Entrevista com o Grupo Tradição: 30 anos de história, música e evolução

Grupo Tradição
Grupo Tradição

O Grupo Tradição, fundado por Wagner Braga Hildebrand, nasceu da paixão pela música e da influência de uma família festeira. Inspirado por seus pais e irmão, Wagner reuniu amigos talentosos para formar o grupo que rapidamente conquistou seu espaço. “A ideia de fundar o Grupo Tradição surgiu das reuniões familiares onde eu sempre levava o acordeon, e logo se formava um baile. Amigos e parentes me incentivaram a montar um grupo, e assim nasceu o Tradição”, compartilha Wagner. O nome foi uma sugestão de seu sogro, Dirceu Moreira, refletindo o compromisso com as raízes culturais.

Em 1995, o grupo alcançou um marco importante com um baile na Fiscosul, em Campo Grande, MS, que marcou o início de uma carreira de sucesso. “Ensaiamos 20 dias seguidos para preparar um repertório que daria para tocar 3 horas sem intervalo. Subimos no palco e encontramos uma plateia ávida para dançar. Foi um momento único e, a partir dali, não paramos mais”, relembra Wagner. A primeira formação, com Sérgio Ovelar, Paulo, Chiquinho, Valdenézio e Carlão, começou a tocar em casamentos, aniversários e festas promocionais, conquistando o público local.

Com o passar dos anos, o Grupo Tradição evoluiu, incorporando novos ritmos e influências sem perder a essência. A transição para a Universal Music em 2000, impulsionada pelo sucesso da música “Brasileira”, levou o grupo ao reconhecimento nacional. “Participamos da turnê de Chitãozinho e Xororó, o que nos colocou nas paradas musicais e trouxe novos compromissos festivos. O Tradição começou a fazer parte das grades de shows de importantes festas do Brasil”, conta Wagner. Hoje, com quase três décadas de história, o grupo se prepara para celebrar esse marco com novos projetos, lançamentos digitais e uma presença ainda mais forte no cenário musical.

Como surgiu a ideia de fundar o Grupo Tradição e como foi o processo inicial de formação do grupo?

Meus maiores incentivadores foram os meus pais, José Pires e Cecília, e meu irmão Warley. Minha família sempre foi festeira. Nas reuniões familiares, eu sempre levava o acordeon, e não demorava muito para se formar um baile. Assim, amigos e parentes me incentivaram a montar um grupo. Tive a honra de chamar para tocar comigo meus amigos Sérgio Ovelar (violão), Paulo (baixo), Chiquinho (acordeon), Valdenézio (violão solo) e Carlão (baterista), nossa primeira formação. Escolhi o nome Tradição por sugestão de meu sogro, Dirceu Moreira, e também por ser integrante de um grupo familiar que realizava festas em fazendas, festas particulares, chamado “A Tradição Continua”. Essa formação trabalhou junta por alguns anos. Tocávamos em casamentos, aniversários e festas promocionais.

O nome “Tradição” reflete um compromisso com as raízes culturais e musicais. Como essa filosofia se reflete na escolha do repertório e na identidade do grupo?

Mato Grosso do Sul, localizado no Centro-Oeste do Brasil, recebeu influência cultural de vários povos, como gaúchos, nordestinos, mineiros, paraguaios e outros. Sabendo dessa miscigenação, a primeira ideia foi registrar, musicalmente, o que se ouvia nas noites em nosso estado. Creio que essa visão agradou ao nosso público, pois tocávamos de tudo um pouco, sempre primando pela qualidade rítmica.

Pode nos contar sobre a importância do baile na Fiscosul em 1995 como marco inicial para o Grupo Tradição?

Ensaiamos praticamente 20 dias seguidos. Preparamos seleções musicais e um repertório que daria para tocar 3 horas seguidas, sem intervalo. Subimos no palco e encontramos uma plateia ávida para dançar. Momento único em nossas vidas. Nosso contratante, meu irmão Warley, também estava apreensivo. Diretor de Cerimônias da Fiscosul, tinha a responsabilidade de levar uma boa atração musical para agradar os associados. Graças ao bom Deus, foi uma festa maravilhosa. Fechamos novos compromissos e, daí para frente, não paramos mais.

Ao longo dos anos, o Grupo Tradição passou por algumas mudanças em sua formação. Como essas mudanças influenciaram o som e a dinâmica do grupo?

