho para essa causa?
Minha motivação vem da vivência policial, quando era delegado na 13º Delegacia de Polícia, foi ali que testemunhei inúmeras denúncias de atrocidades contra animais. Decidi agir não apenas dentro da Delegacia, tomei a iniciativa de levar essa luta para a política, onde posso influenciar leis e políticas públicas em prol dos animais, buscando uma sociedade mais justa e compassiva.
Nos tempos atuais, observamos cada vez mais um cenário político bastante hostil, onde as preferências políticas de cada pessoa têm afastado indivíduos de seus círculos sociais, afetando até mesmo famílias e amigos, que se separam ou brigam por causa de divergências ideológicas. Na sua opinião, por que a política tem causado esse efeito nas pessoas e como ela deveria ser aplicada de forma mais “amigável”?
A polarização política é alimentada pela falta de diálogo e compreensão. Precisamos promover um ambiente onde as diferentes visões sejam respeitadas. A política deve ser vista como um instrumento de construção coletiva, não de divisão, buscando consensos e soluções que beneficiem a todos.

É evidente que nosso país, ao longo dos anos, vem passando por diversas situações problemáticas em vários setores. Muitas pessoas dizem que gostariam de ajudar a melhorar o mundo. Em sua visão, a solução para melhorar o mundo ainda está na política ou estaria nos próprios atos dos cidadãos?
A mudança real vem da combinação entre políticas públicas eficazes e ações individuais. A política fornece estrutura e direção, mas são os cidadãos que a impulsionam com suas ações diárias. O engajamento cívico e a responsabilidade pessoal são essenciais para a construção de um mundo melhor.
Além da responsabilidade que carrega tanto como policial quanto como deputado, esses dois cargos o expõem muito à opinião e pressão do público. Como o senhor lida com isso e como autoavaliaria sua participação atual na sociedade brasileira?
Encaro a exposição pública como parte do meu dever. Busco ouvir críticas construtivas e manter-me fiel aos meus valores, e as causas que defendo. Autoavaliar-me é um processo contínuo de aprendizado e adaptação, buscando sempre representar os interesses da população de forma ética e transparente.

Retomando a questão dos maus-tratos a animais, infelizmente, muitas pessoas enxergam esse e outros problemas como “menores” em relação a outros que ocorrem na sociedade. Como o senhor observa a reação do público em relação à sua abordagem sobre essa questão?
Percebo uma crescente sensibilidade em relação aos direitos dos animais, mas ainda há resistência. Educação e conscientização são cruciais para mudar essa mentalidade, mostrando que a proteção animal é um reflexo da nossa humanidade e empatia. Em vista disso, apresentei o PROJETO DE LEI Nº 345, DE 2019, esse que visa incluir conteúdos de Direito dos Animais e Proteção Animal nos programas curriculares das escolas públicas estaduais, norteados pelo respeito ao meio-ambiente, à fauna, à flora e à biodiversidade, contudo o Projeto foi vetado à época, continuamos lutando para sua aprovação.
Atualmente, os registros de abandono de animais ainda estão em alta. Em março do ano passado, índices registraram uma média de 185 mil casos de abandono no Brasil. Pelas observações feitas durante suas operações de resgate, qual seria a principal causa para tantas ocorrências?
A principal causa do abandono é a falta de conscientização e responsabilidade dos tutores. Muitas vezes, as pessoas não estão preparadas para cuidar dos animais ou enfrentam dificuldades financeiras, evidenciando a necessidade de programas educacionais e de apoio aos cuidadores.

Entre as ações que realizou durante sua carreira, uma delas foi o movimento “Cadeia para Maus-Tratos”, que busca conscientizar o público sobre maus-tratos a animais e a legislação relacionada ao tema. Como surgiu a ideia desse projeto e como ele tem colaborado para melhorar a situação?
O movimento “Cadeia para Maus-Tratos” nasceu da necessidade urgente de dar voz aos animais e fortalecer a legislação protetiva. Atuamos na conscientização e fiscalização, buscando garantir que os agressores sejam responsabilizados e que as leis sejam cumpridas. Nosso objetivo é criar uma cultura de respeito e empatia pelos animais, promovendo uma sociedade mais justa e compassiva. Ao educar o público sobre a importância do bem-estar animal e os direitos que eles merecem, contribuímos para construir um mundo onde todos os seres vivos são tratados com dignidade e cuidado.
Apesar das inúmeras ações e propagandas que promovem e orientam sobre as instruções para denúncias de maus-tratos a animais, gostaria de finalizar esta nossa entrevista com uma orientação ao público. Como a população pode ajudar a melhorar a situação, e quais são os procedimentos internos realizados pela sua equipe desde o momento em que uma denúncia é recebida até a realização da operação? A segurança e sigilo do denunciante são garantidos durante o procedimento?
A população pode ajudar denunciando casos de maus-tratos e apoiando iniciativas de proteção animal. Nossa equipe atua em cada denúncia de forma diligente, garantindo o sigilo e a segurança dos denunciantes. O envolvimento da comunidade é fundamental para combater esse problema e promover o bem-estar animal.
Para fazer uma denúncia para nossa equipe basta enviar ao nosso formulário (https://dlbrunolima.com/formularios/formulariodenuncia/home) com fotos e/ou vídeos do suposto caso de maus-tratos.

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