Manter um grupo com vários componentes não é uma tarefa fácil. Compromissos profissionais e particulares começam a se misturar, e logo as mudanças começaram a acontecer. De primeiro momento, bate uma tristeza pela saída de alguns parceiros, mas, com a chegada de outros, a motivação é renovada, surgem novas ideias e, sempre focados no desempenho de um trabalho profissional, a superação vem. Todos os novos integrantes entraram por admirar o trabalho que o grupo já realizava. Então, a ideia era manter o que se fazia e, aos poucos, experimentar novas fórmulas musicais.

Como foi a transição do grupo de Campo Grande, MS, para outras regiões do Brasil? Quais foram os desafios e oportunidades encontrados nesse processo?

Com o grupo se sentindo maduro, resolvemos gravar um CD ao vivo. Registrar na íntegra o nosso trabalho. Uma grande festa, um verdadeiro bailão. A ideia era que o ouvinte colocasse o CD para tocar e não o retirasse até o seu fim. E assim o fizemos, e fomos felizes. Esse álbum nos levou para além da fronteira do nosso estado. Começamos a compor mais e tivemos a iniciativa de fundir ritmos tradicionais. Exemplo disso foi a composição “A Brasileira”, mistura do vanerão gaúcho apimentado com a percussão baiana, outro golaço. Esse hit nos colocou nas paradas musicais de várias rádios. Logo, novos compromissos festivos apareceram e o Tradição começou a fazer parte das grades de shows de importantes festas do Brasil.

Vocês têm quatro CDs gravados localmente antes de assinarem com a Universal Music. Como foi essa transição para uma gravadora de alcance nacional e como isso impactou a carreira do grupo?

O “CD ao vivo” que continha a música “Brasileira” chegou nas mãos da dupla Chitãozinho e Xororó, através de nosso amigo Luís Gustavo Garcia (produtor musical e baixista da dupla). Foi quando nos convidaram para participar da turnê realizada na antiga casa de shows Olympia, em São Paulo. Na ocasião, diretores da gravadora assistiram nossa apresentação. Tudo parecia um sonho, e quando nos vimos, estávamos gravando pela Universal. Foi um período maravilhoso. Fizemos televisões e nossas músicas estavam tocando nas principais rádios do Brasil. Um marco para nossa carreira.

O Grupo Tradição incorporou novos ritmos em sua música ao expandir para outras regiões do país. Como equilibrar a tradição musical do Mato Grosso do Sul com novas influências?

Em todo lugar que o grupo se apresenta, fazemos questão de falar que somos do Mato Grosso do Sul. Temos orgulho de nossa terra e de nossas origens. O povo brasileiro é eclético e festeiro. Quando tocamos o chamamé, ritmo tradicional em nosso estado, nas cidades do Nordeste, o povo para para escutar e logo em seguida começa a se balançar, entendendo que é festa. Em seguida, entramos com músicas da região, mostrando que o grupo se preocupa em aprender a cultura local. Tudo vira forró. Da mesma maneira, ficamos felizes quando vemos que ideias que surgiram do nosso grupo fazem parte da realidade das festas do nosso Brasil. Exemplo disso é o projeto Micareta Sertaneja, projeto de sucesso que foi registrado em dois CDs e dois DVDs. Músicas sertanejas transformadas em ritmo de axé music. Uma mistura contagiante, alegria sem fim.

Além da música, o Grupo Tradição está envolvido em outras atividades culturais ou comunitárias?

Já participamos de oficinas culturais, escolas musicais e projetos beneficentes. Gostamos de passar nossas experiências aos músicos mais jovens e de levar alegria às pessoas.

Como é o processo de criação e seleção do repertório para os álbuns do Grupo Tradição?

Quando estamos em nossa sede, Campo Grande, fazemos reuniões semanais para aprimorar nossos shows e ajustar repertório. Esses encontros nos inspiram a compor. Cada integrante traz ideias de casa e, em conjunto, começamos a lapidar. Entramos no estúdio, gravamos e depois colocamos na roda para discutir se lançaremos ou não para o mercado. Temos muitas músicas inéditas guardadas para o momento certo.

Quais são os planos futuros do grupo? Há novos projetos, turnês ou colaborações musicais em vista?

Estamos prestes a comemorar três décadas de história do Grupo Tradição e estamos preparando um projeto especial para celebrar esse marco em nossa carreira. Além disso, estamos intensificando nossa presença nas plataformas digitais com lançamentos programados a cada 45 dias, investindo em novos videoclipes e músicas. Nossos fãs sempre nos pedem novidades e boas canções, por isso estamos trabalhando arduamente para trazer novas composições e gravações, aprimorando nosso repertório e levando um show muito animado para todo o Brasil.

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